Gênesis 36
“1 Estas são as
gerações de Esaú (este é Edom):
2 Esaú tomou dentre as
filhas de Canaã suas mulheres: Ada, filha de Elom o heteu, e Aolíbama, filha de
Ana, filha de Zibeão o heveu,
3 e Basemate, filha de
Ismael, irmã de Nebaiote.
4 Ada teve de Esaú a
Elifaz, e Basemate teve a Reuel; e Aolíbama teve a Jeús, Jalão e Corá; estes
são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
6 Depois Esaú tomou
suas mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as almas de sua casa, seu gado,
todos os seus animais e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de
Canaã, e foi-se para outra terra, apartando-se de seu irmão Jacó.
7 Porque os seus bens
eram abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações
não os podia sustentar por causa do seu gado.
8 Portanto Esaú
habitou no monte de Seir; Esaú é Edom.
9 Estas, pois, são as
gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:
10 Estes são os nomes
dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de
Basemate, mulher de Esaú.
11 E os filhos de
Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gatã e Quenaz.
12 Timna era concubina
de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque. São esses os filhos de
Ada, mulher de Esaú.
13 Foram estes os
filhos de Reuel: Naate e Zerá, Sama e Mizá. Foram esses os filhos de Basemate,
mulher de Esaú.
14 Estes foram os
filhos de Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão, mulher de Esaú: ela teve de
Esaú Jeús, Jalão e Corá.
15 São estes os chefes
dos filhos de Esaú: dos filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, os chefes
Temã, Omar, Zefô, Quenaz,
16 Corá, Gatã e
Amaleque. São esses os chefes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; esses são
os filhos de Ada.
17 Estes são os filhos
de Reuel, filho de Esaú: os chefes Naate, Zerá, Sama e Mizá; esses são os
chefes que nasceram a Reuel na terra de Edom; esses são os filhos de Basemate,
mulher de Esaú.
18 Estes são os filhos
de Aolíbama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e Corá; esses são os chefes
que nasceram a líbama, filha de Ana, mulher de Esaú.
19 Esses são os filhos
de Esaú, e esses seus príncipes: ele é Edom.
20 São estes os filhos
de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
21 Disom, Eser e Disã;
esses são os chefes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.
22 Os filhos de Lotã
foram: Hori e Hemã; e a irmã de Lotã era Timna.
23 Estes são os filhos
de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onão.
24 Estes são os filhos
de Zibeão: Aías e Anás; este é o Anás que achou as fontes termais no deserto,
quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
25 São estes os filhos
de Ana: Disom e Aolíbama, filha de Ana.
26 São estes os filhos
de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27 Estes são os filhos
de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.
28 Estes são os filhos
de Disã: Uz e Arã.
29 Estes são os chefes
dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
30 Disom, Eser e Disã;
esses são os chefes dos horeus que governaram na terra de Seir.
31 São estes os reis
que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de
Israel.
32 Reinou, pois, em
Edom Belá, filho de Beor; e o nome da sua cidade era Dinabá.
33 Morreu Belá; e
Jobabe, filho de Zerá de Bozra, reinou em seu lugar.
34 Morreu Jobabe; e
Husão, da terra dos temanitas, reinou em seu lugar.
35 Morreu Husão; e em
seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe;
e o nome da sua cidade era Avite.
36 Morreu Hadade; e
Sâmela de Masreca reinou em seu lugar.
37 Morreu Sâmela; e
Saul de Reobote junto ao rio reinou em seu lugar.
38 Morreu Saul; e
Baal-Hanã, filho de Acbor, reinou em seu lugar.
39 Morreu Baal-Hanã,
filho de Acbor; e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade era Paú; e
o nome de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 Estes são os nomes
dos chefes dos filhos de Esaú, segundo as suas famílias, segundo os seus
lugares, pelos seus nomes: os chefes Timna, Alva, Jetete,
41 Aolíbama, Elá,
Pinom,
42 Quenaz, Temã,
Mibzar,
43 Magdiel e Irão;
esses são os chefes de Edom, segundo as suas habitações, na terra, da sua
possessão. Este é Esaú, pai dos edomeus.” (Gên 36.1-43).
Neste capítulo nós
temos um registro da posteridade de Esaú, os edomitas. Ele era filho de Isaque, e por isso lhe é
dada esta honra de ter a sua posteridade registrada na Palavra de Deus.
Não para indicar uma
possível inclusão da sua descendência na promessa feita a Abraão, mas para revelar a fidelidade
de Deus em cumprir o que havia dito a Rebeca, sua mãe, que no seu ventre havia
duas nações, a saber, os edomitas e os israelitas, que descenderiam
respectivamente, de Esaú e de Jacó.
Apesar de Esaú ter
vivido longe dos caminhos do Senhor, e de ter se casado com três mulheres,
sendo duas hetéias e uma ismaelita, no entanto a promessa de Deus prevaleceu:
ele veio a ser uma nação, conforme o Senhor havia revelado à sua mãe.
Esta narrativa
comprova que de fato mesmo aqueles que não amam ao Senhor e não o servem,
podem prosperar muito nas coisas deste mundo.
Podem fazer muitos
progressos em relação às coisas terrenas.
Podem se tornar
poderosos na terra.
Mas nada disso será um
fator indicativo de que possuam também a bênção relativa às coisas espirituais
e eternas, que são obtidas somente por aqueles que se arrependem de seus
pecados e creem no Senhor, tornando-se seus filhos.
Deus mesmo afirma que
deu aos edomitas o monte Seir como lugar da sua habitação (Deut 2.5; Jos 24.4).
Gênesis 37
“1 Jacó habitava na
terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 Estas são as
gerações de Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos
apascentando os rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e
com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más
notícias a respeito deles.
3 Israel amava mais a
José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe
uma túnica de várias cores.
4 Vendo, pois, seus
irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe
podiam falar pacificamente.
5 José teve um sonho,
que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.
6 Pois ele lhes disse:
Ouvi, peço-vos, este sonho que tive:
7 Estávamos nós atando
molhos no campo, e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os vossos
molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.
8 Responderam-lhe seus
irmãos: Tu pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre
nós? Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas
palavras.
9 Teve José outro
sonho, e o contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o
sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim.
10 Quando o contou a
seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é esse
que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos
com o rosto em terra diante de ti?
11 Seus irmãos, pois,
o invejavam; mas seu pai guardava o caso no seu coração.
