Miquéias 1
“1 Palavra do SENHOR que em visão veio a Miquéias, morastita, nos
dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, sobre Samaria e Jerusalém.
2 Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra e tudo o que ela
contém, e seja o SENHOR Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu
santo templo.
3 Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e desce, e anda sobre
os altos da terra.
4 Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são
como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo.
5 Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da
casa de Israel. Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos
de Judá? Não é Jerusalém?
6 Por isso, farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra
de plantar vinhas; farei rebolar as suas pedras para o vale e descobrirei os
seus fundamentos.
7 Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas, e todos
os salários de sua impureza serão queimados, e de todos os seus ídolos eu farei
uma ruína, porque do preço da prostituição os ajuntou, e a este preço volverão.
8 Por isso, lamento e uivo; ando despojado e nu; faço lamentações
como de chacais e pranto como de avestruzes.
9 Porque as suas feridas são incuráveis; o mal chegou até Judá;
estendeu-se até à porta do meu povo, até Jerusalém.
10 Não o anuncieis em Gate, nem choreis; revolvei-vos no pó, em
Bete-Leafra.
11 Passa, ó moradora de Safir, em vergonhosa nudez; a moradora de
Zaanã não pode sair; o pranto de Bete-Ezel tira de vós o vosso refúgio.
12 Pois a moradora de Marote suspira pelo bem, porque desceu do
SENHOR o mal até à porta de Jerusalém.
13 Ata os corcéis ao carro, ó moradora de Laquis; foste o
princípio do pecado para a filha de Sião, porque em ti se acharam as
transgressões de Israel.
14 Portanto, darás presentes de despedida a Moresete-Gate; as
casas de Aczibe serão para engano dos reis de Israel.
15 Enviar-te-ei ainda quem tomará posse de ti, ó moradora de
Maressa; chegará até Adulão a glória de Israel.
16 Faze-te calva e tosquia-te, por causa dos filhos que eram as
tuas delícias; alarga a tua calva como a águia, porque de ti serão levados para
o cativeiro.”
Nós estaremos comentando um livro do Velho Testamento, e portanto,
devemos ter em conta, diante de nós, como pano de fundo, que muito do que está
nele contido, se referia ao antigo pacto, o qual foi revogado em Jesus Cristo.
Convém também ser dito que se a aliança antiga foi substituída
pela nova, todavia Deus não mudou. Temos aqui revelada a exata expressão do seu
caráter santo e justo, que não pode aprovar o pecado em nenhuma de suas formas,
e muito menos, que aqueles que criou para estarem debaixo do seu governo
amoroso, não reconheçam a sua soberania.
Então, os juízos aqui declarados contra o pecado, não foram
suprimidos, mas podemos como dizer que foram adiados para o dia do grande
juízo, no qual será fechado o tempo da sua paciência e longanimidade, que tem
vigorado na presente dispensação da graça.
Os livros do Velho Testamento, em seus juízos, são portanto, um
alerta amoroso, para que nos arrependamos dos nossos pecados, e temamos ao
Senhor conforme convém ser temido, para que possamos escapar da condenação
eterna, da qual nosso Senhor Jesus Cristo, veio a este mundo para nos livrar.
“1Co
10:5 Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram
prostrados no deserto.
1Co
10:6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não
cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
1Co
10:7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está
escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
1Co
10:8 E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num
só dia, vinte e três mil.
1Co
10:9 Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram
pelas mordeduras das serpentes.
1Co
10:10 Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo
exterminador.
1Co
10:11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para
advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.”
Quando Miquéias começou seu ministério profético, o Reino do Norte
(Israel) não havia ainda sido levado em cativeiro pelos assírios.
Mas o cativeiro estava às portas
quando Miquéias começou a profetizar, porque o fizera nos dias dos reis Jotão e
Acaz, do Reino do Sul (Judá).
Israel seria levado em cativeiro no sexto ano do rei Ezequias de
Judá, quando o rei Oséias de Israel se encontrava no nono ano do seu reinado.
Miquéias foi, portanto, contemporâneo dos profetas Oséias e
Isaías, e profetizou corroborando as mensagens destes profetas.
Por isso, encontramos logo no primeiro capítulo deste seu livro, profecias alertando
sobre os julgamentos que se aproximavam para devastar tanto a Israel, quanto a
Judá.
São citadas as capitais dos dois reinos: Samaria (de Israel) e
Jerusalém (de Judá), porque eram nelas que se concentravam os líderes da nação
israelita, tanto civis, quanto religiosos, e as ameaças diziam respeito
principalmente a eles, a quem cabia trazer o povo debaixo do temor do Senhor.
Tal o mestre, tal o discípulo.
Tal o sacerdote, tal o adorador.
Isto não é necessariamente uma regra para aqueles que estão
determinados a viverem segundo a reta justiça, mas é comum que o povo se deixe
conduzir por aqueles que lhe lidera, sem levar em conta os frutos que são
produzidos por eles.
Como eles buscavam a glória dos homens e não a de Deus, não receberam discernimento espiritual para
poderem avaliar quem realmente deveria ser seguido e ouvido, e assim, cairam seduzidos nos braços dos falsos profetas vestidos em peles de ovelhas.
