No nono capítulo de Êxodo Deus declara
diretamente que Ele poderia ter destruído faraó e todos os egípcios, sem que
houvesse necessidade de lhes estar trazendo todas aquelas pragas, mas também declara que lhes havia mantido em
vida exatamente para lhes demonstrar todo o Seu grande poder, de forma que o Seu nome fosse anunciado em toda a terra,
pelos grandes juízos que trouxera ao Egito, dando-lhes várias oportunidades de
arrependimento, e todavia, permaneceram endurecidos.
As pragas se sucediam não para acumular
retribuições vingativas por tudo o que os egípcios haviam feito ao povo da
aliança, mas para revelar o quanto o Senhor é longânimo e misericordioso, e dá
oportunidade aos pecadores para que se arrependam, sejam justificados por Ele pela fé, e que
passem a servir à justiça.
O livro de Apocalipse diz que os homens
ímpios, que amam a injustiça, não se arrependerão quando o Senhor trouxer sobre
eles grande saraivada com pedras que desabarão do céu, ao contrário, eles blasfemarão
de Deus (Apo 16.21).
Eles o farão em face do seu endurecimento
na própria maldade e orgulho, tal como ocorrera com faraó no passado.
Eles não podem se arrepender porque em face
do seu obstinado endurecimento e maldade, não lhes é concedida graça para que
se convertam do seu mau caminho.
Isto é um terrível julgamento da parte de
Deus, ou seja, não conceder graça para arrependimento àqueles que se opõem
deliberadamente à Sua vontade.
Ai da criatura que contende com o Seu
Criador! A graça é concedida a quem se humilha, e Deus abate a quem se exalta.
Nós pecadores não estamos em condições de
exigirmos nada de Deus, e muito menos de Lhe impor o que quer que seja, a não
ser pedirmos humildemente que seja misericordioso para conosco e para com as nossas
faltas.
Faraó pensava que era deus, mas não passava
de pó.
Não sabia que era um pecador condenado como
qualquer outro, que não tenha se arrependido de seus pecados, e se entregado a
Deus para ser perdoado e livrado da condenação à morte eterna.
E mais uma vez o Senhor declarou que faria
distinção entre o Seu povo e os egípcios, para que soubessem que não eram
meramente pragas naturais que estavam acontecendo, mas algo produzido pelo Deus
de Israel, uma vez que nada do que atingia os egípcios estava também atingindo
os israelitas.
E faraó mandou verificar se de fato não
havia morrido animais do rebanho de Israel com a peste que havia dizimado a
quase totalidade do rebanho do Egito (9.7), e soube que não morrera nem um
sequer, e nem com isto ele deixou de ficar endurecido, de modo a não somente
reconhecer a mão do Senhor em tudo aquilo, como ceder humildemente à Sua
vontade, deixando que Israel saísse do Egito.
Em Êxodo, nas pragas que trouxe sobre o
Egito, nós temos apenas uma ilustração daquela grande distinção que haverá no
Grande Juízo de Deus, que ocorrerá no porvir.
Por isso Ele diz claramente através do
profeta Malaquias, o seguinte: “Então
vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a
Deus e o que não o serve.” (Mal 3.18).
Esta palavra foi proferida no contexto da
reclamação do povo de Deus que afirmava que consideravam felizes os soberbos e
os que cometem impiedade e prosperam, e que tentam o Senhor e escapam.” (Mal
3.15).
A longanimidade com que Deus trata os povos
mesmo antes da dispensação da graça, como vemos nesta porção de Malaquias, pode induzir ao juízo
errôneo de que Ele não faz distinção alguma entre o justo e o perverso, entre
aqueles que O servem e os que não O servem.
Está registrado não somente nas pragas do
Egito, como em muitos outros juízos de Deus contidos na Bíblia, que Ele faz uma
grande distinção entre aqueles que praticam a justiça e aqueles não O conhecem
e vivem na prática da iniquidade.
O fato de o pecado do perverso não ser logo
castigado não significa que ele não prestará contas a Deus no dia do juízo, do
mesmo modo que as injustiças que são sofridas pelos que amam ao Senhor, não
provam que eles tenham sido esquecidos por Ele e que não estejam debaixo da Sua
proteção.
Assim, os juízos do Egito, sobre faraó, não
representam o modo usual e geral de Deus julgar os pecados daqueles que oprimem
o Seu povo, mas ilustram de modo muito vivo que Ele não deixará sem castigo a
todos os que vivem na prática da iniquidade, e que sabe e pode livrar o justo
de ser destruído juntamente com o ímpio.
A Antiga Aliança com Israel era apenas
ilustrativa daquela grande e ampla aliança que é feita com as pessoas de fé de
todas as nações da terra.
Somente os que estão assim aliançados podem
ser considerados como integrantes do verdadeiro Israel de Deus, que não está mais debaixo da Sua ira, por ter sido
lavado e perdoado de todos os seus pecados no precioso sangue de Jesus.
Muitos dos israelitas que foram livrados
nos dias de Moisés e que saíram da escravidão do Egito, e que não foram
atingidos por nenhuma daquelas dez pragas, permaneceram debaixo da escravidão
do pecado, e vieram a perecer eternamente, porque não estavam também aliançados
pela fé, naquela aliança que não é pela descendência natural, mas pela
circuncisão do coração, que dá acesso à salvação eterna, que não é dependente
das obras dos aliançados, pois Jesus é quem garante a sua salvação, cabendo tão
somente a eles desenvolvê-la com temor e tremor, não para alcançarem o céu que
lhes já foi garantido por Cristo, mas para amadurecerem todas as graças que
lhes foram concedidas na conversão, e para que possam viver de modo digno da
vocação a que foram chamados, a saber, a de serem filhos de Deus.
E esta proteção e segurança não são
decorrentes das obras dos homens, mas pela aliança propriamente dita, pela qual
Deus se compromete em guardar para sempre aqueles que estão unidos pela fé ao
descendente de Abraão, que é Cristo, pois foi com base nesta promessa que
determinou fazer uma aliança com todas as pessoas de todas as nações que se
arrependem de seus pecados e creem em Cristo como seu Salvador e Senhor
pessoal.
O nono capítulo de Êxodo nos dá o relato de
outras três pragas (peste nos animais, úlceras e tumores nos animais e nos
egípcios, inclusive nos magos. E chuva de pedras), além, das quatro já citadas
nos capítulos anteriores (água transformada em sangue; rãs; piolhos e moscas).
Temos assim, até aqui, a descrição de sete
pragas, faltam portanto três que estaremos vendo nos capítulos seguintes, a
saber: praga dos gafanhotos e praga das trevas que duraram três dias, no décimo
capítulo, e a morte dos primogênitos como a última e décima praga, que está
citada no décimo primeiro e décimo segundo capítulos.
Baseado em Êxodo 9
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