12 Ora, foram seus
irmãos apascentar o rebanho de seu pai, em Siquém.
13 Disse, pois, Israel
a José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, e enviar-te-ei a
eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui.
14 Disse-lhe Israel:
Vai, vê se vão bem teus irmãos, e o rebanho; e traze-me resposta. Assim o
enviou do vale de Hebrom; e José foi a Siquém.
15 E um homem
encontrou a José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que procuras?
16 Respondeu ele:
Estou procurando meus irmãos; dize-me, peço-te, onde apascentam eles o rebanho.
17 Disse o homem:
Foram-se daqui; pois ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu seus
irmãos, e os achou em Dotã.
18 Eles o viram de
longe e, antes que chegasse aonde estavam, conspiraram contra ele, para o
matarem,
19 dizendo uns aos
outros: Eis que lá vem o sonhador!
20 Vinde pois agora,
matemo-lo e lancemo-lo numa das covas; e diremos: uma besta-fera o devorou.
Veremos, então, o que será dos seus sonhos.
21 Mas Rúben, ouvindo
isso, livrou-o das mãos deles, dizendo: Não lhe tiremos a vida.
22 Também lhes disse
Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não
lanceis mão nele. Disse isto para livrá-lo das mãos deles, a fim de restituí-lo
a seu pai.
23 Logo que José
chegou a seus irmãos, estes o despiram da sua túnica, a túnica de várias cores,
que ele trazia;
24 e tomando-o,
lançaram-no na cova; mas a cova estava vazia, não havia água nela.
25 Depois sentaram-se
para comer; e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha
de Gileade; nos seus camelos traziam tragacanto, bálsamo e mirra, que iam levar
ao Egito.
26 Disse Judá a seus
irmãos: De que nos aproveita matar nosso irmão e encobrir o seu sangue?
27 Vinde, vendamo-lo a
esses ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, nossa
carne. E escutaram-no seus irmãos.
28 Ao passarem os
negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por
vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.
29 Ora, Rúben voltou à
cova, e eis que José não estava na cova; pelo que rasgou as suas vestes
30 e, tornando a seus
irmãos, disse: O menino não aparece; e eu, aonde irei?
31 Tomaram, então, a
túnica de José, mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.
32 Enviaram a túnica
de várias cores, mandando levá-la a seu pai e dizer-lhe: Achamos esta túnica;
vê se é a túnica de teu filho, ou não.
33 Ele a reconheceu e
exclamou: A túnica de meu filho! uma besta-fera o devorou; certamente José foi
despedaçado.
34 Então Jacó rasgou
as suas vestes, e pôs saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho por muitos
dias.
35 E levantaram-se
todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém,
recusou ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu
filho até o Seol. Assim o chorou seu pai.
36 Os midianitas
venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.”
A história de José
começa neste capítulo e se estende até o final do livro de Gênesis.
A sua história está
dividida na narrativa da sua humilhação e na da sua exaltação.
Nós podemos ver então
nisto, uma tipologia que aponta para Cristo.
A história de José se
aplica também aos cristãos que devem entrar no reino dos céus por muitas tribulações.
Neste capítulo nós
vemos os irmãos de José se vingando dele, porque havia contado ao seu pai sobre
os atos pecaminosos deles; também porque o seu pai o amava e se agradava de sua
vida piedosa; e por fim, porque ele havia sonhado que viria a exercer domínio
sobre eles.
E isto fez com que
seus irmãos viessem a tencionar matá-lo, mas, pela intervenção de Rúben e de
Judá, ele foi livrado da morte, mas foi vendido por eles como escravo aos
midianitas.
Todavia, tudo isso estava
cooperando para o bem não apenas do próprio José, como para o próprio bem
deles.
Nós vemos aqui mais
uma vez, Deus tirando o bem do mal, porque de certa forma o que contribuiu
grandemente para o ódio dos irmãos de José por ele, foi a imprudência de Jacó
de fazer distinção entre seus filhos.
Os pais não devem
fazer distinção entre um filho e outro, pois o governo paterno deve ser
imparcial, e ser administrado com mão firme e amorosa.
Quando os pais fazem
distinção entre os filhos isto ocasiona frequentemente disputas em família.
Vale destacar que no
sonho em que Deus revelou a sua futura grandeza, Ele não lhe mostrou nada sobre
suas aflições e prisões.
Isto não é muito
incomum nas visões e sonhos que o Senhor dá aos seus servos, especialmente
aqueles relativos a bênçãos, que lhes serão concedidas, notadamente aquelas
relativas ao ministério, que são muitas vezes acompanhadas de grandes
tribulações e de longos períodos de espera, nos quais a fé deles é fortalecida,
e através das quais aprendem a prevalecer na oração e a serem perseverantes.
Os irmãos de José o
venderam como escravo pensando talvez que com isso jamais ele viria a ser o
senhor que lhes revelara no sonho que lhe foi dado por Deus.
Isto é bastante
instrutivo quanto ao fato de que por mais que tentem frustrar os propósitos do
Senhor, todos eles se cumprirão por maiores que sejam os esforços dos homens e
dos demônios, para impedi-los.
Adão tentou cobrir a sua transgressão com
folhas de figueira, e desde então os homens procuram encobrir seus pecados com
mentiras e outros tipos de pecados. Foi exatamente isto que fizeram os irmãos
de José que tentaram cobrir a sua venda como escravo por eles, com a mentira de
que ele havia sido devorado pelas bestas do campo, e forjaram esta história,
principalmente para enganarem a Jacó, pensando que com isso, José viria a ser
esquecido para sempre por ele.
Gênesis 38
“1 Nesse tempo Judá
desceu de entre seus irmãos e entrou na casa dum adulamita, que se chamava
Hira,
2 e viu Judá ali a
filha de um cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela.
3 Ela concebeu e teve
um filho, e o pai chamou-lhe Er.
4 Tornou ela a
conceber e teve um filho, a quem ela chamou Onã.
5 Teve ainda mais um
filho, e chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o teve.
6 Depois Judá tomou
para Er, o seu primogênito, uma mulher, por nome Tamar.
7 Ora, Er, o
primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.
8 Então disse Judá a
Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita
descendência a teu irmão.
9 Onã, porém, sabia
que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se
unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência
a seu irmão.
10 E o que ele fazia era
mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.
11 Então disse Judá a
Tamar sua nora: Conserva-te viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho,
venha a ser homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra também
este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai.