De tão acostumados que estavam em seguir o homem e não a Deus, mesmo quando se levantou entre eles um líder
verdadeiramente piedoso, como foi o caso do rei Ezequias, eles não se deixaram persuadir e não se
converteram a Deus em seus corações.
Todavia, é impossível enganar a Deus.
Por isso, Ele diz pelo profeta Miquéias que faria de Samaria um
monturo, a ponto de descobrir seus fundamentos (v. 7).
As imagens de escultura seriam despedaçadas, e os salários dos que
viviam daquele culto impuro seriam queimados (v. 7).
Judá havia se contaminado com o pecado de Israel.
Eles haviam entrado em alianças políticas com eles para se
fortificarem, no entanto, isto somente serviu para enfraquecê-los, como o erro
de Josafá, de se aparentar com a casa de Acabe, dando seu filho que viria a
reinar depois dele, como esposo de Atalia, filha da perversa Jezabel.
As feridas de Israel eram incuráveis, porque de há muito vinham
servindo aos bezerros de ouro e a Baal.
E, nesta aliança com eles, Judá acabou se contaminando pelo mesmo
mal da idolatria.
Como as transgressões de Israel foram achadas também em Judá (v.
13), então havia um juízo lavrado da parte do Senhor sobre ambos os povos, e
quando este fosse executado não deveria servir de motivo de choro, nem de
lamento no pó, nem deveria ser anunciado na terra dos povos inimigos, como na
cidade de Gate dos filisteus, por exemplo, porque era da parte do próprio
Senhor que lhes sobreviria a ruína do Seu povo.
As alianças de Israel com os filisteus lhes enviando presentes e
tributos, de nada lhes adiantaria, porque nada poderiam fazer para livrá-los, quando o Senhor enviasse sobre
eles um povo poderoso que os levaria para o cativeiro, a saber, os assírios (v.
16).
Israel e Judá juntaram para si ídolos, imagens de escultura, que
tomaram o lugar que é devido
exclusivamente à adoração de Jeová, ignorando os dois primeiros
mandamentos da Lei que Ele lhes dera através de Moisés.
Os piedosos do povo de Deus prantearam por causa destes juízos, tal como o profeta Miquéias fizera, como aqueles que choram num
funeral.
É triste ver como morto quem estava destinado a viver pelo poder
Espírito Santo.
Todos os pecados de Isarel e de Judá seriam julgados, com a única
exceção daqueles que tiveram as suas transgressões perdoadas, porque
permaneceram fiéis a Deus, crendo nele e na sua Palavra.
De igual modo, através de Miquéias, Deus está alertando às pessoas
de todos os lugares e épocas, que ele não deixará de visitar com juízos todos
aqueles que não tiveram os seus pecados perdoados por causa da fé em Jesus
Cristo.
Miquéias 2
“1 Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniquidade e maquinam o mal! À luz
da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos.
2 Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, as tomam; assim,
fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança.
3 Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que projeto mal contra esta
família, do qual não tirareis a vossa cerviz; e não andareis altivamente, porque
o tempo será mau.
4 Naquele dia, se criará contra vós outros um provérbio, se
levantará pranto lastimoso e se dirá: Estamos inteiramente desolados! A porção
do meu povo, Deus a troca! Como me despoja! Reparte os nossos campos aos
rebeldes!
5 Portanto, não terás, na congregação do SENHOR, quem, pela sorte,
lançando o cordel, meça possessões.
6 Não babujeis, dizem eles. Não babujeis tais coisas, porque a
desgraça não cairá sobre nós.
7 Tais coisas anunciadas não alcançarão a casa de Jacó. Está
irritado o Espírito do SENHOR? São estas as suas obras? Sim, as minhas palavras
fazem o bem ao que anda retamente;
8 mas, há pouco, se levantou o meu povo como inimigo; além da
roupa, roubais a capa àqueles que passam seguros, sem pensar em guerra.
9 Lançais fora as mulheres de meu povo do seu lar querido; dos
filhinhos delas tirais a minha glória, para sempre.
10 Levantai-vos e ide-vos embora, porque não é lugar aqui de
descanso; ide-vos por causa da imundícia que destrói, sim, que destrói
dolorosamente.
11 Se houver alguém que, seguindo o vento da falsidade, mentindo,
diga: Eu te profetizarei do vinho e da bebida forte, será este tal o profeta
deste povo.
12 Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente, congregarei
o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como
rebanho no meio do seu pasto; farão grande ruído, por causa da multidão dos
homens.
13 Subirá diante deles o que abre caminho; eles romperão, entrarão
pela porta e sairão por ela; e o seu Rei irá adiante deles; sim, o SENHOR, à sua
frente.”
Tornamos a lembrar que a precipitação do juízos que vieram sobre
Israel e Judá, respectivamente, em 722 a.C, com os assírios, e e em 586 a.C com
os babilônios, foi decorrente de estarem debaixo da antiga aliança, que
prescrevia a visitação das transgressões da Lei, ainda no período de vigência
daquela aliança.
