Deus está formando
gradualmente um povo glorioso, exclusivamente Seu, zeloso de boas obras, em
meio a este mundo tenebroso.
A condição
terrível do pecado, apresentada nos capítulos 58 e 59 de Isaías, não poderá impedir
a plena realização da manifestação da luz e glória de Deus no monte Sião, que
tem sido objeto de disputas através dos séculos, sendo Jerusalém pisoteada por
povos pagãos para perplexidade especialmente dos judeus piedosos, aos quais
Deus havia prometido fazer de Jerusalém um objeto de glória para eles na terra.
Enquanto o Messias
não se manifestar com a Igreja triunfante em Sua volta, no monte Sião, parecerá
a muitos que a promessa de Deus caducou, mas como Ele é fiel em cumprir a Sua
Palavra ela terá cabal cumprimento a Seu tempo.
“e não lhe deis a
ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na
terra.” (Is 62.7).
“E olhei, e eis o
Cordeiro em pé sobre o Monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que
traziam na fronte escrito o nome dele e o nome de seu Pai.” (Apo 14.1).
Foi principalmente
com esta perspectiva da glória futura da Igreja na nova Jerusalém que este
capítulo foi escrito.
Os cristãos são
chamados a olharem para o grande objetivo final do seu trabalho, e não para as
suas presentes condições neste mundo sujeito ao pecado.
Mas a grande luz e
glória que seriam manifestadas ao povo do Senhor com a chegada do Redentor
prometido no capítulo 59 de Isaías é prometida na abertura e continuidade deste
60º capítulo, que agora comentaremos.
E nosso Senhor
Jesus Cristo viria numa primeira vinda a Israel, cerca de setecentos anos
depois da profecia que foi dada a Isaías, para começar a buscar o Seu povo em
todas as partes do mundo, e se manifestará com eles no monte Sião na plenitude
da Sua luz e glória por ocasião da Sua segunda vinda.
Não são feitas
promessas de riquezas terrenas das nações para a Igreja antes que Cristo venha,
porque Deus em Sua grande sabedoria sabe que o pecado ainda opera na carne dos cristãos,
e o amor ao dinheiro num mundo de pecado como o nosso é a raiz de todos os
males.
Muitos se
desviaram da fé ao longo da história da Igreja por causa das riquezas terrenas.
As Igrejas de
Sardes e de Laodicéia se desviaram da sua firmeza exatamente por causa da
abundância de bens materiais que eles possuíam.
E, geralmente, a
mesma história se repete quando se coloca neste mundo, ainda sujeito ao pecado,
os bens terrenos como alvo da vida cristã.
Mas na perfeição
da
glória com Cristo no milênio, estes bens serão mero adorno para
o Seu santuário e reino, e já não existirá mais o pecado da cobiça nos
corações.
Então se fala
deles na profecia de Isaías como uma promessa de Deus para a futura glória da
Igreja.
Foi somente depois
da vinda do Senhor a este mundo que a luz do evangelho brilhou nos nossos
corações.
Todos estavam em
ignorância quanto a quem se referiam as promessas da vinda de um Redentor que
traria consigo a graça e a verdade.
Foi somente depois
que Ele se manifestou que até mesmo estes capítulos finais do livro de Isaías
passaram a ter pleno significado para nós quanto ao Redentor e quanto ao Seu
trabalho de redenção, para nos libertar dos nossos pecados.
A luz que dissipou
as trevas da ignorância quanto ao plano de Deus para o Seu povo possibilitou
que a Igreja fosse formada pela operação do Espírito Santo.
Uma era a glória
que Deus manifestava em Israel nos dias da Antiga Aliança, e uma outra muito
maior é a que Ele tem manifestado através de Cristo na Igreja, nesta chamada
dispensação da graça.
Não somente pelo
modo como tem transformado os pecadores, mas sobretudo pela manifestação do Seu
grande poder através da Igreja.
Somente a luz do
evangelho pode dissipar as trevas do pecado que está no mundo, de maneira que a
palavra de ordem do Senhor é que a Igreja se levante e resplandeça com a luz
que lhe foi dada com a chegada de Cristo, e que trouxe à Igreja a glória do
Senhor (v. 1).
E a necessidade de
que a Igreja se levante dando testemunho da luz da verdade do evangelho, é que
as trevas continuarão cobrindo a terra e a escuridão os povos, mas sobre os
eleitos a luz do Senhor virá surgindo e a Sua glória se verá sobre eles (v.2).
Estes eleitos
estão em todas as nações, e daí a necessidade de o evangelho ser pregado em
todas as nações, porque nestas nações até mesmo muitos dos seus governantes
caminharão para a luz de Cristo que está na Igreja.
Os cristãos fiéis
são a luz do mundo. E pelo testemunho deles de caminharem na luz, muitos, em
todas as nações se converterão também à luz (v. 3).
Os homens e
mulheres que caminharem para a luz são chamados por Deus de seus filhos e
filhas que serão criados ao lado daqueles que já se encontravam no Senhor (v.
4).
E estas muitas
conversões serão motivo de grande alegria para a Igreja, e o coração se
estremecerá diante do grande poder do Senhor para salvar, e se alegrará com
isto, porque é dito que a abundância do mar serão para a Igreja, e as riquezas
das nações virão a ela (v. 5).
A principal
riqueza das nações são os que se convertem a Cristo, porque as nações que não
têm o evangelho estão em extrema tristeza, escuridão e pobreza espiritual. Quão
miseráveis são aos olhos de Deus as nações que não têm o verdadeiro evangelho
de Cristo.
