Em
Isaías 55 vemos que o evangelho é para os que têm fome e sede de justiça.
A mesa
do banquete está pronta e tudo o que de nós se exige é apetite. É tudo de
graça.
Por
isso o convite da salvação é dirigido a todos os que têm sede para que venham
às águas da salvação, e que poderão adquirir (comprar) o vinho espiritual da
alegria, e o leite racional que nos alimenta que é a graça de Cristo, que
acompanha o evangelho, para sermos alimentados por ela, sem dinheiro e sem
preço (v. 1).
Diz-se
portanto que todo esforço e gasto de dinheiro para obter a salvação é vão,
porque a salvação verdadeira que Deus está operando pelo Filho, é completamente
gratuita.
A boa
comida espiritual, e o tutano divino são achados somente na mesa de Cristo, e
não nas mãos dos que fazem da religião ocasião de comércio (v. 2).
A
mensagem do evangelho deve ser ouvida atentamente, pela voz dos ungidos do
Senhor, através dos quais Cristo fala, para que pessoas se convertam a Ele, para
entrarem na aliança eterna, que Ele havia prometido como sendo firmes
beneficências a Davi (v. 3).
Estas
firmes beneficências a Davi são citadas também em passagens do Novo Testamento, como em At
13.34.
“Inclinai os
vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco
farei uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis misericórdias prometidas a
Davi.” (Is 55.3).
É maravilhoso saber que as últimas palavras que
Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta aliança segura e eterna.
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós
aprendemos das Suas palavras pela boca de Davi que é uma aliança perpétua.
Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter,
manutenção, continuação e confirmação. Deus diz também pela boca de Davi que é
bem ordenada e segura (v. 5).
Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as
coisas que dizem respeito a ela.
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às
imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de
Deus, de modo que se a obra não for completada na terra, ele o será no céu.
E para isso a aliança possui um Mediador e um
Consolador para promover a santidade e o conforto dos cristãos.
Está ordenado também QUE TODA TRANSGRESSÃO NA
ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.
Por isso Jesus afirma que na lançará fora de modo
nenhum, a qualquer que vier a Ele.
Assim, a segurança da salvação não é colocada nas
mãos dos cristãos, mas nas mãos do Mediador.
E se diz que a aliança é segura porque está assim
bem ordenada por Deus.
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir
pecadores ao céu.
Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles
pode ter a certeza de que estará sendo aperfeiçoado na terra e a conclusão
desta obra de aperfeiçoamento será concluída no céu.
E uma das razões para que o aperfeiçoamento não
seja concluído na terra, é para que se saiba que a aliança é de fato para
pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo, embora todos os
aliançados sejam chamados agora a se empenharem na prática da justiça.
As misericórdias prometidas aos aliançados é
segura, e operarão de acordo com as condições estabelecidas em relação à
necessidade de arrependimento e fé.
A aplicação particular destas misericórdias para
santificar os cristãos é segura.
É segura porque é suficiente.
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da
salvação repousa na fidelidade de Deus em cumprir a promessa que Ele fez à casa
de Davi, a todo aquele que for encontrado nela, por causa da sua fé no
descendente, no Filho de Davi que é Cristo.
É somente disto que a nossa salvação depende.
Muitos
podem pensar que quando se conclama, na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o
seu caminho e o homem maligno os seus pensamentos para se voltar para o Senhor,
para achar misericórdia e perdão, porque se diz que Deus é rico em perdoar, que
isto não se aplique às pessoas perversas.
No
entanto, é um convite a todas as pessoas porque não há quem não peque, e Cristo
veio salvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma que aquele que se julgar
justo e bom a seus próprios olhos jamais poderá ser salvo por Cristo, porque
Ele salva aqueles que se reconhecem pecadores.
Para
esclarecer este ponto, para que ninguém fizesse uma avaliação errada relativa à
sua real condição diante de Deus, Ele declarou que os seus pensamentos não são
os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus caminhos (v. 8).
Se nos
compararmos com outras pessoas é possível que nos achemos bons e justos.
Mas se
contemplarmos os que estão no céu, especialmente ao próprio Deus em sua
perfeita santidade e glória, nós veremos quão imperfeitos somos.
E
clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo sexto, quando viu a santidade e
glória com que os serafins louvavam ao Senhor no Seu trono de glória.
Por
isso se ordena que olhemos para Cristo para que sejamos salvos, porque somente
quando contemplamos a majestade da sua santidade, é que podemos enxergar qual é
o nosso real quadro de miséria e de necessidade que temos de sermos salvos por
Ele.
Então
esta salvação não será achada em nós mesmos. Porque ela nos vem inteiramente
destes caminhos e pensamentos elevados de Deus que procedem do céu e não da
terra.
É do
alto que a graça e o Espírito são derramados, e por isso somos conclamados a
olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do céu e não para o que é
terreno, quando o assunto se refere à nossa salvação.
Esta
salvação vem do alto, mas a Palavra que salva foi revelada por Cristo na terra,
e está não apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e coração, para que façamos
a confissão da fé no Seu nome e senhorio, para que sejamos salvos.
Deus
pôs esta autoridade para nos salvar na Sua Palavra. A palavra do evangelho é a
semente que contém a vida eterna.
De
maneira que todo o que crê na Palavra da verdade será salvo, porque esta
Palavra gerará em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por isso Ele
afirma o que se lê em Is 55.10,11.
Estes
que crerem no evangelho e forem salvos sairiam dando testemunho por todas as
partes com a alegria e a paz com que seriam guiados pelo Espírito Santo, e por
onde passarem anunciando as boas novas, a maldição será transformada em bênção
porque se diz que em vez de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e a murta que são plantas
ornamentais. E isto seria para o Senhor um nome e um sinal eterno que nunca se
apagará (v. 12, 13).
Baseado
em Isaías 55
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