Presentemente, estamos na dispensação da graça, na qual Deus tem
adiado seus juízos para o Dia do Seu Grande Juízo Final.
Contudo,
como já dissemos, tudo que o Senhor revelou através de Miquéias se refere ao
Seu caráter santo e justo, que é imutável.
Portanto,
bem irá a todo aquele que der ouvido à profecia.
Por
exemplo, Deus declarou expressamente pela boca do profeta, no verso 7,
quais são as pessoas às quais a Sua palavra faz bem, a saber, aos que andam
retamente.
É
possível ter muito conhecimento teológico, muitos dons, no entanto, pouca ou
nenhuma retidão no procedimento.
O
que predominava em Israel não era o amor ao próximo, mas a cobiça das
propriedades alheias, para obterem por meio de fraude e violência, os bens de
outros (v. 1,2).
Então
o juízo de Deus, ao qual o profeta chama de mal, já havia sido lavrado contra a
Sua própria família, ou seja, o Seu povo, juízo do qual não poderiam desviar a
cerviz, porque lhes encurvaria os pescoços de tal forma,
que não poderiam andar de cabeça erguida, quando chegasse o dia da calamidade
que lhes viria da parte do Senhor (v. 3).
Como
haviam cobiçado as propriedades de seus irmãos, da sua própria família de
Israel, então seriam despojados dos seus bens por um povo estranho, o qual o
profeta chama de rebeldes.
Isto
significa que não lhes seriam tirados os seus bens porque este povo (assírio)
fosse mais justo do que eles, mas para servir de um sinal que era em razão de
um juízo de Deus contra os pecados dos israelitas.
Apesar
das ameaças de Deus pelos Seus profetas,
os israelitas consideravam que eles estavam apenas profetizando
agouros, e lhes pediam para que se calassem, porque tinham
convicção de que a desgraça não cairia sobre eles (v. 6).
Este
é o mesmo erro da Igreja de Laodicéia que prossegue confiante em seu caminho,
apesar das profecias da Palavra de Deus que são dirigidas contra ela, e que a
convocam ao arrependimento.
Os israelitas chegaram a tal ponto de endurecimento, que este fez com que não aceitassem que
estivessem entristecendo o Espírito Santo.
Eles perguntavam ironicamente: “Está
irritado o Espírito do Senhor?”
Como poderia, segundo o
modo de ver deles, um Espírito bom e consolador como o Espírito Santo, dizer palavras
tão duras como as que eram proferidas por Miquéias?
Então voltavam a dizer: “São estas
as suas obras?”
Como que ironizando que não poderia ser de modo algum obra do
Espírito, os juízos aos quais estava se referindo o profeta.
O Senhor, porém, não lhes deixou sem resposta, conforme já
comentamos anteriormente acerca do verso 7, no qual afirma que, eram sim as
obras do Espírito, porque aquelas eram Suas palavras, uma vez que elas somente
fazem o bem aos que andam retamente.
Assim, a bênção era para o que anda em retidão, e o juízo para os
que não andam nos caminhos de Deus, tal como estava fazendo o povo de Israel
nos dias de Miquéias.
Eles usavam de violência e roubo contra aqueles que viviam em paz.
Repudiavam suas esposas e tiravam seus filhinhos de debaixo da sua
guarda.
Como poderia o Senhor permitir que um povo como aquele habitasse
na terra que lhes dera por promessa, através de Abraão, sob a condição de andarem em
todos os Seus mandamentos e estatutos?
Porventura não os lançaria fora dela, de forma que não fosse seu
lugar de descanso, porque não havia razão para terem descanso da parte do
Senhor, já que suas obras eram más?
Eles contaminavam a terra com suas obras ímpias, e o Senhor não
permitiria que isto continuasse por muito tempo.
A impiedade deles havia chegado a tal ponto, que bêbados seriam
bem recebidos como profetas do Senhor, porque não se importavam que se lhes
profetizasse a falsidade (v. 11).
Por isso, haveria apenas boa esperança somente para o remanescente
de Israel.
Deus congregaria este restante que lhe fosse fiel e os reuniria
num rebanho, como ovelhas num aprisco.
Estes seriam em grande número; entrariam e sairiam pela porta do
aprisco, porque o seu Rei iria adiante deles, e o profeta diz quem é este Rei,
a saber o próprio Senhor.
Certamente era uma profecia para o tempo futuro, para que se
revelasse que a glória de Israel dependeria de estarem unidos ao Messias, que
ainda se levantaria sobre a terra, para redimir e santificar o povo de Deus,
porque fora dEle, ninguém, será conhecido como participante do Seu povo.
Miquéias 3
“1 Disse eu: Ouvi, agora, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da
casa de Israel: Não é a vós outros que pertence saber o juízo?
2 Os que aborreceis o bem e amais o mal; e deles arrancais a pele
e a carne de cima dos seus ossos;
3 que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes
esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne no meio do
caldeirão?
4 Então, chamarão ao SENHOR, mas não os ouvirá; antes, esconderá
deles a sua face, naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras.
