A par
de todo o endurecimento de Israel, o grande amor e misericórdia do Senhor,
daria ao remanescente fiel daquela nação
que não estivesse mais debaixo do governo de reis ímpios, mas sob o
reinado pacífico e justo do Messias, conforme prometido no 11º capítulo de
Isaías.
O
Messias não seria procedente de um rei descendente de Davi, que estivesse
reinando em pompa e glória, mas de um rebento que surgiria do que restou da
árvore genealógica de Jessé, pai de Davi, que seriam pobres e sem qualquer
notoriedade em Judá, a saber José e Maria, que eram descendentes de Davi.
Isto
seria mais um sinal de que o reino do Messias seria de esperança para todos os
seus súditos, fossem eles ricos ou pobres.
Seria
nEle que todos os dispersos de Israel, pelos juízos do Senhor, poderiam ser
reunidos.
Assim,
o profeta faz uma vinculação entre a predição das libertações temporais de
Israel na Antiga Aliança, para a grande salvação que se manifestaria na
plenitude do tempo por Jesus Cristo.
O
Messias é apresentado como sendo proveniente da casa de Davi, a quem Deus havia
feito a promessa de ser misericordioso para sempre com os que fossem da sua
casa, exatamente porque estava determinado que o Messias seria da sua
descendência, segundo a carne.
É
enfatizado de modo especial em relação ao governo do Messias, a justiça
procedente dele (v. 3 a 5) e a paz (v. 6
a 9), em cumprimento à vontade de Deus.
E os
gentios seriam alcançados pelo seu governo (v. 10), assim como o remanescente
de Israel (v. 11 a 16).
Este
governo será estabelecido um dia de forma visível na terra, mas é sobretudo um
governo de amor, espiritual, no coração dos súditos, de maneira que Jesus tem
governado há dois milênios nos corações de milhões de pessoas, que lhe honram
como o Rei de suas vidas.
Deus
vinha protestando através do profeta Isaías até o 11º capitulo quanto à
impiedade que havia em seu povo de Israel, e exigindo que eles se emendassem e
andassem em santidade e justiça perante Ele.
E para
o cumprimento deste propósito, fez a promessa do nascimento de um menino, que
viria a ter sobre os seus ombros o
governo do Seu povo, para que este pudesse andar em justiça (cap 10.27), e
agora neste décimo primeiro capítulo Ele revela através do profeta que este
Príncipe da paz seria o Messias de Israel, que seria dado também como luz para
os gentios.
Os
ímpios serão banidos por Ele, mas os mansos da terra serão repreendidos
(disciplinados) por Ele com equidade, para lhes tornar participantes da Sua
santidade. (v.4)
A casa
de Davi estava muito reduzida e fraca quando do nascimento de Jesus, o que pode
ser visto pela obscuridade e pobreza de José e Maria.
Assim,
o Messias surgiria se submetendo a esta humilhação, para que viesse a restaurar
e a exaltar de novo aquela casa à qual Deus havia feito gloriosa no passado.
Daí se
dizer através do profeta Amós que Ele levantaria de novo o tabernáculo
(habitação, casa) de Davi (Amós 9.11).
E o
Espírito Santo repousaria sobre o Messias com todos os seus dons e graças.
Ele
teria o Espírito sem medida, em toda a Sua plenitude.
Importava
que em Cristo habitasse toda a plenitude, de maneira que possamos receber desta
plenitude, por estarmos ligados a Ele, como nossa cabeça, sendo membros do Seu
corpo (João 1.16; Col 1.19; 2.9).
Por
causa desta plenitude de sabedoria e entendimento, conselho, fortaleza,
conhecimento e temor do Senhor (v. 2) Ele saberá administrar perfeitamente os
negócios do Seu reino espiritual, em todas as suas ramificações, para poder
responder aos dois grandes propósitos que estão envolvidos nisto: a glória de
Deus e o bem dos filhos dos homens.
As
condições da aliança serão resolvidas por Ele, e as ordenações instituídas em
sabedoria pelo tesouro de sabedoria que está escondido nEle, para ser nosso
conselheiro, de modo que se tornou Ele próprio, da parte de Deus, a nossa
sabedoria (I Cor 1.30).
Ele
será também a força do Seu povo, especialmente na hora da aflição e de
angústia.
Mas
também com a Sua força destruirá o ímpio e destruirá toda fortaleza satânica, e
toda a altivez e sofisma que se levantam contra o conhecimento de Deus.
E Ele
dará ao Seu povo o verdadeiro temor de Deus, de forma que isto possa aumentar
cada vez mais neles, assim como este temor está nEle próprio apesar de ser em
tudo semelhante a Deus Pai.
Assim a
nossa fé em Cristo não foi projetada para lançar fora este temor santo e
reverente de Deus e da Sua Palavra, mas para criá-lo e aumentá-lo.
Sem
este temor é impossível andar na verdade e na prática da justiça em santidade,
porque é o temor de Deus o princípio da sabedoria, isto é, ela atua e se
manifesta com base na existência deste temor sagrado, especialmente dos juízos
do Senhor contra o pecado.
Assim é
que todo aquele que estiver andando verdadeiramente no Espírito Santo, demonstrará
antes de tudo a existência deste temor a Deus na sua vida.
Jesus
tem também a plenitude do entendimento e do conhecimento porque somente Ele
conhece perfeitamente ao Pai, e toda a Sua vontade, de maneira a poder instruir
o seu povo a caminhar na verdade e a ter entendimento dos caminhos de Deus.
Nenhum
julgamento dEle seria por isso feito de modo diferente, em qualquer aspecto,
fora da vontade do Pai, e do conhecimento correto desta vontade.
