Nós vemos em 2 Samuel 20,
que mal a tempestade havia cessado, eis que as nuvens começaram a se formar de
novo no céu de Davi.
Assim é a nossa vida
neste mundo, em que um abismo pode chamar outro abismo.
Tendo sido vencida a
rebelião de Absalão, logo uma outra começou a se formar, encabeçada por um
benjamita chamado Seba, que provavelmente se aproveitou do impasse causado
entre a tribo de Judá e as demais tribos, relativo à questão de a tribo de Judá
ter tomado a dianteira deles para buscar o rei em Maanaim, conforme vimos no
capítulo anterior.
Como o argumento
apresentado na ocasião para defender tal iniciativa foi o de que o rei era da
mesma parentela dos de Judá, então Seba, valeu-se disto, para instigar as
demais tribos de Israel dizendo que eles não tinham nenhuma parte com o filho
de Jessé, isto é, parentesco com ele, como os próprios judeus e o rei haviam
afirmado que eram da mesma carne e osso.
Certamente, se o
argumento que Davi usou para despertar o interesse de Judá em relação a ele era
verdadeiro, no entanto, foi imprudente, por ter despertado o ciúme das demais
tribos, e não continha toda a verdade, porque todos eles eram irmãos,
descendentes de Jacó, cujo nome Deus havia mudado para Israel.
Mas, considerações deixadas
à parte, o grande fato é que isto deu ocasião para ser usado pelo diabo como
mais uma oportunidade para afligir os israelitas e não somente Davi. Não era
uma nação inimiga que os estava atormentando, mas divisões internas entre eles
mesmos.
Quanto dano é produzido
por causa de ciúmes e contendas entre os próprios cristãos?
Este era o problema
básico na jovem Igreja de Corinto, e tem sido o maior problema que a Igreja tem
enfrentado em toda a sua longa história.
Davi estava ainda se
deslocando do Jordão para Jerusalém, quando os homens de Israel se separaram
dele para seguirem a Seba (v. 1), mas os de Judá permaneceram com ele e
voltaram para Jerusalém (v. 2).
O rei ordenou a Amasa,
seu sobrinho, que era o general de Absalão, que convocasse os homens de Judá e
os apresentasse a ele no prazo de três dias (v. 4), mas tendo decorrido o prazo
determinado e não tendo Amasa conseguido apresentar-se ao rei com os homens
solicitados, este deu ordem a Abisai, irmão de Joabe que saísse em perseguição
a Seba, antes que este tivesse tempo de reunir tropas suficientes e vencer a
guerra (v. 6).
Assim, foi a guarda real
de Davi e os seus valentes que saíram primeiro à batalha, porque o exército
regular que se encontrava com Amasa, viria a encontrar-se com eles próximo de
Gibeom, uma das principais cidades de Benjamim (v. 8).
Certamente, para impedir
que Amasa fosse constituído general em seu lugar por ser bem sucedido naquela
guerra contra Seba, Joabe o assassinou covardemente, o que deixou perplexos os
homens que estavam sob o comando de Amasa, mas, para evitar que desistissem de
seguir a Joabe, um dos seus homens conclamou dizendo que aqueles que eram por
Joabe e por Davi, deveriam seguir a Joabe (v.11), e tirando o corpo de Amasa do
caminho e colocando um manto sobre ele, conseguiu com que partissem em
perseguição a Seba (v. 12, 13).
Passada a paixão do ciúme
despertado por Seba, e tendo os israelitas percebido a insensatez de seguirem a
Seba, repetindo o mesmo erro de terem seguido a Absalão, estes o abandonaram e
ele era apenas seguido pelos beritas, e não tendo como enfrentar o exército de
Davi, foi se refugiar numa cidade do extremo norte da Palestina, que possuía
muralhas, chamada Abel-Bete-Maaca (v. 14, 15).