5 Assim diz o SENHOR acerca dos profetas que fazem errar o meu
povo e que clamam: Paz, quando têm o que mastigar, mas apregoam guerra santa
contra aqueles que nada lhes metem na boca.
6 Portanto, se vos fará noite sem visão, e tereis treva sem
adivinhação; pôr-se-á o sol sobre os profetas, e sobre eles se enegrecerá o
dia.
7 Os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão;
sim, todos eles cobrirão o seu bigode, porque não há resposta de Deus.
8 Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, cheio de
juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu
pecado.
9 Ouvi, agora, isto, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa
de Israel, que abominais o juízo, e perverteis tudo o que é direito,
10 e edificais a Sião com sangue e a Jerusalém, com perversidade.
11 Os seus cabeças dão as sentenças por suborno, os seus
sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e
ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum
mal nos sobrevirá.
12 Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e
Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte do templo, numa colina
coberta de mato.”
Nos
versos 1 a 4 o Senhor dirige uma repreensão e ameaça aos principais sacerdotes
e anciãos de Israel, que tinham o encargo de ensinarem a Sua vontade ao povo, e
que no entanto, o exploraram, praticando o mal e aborrecendo o bem.
E
nos versos 5 a 7 são repreendidos e ameaçados os falsos profetas, que haviam
enganado o povo, levando-o a errar, com suas falsas visões.
Profetas
interesseiros que profetizavam por dinheiro, e que ameaçavam com juízos de Deus
aqueles que não se submetiam às suas exigências interesseiras.
Todavia,
Miquéias dá o seu próprio testemunho de ser totalmente diferente deles, e o que
fazia tal distinção era o fato de estar “cheio do poder do Espírito do Senhor,
cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel,
o seu pecado.” (v. 8).
Miquéias
não tinha somente aparência de piedade, mas tinha também o poder da mesma
operando eficazmente em sua vida.
Todavia, Miquéias não se limitou a
dizer que estava cheio do poder do Espírito para protestar contra os pecados de
Israel, como também repreendeu os cabeças e chefes israelitas, que abominavam o
juízo de Deus, pervertiam tudo o que era direito, e que edificavam a Sião e
Jerusalém com sangue e perversidade (v. 9, 10).
Miquéias, portanto, denunciou publicamente a hipocrisia daqueles
líderes, dizendo que os juízes davam suas sentenças por suborno, os sacerdotes
ensinavam por interesse, e os profetas adivinhavam por dinheiro; e o pior de tudo, o faziam em nome do Senhor, alegando estarem debaixo da sua proteção,
tal como costumam fazer os falsos ministros que transitam no meio da Igreja,
porque também dizem que tudo o que fazem é em nome de Deus e de acordo com a
Sua Palavra, enquanto prosseguem com seu mau testemunho de vida, e más obras.
Estão seguros de que nenhum mal lhes sobrevirá, porque confundem a
longanimidade de Deus, que é tardio em se irar, com a supressão total de seus
juízos.
Todavia, se esquecem que serão pesados na balança divina, e sendo
achados em falta terão que enfrentar Seu justo juízo, que se manifestará sempre
no tempo apropriado, como sucedeu no passado àqueles líderes desviados de
Israel.
Miquéias 4
“1 Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR
será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele
afluirão os povos.
2 Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR
e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas
suas veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém.
3 Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e
longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas
lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais a guerra.
4 Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da
sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do SENHOR dos
Exércitos o disse.
5 Porque todos os povos andam, cada um em nome do seu deus; mas,
quanto a nós, andaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus, para todo o sempre.
6 Naquele dia, diz o SENHOR, congregarei os que coxeiam e
recolherei os que foram expulsos e os que eu afligira.
7 Dos que coxeiam farei a parte restante e dos que foram arrojados
para longe, uma poderosa nação; e o SENHOR reinará sobre eles no monte Sião,
desde agora e para sempre.
8 A ti, ó torre do rebanho, monte da filha de Sião, a ti virá;
sim, virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém.
9 Agora, por que tamanho grito? Não há rei em ti? Pereceu o teu
conselheiro? Apoderou-se de ti a dor como da que está para dar à luz?
10 Sofre dores e esforça-te, ó filha de Sião, como a que está para
dar à luz, porque, agora, sairás da cidade, e habitarás no campo, e virás até à
Babilônia; ali, porém, serás libertada; ali, te remirá o SENHOR das mãos dos
teus inimigos.
11 Acham-se, agora, congregadas muitas nações contra ti, que
dizem: Seja profanada, e vejam os nossos olhos o seu desejo sobre Sião.
12 Mas não sabem os pensamentos do SENHOR, nem lhe entendem o
plano que as ajuntou como feixes na eira.
13 Levanta-te e debulha, ó filha de Sião, porque farei de ferro o
teu chifre e de bronze, as tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos, e o seu
ganho será dedicado ao SENHOR, e os seus bens, ao Senhor de toda a terra.”
Esta
parte da profecia de Miquéias revela claramente qual é o método de Deus para
emular Seu povo à obediência.
Nós
vemos este método declarado nas palavras de Paulo em Romanos 11.22:
“Considera
pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para
contigo, a bondade de Deus, se permaneceres nessa bondade; do contrário também
tu serás cortado.”