É
preciso pois buscar tal conhecimento e entendimento, em humilde oração e por um
viver em verdadeira santidade de vida, em plena dependência do Senhor.
Cristo
conhece os segredos dos corações dos homens e por isso somente Ele está
habilitado a fazer uma julgamento correto do que há verdadeiramente neles.
Jesus
não julga de acordo com as opiniões que as pessoas têm de si mesmas, nem pelo
que ouve dizerem de outros, porque seu julgamento é sempre de acordo com a
verdade do que somos de fato à luz de Deus revelada nas Escrituras.
Por
isso Seu julgamento é sempre justo e correto.
Por ser
um governante perfeitamente justo, não favorecerá o poderoso em detrimento do
fraco.
Ao
contrário, pela Sua força será o protetor e o defensor do pobre.
Ele
será o advogado de defesa daqueles que não têm como se defender dos poderosos,
que agem com injustiça, ou lhes oprimindo.
Ele os
defenderá porque são pobres de espírito e sabem que dependem da força do Seu
Senhor para sobreviverem num mundo de trevas como este.
A paz
do Seu reino é referida nos versos 6 a 9 e enfatiza especialmente as condições
do milênio, quando Ele estabelecer o Seu governo na terra, depois de ter
subjugado Satanás e o Anticristo, mas se aplica também ao nosso tempo,
significando o seguinte:
Unidade
ou acordo com partes inconciliáveis, ilustradas na paz do lobo com o cordeiro.
Os homens de disposições mais violentas e furiosas que se mordiam e se
devoravam mutuamente poderão ser transformados em seus temperamentos pela
eficácia da graça do evangelho de Cristo, que o forte amará e respeitará o fraco,
em vez de tentar oprimi-lo ou destruí-lo, como teria feito no passado.
Cristo
derrubaria várias barreiras de separação, como por exemplo a que havia entre
judeus e gentios. Multidões de ambos os lados se converteriam a Ele.
E todos
os seres de naturezas antagônicas deixarão de sê-lo debaixo do governo milenal
do Messias.
O leão
por exemplo deixará de ser carnívoro e também pastará como o boi.
As
serpentes peçonhentas perderão o veneno de maneira que uma criança poderá
brincar com elas.
Muito
da maldição que foi trazida à terra por causa do pecado original, será removida
pela destruição da impiedade, e pela restauração que será operada pelo poder do
Messias em Seu reino.
Todos
os que estiverem no monte santo de Deus, debaixo do governo do Messias, viverão
em verdadeira amizade, sem ruins suspeitas, dissensões, invejas, ciúmes ou
qualquer outro tipo de condição, que ainda prevalecem no mundo, e que somente
serão subjugadas quando Ele tiver restaurado todas as coisas.
Além de
garantia de unidade, a paz do Messias
significa segurança.
Cristo
conduzirá Seu rebanho de tal maneira, que aqueles que tocarem nos seus ungidos
terão que prestar contas a Ele.
Nenhum
mal pode ser feito ao cristão fiel se não for permitido por Cristo para um
propósito específico, porque Ele os guarda e protege como o Seu tesouro mais
precioso.
E toda
oposição será removida no futuro contra os filhos de Deus, porque Ele tem feito
a promessa que não permitirá que nenhum dano seja feito no seu santo monte.
Isto se
aplica também de modo particular em
situações terrenas presentes, em que Deus determina que fará uma obra no meio
de grandes oposições, mas ela seguirá adiante porque repreenderá a todos que se
levantarem contra ela, e fará isto por amor do Seu povo e da Sua própria glória
e nome.
Há um
falso conhecimento que semeia discórdia entre os cristãos, mas estes que
semeiam discórdias serão julgados por Deus que sempre defenderá a causa da paz,
porque tem chamado o Seu povo à unidade e não à divisão.
A
inimizade que havia na antiga aliança entre Judá e Efraim, isto é entre o Reino
do Norte e do Sul, sendo ambos parte do mesmo povo de Deus, seria removida
somente com a manifestação do Messias, porque a carne é inimizade contra Deus,
e também de uns para com os outros.
Somente
um andar no Espírito pode vencer a carne e promover a união de corações que é
tão almejada por Deus.
Judá e
Efraim deveriam estar unidos para lutarem contra os filisteus e contra todos os
povos inimigos de Israel.
Mas
eram impedidos frequentemente de fazê-lo por causa da inveja que havia entre
eles.
E assim
acabavam muitas vezes sendo subjugados pelos povos inimigos.
E
quando na Igreja acontece o mesmo, Satanás sempre levará vantagem sobre os cristãos,
por se deixarem vencer pela inveja, em vez de viverem em unidade.
Contudo,
a promessa é que após a manifestação do Messias Judá e Efraim estariam
reconciliados.
Assim
como podem viver os cristãos em divisões carnais?
Como
Deus poderia se agradar disto, quando tem feito a promessa que no Messias haveria
paz entre aqueles que estivessem debaixo do Seu governo?
Que
glória pode Deus receber com estes que promovem divisões no corpo de Cristo,
por andarem contrariamente à verdade?
Por não
desejarem viver em santidade de vida, obedecendo os mandamentos de Cristo, tal
como se encontram revelados na Bíblia?
Mas tudo e todos, que se levantam contra o
progresso e sucesso do evangelho, especialmente neste seu caráter de promover a
paz em amor, será removido.
Assim
como Deus retirou os judeus da própria terra deles para serem levados para
Babilônia, por estarem vivendo contrariamente à Sua vontade e amando o
mundo.
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