12 Com o correr do
tempo, morreu a filha de Suá, mulher de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a
Timnate para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo,
o adulamita.
13 E deram aviso a
Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timnate para tosquiar as suas
ovelhas.
14 Então ela se despiu
dos vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e assim envolvida,
assentou-se à porta de Enaim que está no caminho de Timnate; porque via que
Selá já era homem, e ela lhe não fora dada por mulher.
15 Ao vê-la, Judá
julgou que era uma prostituta, porque ela havia coberto o rosto.
16 E dirigiu-se para
ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo; porquanto não sabia que
era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo?
17 Respondeu ele: Eu
te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda: Dar-me-ás um penhor até
que o envies?
18 Então ele
respondeu: Que penhor é o que te darei? Disse ela: O teu selo com a corda, e o
cajado que está em tua mão. Ele, pois, lhos deu, e esteve com ela, e ela
concebeu dele.
19 E ela se levantou e
se foi; tirou de si o véu e vestiu os vestidos da sua viuvez.
20 Depois Judá enviou
o cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o penhor da mão da
mulher; porém ele não a encontrou.
21 Pelo que perguntou
aos homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao
caminho? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
22 Voltou, pois, a
Judá e disse: Não a achei; e também os homens daquele lugar disseram: Aqui não
esteve prostituta alguma.
23 Então disse Judá:
Deixa-a ficar com o penhor, para que não caiamos em desprezo; eis que enviei
este cabrito, mas tu não a achaste.
24 Passados quase três
meses, disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida
da sua prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.
25 Quando ela estava
sendo tirada para fora, mandou dizer a seu sogro: Do homem a quem pertencem
estas coisas eu concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são estes, o
selo com o cordão, e o cajado.
26 Reconheceu-os,
pois, Judá, e disse: Ela é mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu
filho Selá. E nunca mais a conheceu.
27 Sucedeu que, ao
tempo de ela dar à luz, havia gêmeos em seu ventre;
28 e dando ela à luz,
um pôs fora a mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão,
dizendo: Este saiu primeiro.
29 Mas recolheu ele a
mão, e eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse: Como tens tu rompido! Portanto
foi chamado Pérez.
30 Depois saiu o seu
irmão, em cuja mão estava o fio encamado; e foi chamado Zerá.”
Desde que começamos o
nosso estudo no livro de Gênesis uma coisa salta nitidamente diante de nossos
olhos espirituais: que apesar de Deus exigir que todos se arrependam e vivam
retamente na Sua presença, e que Ele visita o pecado com os Seus juízos, no
entanto é inegável, que a aceitação por Ele daqueles que se arrependem dentre
os pecadores, não é de fato por nenhum mérito deles, mas pela Sua exclusiva
graça e misericórdia.
Neste capítulo nós
vemos isto mais uma vez, de forma muito nítida, pois é dado um relato sucinto
dos primeiros descendentes de Judá, de cuja tribo descenderia nosso Senhor
Jesus Cristo, e nós vemos aqui que de fato a eleição é realizada com base na
graça e não no mérito, e que Cristo veio ao mundo para salvar pecadores, até
mesmo os piores, e não se envergonha de lhes chamar de irmãos, em face do
arrependimento deles.
De Perez, filho de
Judá, através do incesto com sua nora Tamar, viria a descender Jesus no futuro.
Foi mandado por Deus
que Moisés registrasse os detalhes do seu nascimento para que ficasse revelado
que pela Sua intervenção, Perez rompeu a dianteira impedindo que Zera seu irmão
nascesse primeiro, vindo a ser o primogênito, apesar de terem amarrado um fio
encarnado no braço de Zera para determinar a sua primogenitura, pois foi ele
que havia colocado a mão para fora, tendo-a recolhido logo em seguida.
Judá havia se casado
com uma mulher de Canaã, e teve três filhos com ela: Er, Onã e Selá.
Deus havia proibido o
casamento dos descendentes de Abraão com mulheres de Canaã, mas nós vemos Judá
contrariando este mandamento de Deus, e isto trouxe sérias consequências porque seus filhos não foram criados nos Seus caminhos, e dois
deles, Er e Onã foram mortos pelo Senhor em razão de viverem de modo ímpio, e
desafiando a Deus e a sua lei voluntariamente.
Tendo morrido Er e Onã, cabia a Selá garantir
o direito à herança de Tamar, coabitando com ela, para que lhe desse filhos que
perpetuassem o nome de Er, com quem ela era casada.
Isto era chamado de
lei do levirato nos dias de Moisés (Dt 25.5), e já era uma prática desde dias
antigos, de modo a garantir a sucessão e herança dentro de uma família, onde
uma mulher viesse a enviuvar sem ter tido filhos.
Cabia então a um dos
irmãos do falecido garantir a procriação que ele ficara impedido de realizar em razão de ter
morrido.
Mas o próprio Judá se
negava a dar Selá a Tamar como a lei o exigia, e por isso ela usou de um artifício
para conceber diretamente do próprio sogro.
Assim Tamar veio a ser
incluída na genealogia de Cristo.
Gênesis 39
“1 José foi levado ao
Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, egípcio, comprou-o da
mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá.
2 Mas o Senhor era com
José, e ele tornou-se próspero; e estava na casa do seu senhor, o egípcio.
3 E viu o seu senhor
que Deus era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele
empreendia.
4 Assim José achou
graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e
entregou na sua mão tudo o que tinha.
5 Desde que o pôs como
mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa
do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que
tinha, tanto na casa como no campo.
6 Potifar deixou tudo
na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do
pão que comia. Ora, José era formoso de porte e de semblante.
7 E aconteceu depois
destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse:
Deita-te comigo.
8 Mas ele recusou, e
disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe o que está comigo
na sua casa, e entregou em minha mão tudo o que tem;
9 ele não é maior do
que eu nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua
mulher. Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra Deus?
10 Entretanto, ela
instava com José dia após dia; ele, porém, não lhe dava ouvidos, para se deitar
com ela, ou estar com ela.
11 Mas sucedeu, certo
dia, que entrou na casa para fazer o seu serviço; e nenhum dos homens da casa
estava lá dentro.
12 Então ela,
pegando-o pela capa, lhe disse: Deita-te comigo! Mas ele, deixando a capa na
mão dela, fugiu, escapando para fora.