Ele
usa de severidade para com aqueles que andam voluntariamente errados em relação
à Sua vontade, mas de bondade para com aqueles que Lhe obedecem.
A
profecia de Miquéias tinha o alvo de declarar a verdade dos juízos de Deus
sobre Israel e Judá, por causa do mau caminho deles, entretanto, isto não
significava uma rejeição total e final do Seu povo.
Ao
contrário, era uma demonstração de que Ele, o Senhor, não muda, e que estava
cumprindo tudo que havia dito fazer desde os dias de Moisés.
Ele
quer abençoar, mas Seu povo deve se posicionar, vivendo do modo digno da
bênção, porque de outro modo, em vez de bênção, buscará
juízos corretivos.
Um
viver abençoado, sempre é condicional, ou seja, depende de uma sincera
obediência à vontade de Deus.
Não
há vida de vitória, segundo o Senhor, quando se anda contrariamente à Sua
vontade.
Aquisição
de bens não significa esta bênção. Como de igual modo perseguições e
sofrimentos por causa do evangelho não significam a sua falta.
Este
viver abençoado vitorioso consiste em se ter a aprovação de Deus quanto ao que
somos e o que fazemos.
O
povo de Deus não foi destinado por Ele à ruína e ao despojamento pelo Inimigo,
mas à vitória.
Então,
aqueles juízos que viriam sobre Israel e Judá, sob a forma de destruição,
respectivamente, da parte dos assírios e dos babilônios, não representavam a
impossibilidade de vitória para todos os que fossem verdadeiramente piedosos,
porque como vimos, mesmo no cativeiro, Eliseu, Daniel, Sadraque, Mesaque,
Abdnego e outros, tiveram um viver vitorioso por causa da sua piedade.
Temos
então, o incentivo a um viver piedoso, na
profecia deste capítulo, porque nele, o Senhor faz boas promessas em relação a
Israel, as quais teriam cumprimento, especialmente, quando da manifestação do
Messias.
Havia
um futuro glorioso prometido para Israel, apesar de todas as assolações que
teria que enfrentar, por causa do pecado do próprio povo.
Mas,
estas promessas se cumpririam em justiça; por isso se diz que aconteceriam nos
últimos dias, e não somente os israelitas seriam beneficiados por esta
promessa, mas todos os povos que afluiriam ao monte da Casa do Senhor, que
seria estabelecido no cimo dos montes, veja bem, no cimo dos montes de várias
nações, e não apenas em Sião (v. 1).
Esta
profecia é uma referência ao período da Igreja, espalhada em todas as nações da
terra.
Todavia,
a partir do verso 2, a profecia se aplica ao governo do Messias no período do
milênio, a partir de Jerusalém.
Será,
portanto, dali que procederá as ordens e leis para todas as nações da terra,
que serão julgadas e
corrigidas pelo Rei dos reis; mesmo as nações poderosas e distantes de
Jerusalém, que terão que converter seus armamentos de guerra em instrumentos
úteis para a produção de alimentos, e não haverá mais guerra de nação contra
nação.
Em
consequência, não haverá mais necessidade de forças armadas e nem de preparar
pessoas para serem ensinadas na arte da guerra, porque o milênio será um
período de perfeita paz em todo o mundo.
A
tão sonhada paz entre todas as nações, somente poderá ser vista neste período,
quando o Messias estabelecer Seu reino de justiça e de paz na terra, logo
depois da Sua segunda vinda.
Não haverá mais o temor de violação do direito à propriedade,
porque cada pessoa se sentirá segura em sua própria posse, sem o temor de que
esta lhe seja tirada por meio da violência ou por decretos injustos.
Nenhuma nação andará mais em nome de outros deuses, mas aos que
for dado permanecerem na terra, no período do milênio, adorarão somente ao
Senhor.
O Senhor deixaria um remanescente (um povo restante) daqueles que
haviam sido afligidos por Ele, e dos que foram expulsos da Sua presença, para
formar uma grande nação que
reinasse juntamente com Ele no monte Sião, por toda a eternidade.
Então, Judá iria para o cativeiro em Babilônia, mas sairia de lá,
pelo braço forte do Senhor, não para apenas voltar à sua própria terra, mas
para que se desse cumprimento a estas profecias gloriosas relativas ao reino do
Messias.
Miquéias 5
“1 Agora, ajunta-te em tropas, ó filha de tropas; pôr-se-á sítio
contra nós; ferirão com a vara a face do juiz de Israel.
2 E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de
milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens
são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
3 Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está
em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos
de Israel.
4 Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na
majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora,
será ele engrandecido até aos confins da terra.
5 Este será a nossa paz. Quando a Assíria vier à nossa terra e
quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e
oito príncipes dentre os homens.
6 Estes consumirão a terra da Assíria à espada e a terra de
Ninrode, dentro de suas próprias portas. Assim, nos livrará da Assíria, quando
esta vier à nossa terra e pisar os nossos limites.
7 O restante de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho
do SENHOR, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem depende
dos filhos de homens.