Entretanto a
promessa desta profecia também se cumpre na mercadorias e riquezas materiais
que são trazidas à Igreja não para o propósito de comércio, mas para a Igreja
quando deixar o seu estado presente de odiada e perseguida pelas nações, para
ser honrada por elas quando lhes trouxerem suas riquezas, quando ela estiver em
glória com Cristo em Jerusalém.
Antes, no Velho
Testamento, somente os israelitas subiam ao templo de Jerusalém para a adoração
ao Senhor, mas no milênio todas as nações virão a Jerusalém para honrarem o
Grande Rei e à Igreja que estará com Ele reinando em glória (Zac 14.16).
Mas, mesmo no
presente, a promessa da provisão divina para atender as necessidades dos que estão
empenhados em servir ao evangelho, está também aqui embutida (v. 6 a 17).
Entretanto, a
Igreja que se levanta e resplandece com o testemunho da verdade é rica e
enriquece a muitos, como também é ainda mais enriquecida com as almas que o
Senhor junta a ela.
Nunca, em tempo
algum, o Judaísmo, sob a antiga aliança conseguiria fazer convertidos em todas
as nações como passou a acontecer com o evangelho, que começou a ser pregado a
partir de Jerusalém.
Esta glória estava
reservada à Igreja, para a glorificação do nome de Cristo, que é o seu Senhor.
É o castiçal da
Igreja a luz através da qual o testemunho do evangelho ilumina o mundo.
Até mesmo muitos
dos que eram inimigos de Deus e do evangelho e que se opunham à Igreja de
Cristo e que oprimiram e perseguiram os cristãos, viriam a se render a Cristo,
pelo bom testemunho dos seus servos (v. 14).
Devemos servir ao Senhor com o que temos.
Devemos glorificá-lo com os nossos bens.
Por isso é dito
que as riquezas que são trazidas à Igreja têm o propósito de publicar os
louvores do Senhor, e para que Ele possa glorificar a casa da Sua glória (v. 6,
7).
Os bens que são
consagrados ao Senhor e que são usados especialmente para socorrer os
necessitados do Seu povo trazem grande glória ao nome de Deus porque desta
forma tem provido, através da Igreja uma casa para estes Seus filhos que não
teriam outra forma de serem sustentados.
A submissão ao
evangelho de Cristo impõe esta necessidade de servirmos ao Senhor e aos santos
com os nossos bens materiais.
Porque com isto
damos provas de maneira prática o quanto reconhecemos que Jesus é de fato o
Senhor, o Dono de tudo que somos e possuímos.
Que coisa
maravilhosa e agradável a Deus é reconhecermos que nada do que temos é
propriamente nosso, mas que pertence ao Senhor, e que por isso deve ser
disposto e usado conforme a Sua santa vontade.
E quão grande
glória é ser provido pelas cousas santas que foram consagradas ao Senhor!
Que grande honra é
poder ser provido pela Sua mesa!
Diante de tanta
luz e bondade as conversões se multiplicam, e os que se convertem são descritos
por Deus através do profeta como nuvens e como pombas que vêm voando em grande
multidão para as janelas da Igreja (v.8).
A citação às
portas da Igreja que estarão sempre abertas (v.11) significa que todos os que
vierem para a Igreja serão bem vindos, e que Cristo está de braços abertos para
recebê-los, e que não lançará fora, de modo algum, a qualquer que vier a Ele.
Para o cumprimento
da Sua vontade em relação à Igreja Deus fará até mesmo que ela seja ajudada por
aqueles que não lhe pertencem (v. 10, 12, 14).
As ameaças de
julgamento e destruição das nações que se recusarem a ajudar a Igreja é uma
referência àqueles que resistem ao evangelho de Cristo, e que serão julgados
por Ele por ocasião da Sua segunda vinda (II Tes 1.8).
Para que não se
confunda a glória que é referida à Igreja com qualquer tipo de glória terrena
até que Cristo volte e reúna os redimidos de todas as épocas no monte Sião, é
afirmado o estado de desprezo (v. 14), de abandono e de desprezo pelo mundo (v.
15) da verdadeira igreja no presente século, porque não é na suntuosidade de
muitas mega igrejas de diversas denominações que a glória do Senhor reside.
Jesus disse que a
igreja seria perseguida e odiada pelo mundo. Então a glória aqui referida neste
capítulo de Isaías não é uma glória terrena decorrente do prestígio da
verdadeira Igreja entre aqueles que são do mundo.
Esta glória está
especialmente relacionada ao seu futuro na Nova Jerusalém em seu estado eterno,
quando não necessitará mais da luz do sol e da lua para ser iluminada, porque o
Senhor mesmo será a sua luz perpétua (v. 19,20).
Deus afirma
expressamente que todos os que fazem parte da Igreja são obra das Suas mãos e
que foram plantados por Ele para a Sua própria glória (v. 21).
E todos aqueles
que viveram em pobreza nos dias da Igreja padecente, serão enriquecidos e serão
achados em glória na Igreja triunfante depois da volta do Senhor.
Em vez de bronze
em suas casas eles terão ouro, em vez de ferro prata, e em vez de madeira
bronze, e em vez de pedra, ferro; e serão governados por oficiais pacíficos e
justos (v. 17).
Deus fez também a
promessa de que a Igreja apesar de ter sido pequena e humilde no Seu começo,
viria a ser numerosa e gloriosa no fim (v. 22).
A Igreja Cristã
nos dias de Jesus era composta por apenas cerca de 120 discípulos, e já no
Pentecostes teve um acréscimo de três mil convertidos. E logo depois este
número subiu a cerca de cinco mil, e hoje é composta por uma multidão
inumerável tanto no céu quanto na terra, e será mais ainda até que Cristo
volte.
O Senhor o disse e
o Senhor o tem feito para a glória do Seu próprio nome (v. 21).
Baseado em Isaías 60
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