Tão grande é a corrupção do coração humano, que somente o Senhor
conhece a fundo, como Ele afirma através
do profeta Jeremias.
Tão grande é o pecado que grassa em toda a humanidade, desde a
queda de Adão, que ao homem natural, que não possui o Espírito do Senhor, as
profecias bíblicas parecem um exagero de uma exortação à busca de um padrão
inatingível, e de fato o é, para aquele que não tiver o auxílio da graça do
Senhor, não somente para conhecer a corrupção do seu coração, quanto para ser
transformado em uma nova criatura, coparticipante da natureza divina.
Tão elevado é o padrão de vida espiritual divina, e que não sendo
algo deste mundo, mas que se recebe do alto por meio da fé, que parece algo
totalmente estranho e até mesmo um motivo de escândalo e loucura para o homem
natural, como o apóstolo Paulo afirma em sua primeira epístola aos Coríntios.
Muitos chegam até mesmo a considerar as palavras do criador do
Universo, como palavras da mais profunda ingenuidade, uma vez que consideram
que é utópico exigir do homem algo que não faz parte da sua natureza.
Como que se lhe pedisse que tivesse a inocência de um bebê.
Na verdade, o que Deus exige do homem não é próprio da sua
natureza terrena decaída no pecado, e se quiser ser restaurado à imagem e
semelhança com Cristo, terá que receber isto de fora, do alto, do Espírito
Santo.
Não admira que Jesus disse que se alguém quiser entrar no reino do
céu terá que se fazer como uma criança e nascer de novo do Espírito.
Assim, quando não se dá crédito ao amor divino, à paz divina, à
justiça e à santidade divinas, e a tudo o mais que faz parte do caráter de
Deus, como também a Sua perfeita bondade, misericórdia, longanimidade, e todos
os demais atributos que o caracterizam como Deus, dificilmente se alcançará a
salvação, que demanda nosso arrependimento e conversão a tais atributos.
Então, pode parecer aos que justificam a si mesmos em suas más
obras, sob a alegação de que o padrão de exigência divino revelado na Bíblia
para o homem seja algo inatingível, utópico, ingênuo, ou que se lhe dê a
adjetivação que se quiser, no entanto, ele permanece imutável e real,
demandando de todo homem que se arrependa e que se purifique de seus pecados no
sangue de Cristo, sem o que, será sujeito ao juízo eterno de Deus, que haverá
de se manifestar no futuro, por ter recusado mudar pelo recebimento da justiça
de Cristo que Ele está oferecendo gratuitamente a todos na dispensação da
graça. .
Como não chegamos a conhecer Adão e Eva quando se encontravam em
perfeição absoluta no jardim do Éden, e nem as condições de perfeição que havia
em toda a criação, antes de o homem e a terra terem sido amaldiçoados por Deus
por causa do pecado, então, torna-se não apenas difícil, mas até mesmo impossível,
conceber como seria a nossa vida sem qualquer pecado, ou influência do
pecado.
Agora, conscientes ou não da realidade do pecado, Deus nos impõe
responsabilidade por todos os nossos atos, pensamentos e omissões perante Ele,
porque nos tem estendido a possibilidade de optarmos por um viver em
consonância com o que Ele havia planejado para que fôssemos, simplesmente pela
fé nEle, que nos faz participantes da Sua graça, pela qual somos transformados.
E a imputação desta responsabilidade traz em consequência
recompensas e bênçãos para os obedientes, e castigos e juízos sobre aqueles que
Lhe desobedecem.
É exatamente a revelação desta realidade que achamos nos escritos
bíblicos, e especialmente nos profetas, protestando veementemente contra os
pecados não somente do povo de Deus, mas de toda a humanidade, não por motivos
de uma afetação moralista, mas para o cumprimento do propósito de Deus de que
haja paz e amor entre os homens.
Não vemos por isso, um Deus justo negociando com pecadores nos
termos dos pecados deles, lhes fazendo concessões ou lhes dando promessas de
suspensão de Seus juízos, ainda que não se disponham a mudar o seu procedimento,
porque afinal, lhes preparou um escape, um meio de fazerem a Sua vontade,
através da fé em Jesus Cristo.
Deste modo, todo o povo de Israel
é conclamado a escutar, especialmente os sacerdotes e a corte do rei, porque é
declarado que o juízo era contra eles, dado terem sido um laço e uma rede na
qual apanharam todo o povo de Israel, mantendo-os presos aos seus pecados (Os 4.1).
As
coisas que eles faziam em oculto e toda a prostituição cultual deles estava
patente aos olhos do Senhor, que é Onipresente e Onisciente (v. 3).
Procedendo daquela forma não podiam se voltar para Deus e fazer a
Sua vontade, porque estavam dominados por um espírito de prostituição ao qual
haviam se afeiçoado, e por causa do qual não podiam conhecer ao Senhor (v. 4).
Se o homem não se humilhar e não reconhecer que é dependente do
Senhor para poder fazer a Sua vontade, não receberá graça dEle para que possa
estar de pé na Sua presença, por um procedimento que Lhe seja agradável.
E se não houver a operação da graça, a iniquidade se espalhará em
seu coração, e tornará cada vez mais difícil que venha a se humilhar diante do
Senhor para que seja salvo de seus pecados, porque em vivendo no pecado, sequer
ocupará seus pensamentos com a existência de Deus, quanto mais sobre a
necessidade de conhecê-lO de modo pessoal e íntimo, e também a Sua vontade,
para que seja praticada e obedecida.
Porque para se ter o real conhecimento de Deus é necessário que
sejamos transformados paulatinamente à semelhança do seu caráter divino.
Por isso nem todos se dispõem a isto, porque estão apegados à vida
que é contrária a quase tudo o que existe no caráter de Deus.
Quando o coração está endurecido de tal forma, nada adianta
religiosidade externa manifestada em ritos e cerimônias, com o fito de desviar
a ira de Deus, como por exemplo a apresentação de sacrifícios que os israelitas
costumavam fazer, porque não será desta forma que o Senhor se deixará achar,
senão somente por uma real conversão de coração (v. 6).
Judá deveria aprender dos juízos que seriam trazidos pelo Senhor a
Israel, quando fossem levados ao cativeiro pela Assíria, e assim, tanto Judá
quanto a tribo de Benjamim que se encontravam no Reino do Sul, deveriam evitar
incorrer no mesmo juízo, desviando-se de seus pecados.
Todavia, o Senhor tinha uma contenda com os príncipes de Judá que
não mantinham os marcos que se encontravam amarrados na Lei, e que os alteravam
segundo as suas conveniências interesseiras.
Seria vã a busca de Israel de auxílio na Assíria, para ser livrado
das nações que lhe oprimissem, porque seria a própria Assíria que os conduziria
ao cativeiro (v. 13).
A chaga dos pecados de Efraim havia se tornado incurável, e
somente lhe aguardava a hora da sua visitação.
O Senhor mesmo entraria em juízo tanto com Israel quanto com Judá
e não haveria portanto, quem pudesse livrá-los de suas mãos.
Ele se retiraria deles até que se reconhecessem culpados e
buscassem a Sua face, e o Senhor sabia que eles o fariam quando estivessem
angustiados, e logo o buscariam confessando os seus pecados.
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