8 O restante de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos
povos, como um leão entre os animais das selvas, como um leãozinho entre os
rebanhos de ovelhas, o qual, se passar, as pisará e despedaçará, sem que haja
quem as livre.
9 A tua mão se exaltará sobre os teus adversários; e todos os teus
inimigos serão eliminados.
10 E sucederá, naquele dia, diz o SENHOR, que eu eliminarei do
meio de ti os teus cavalos e destruirei os teus carros de guerra;
11 destruirei as cidades da tua terra e deitarei abaixo todas as
tuas fortalezas;
12 eliminarei as feitiçarias das tuas mãos, e não terás
adivinhadores;
13 do meio de ti eliminarei as tuas imagens de escultura e as tuas
colunas, e tu já não te inclinarás diante da obra das tuas mãos;
14 eliminarei do meio de ti os teus postes-ídolos e destruirei as
tuas cidades.
15 Com ira e furor, tomarei vingança sobre as nações que não me
obedeceram.”
Uma das marcas de um verdadeiro profeta de Deus é a que se vê na
profecia de Miquéias, porque não tem uma palavra dirigida apenas à resolução de
problemas presentes.
Um profeta verdadeiro, como Miquéias, recebe da parte do Senhor,
uma visão global do Seu plano, e não vê apenas parte das coisas que estão
acontecendo e das que sucederão; mas tudo vê, como peças de um grande conjunto
que já está determinado por Deus debaixo do Seu controle, como coisas já
cumpridas, apesar de terem seu cumprimento no tempo estabelecido por Ele.
Veja
que quando Miquéias está falando dos juízos que viriam sobre Israel e Judá, ele
não estava preso à visão daquelas assolações, porque viu que tudo se
encaminharia para um futuro glorioso de Israel sob o Messias.
Por
isso, a profecia mistura tanto o sítio que viria sobre Israel nos dias do
cativeiro (v. 1), quanto o local de nascimento do Messias (Belém), ao mesmo tempo
em que afirma que não era um nascimento de existência no tempo como o dos
demais homens, porque no seu caso, aquele que haveria de reinar eternamente
sobre Israel, conforme tudo o que foi profetizado no capítulo anterior, não tem
início de existência, conforme se afirma no verso 2.
Deste
modo, havia um tempo para que Israel fosse entregue à dominação dos povos
inimigos, para que fossem cumpridos os propósitos específicos de Deus em
purificá-los, especialmente de suas idolatrias, conforme afirma na parte final
deste capítulo.
Todavia,
apesar de Israel ter sido espalhado pelas nações, vivendo como ovelhas
errantes, sem pastor; eles teriam no Messias a esperança de serem apascentados
na força e na majestade do Senhor seu Deus, para que habitassem em segurança
perante Ele.
É
no próprio Messias que se encontra a paz de Israel (v. 5), ou seja, do Seu
povo.
Os
que estiverem debaixo do reino do Messias já não terão mais que temer as
ameaças de invasões de povos inimigos, assim como Israel havia temido no passado
a Assíria, que por fim, os espalhou por várias partes do mundo.
Deus
se levantaria contra todos os seus inimigos, quer dentro do Seu próprio povo,
quer em todas as nações, porque com ira e furor tomaria vingança contra todos
estes que não lhe obedeceram (v. 15).
Miquéias 6
“1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua
causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis
fundamentos da terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com
Israel entrará em juízo.
3 Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me!
4 Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te
remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã.
5 Povo meu, lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de
Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde
Sitim até Gilgal, para que conheças os atos de justiça do SENHOR.
6 Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus
excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil
ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do
meu corpo, pelo pecado da minha alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR
pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes
humildemente com o teu Deus.
9 A voz do SENHOR clama à cidade (e é verdadeira sabedoria
temer-lhe o nome): Ouvi, ó tribos, aquele que a cita.
10 Ainda há, na casa do ímpio, os tesouros da impiedade e o
detestável efa minguado?
11 Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos
enganosos?
12 Porque os ricos da cidade estão cheios de violência, e os seus
habitantes falam mentiras, e a língua deles é enganosa na sua boca.
13 Assim, também passarei eu a ferir-te e te deixarei desolada por
causa dos teus pecados.
14 Comerás e não te fartarás; a fome estará nas tuas entranhas;
removerás os teus bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o
entregarei à espada.
15 Semearás; contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém não
te ungirás com azeite; pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho,
16 porque observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa
de Acabe e andaste nos conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação
e dos habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o
opróbrio dos povos.”
Miquéias poderia ter começado esta profecia dizendo: ouvi agora o
que diz a Lei de Moisés, ou seja, as Escrituras; mas, em vez disso ele disse:
“1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua
causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis
fundamentos da terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com
Israel entrará em juízo.”
Ele diz: “ouvi, agora, o que diz o Senhor”, ou seja, o que Deus
estava dizendo naquela hora por seu intermédio.
Miquéias não se limitou a ler a Lei de Moisés para Israel, ou
apenas a se referir aos livramentos que Deus havia dado ao povo, segundo o seu
conhecimento da história de Israel.
