Como faraó resistia a Deus e não lhe
obedecia quanto à ordem de libertar os israelitas da dura escravidão dos
egípcios, o Rei dos reis usaria o ultima ratio Regis (último argumento
dos reis – slogan da arma de artilharia) para deter o avanço da injusta
opressão.
Por isso, além da primeira praga descrita
no sétimo capítulo de Êxodo de terem as águas sido transformadas em sangue, nós
vemos, no oitavo capítulo, mais três pragas, a saber, por ordem: das rãs, dos
piolhos e das moscas.
Nenhuma destas pragas estava atingindo a
terra de Gósen onde habitavam os israelitas no Egito, e na verdade a nenhum
deles, senão somente os egípcios.
Naquela situação particular e especial de
demonstrações dos juízos de Deus, Ele mesmo declarara a distinção que faz
nestes juízos entre aqueles que o amam e aqueles que resistem à Sua vontade, e
escolhem deliberadamente continuar na prática do mal, servindo às trevas e não
à luz, à injustiça, e não à justiça.
Na verdade, Deus não faz acepção de
pessoas, estando a salvação que é pelo arrependimento e fé acessível a qualquer
pecador.
No entanto, aqueles que permanecem
endurecidos em seus pecados e recusam a salvação, terão que lhe prestar contas
dos seus atos no dia do grande Juízo final.
As pragas atingiram todos os egípcios, mas
nem um só dos israelitas foi atingido por elas, não em razão de serem melhores
do que os egípcios, mas porque Deus tinha uma aliança com eles.
É exatamente o mesmo que ocorre com os cristãos
que estão aliançados com Deus por meio de Jesus Cristo.
Eles são guardados e protegidos por Deus
e jamais serão condenados juntamente com
os que vivem na prática da impiedade, porque atenderam à chamada de Deus ao
arrependimento e à conversão.
É por isso que o Senhor declara em Êx
8.21-23: “Porque se não deixares ir o meu povo”, eis que enviarei enxames de
moscas sobre ti, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, e nas tuas casas;
e as casas dos egípcios se encherão destes enxames, bem como a terra em que
eles estiverem. Mas naquele dia separarei a terra de Gósem em que o meu povo
habita, a fim de que nela não haja enxames de moscas, para que saibas que eu
sou o Senhor no meio desta terra. Assim farei distinção entre o meu povo e o
teu povo; amanhã se fará este milagre.”.
Só havia um modo de os egípcios escaparem
de todas aquelas pragas que Deus lhes estava enviando sob a forma de juízos:
obedecerem à ordem do Senhor de libertar Israel para que pudesse servi-lo.
Todavia, como faraó permanecia endurecido,
as pragas continuariam sendo derramadas até que os egípcios soubessem que há
somente um único Senhor sobre toda a terra, e este Deus é o Deus dos
israelitas, povo ao qual Moisés pertencia.
A revelação da verdade, do Deus vivo, seria
dada ao mundo, somente através de Israel, até que o Messias prometido viesse.
Todo o aparato religioso e todas as
divindades egípcias eram falsas e impotentes.
Os magos imitaram com seu ilusionismo
alguns sinais que estavam sendo operados pelo Senhor através de Moisés, mas
quando transformou pó em piolhos, trazendo algo vivo de matéria inanimada, os
próprios magos temeram muito e pararam com suas imitações e disseram a faraó
que o que estava sendo feito era pelo dedo de Deus, pois no seu endurecimento
de coração tentaram imitar aquele sinal com suas artes mágicas, através do
ilusionismo, mas não conseguiram (Êx 8.18).
Mas nem com isso o coração de faraó deixou
de estar endurecido conforme o Senhor havia predito.
Deus havia colocado um basta nas operações
do reino de Satanás, e humilhou os servos do diabo.
A mesma coisa acontece em avivamentos no
meio do povo de Deus, quando o diabo procura desautorizar os milagres operados
pelo Senhor, fazendo imitações grosseiras das obras verdadeiras, que são
produzidas por Deus.
Ele produz até mesmo falsos
arrependimentos. Falsos êxtases. Falsas experiências emocionais. Mas nem por
isso a obra do Espírito deve ser detida pelos que lideram o trabalho de Deus,
assim como Moisés não deixou de ser instrumento do Senhor para que Ele
continuasse operando os seus sinais verdadeiros através dele.
O que daí se aprende é que a verdade não
deve recuar em face da mentira e da falsificação.
Não é porque há falsidade entre nós que
deixaremos de pregar e de estar a serviço da verdade.
O número de falsários e de ilusionistas,
que procuram desautorizar a verdadeira obra do Espírito, aumentou
consideravelmente nestes últimos dias, conforme está profetizado na Palavra e
advertido pelo próprio Jesus, quanto à multiplicação de falsos mestres,
profetas e até mesmo cristos no tempo do fim, que fariam prodígios e maravilhas
para enganar, se possível, até mesmo os eleitos.
Vigiemos pois em todo o tempo, e
apeguemo-nos com mais firmeza às verdades ouvidas, para que delas jamais nos
desviemos (Hb 12.1).
Estas verdades estão reveladas na Bíblia, e
é portanto a ela que devemos dar ouvido e não ao ensino destes insubordinados,
como o apóstolo Pedro lhes chama em sua segunda epístola.
Eles serão humilhados pelo Senhor, no tempo
próprio, assim como foram os magos no Egito, nos dias de Moisés.
Pois até que o Senhor manifestasse o Seu
poder e juízos entre os egípcios, eles reinavam praticamente absolutos com os
seus encantamentos diabólicos, e gozavam do prestígio de serem ministros das
várias divindades do Egito.
Mas o Senhor mostrou que tanto o ministério
deles quanto o das divindades a que serviam eram baseados no engano e na
falsidade.
Afinal, Satanás é o pai da mentira e do
engano, e não podem ser de outro modo todos os que se encontram escravizados à
sua vontade e a seu serviço.
Caso Moisés tivesse aceitado a proposta de
faraó de que eles oferecessem seus sacrifícios a Deus, na própria terra do
Egito, ou então que o fizessem não muito longe dali, os israelitas
permaneceriam debaixo do jugo egípcio, e ao mesmo tempo em que não teriam sua
oferta aceita pelo Senhor, porque este lhes ordenara claramente que o fizessem
no deserto a caminho de três dias do Egito.
A adoração e o serviço ao Senhor devem ser
feitos de acordo com as suas prescrições, e não de acordo com as aparentes
concessões dos poderes deste mundo e do próprio Satanás.
E é geralmente deste modo que o Inimigo
procede com aqueles que estão a serviço de Deus. Ele lhes propõe aparentes
soluções conciliatórias fazendo concessões que na verdade são artifícios para
manter o povo do Senhor debaixo da sua influência maligna, por lhes dar-lhes a
sensação de que obtiveram vitórias sobre ele, e também libertação, só que na
verdade não alcançaram, porque não agiram em conformidade com todo o desígnio
do Senhor, mas de acordo com aquilo que lhes parecia o caminho mais fácil,
negociando termos de paz com o Inimigo.
Não é possível e nem se pode fazer acordos
de paz com o diabo. Ele deve ser submetido pelo poder de Deus, e então o povo
do Senhor terá a liberdade necessária para oferecer sacrifícios de louvor ao Senhor.
Faraó, em muitos aspectos tornou-se um tipo
de Satanás, porque estava agindo em conformidade com os estratagemas do diabo,
e certamente deveria estar debaixo da sua influência. Afinal, a nossa luta não
é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades espirituais.
Baseado em êxodo 8
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