Nós
vemos em Isaías 53 que apesar da excelência da pessoa do Messias Ele não
realizaria o Seu ministério terreno de modo a obter fama mundana, e
reconhecimento natural e carnal das pessoas, bem como o seu aplauso.
Ele
veio dar testemunho da verdade ao mundo mergulhado nas trevas do pecado, e
amarrado aos grilhões de Satanás.
Não
seria portanto popular e agradável aos que amam o mundo.
Por
isso se diz em Is 53.1:
“Quem
deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?”
É dito
no verso 2 que a razão disto é que Jesus “foi crescendo como renovo perante
ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e
quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.”.
Isto
não significa que era de aparência feia e repulsiva, mas que não era alguém que
usava os recursos que o mundo costuma usar para enganar e alcançar os corações
dos homens, conforme costuma fazer a maioria daqueles que são idolatrados e
admirados pelo mundo.
Por
isso se diz no verso 3 que Jesus “Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem
de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens
escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.”.
Agora é
dito a partir do verso 4 qual era o objetivo e comportamento de Cristo que
fizeram com que angariasse tal reputação.
Ele
veio a este mundo para morrer por nós numa rude cruz de madeira.
Deus
revelou ao profeta Isaías, o fato, a sua causa e consequência.
O fato:
Cristo carregou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores, e fizera
isto sofrendo em nosso lugar, sendo afligido, oprimido e ferido pelo desígnio
do Pai, porque isto estava ajustado desde antes da fundação do mundo, a saber,
que Ele deveria morrer para poder nos remir dos nossos pecados (v. 4),
A
causa: “ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa
das nossas iniquidades;” (v. 5a).
Não foi
por algum pecado nEle, que sofreu aquilo tudo, mas por causa das nossas próprias
transgressões e iniquidades.
A
consequência: “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.” (v. 5b).
Somos
reconciliados com Deus, ao crermos em Cristo, porque temos paz com o Pai, por
meio dEle, por causa de termos sido justificados pela Sua morte e ressurreição,
pela graça, mediante a fé.
A
guerra com Deus acabou para os que são de Cristo.
Eles
foram resgatados da maldição da Lei e da ira de Deus contra o pecado, porque
Jesus sofreu o castigo que lhes era destinado ficando no seu lugar, como
culpado, no tribunal de Deus.
Assim,
para aqueles que andavam desgarrados como ovelhas, se desviando cada um pelo
seu próprio caminho, sem poderem andar no caminho de Deus, para que pudessem
ser achados, estes que se encontravam perdidos, Deus fez cair sobre Cristo a
iniquidade de todos eles (v. 6).
E o
fizera permitindo que Jesus fosse oprimido e afligido nas mãos dos pecadores,
no entanto Ele não abriu a sua boca para se defender, não porque não fosse justo que o fizesse,
porque afinal não tinha qualquer culpa, mas Ele voluntariamente, tal como
ovelha que permanece perante seus tosquiadores,
nada disse em sua defesa porque sabia que importava se entregar-se para
que pudéssemos ser livrados da condenação eterna que pairava sobre nós (v. 7).
No
entanto, poucos sabiam deste mistério, e até o próprio Pedro havia tentado, por
inspiração de Satanás, dissuadi-lo de não morrer em Jerusalém, por causa do
afeto que sentia por Ele.
Mas foi
repreendido porque Ele viera a este mundo exatamente para o propósito de se
oferecer como sacrifício por nós, porque é o único Cordeiro que sendo
sacrificado, poderia remover o pecado e a culpa do povo de Deus para
sempre.
Então
seria por meio de opressão e por um juízo errado dos homens que Ele seria
morto, mas, como Isaías pergunta: “quem dentre os da sua geração considerou que
ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu
povo?” (v. 8).
Deus
mataria a morte com aquela morte do Seu Filho na cruz. Este era o objetivo de
ambos, e deveria ser cumprido, conforme havia sido ajustado na Trindade, desde
antes dos tempos eternos.
Então,
diferentemente daquilo que os judeus costumavam pensar, o Messias morreria,
apesar de ser perfeito Deus e perfeito homem, portanto, não por qualquer
imperfeição nEle, mas por causa da imperfeição daqueles que seriam salvos por
aquela morte.
E ele
seria sepultado do mesmo modo como são sepultados os ímpios, porque foi
considerado um malfeitor pelos que o julgaram.
Mas
estaria com o rico na sua morte, porque foi o rico José de Arimatéia que lhe
deparou o lugar onde fora sepultado.
No
entanto, isto não significava que fosse um malfeitor, porque o profeta afirma
que isto sucedeu “embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano
na sua boca.” (v. 9).
Ele não
tinha pecado algum, mas foi da vontade do Pai esmagar o Filho, fazendo-o
enfermar (enfraquecer e ser ferido) porque importava que fosse dado como oferta
pelo pecado, porque ressuscitaria, porque é dito que veria a sua posteridade,
ou seja, os que descenderiam dEle como filhos de Deus, e os seus dias seriam
prolongados porque importa que a vontade do Pai prosperasse em suas mãos, a
saber, é Ele que recebeu do Pai a responsabilidade de conduzir o Seu povo (v.
10).
Assim, Ele não seria retido pela morte, porque
é dito que veria o fruto do trabalho da sua alma, e que ficaria satisfeito com
o seu resultado, porque justificaria a muitos com a Sua justiça, porque
carregou as iniquidades deles sobre si (v. 11).
Pelo
Seu trabalho o Pai lhe daria um galardão, honra e glória inigualáveis, por
causa da Sua morte, não fazendo caso de ser contado como se fosse um
transgressor, não o sendo, entretanto, foi por causa disto que pôde tomar sobre
si o pecado de muitos, veja que não se diz de todos, porque tomou os pecados
daqueles que nEle creem, de maneira que se tivesse tomado de todos, os ímpios
não poderiam ser condenados no juízo final.
Então é
por estes transgressores que se arrependerão e que se arrependem de seus
pecados, que Ele intercede, conforme podemos ver em sua oração sacerdotal em
João 17 (v 12).
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