13 Quando ela viu que
ele deixara a capa na mão dela e fugira para fora,
14 chamou pelos homens
de sua casa, e disse-lhes: Vede! meu marido trouxe-nos um hebreu para nos
insultar; veio a mim para se deitar comigo, e eu gritei em alta voz;
15 Ouvindo ele que eu
levantava a voz e gritava, deixou as vestes ao meu lado e saiu, fugindo para
fora.
16 Ela guardou a capa
consigo, até que o senhor dele voltou a casa.
17 Então falou-lhe
conforme as mesmas palavras, dizendo: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio a
mim para me insultar;
18 mas, levantando eu
a voz e gritando, ele deixou comigo a capa e fugiu para fora.
19 Tendo o seu senhor
ouvido as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Desta maneira me fez
teu servo, a sua ira se acendeu.
20 Então o senhor de
José o tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os presos do rei estavam
encarcerados; e ele ficou ali no cárcere.
21 O Senhor, porém,
era com José, estendendo sobre ele a sua benignidade e dando-lhe graça aos
olhos do carcereiro,
22 o qual entregou na
mão de José todos os presos que estavam no cárcere; e era José quem ordenava
tudo o que se fazia ali.
23 E o carcereiro não
tinha cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porquanto o Senhor era
com ele, fazendo prosperar tudo quanto ele empreendia.”
Tendo sido feito o
breve parêntesis do capítulo anterior para ser registrada a história de Judá e
seus filhos, neste é retomada a história de José.
No final do capítulo
37, está registrado que José foi vendido pelos midianitas a Potifar, oficial de
Faraó (37.36), e agora no capítulo 39 nós lemos algo sobre a vida de José na
casa deste egípcio.
José a quem Deus havia
designado para governar, estava na forma de servo, mas mesmo nesta forma foi
reconhecido que o Senhor era com ele, e que tudo prosperava em suas mãos.
Nisto também ele foi
um tipo de Jesus, porque Ele viria em forma de servo, mas seria reconhecido que
Deus era com Ele, e que tudo o que fazia prosperava.
Por isso o governo lhe
foi designado pelo Pai e Ele reinará para sempre, porque Ele se humilhou a si mesmo
até a morte e morte de cruz.
Mas como José não
estava designado por Deus para ser para sempre um servo na casa de Pofifar, foi
permitido que lhe sobreviesse uma prova, da qual ele não caiu por ter sido
fortalecido pela graça, na tentação em si mesma, quando a mulher de Potifar
quis seduzi-lo, mas caiu em desgraça para com Potifar que não lhe deu crédito,
antes na mentira de sua esposa, que em face da recusa de José em se deitar com
ela, o acusou de tentar
seduzi-la.
O caráter de José está
revelado no que ele disse à mulher de Potifar quando esta lhe propôs que se
deitasse com ela:
“como cometeria eu
tamanha maldade, e pecaria contra Deus?”
Ele cita a maldade que
seria o ato de adultério contra o seu senhor que tudo havia colocado sob o seu
cuidado, e ele reconhece que aquele seria um pecado contra Deus.
Isto se chama de
santidade prática, provada na vida e no caráter.
Este era José, o
escolhido de Deus não apenas para governar o Egito, mas para servir de exemplo
para todos os israelitas e todos do povo de Deus na sua geração e nas gerações
futuras.
A sua história está
registrada não para imitação de todos os passos de sua vida, mas para seguirmos
o seu exemplo de adoração e santidade prática e viva.
O amor de José por
Deus se manifestava em repulsa ao pecado.
Tendo sido lançado injustamente na prisão onde se
encontravam os presos do rei, a Palavra registra que O Senhor era com José, e
lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro (39.21), de modo que o
carcereiro confiou todos os presos a José e não tinha qualquer preocupação
porque o Senhor era com ele e tudo o que
fazia o Senhor prosperava (39.23).
Isto mostra que Deus é
poderoso para dar amigos àqueles que são do seu povo, até mesmo onde menos se
possa esperar achá-los, e pode fazer com que seus servos se compadeçam até
mesmo daqueles que estão na prisão.
Gênesis 40
“1 Depois destas
coisas o copeiro do rei do Egito e o seu padeiro ofenderam o seu senhor, o rei
do Egito.
2 Pelo que se indignou
Faraó contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o
padeiro-mor;
3 e mandou detê-los na
casa do capitão da guarda, no cárcere onde José estava preso;
4 e o capitão da
guarda pô-los a cargo de José, que os servia. Assim estiveram por algum tempo
em detenção.
5 Ora, tiveram ambos
um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, cada um conforme a interpretação do
seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam presos no
cárcere:
6 Quando José veio a
eles pela manhã, viu que estavam perturbados:
7 Perguntou, pois, a
esses oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor,
dizendo: Por que estão os vossos semblantes tão tristes hoje?
8 Responderam-lhe:
Tivemos um sonho e ninguém há que o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura
não pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 Então contou o
copeiro-mor o seu sonho a José, dizendo-lhe: Eis que em meu sonho havia uma
vide diante de mim,
10 e na vide três
sarmentos; e, tendo a vide brotado, saíam as suas flores, e os seus cachos
produziam uvas maduras.
11 O copo de Faraó
estava na minha mão; e, tomando as uvas, eu as espremia no copo de Faraó e
entregava o copo na mão de Faraó.
12 Então disse-lhe
José: Esta é a sua interpretação: Os três sarmentos são três dias;
13 dentro de três dias
Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo; e darás o copo de
Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 Mas lembra-te de
mim, quando te for bem; usa, peço-te, de compaixão para comigo e faze menção de
mim a Faraó e tira-me desta casa;
15 porque, na verdade,
fui roubado da terra dos hebreus; e aqui também nada tenho feito para que me
pusessem na masmorra.
16 Quando o
padeiro-mor viu que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e
eis que três cestos de pão branco estavam sobre a minha cabeça.
17 E no cesto mais
alto havia para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os padeiros; e
as aves os comiam do cesto que estava sobre a minha cabeça.
18 Então respondeu
José: Esta é a interpretação do sonho: Os três cestos são três dias;
19 dentro de três dias
tirará Faraó a tua cabeça, e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua
carne de sobre ti.
20 E aconteceu ao
terceiro dia, o dia natalício de Faraó, que este deu um banquete a todos os
seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no
meio dos seus servos;
21 e restaurou o
copeiro-mor ao seu cargo de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó;
22 mas ao padeiro-mor
enforcou, como José lhes havia interpretado.
