O capítulo 19 de Êxodo introduz a
solenidade para a doação da lei no monte Sinai, que constituiu uma das
manifestações mais notáveis da glória divina, que este mundo já presenciou.
O povo deveria se purificar durante três
dias, e a santidade exigida para o ato da doação da lei, seria representada
cerimonialmente no ato de o povo lavar as suas vestes, e de se demarcar limites
ao redor do sopé do monte, de modo que ninguém os ultrapassasse, para que não
fosse morto.
Deus falaria de modo audível a todo o povo
(19.9).
Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões
e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte e um forte clangor de trombeta,
que fez todo o povo se estremecer (19.18).
Moisés levou o povo para fora do arraial
até o sopé do Sinai, e Deus lhes falaria os dez mandamentos, que estão citados
no capítulo seguinte, em Êxodo 20.
E o clangor de trombeta ia aumentando cada
vez mais, e Moisés falava e Deus lhe respondia no trovão.
O Senhor chamou a Moisés do cume do monte
Sinai, para que subisse até Ele para receber instruções para serem passadas aos
sacerdotes e ao povo.
Os sacerdotes deveriam se consagrar para
que não fossem feridos por Deus, e não deveriam subir o monte bem como todo o
povo, senão somente Moisés e Arão.
E foi assim, neste quadro que todo o povo
ouviu o Senhor proferir os dez mandamentos.
Era através da mediação de Moisés que Deus
tratava com toda a nação de Israel na Antiga Aliança.
E é através da medição de Jesus que Ele
trata com os cristãos na Nova Aliança.
Assim como era a Moisés que o povo deveria
ouvir e obedecer para que fosse firmada a Antiga Aliança, de igual modo é a
Jesus que devemos ouvir e obedecer na Nova Aliança, pois ele é o único mediador
entre Deus e os homens.
O autor de Hebreus traça um paralelo entre
a condição dos cristãos nestes dois pactos.
Ambos exigiam consagração, santificação,
daqueles que se aproximavam de Deus para entrarem em aliança com Ele.
Mas é destacado que muito maior
responsabilidade se espera dos cristãos na Nova Aliança, porque têm feito um
pacto eterno com Deus, que não pode ser desfeito e anulado, assim como os
israelitas haviam feito em relação à Antiga Aliança, que permitia tal
possibilidade, uma vez que nos seus termos não havia a promessa de vida eterna
para os aliançados.
Assim, nós lemos em Hb 12.14-29:
“Segui a paz com todos, e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da
graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por
ela muitos se contaminem; e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por
uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis
que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou
lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas. Pois
não tendes chegado ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às
trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual
os que a ouviram rogaram que não se lhes falasse mais; porque não podiam suportar o que se lhes
mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a
visão, que Moisés disse: Estou todo aterrorizado e trêmulo. Mas tendes chegado
ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, a miríades de
anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a
Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o
mediador de um novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de
Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles
quando rejeitaram o que sobre a terra os advertia, muito menos escaparemos nós,
se nos desviarmos daquele que nos adverte lá dos céus; a voz do qual abalou
então a terra; mas agora tem ele prometido, dizendo: Ainda uma vez hei de
abalar não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra ainda uma vez
significa a remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que
permaneçam as coisas inabaláveis. Pelo que, recebendo nós um reino que não pode
ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com
reverência e temor; pois o nosso Deus é um fogo consumidor.”.
Não há neste texto do Novo Testamento, nada
que nos incentive a pensar deste modo: “Agora que fui salvo pela graça,
mediante a fé, posso cruzar os braços, descansar e esperar o céu.”.
Muito ao contrário, somos ordenados a
seguirmos a paz e a santificação, e não nos deixarmos contaminar por nenhuma
raiz de amargura, e que não sejamos devassos nem profanos, pois se à Antiga
Aliança era devida uma tal santidade, que sujeitava os transgressores a penas
terríveis por causa da sua transgressão, de quanto maior castigo não estará
sujeito aquele que profanar a Nova.
Se foi exigida santidade daqueles que
receberiam a lei do Senhor, quão maior santidade não é exigida daqueles que
recebem o Espírito Santo prometido da Nova Aliança, que é quem inscreve a lei
em nossas mentes e corações?
Baseado em Êxodo 19
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