Em Êxodo 17 nós vemos que o povo de Israel continuava
marchando no deserto, rumo ao Sinai, e agora tinha chegado a Refidim, onde
houve nova murmuração e contenda contra Moisés, e ainda desta vez não vemos o
Senhor trazendo qualquer juízo e castigo sobre eles.
Certamente isto estava ocorrendo porque não
havia ainda lhes dado formalmente a lei, e nem entrado em aliança com eles pela
doação da lei, que estava prestes a ocorrer, mas a partir do momento que passaram a conhecer a vontade de Deus para
eles, e entraram em aliança com Ele, as coisas começaram a mudar de figura,
porque dali em diante passariam a responder pelas suas transgressões
voluntárias da lei, porque aquela antiga aliança previa correções e juízos
específicos e quase imediatos contra tais violações da lei, conforme podem ser
vistos especialmente nos capítulos finais do livro de Levítico.
Todavia, mesmo quanto à nova aliança em
Cristo, que tem vigido em nossos dias, a aliança que Deus fez com a nação de
Israel nos ensina de forma bastante ilustrativa esta grande verdade de que Ele
corrige os seus filhos, porque têm uma aliança com Ele.
Apesar de sabermos que muitos em Israel não
eram verdadeiros filhos de Deus, por não terem tido a fé que justifica, e por
conseguinte não conheciam de fato ao Senhor, no entanto faziam parte da nação eleita, e estavam
debaixo da aliança feita com Abraão, porque aquela antiga aliança era coletiva,
e assim, toda a nação serviu ao propósito de ilustrar o modo como Deus trata
com aqueles que fazem efetivamente parte do Seu povo, ou seja, todos os que
estão aliançados com Ele por meio da fé em Jesus Cristo.
A partir do momento em que todos os
israelitas fossem aspergidos com o sangue dos animais que seriam oferecidos
como sacrifício a Deus, para marcar a aliança de Deus com eles, no monte Sinai,
debaixo da leitura do livro da lei, que seria também aspergido com aquele
sangue, firmar-se-ia um pacto, um compromisso, uma responsabilidade mútua.
Deus cuidaria dos interesses deles, e eles
cuidariam dos interesses de Deus.
Israel passaria a ser uma nação sacerdotal,
e assim teria que dar contas de seus atos ao Senhor, especialmente quanto a
serem um modelo para o mundo, na prática do amor e da justiça.
Este padrão de procedimento moral previsto
na lei ensina sobre algo que é imutável, porque reflete o caráter do próprio
Deus, o qual nunca muda.
O apóstolo Paulo afirma em I Cor 10.11 que
tudo o que sucedeu aos israelitas quanto aos juízos de Deus sobre os seus
pecados, quando rumavam do Egito para Canaã, nos dias de Moisés, foi registrado
na Bíblia para a nossa advertência, de modo que não incorramos no mesmo exemplo
de desobediência.
Em Is 33.14 nós lemos: “Quem dentre nós
pode habitar com o fogo consumidor? quem dentre nós pode habitar com as
labaredas eternas?”.
Como habitaríamos com chamas eternas, com o
fogo consumidor que é o nosso Deus, se não nos fosse dado um Salvador que
pudesse tirar os nossos pecados?
Como deixaríamos de ser condenados se Ele
não tivesse se apresentado como sacrifício em nosso lugar?
É Jesus quem faz resplandecer a nossa
lâmpada. É Ele quem derrama luz nas nossas trevas (Sl 18.28).
Massá, no hebraico significa tentação, e
Meribá, provocação. E foi exatamente isto que os
israelitas fizeram em Refidim tentando a Deus, provocando-O, ao insinuarem que
Ele deveria provar se estava no meio deles ou não, já que não havia água para o
povo beber naquele lugar onde acamparam segundo o seu mandamento.
Como poderia Deus mandá-los
acampar num lugar onde não havia água?
Era o pensamento deles.
Mas o Senhor proveria água para
eles, mandando que Moisés fosse à rocha
do monte Horebe e a ferisse com a vara com que havia feito os sinais no Egito,
e da rocha fluiria água para todo o povo.
Neste capitulo também está relatada a forma
covarde como os amalequitas atacaram os israelitas pela retaguarda, quando
estes estavam acampados em Refidim.