23 O copeiro-mor,
porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.”
Nós não teríamos a
história do copeiro-chefe e do padeiro-chefe neste capitulo das Escrituras,
caso eles não estivessem relacionados com o propósito de Deus em relação a
José.
Estes dois homens
seriam importantes no Seu propósito de conduzir José à presença do faraó, e por
isto Deus lhes deu sonhos nos quais estava revelado em
enigma o futuro de ambos.
Tendo narrado o fato a
José, este lhes pediu que lhe contassem os seus sonhos, argumentando que a Deus pertencem as interpretações
(40.8).
José recebeu a interpretação, e nesta
lhe foi revelado que o copeiro chefe seria reabilitado na presença de faraó e
voltaria a lhe servir, decorrido o
prazo de três dias, e José lhe pediu que quando isto ocorresse que fizesse
menção dele a faraó para que o libertasse da prisão.
O padeiro, animado
pela boa interpretação dada ao sonho do copeiro, também narrou o seu sonho a
José.
Mas para sua surpresa
a interpretação do seu sonho não lhe foi favorável, pois lhe foi dito que
dentro de três dias faraó lhe tiraria a cabeça e o penduraria num madeiro, e a
as aves de rapina lhe comeriam as carnes.
De fato tudo veio a
suceder conforme José interpretara.
O capítulo é encerrado
com a citação de que o copeiro havia se esquecido de José e não fez menção do
seu nome junto a faraó.
Há muitas lições para
serem aprendidas nesta porção das Escrituras. Uma delas é que Deus pode ter
acesso imediato ao espírito de qualquer pessoa dando-lhe sonhos, visões ou
comunicando-se por meio de qualquer outro meio.
Ele faz isto
inesperadamente, conforme o Seu agrado, e não pela determinação dos próprios
homens. Assim, também, o Senhor é poderoso para produzir impressões de tristeza
nas pessoas, especialmente pelos seus pecados, com vistas a conduzi-las à
confissão e/ou conversão. Note que o copeiro e o padeiro estavam tristes por
causa da impressão que os sonhos haviam produzido em seus espíritos.
Gênesis 41
“1 Passados dois anos
inteiros, Faraó sonhou que estava em pé junto ao rio Nilo;
2 e eis que subiam do
rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no carriçal.
3 Após elas subiam do
rio outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às
outras vacas à beira do Nilo.
4 E as vacas feias à
vista e magras de carne devoravam as sete formosas à vista e gordas. Então
Faraó acordou.
5 Depois dormiu e
tornou a sonhar; e eis que brotavam dum mesmo pé sete espigas cheias e boas.
6 Após elas brotavam
sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental;
7 e as espigas miúdas
devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou, e eis que era
um sonho.
8 Pela manhã o seu
espírito estava perturbado; pelo que mandou chamar todos os adivinhadores do
Egito, e todos os seus sábios. Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas não havia
quem lhos interpretasse.
9 Então disse o
copeiro-mor a Faraó: Das minhas faltas me lembro hoje:
10 Faraó estava muito
indignado contra os seus servos, e entregou-me à prisão na casa do capitão da
guarda, a mim e ao padeiro chefe.
11 Então tivemos um
sonho na mesma noite, eu e ele, e cada sonho com sua própria interpretação.
12 Estava ali conosco
um moço hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhe os sonhos, e ele
interpretou os nossos sonhos, a cada um interpretou conforme o seu sonho.
13 E conforme a sua
interpretação, assim mesmo aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e ele foi
enforcado.
14 Então Faraó mandou
chamar a José, e o fizeram sair apressadamente da masmorra. Ele se barbeou,
mudou de roupa e apresentou-se a Faraó.
15 Disse Faraó a José:
Eu tive um sonho e não há quem o interprete. Mas de ti ouvi dizer que, ouvindo
contar um sonho, podes interpretá-lo.
16 Respondeu José a
Faraó: Isso não está em mim, mas Deus é que dará uma resposta de paz a Faraó.
17 Então disse Faraó a
José: Em meu sonho eu estava em pé à beira do rio Nilo,
18 e subiam do rio
sete vacas gordas e formosas à vista, e pastavam entre os juncos.
19 Após elas subiam
outras sete vacas, fracas, muito feias à vista e magras de carne, tão feias
quais nunca vi em toda terra do Egito.
20 As vacas magras e
feias devoravam as primeiras sete vacas gordas.
21 Mas depois de as
terem consumido, não se podia reconhecer que as houvessem consumido; a sua
aparência era tão feia como no princípio. Então acordei.
22 Depois vi, em meu
sonho, que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas.
23 Após elas brotavam
sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental.
24 As sete espigas
miúdas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, mas não houve quem o
interpretasse.
25 Então disse José a
Faraó: O sonho de Faraó é um só. O que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.
26 As sete vacas boas
são sete anos, e as sete espigas boas também são sete anos; o sonho é um só.
27 As sete vacas
magras e feias que subiam após as primeiras, são sete anos, como as sete
espigas miúdas e queimadas do vento oriental: são sete anos de fome.
28 Esta é a palavra
que eu disse a Faraó: o que Deus há de fazer mostro-o a Faraó.
29 Vêm sete anos de
grande fartura em toda terra do Egito.
30 Depois deles
levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra
do Egito, e a fome consumirá a terra.
31 Não será conhecida
a abundância na terra, por causa daquela fome que seguirá; porquanto será
gravíssima.
32 Ora, se o sonho foi
duplicado a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e ele brevemente
a fará.
33 Portanto,
proveja-se agora Faraó de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra
do Egito.
34 Faça isto Faraó:
nomeie administradores sobre a terra, que tomem a quinta parte dos produtos da
terra do Egito nos sete anos de fartura;
35 e ajuntem eles todo
o mantimento destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de
Faraó, para mantimento nas cidades e o guardem;
36 assim será o
mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na
terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 Esse parecer foi
bom aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.
38 Perguntou, pois,
Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o
espírito de Deus?
39 Depois disse Faraó
a José: Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio
como tu.
40 Tu estarás sobre a
minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu
serei maior que tu.
41 Disse mais Faraó a
José: Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito.
42 E Faraó tirou da
mão o seu anel-sinete e pô-lo na mão de José, vestiu-o de traje de linho fino,
e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro.
43 Ademais, fê-lo
subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Assim Faraó o
constituiu sobre toda a terra do Egito.