Não.
Ele foi a boca de Deus para expressar o que faria ao Seu povo, e
para declarar a condição deles perante Ele, conforme o teor das palavras das
Escrituras.
Todo ministro do evangelho é chamado também a proceder pelo mesmo
critério. Não deve ser um mero expositor das doutrinas bíblicas para o seu
povo. Não deve ser um simples narrador dos poderosos feitos de Deus na história
da Igreja, mas, tal como Miquéias, deve ser a boca de Deus, para traduzir Sua
vontade, conforme o teor das Escrituras.
Deus não nos deu as Escrituras para permanecer mudo. Ele nos deu
as Escrituras, mas deseja também continuar falando diretamente ao Seu povo,
especialmente através de Seus ministros, fazendo com que eles sejam Sua boca,
para apascentarem Seu povo, conduzindo-os em santidade.
Um sermão verdadeiro deve ter sido recebido do alto, da parte do
Senhor, segundo a expressão da Sua vontade para aquela hora, senão não passará
de mera letra que mata, e não poderá produzir os efeitos esperados por Deus.
Caso contrário, como o Senhor poderá ser glorificado devidamente,
por tudo o que estiver fazendo entre nós e em nós?
É necessário, portanto ter conhecimento das Suas operações na
Igreja, e para tanto, é preciso estar debaixo de uma verdadeira instrução e
direção do Espírito Santo, porque somente Ele conhece a mente e o plano de
Deus. Lembram que Miquéias disse que estava cheio do Espírito de Deus para
poder cumprir o propósito do Senhor?
Não deve ser diferente conosco nos dias da Igreja. Ao contrário,
precisamos de um discernimento ainda maior, porque as boas promessas de Deus
têm tido cumprimento em nossos dias.
Se Miquéias tivesse ficado maravilhado com as promessas relativas
ao futuro glorioso de Israel sob o Messias, a ponto de não pensar em nada mais
além disso; o Senhor não poderia continuar se revelando a ele porque, como
vemos neste capítulo, as palavras não são consoladoras, mas admoestadoras.
Deus confrontou Israel através do profeta, chamando o povo a
refletir na loucura das suas ações, depois dEle ter se revelado manifestando
Sua grande benignidade.
Que mal o Senhor havia feito a Israel ou com o que lhe havia
enfadado para que lhe tivessem voltado as costas?
Desde que os tirara da escravidão do Egito sob Moisés, lhes havia
livrado dos povos inimigos, para que conhecessem Seus atos de justiça.
No entanto, Israel não reconheceu que o amor de Deus pelo Seu povo
era um amor voluntário, a expressão completa da Sua graça e misericórdia para
com eles, que nada lhes exigiu em troca, senão que fosse também amado por
eles.
Então, desconhecendo o propósito de Deus, por causa do
endurecimento do pecado, tentaram agradá-Lo com holocaustos e oferendas, ao
modo das nações pagãs.
Por isso o Senhor protestou contra eles através do profeta
afirmando que não poderia ser agradado nem com milhares de carneiros, dez mil
ribeiros de azeite, nem pela oferta de seus primogênitos.
Não seria com nada disso que poderiam apagar perante Ele a culpa
dos seus pecados.
Eles já haviam ouvido sobre o que agrada realmente ao Senhor, que
é que se pratique a justiça, que se ame a misericórdia, e que se ande
humildemente com Deus, temendo Seu nome, porque esta é a verdadeira
sabedoria.
Todavia, como podem atinar com este propósito de Deus, aqueles que
se conduzem sempre segundo o pendor da carne, e não do Espírito?
Como da carne só provêm o mal, porque tudo o que é gerado da carne
é carne, ou seja, nada de bom pode ser esperado da natureza terrena corrompida
pelo pecado, e como eles insistiam em andar conforme suas próprias paixões
carnais, sem as crucificarem pelo temor ao Senhor, então suas más obras não
deixariam de ter o devido castigo.
O que sucedeu a Israel serve de ensino e ilustração para a Igreja,
de que o pendor da carne dá para morte, e que somente o pendor do Espírito pode
dar para a vida e paz (Rom 8.6).
De forma que sejamos desestimulados a viver segundo a carne, para
vivermos segundo o Espírito, porque a bênção de Deus não será achada onde
prevalecem as obras da carne, senão os Seus juízos.
Miquéias 7
“1 Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do
verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos
temporãos que a minha alma deseja.
2 Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja
reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com
rede.
3 As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o
príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus
desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama.
4 O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que
uma sebe de espinhos. É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do
teu castigo; aí está a confusão deles.
5 Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a
porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito.
6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe,
a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa.
7 Eu, porém, olharei para o SENHOR e esperarei no Deus da minha
salvação; o meu Deus me ouvirá.
8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu
tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz.
9 Sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra ele, até que
julgue a minha causa e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu
verei a sua justiça.
10 A minha inimiga verá
isso, e a ela cobrirá a vergonha, a ela que me diz: Onde está o SENHOR, teu
Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora, será pisada aos pés como a lama das
ruas.
11 No dia da reedificação dos teus muros, nesse dia, serão os teus
limites removidos para mais longe.