Quando os homens de Joabe
se dispunham a derrubar a muralha para destruírem a cidade, uma mulher sábia
impediu tal destruição porque veio ter com Joabe e defendeu o caráter
pacificador daquela cidade, que desde a antiguidade era chamada a dar cabo das
questões pendentes mesmo de pessoas de outras cidades (v. 18), e como Joabe
poderia pensar em destruir uma cidade como aquela que era uma mãe em Israel?
(v. 19).
Joabe percebeu que a
cidade não havia acolhido a Seba e nem a sua causa, e por isso explicou o caso
à mulher, e esta se comprometeu a lançar a cabeça dele sobre o muro (v. 21), o
que foi feito, e pôs fim à sua sedição.
Cabe destacar que Joabe
estava lutando pela causa de Davi, mas também pela sua própria causa, pois
assassinou Amasa para intimidar o rei que o havia deposto da posição de
general, e à qual ele retornou por sua própria iniciativa, aproveitando-se da
ocasião, sem qualquer autorização expressa do rei.
Tendo assassinado a Amasa,
por simples motivo interesseiro, ele ficava sujeito ao juízo de Deus de que
aqueles que derramarem o sangue do homem deverão também ter o seu derramado.
Por isso, e também pelo
sangue de Abner que havia derramado sem motivo, Joabe foi morto por Benaia a
mando de Salomão, quando este iniciou a reinar em Israel (I Reis 2.30-34).
Foi por causa destes
crimes que Joabe cometera, que Davi não o recomendou a Salomão, apesar dele
próprio ter confirmado a Joabe no cargo de general, como vemos no versículo 23,
mas não lhe deu a honra de ter o seu nome incluído entre os seus trinta
guerreiros mais destacados, apesar dele ser o general do exército de Israel.
No verso 24 é dito que
Adorão era o comandante dos que estavam sujeitos a trabalhos forçados, e ele
permaneceu neste cargo até depois do reinado de quarenta anos de Salomão,
alcançando ainda o de Roboão (I Rs 12.18).
Com a citação dos
oficiais de Davi no final deste capítulo, nós temos praticamente a conclusão da
narrativa, por ordem, da história relativa ao seu reinado, porque a data dos
eventos narrados nos capítulos a seguir é incerta, e não se pode saber com
precisão a que período do seu reinado estes eventos pertencem.
“1 Ora, sucedeu achar-se
ali um homem de Belial, cujo nome era Sebá, filho de Bicri, homem de Benjamim,
o qual tocou a buzina, e disse: Não temos parte em Davi, nem herança no filho
de Jessé; cada um à sua tenda, ó Israel!
2 Então todos os homens
de Israel se separaram de Davi, e seguiram a Sebá, filho de Bicri; porém os
homens de Judá seguiram ao seu rei desde o Jordão até Jerusalém.
3 Quando Davi chegou à
sua casa em Jerusalém, tomou as dez concubinas que deixara para guardarem a
casa, e as pôs numa casa, sob guarda, e as sustentava; porém não entrou a elas.
Assim estiveram encerradas até o dia da sua morte, vivendo como viúvas.
4 Disse então o rei a
Amasa: Convoca-me dentro de três dias os homens de Judá, e apresenta-te aqui.
5 Foi, pois, Amasa para
convocar a Judá, porém demorou-se além do tempo que o rei lhe designara.
6 Então disse Davi a
Abisai: Mais mal agora nos fará Sebá, filho de Bicri, do que Absalão; toma,
pois, tu os servos de teu senhor, e persegue-o, para que ele porventura não
ache para si cidades fortificadas, e nos escape à nossa vista.
7 Então saíram atrás dele
os homens de Joabe, e os quereteus, e os peleteus, e todos os valentes; saíram
de Jerusalém para perseguirem a Sebá, filho de Bicri.
8 Quando chegaram à pedra
grande que está junto a Gibeão, Amasa lhes veio ao encontro. Estava Joabe
cingido do seu traje de guerra que vestira, e sobre ele um cinto com a espada
presa aos seus lombos, na sua bainha; e, adiantando-se ele, a espada caiu da
bainha.