44 Ainda disse Faraó a
José: Eu sou Faraó; sem ti, pois, ninguém levantará a mão ou o pé em toda a
terra do Egito.
45 Faraó chamou a José
Zafnate-Paneã, e deu-lhe por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de
Om. Depois saiu José por toda a terra do Egito.
46 Ora, José era da
idade de trinta anos, quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José
da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
47 Durante os sete
anos de fartura a terra produziu com abundância;
48 e José ajuntou todo
o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou nas
cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, guardou-o
dentro da mesma.
49 Assim José ajuntou
muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se
podia mais contá-lo.
50 Antes que viesse o
ano da fome, nasceram a José dois filhos, que lhe deu Asenate, filha de
Potífera, sacerdote de Om.
51 E chamou José ao
primogênito Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu
trabalho, e de toda a casa de meu pai.
52 Ao segundo chamou
Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.
53 Acabaram-se, então,
os sete anos de fartura que houve na terra do Egito;
54 e começaram a vir
os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras;
porém, em toda a terra do Egito havia pão.
55 Depois toda a terra
do Egito teve fome, e o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os
egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
56 De modo que,
havendo fome sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos
egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 Também de todas as
terras vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a fome prevaleceu em
todas as terras.”
Foi somente depois de
passados dois anos desde que José dera a interpretação do sonho do
copeiro-chefe, que este veio a citá-lo diante de faraó, não porque tivesse
lembrado do pedido que ele lhe havia feito, mas porque faraó teve sonhos da
parte de Deus que ninguém estava conseguindo interpretar.
O tempo que José teve
que aguardar na prisão, nos faz lembrar que temos necessidade de paciência,
suportando e esperando.
Há um tempo para o
livramento dos filhos de Deus, e esse tempo virá, embora pareça tardar, e
quando ele vier, parecerá ter sido o melhor momento, por várias razões, e então
deveríamos esperar por ele com paciência (Hc 2.3).
Os próprios sonhos de
José que Deus lhe havia dado foram a causa principal das dificuldades que ele
estava sofrendo, e agora, os sonhos de faraó, seriam a causa da sua libertação.
O nosso uso por Deus
para abençoarmos a outros, nos traz maiores bênçãos do que aquilo que se refere
a nós mesmos.
Assim, não há maior e
melhor bênção do que ser uma bênção para outros.
Quando faraó mandou
chamar José e lhe disse que soube que quando ele ouvia um sonho podia
interpretá-lo, José humildemente deu toda a honra a Deus dizendo que não estava
isto nele mesmo, e seria Deus quem daria resposta a faraó (41.16).
José interpretou os
dois sonhos que tinham a mesma interpretação.
A repetição era para
indicar a certeza e a proximidade e a importância do evento (v 32),
As provisões que José
fez no Egito juntando nos sete anos de fartura, para ter suprimentos nos anos
de escassez, são uma boa ilustração para as vidas espirituais dos cristãos, que devem fazer
provisões da graça nos períodos em que ela é derramada abundantemente, para que
possam estar bem providos nos tempos de dificuldades e escassez.
José havia honrado a
Deus no pouco e na tribulação, e agora o Senhor o honraria colocando-o sobre o
muito e dando-lhe alívio em suas humilhações.
Ele seria exaltado por
Deus, porque foi reconhecido que nele havia o seu Espírito pelo próprio faraó
(38).
José havia honrado a
Deus dizendo que era Ele quem lhe dava sabedoria para interpretar os sonhos, e
esta honra retornou a ele sob a forma de reconhecimento de faraó de que ele era
o homem certo para administrar o Egito, uma vez que Deus lhe dava sabedoria
(39).
José recebeu de faraó
um nome egípcio Zafenate-Panéia, que significa revelador de segredos, e para
também mostrar a nova honra que lhe estava sendo conferida, deu-lhe por esposa
a filha de um sacerdote, chamada Azenate, que lhe deu por filhos a Manassés e a
Efraim.
E houve fome não
somente no Egito mas em toda a terra (v 57) e José foi o instrumento de Deus
para matar a fome do mundo.
Isto visava a
propósitos muito maiores do que resolver aquela situação em sua própria época,
pois o Senhor tinha planos para o futuro da nação de Israel, para que se
multiplicasse em segurança no Egito, a partir de toda a honra que seria
concedida aos israelitas pelos egípcios, por causa de José.
Quando a memória de
José ficasse apagada, eles já seriam bastante numerosos, de modo que viriam a
formar a nação que havia sido prometida por Deus a Abraão.
Gênesis 42
“1 Ora, Jacó soube que
havia trigo no Egito, e disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os
outros?
2 Disse mais: Tenho
ouvido que há trigo no Egito; descei até lá, e de lá comprai-o para nós, a fim
de que vivamos e não morramos.
3 Então desceram os
dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.
4 Mas a Benjamim,
irmão de José, não enviou Jacó com os seus irmãos, pois disse: Para que,
porventura, não lhe suceda algum desastre.
5 Assim entre os que
iam lá, foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na terra de
Canaã.
6 José era o
governador da terra; era ele quem vendia a todo o povo da terra; e vindo os
irmãos de José, prostraram-se diante dele com o rosto em terra.
7 José, vendo seus
irmãos, reconheceu-os; mas portou-se como estranho para com eles, falou-lhes
asperamente e perguntou-lhes: Donde vindes? Responderam eles: Da terra de
Canaã, para comprarmos mantimento.
8 José, pois,
reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram.
9 Lembrou-se então
José dos sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes: Vós sois espias, e
viestes para ver a nudez da terra.
10 Responderam-lhe
eles: Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.
11 Nós somos todos
filhos de um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são
espias.
12 Replicou-lhes: Não;
antes viestes para ver a nudez da terra.
13 Mas eles disseram:
Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem da terra de Canaã; o
mais novo está hoje com nosso pai, e outro já não existe.
14 Respondeu-lhe José:
É assim como vos disse; sois espias.
15 Nisto sereis
provados: Pela vida de Faraó, não saireis daqui, a menos que venha para cá
vosso irmão mais novo.
16 Enviai um dentre
vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, a fim de serem provadas as
vossas palavras, se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois
espias.
17 E meteu-os juntos
na prisão por três dias.
18 Ao terceiro dia
disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; porque eu temo a Deus.