Os amalequitas eram descendentes de Esaú,
porque Amaleque era um dos seus netos, filho de Elifaz, que era o filho
primogênito de Esaú (Gên 36.15,16).
A luta entre os edomitas e os israelitas
profetizada por Deus a Rebeca, mãe de Esaú e Jacó, começava a tomar forma.
Eles ousaram atacar Israel mesmo depois de
terem sabido tudo o que Deus havia feito ao Egito, e assim, aquela era uma
afronta e desafio ao poder do Deus de Israel.
E não ficaria sem resposta, porque Josué
comandando os israelitas na batalha contra eles prevalecia à medida em que
Moisés intercedia com as mãos levantadas segurando a vara com que fizera os
sinais no Egito.
Quando seu braço cansava, ele era ajudado
por Arão e Hur, que levantavam a sua mão, para que Israel prevalecesse na
batalha.
Assim, ficaria claro para Amaleque e para o
próprio povo de Israel, que quem pelejava por Israel era o mesmo Deus, que pelejara por eles no Egito, pois a
vitória foi obtida pelo fato de ter sido usada a vara através da qual Deus
prevalecia sobre os inimigos de Israel.
E o Senhor agia como um General julgando e
castigando a impiedade das nações que viviam na barbárie, especialmente naquela
região do mundo, porque sacrificavam os próprios filhos aos falsos deuses, e
entre estes Moloque, que os cananeus adoravam, e que era um ídolo gigante em
ferro incandescente em cujo colo assavam os seus filhos.
Assim, quem desafiava Israel, que trazia as
ordenanças e o modo de vida justo que receberam desde Abraão para guardar, desafiava
o Deus de Israel, e teria que arcar com as consequências do seu ato de loucura.
Por isso foi mandado pelo Senhor a Moisés
que se registrasse num livro, e que se desse conhecimento a Josué, que Ele
riscaria a memória de Amaleque para sempre de debaixo do céu.
Como não existia ainda o altar do
tabernáculo, porque este não havia ainda sido construído, Moisés erigiu um
altar ao qual deu o nome de Jeová-Nissi, que em
hebraico significa Jeová é minha bandeira, pois foi em Seu nome e pelo Seu
poder que Israel fizera guerra contra Amaleque e havia vencido.
E a vara sustentada na mão de
Moisés, no cume do monte, deveria estar sendo vista pelos israelitas enquanto
combatiam contra os amalequitas, e eles viam que as suas forças aumentavam e
eles prevaleciam à medida que a vara era erguida pelas mãos de Moisés.
A vara era como a bandeira que
os encorajava e fortalecia, não como um meio de persuasão psicológica, mas como
um elemento de eficácia espiritual, que fazia com que o poder de Deus viesse
sobre eles, mediante a intercessão de Moisés.
Quando Deus levantou Moisés
como líder sobre Israel foi para o bem deles, mas eles estavam murmurando
continuamente contra Moisés.
E agora estava bastante claro
para eles que as mãos daquele líder levantado por Deus estavam contribuindo
mais para a segurança deles do que as suas próprias espadas.
E o próprio líder deve ser
sustentado pelos que são levantados pelo Senhor para serem seus cooperadores,
assim como se deu no caso de Moisés, que foi ajudado por Arão e Hur.
A igreja deve interceder pelos
seus líderes e cooperar com o trabalho que eles realizam, para que possam
continuar sendo usados por Deus para abençoar o Seu povo.
E assim a honra da vitória não foi dada nem
a Moisés, nem a Josué, nem a nenhum do povo de Israel, porque não se mandou
erigir nenhum arco de triunfo em honra deles, mas um altar para honrar Aquele
que deve ser o único honrado nas vitórias que dá ao Seu povo.
Hoje, na nova aliança, é vedado aos
soldados do Senhor usarem a espada, porque a guerra que empreendem é contra
potestades e principados espirituais, e não contra homens, e nisto dependem
muito mais do Grande General, que é Cristo.
Todavia, aquela antiga aliança serviu para
ilustrar estas lutas que são empreendidas contra os poderes das trevas, que são
a principal fonte do mal que há no mundo.
Baseado em Êxodo 17
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