9 E disse Joabe a Amasa:
Vais bem, meu irmão? E Joabe, com a mão direita, pegou da barba de Amasa, para
o beijar.
10 Amasa, porém, não
reparou na espada que estava na mão de Joabe; de sorte que este o feriu com ela
no ventre, derramando-lhe por terra as entranhas, sem feri-lo segunda vez; e
ele morreu. Então Joabe e Abisai, seu irmão, perseguiram a Sebá, filho de
Bicri.
11 Mas um homem dentre os
servos de Joabe ficou junto a Amasa, e dizia: Quem favorece a Joabe, e quem é
por Davi, siga a Joabe.
12 E Amasa se revolvia no
seu sangue no meio do caminho. E aquele homem, vendo que todo o povo parava,
removeu Amasa do caminho para o campo, e lançou sobre ele um manto, porque viu
que todo aquele que chegava ao pé dele parava.
13 Mas removido Amasa do
caminho, todos os homens seguiram a Joabe, para perseguirem a Sebá, filho de
Bicri.
14 Então Sebá passou por
todas as tribos de Israel até Abel e Bete-Maacá; e todos os beritas,
ajuntando-se, também o seguiram.
15 Vieram, pois, e
cercaram a Sebá em Abel de Bete-Maacá; e levantaram contra a cidade um montão,
que se elevou defronte do muro; e todo o povo que estava com Joabe batia o muro
para derrubá-lo.
16 Então uma mulher sábia
gritou de dentro da cidade: Ouvi! ouvi! Dizei a Joabe: Chega-te cá, para que eu
te fale.
17 Ele, pois, se chegou
perto dela; e a mulher perguntou: Tu és Joabe? Respondeu ele: Sou. Ela lhe
disse: Ouve as palavras de tua serva. Disse ele: Estou ouvindo.
18 Então falou ela,
dizendo: Antigamente costumava-se dizer: Que se peça conselho em Abel; e era
assim que se punha termo às questões.
19 Eu sou uma das
pacíficas e das fiéis em Israel; e tu procuras destruir uma cidade que é mãe em
Israel; por que, pois, devorarias a herança do Senhor?
20 Então respondeu Joabe,
e disse: Longe, longe de mim que eu tal faça, que eu devore ou arruíne!
21 A coisa não é assim;
porém um só homem da região montanhosa de Efraim, cujo nome é Sebá, filho de
Bicri, levantou a mão contra o rei, contra Davi; entregai-me só este, e
retirar-me-ei da cidade. E disse a mulher a Joabe: Eis que te será lançada a
sua cabeça pelo muro.
22 A mulher, na sua
sabedoria, foi ter com todo o povo; e cortaram a cabeça de Sebá, filho de
Bicri, e a lançaram a Joabe. Este, pois, tocou a buzina, e eles se retiraram da
cidade, cada um para sua tenda. E Joabe voltou a Jerusalém, ao rei.
23 Ora, Joabe estava
sobre todo o exército de Israel; e Benaia, filho de Jeoiada, sobre os quereteus
e os peleteus;
24 e Adorão sobre a gente
de trabalhos forçados; Jeosafá, filho de Ailude, era cronista;
25 Seva era escrivão;
Zadoque e Abiatar, sacerdotes;
26 e Ira, o jairita, era
o oficial-mor de Davi.” (II Sm 20.1-26).
Muito interessante, Deus continue lhe dando sabedoria Pr. Silvio Dutra
ResponderExcluirÓtimo estudo,resumido e bem explicado.Que o senhor continue a te capacitar.Gloria Deus Glória Senhor jesus
ResponderExcluirGostei muito
ResponderExcluirGostei da exposição do texto!
ResponderExcluirMuito boa a explicação
ResponderExcluirOtima explicaçao,Deus continue abençoando,
ResponderExcluirObrigado pastor , muito bom aprender a palavra de Deus 🙏
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