19 Se sois homens de
retidão, que fique um dos irmãos preso na casa da vossa prisão; mas ide vós,
levai trigo para a fome de vossas casas,
20 e trazei-me o vosso
irmão mais novo; assim serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E
eles assim fizeram.
21 Então disseram uns
aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto
vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é
por isso que vem sobre nós esta angústia.
22 Respondeu-lhes
Rúben: Não vos dizia eu: Não pequeis contra o menino; Mas não quisestes ouvir;
por isso agora é requerido de nós o seu sangue.
23 E eles não sabiam
que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.
24 Nisto José se
retirou deles e chorou. Depois tornou a eles, falou-lhes, e tomou a Simeão
dentre eles, e o amarrou perante os seus olhos.
25 Então ordenou José
que lhes enchessem de trigo os sacos, que lhes restituíssem o dinheiro a cada
um no seu saco, e lhes dessem provisões para o caminho. E assim lhes foi feito.
26 Eles, pois,
carregaram o trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.
27 Quando um deles
abriu o saco, para dar forragem ao seu jumento na estalagem, viu o seu
dinheiro, pois estava na boca do saco.
28 E disse a seus
irmãos: Meu dinheiro foi-me devolvido; ei-lo aqui no saco. Então lhes
desfaleceu o coração e, tremendo, viravam-se uns para os outros, dizendo: Que é
isto que Deus nos tem feito?
29 Depois vieram para
Jacó, seu pai, na terra de Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes acontecera,
dizendo:
30 O homem, o senhor
da terra, falou-nos asperamente, e tratou-nos como espias da terra;
31 mas dissemos-lhe:
Somos homens de retidão; não somos espias;
32 somos doze irmãos,
filhos de nosso pai; um já não existe e o mais novo está hoje com nosso pai na
terra de Canaã.
33 Respondeu-nos o
homem, o senhor da terra: Nisto conhecerei que vós sois homens de retidão:
Deixai comigo um de vossos irmãos, levai trigo para a fome de vossas casas, e
parti,
34 e trazei-me vosso
irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de retidão;
então vos entregarei o vosso irmão e negociareis na terra.
35 E aconteceu que,
despejando eles os sacos, eis que o pacote de dinheiro de cada um estava no seu
saco; quando eles e seu pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo.
36 Então Jacó, seu
pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não existe, e não existe Simeão,
e haveis de levar Benjamim! Todas estas coisas vieram sobre mim.
37 Mas Rúben falou a
seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu to não tornar a trazer;
entrega-o em minha mão, e to tornarei a trazer.
38 Ele porém disse: Não
descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se
lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs
com tristeza ao Seol.”
Neste capítulo nós
vemos a providência divina movendo a família de Jacó em direção ao Egito, para
que lá, pelas circunstâncias que o próprio Deus havia criado, eles se fixassem
para se multiplicarem como nação.
Embora os filhos de
Jacó, com exceção, provavelmente, de Benjamin, já estivessem casados, nós vemos
que eles estavam juntos numa sociedade familiar, sob a autoridade de Jacó, pois
nós o vemos ordenando a seus filhos que fossem ao Egito se prover de trigo, em
razão da fome que havia sobrevindo a toda a terra.
Somente Benjamin não
foi com eles porque Jacó temia pelo que lhe poderia suceder na viagem.
Quando os irmãos de
José chegaram ao Egito e se prostraram em terra inclinando-se diante dele,
então este se lembrou dos sonhos que Deus lhe havia dado antes de ter sido
vendido por eles, e vendo que o seu irmão Benjamin, também filho de Raquel não
estava com eles, é bem possível que tenha imaginado que haviam se livrado
também dele, e para experimentá-los, tratou-os asperamente, e acusou-os de
terem vindo ao Egito para espiar a terra, de modo que pudesse lhes infundir temor
por suas vidas.
Estes para se
defenderem lhe declararam que eram homens honestos, de família, e que eram doze
irmãos e viviam em Canaã com seu pai e com o irmão mais novo que lá havia
ficado.
Mas José manteve a
acusação de espionagem, e para se certificar da situação de Benjamin, reteve
consigo no Egito a Simeão, e disse que ele só seria libertado caso trouxessem
Benjamin à sua presença.
O estratagema de José
funcionou no sentido de levar seus irmãos a examinarem suas consciências, e
esta lhes doeu quando conversaram entre si associando a causa daquilo porque
estavam passando ao fato de não terem tido misericórdia de José quando este
lhes rogava angustiado para que não fizessem o que haviam feito com ele no
passado.
Pensando que José não
estava entendendo o que estavam falando, porque se comunicava com eles através
de um intérprete, falaram do seu remorso na sua presença, e José saiu dali para
chorar porque as emoções e reminiscências daquela hora eram muito fortes.
Tendo-os despachado,
mandou colocar o dinheiro deles de volta no interior dos sacos de trigo, sem
que eles o soubessem, e eles só vieram a descobrir isto quando chegaram em
Canaã e relataram o acontecido a Jacó.
Isto comprova que José
não estava agindo por vingança, mas em face do tratamento que eles haviam
recebido, sem conhecer as reais intenções de José, eles temeram pelo acontecido
e não se dispuseram a retornar logo ao Egito, levando Benjamin, pois julgavam
que aquilo havia sido uma armadilha para serem acusados de roubo.
O temor das coisas que poderiam lhes suceder
começou a fazer um bom trabalho nas almas e consciências dos irmãos de José.
De todo aquele mal,
das circunstâncias que envolveram a vida de José e seus irmãos, Deus traria o
bem à luz, produzindo arrependimento e refinamento de caráter naquela família,
de maneira que eles aprendessem a temer o mal, e a buscar o bem, pelo temor dos
juízos que poderiam lhes sobrevir em razão dos males que haviam praticado.
É bem provável que nem
mesmo o próprio José estivesse consciente de todo o arrependimento e bem que
resultaria daqueles procedimentos que ele estava impondo aos seus irmãos.
Mas o grande fato é
que Deus estava em tudo aquilo, permitindo que José agisse daquela forma e
providenciando os meios necessários para produzir um bom resultado no final.
Neste capítulo, nós
vemos então a arrogância e indiferença dos irmãos de José sendo transformada em
submissão e temor, e é isto o que Deus espera de todos os seus filhos.
Esta é uma linda e
profunda história de perdão, de amor, de arrependimento, de conserto, e vale a
pena prestarmos atenção em cada um dos seus muitos detalhes.