12 Nesse dia, virão a ti, desde a Assíria até às cidades do Egito,
e do Egito até ao rio Eufrates, e do mar até ao mar, e da montanha até à
montanha.
13 Todavia, a terra será posta em desolação, por causa dos seus
moradores, por causa do fruto das suas obras.
14 Apascenta o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua
herança, que mora a sós no bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se em
Basã e Gileade, como nos dias de outrora.
15 Eu lhe mostrarei maravilhas, como nos dias da tua saída da
terra do Egito.
16 As nações verão isso e se envergonharão de todo o seu poder;
porão a mão sobre a boca, e os seus ouvidos ficarão surdos.
17 Lamberão o pó como serpentes; como répteis da terra, tremendo,
sairão dos seus esconderijos e, tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e terão
medo de ti.
18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te
esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua
ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.
19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas
iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as
quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.”
O profeta descreve no início deste capítulo, a que ponto cresceria
a iniquidade em Israel e em Judá, quando fossem levados para o cativeiro.
Toda a vontade de Deus seria subvertida, de modo que o que se
veria em Israel e em Judá, seria justamente o oposto de tudo aquilo que é
ordenado em Seus mandamentos.
Não haveria homens piedosos e retos no povo do Senhor, senão
somente a prática do mal, especialmente pelos próprios líderes da nação.
A tal ponto chegaria a iniqüidade, que ninguém poderia crer num
amigo ou confiar num companheiro, de forma que a prudência de se manter a boca
fechada, seria recomendada mesmo diante daqueles que fossem mais íntimos, tal
seria a predisposição deles para serem dirigidos pelo mal.
Quando a iniquidade se multiplica Satanás governa os corações e os
conduz conforme seu próprio querer, independentemente do grau de parentesco ou
de amizade, produzindo infâmias, traições, maledicência, e até mesmo a prática
da violência, contra pessoas que antes eram amadas e estimadas.
Todavia, o profeta aponta o caminho para aqueles, que tal como
Ele, perseverassem em seguir ao Senhor.
Deveriam olhar para Ele e esperar no Deus da salvação deles,
porque Ele os ouviria, e ainda que viessem a cair, o Senhor não daria motivo
para que seus inimigos se alegrassem a respeito deles, pois o Senhor os
levantaria, e os tiraria das trevas para a Sua luz.
Desde que houvesse arrependimento sincero, com confissão do pecado
a Deus, Ele julgaria a causa destes que se voltassem para Ele, e executaria o
seu direito, de modo que os tiraria das trevas para a luz, para verem a Sua
justiça.
Esta justiça graciosa e misericordiosa que está disponível no
Senhor confunde os inimigos do Seu povo, que não podem entendê-la.
Eles permanecem debaixo dos seus pecados, porque não confiam na justiça de Deus com a qual
somos justificados, a saber, a justiça do próprio Cristo.
É preciso ter muito cuidado na condição de ministros do evangelho,
para não tentarmos conduzir as pessoas que nos ouvem a uma justificação que não
seja a de Cristo, que é somente por fé, e que é instantânea.
Ao contrário, não devemos conduzi-las a uma justificação falsa,
que não ocorrerá, e que seja decorrente de nossos discursos moralistas, que
apontam o pecado; não para efeito de produzir arrependimento e a busca de Deus,
mas somente a condenação dos outros para que nos sintamos melhores e superiores
a eles, julgando possuir uma santidade maior do que a deles, quando na verdade
não a possuímos, ou então, que esteja sendo aplicada contrariamente ao
propósito de Deus de salvar os pecadores.
Assim, quando a misericórdia de Deus fosse manifestada em toda a
Sua plenitude, quando o remanescente de Israel fosse achado reinando em glória
juntamente com o Messias no milênio, as nações ficariam ainda mais estupefatas
do que antes, porque na sua justiça legalista, baseada no mérito humano, jamais
poderão compreender a justiça de Deus, que está baseada na Sua misericórdia, e exclusivamente nos
méritos de Cristo, e não nos nossos.
Dá gosto de ler o que foi dito pela boca do profeta quanto a tal
misericórdia:
“18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te
esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua
ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.
19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas
iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as
quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.”
Jerusalém
de odiada que foi e será, especialmente nos dias
do Anticristo, manifestará uma glória ainda maior do que a que tivera antes.
Seus
muros serão reedificados, e suas fronteiras aumentadas.
O
mundo de pecado será julgado por causa de suas más
obras, quando da vinda do Senhor, mas o Seu retorno, para Israel, significará
livramento e restauração (v. 11 a 13).
O Senhor apascentará o Seu
povo, fazendo maravilhas para livrá-lo das assolações do Anticristo, tal como
havia feito nos dias de Moisés quando os livrou do Egito.
De fraco, perseguido e oprimido que era, Israel virá a ser forte
no Seu Deus; e honrado por Ele, será
motivo de temor para as nações inimigas, que ficarão caladas e pasmadas, em
face de todo o bem e poder que o Senhor tiver concedido ao Seu povo.
Pr Silvio Dutra
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