É importante que estes
capítulos de Gênesis (42 a 45) sejam lidos sequencialmente, porque contêm na verdade o relato de
uma mesma história.
Assim, nós veremos
nesta sequência, nos capítulos
seguintes a este, a maravilhosa atitude dos irmãos de José, particularmente de
Judá, que se colocou à disposição para ficar como escravo no lugar de Benjamin,
pois havia afiançado a seu pai, quando ainda estava em Canaã, que faria com que
a sua vida respondesse pela de Benjamin, caso qualquer mal lhe sucedesse.
O sentimento
amargurado de ciúme e inveja, pelo tratamento diferenciado e inadequado que
Jacó dava aos filhos de Raquel, cedeu lugar a esta profunda demonstração de
sentimentos nobres da parte de Judá, por amor de seu irmão e de seu pai,
decidindo ficar por escravo para sempre no Egito, de modo a não trazer
tristezas ao coração de Jacó, caso José retivesse Benjamin no Egito.
Isto não comove o
nosso coração?
Pois foi exatamente
isto o que aconteceu com José depois de Judá ter-lhe falado deste modo, ele não
se conteve em si, e deu-se a conhecer a seus irmãos, e chorou tão alto na
presença deles, que os egípcios que estavam nas cercanias o ouviram.
Nós nos antecipamos
relatando a conclusão desta história que teve muitos desenvolvimentos para que
os irmãos de José chegassem a este ponto a que nos referimos.
Do mesmo modo Deus age
conosco, esperando que de nossas aflições brotem sentimentos e motivações corretos,
que nos levem a fazer um exame honesto de nossas faltas e que nos levem não
somente a admiti-las e confessá-las, como também a nos dispormos a nos
sacrificarmos em fazer aquilo que é correto por amor não de nós mesmos, mas do
Senhor e do nosso próximo.
Vencidos a vaidade, a
arrogância, o ciúme, a inveja, o egoísmo, não podemos esperar outra coisa,
senão o abraço amoroso de Deus.
Gênesis 43
“1 Ora, a fome era
gravíssima na terra.
2 Tendo eles acabado
de comer o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: voltai,
comprai-nos um pouco de alimento.
3 Mas respondeu-lhe
Judá: Expressamente nos advertiu o homem, dizendo: Não vereis a minha face, se
vosso irmão não estiver convosco.
4 Se queres enviar
conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento; mas se não queres
enviá-lo, não desceremos, porquanto o homem nos disse: Não vereis a minha face,
se vosso irmão não estiver convosco.
6 Perguntou Israel:
Por que me fizeste este mal, fazendo saber ao homem que tínheis ainda outro
irmão?
7 Responderam eles: O
homem perguntou particularmente por nós, e pela nossa parentela, dizendo: vive
ainda vosso pai? tendes mais um irmão? e respondemos-lhe segundo o teor destas
palavras. Podíamos acaso saber que ele diria: Trazei vosso irmão?
8 Então disse Judá a
Israel, seu pai: Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos e iremos, para que
vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos filhinhos.
9 Eu serei fiador por
ele; da minha mão o requererás. Se eu to não trouxer, e o não puser diante de ti,
serei réu de crime para contigo para sempre.
10 E se não nos
tivéssemos demorado, certamente já segunda vez estaríamos de volta.
11 Então disse-lhes
Israel seu pai: Se é asim, fazei isto: tomai os melhores produtos da terra nas
vossas vasilhas, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco
de mel, tragacanto e mirra, nozes de fístico e amêndoas;
12 levai em vossas
mãos dinheiro em dobro; e o dinheiro que foi devolvido na boca dos vossos
sacos, tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que fosse engano.
13 Levai também vosso
irmão; levantai-vos e voltai ao homem;
14 e Deus
Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que ele deixe vir
convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado
ficarei.
15 Tomaram, pois, os
homens aquele presente, e dinheiro em dobro nas mãos, e a Benjamim; e,
levantando-se desceram ao Egito e apresentaram-se diante de José.
16 Quando José viu
Benjamim com eles, disse ao despenseiro de sua casa: Leva os homens à casa,
mata reses, e apronta tudo; pois eles comerão comigo ao meio-dia.
17 E o homem fez como
José ordenara, e levou-os à casa de José.
18 Então os homens
tiveram medo, por terem sido levados à casa de José; e diziam: por causa do
dinheiro que da outra vez foi devolvido nos nossos sacos que somos trazidos
aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, tanto a
nós como a nossos jumentos.
19 Por isso eles se
chegaram ao despenseiro da casa de José, e falaram com ele à porta da casa,
20 e disseram: Ai!
senhor meu, na verdade descemos dantes a comprar mantimento;
21 e quando chegamos à
estalagem, abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na
boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas
mãos;
22 também trouxemos
outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha
posto o dinheiro em nossos sacos.
23 Respondeu ele: Paz
seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, deu-vos um
tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou-me às mãos. E trouxe-lhes
fora Simeão.
24 Depois levou os
homens à casa de José, e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu
forragem aos seus jumentos.
25 Então eles
prepararam o presente para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido
que ali haviam de comer.
26 Quando José chegou
em casa, trouxeram-lhe ali o presente que guardavam junto de si; e
inclinaram-se a ele até a terra.
27 Então ele lhes
perguntou como estavam; e prosseguiu: vosso pai, o ancião de quem falastes, está
bem? ainda vive?
28 Responderam eles: O
teu servo, nosso pai, está bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e
inclinaram-se.
29 Levantando os
olhos, José viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e perguntou: É este o
vosso irmão mais novo de quem me falastes? E disse: Deus seja benévolo para
contigo, meu filho.
30 E José apressou-se,
porque se lhe comoveram as entranhas por causa de seu irmão, e procurou onde
chorar; e, entrando na sua câmara, chorou ali.
31 Depois lavou o
rosto, e saiu; e se conteve e disse: Servi a comida.
32 Serviram-lhe, pois,
a ele à parte, e a eles também à parte, e à parte aos egípcios que comiam com
ele; porque os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso
abominação aos egípcios.
33 Sentaram-se diante
dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua
menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si.
34 Então ele lhes
apresentou as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era
cinco vezes maior do que a de qualquer deles. E eles beberam, e se regalaram
com ele.”
Nós temos ainda neste
capítulo, e no seguinte (44), a narrativa dos fatos que conduziram à
reconciliação de José com seus irmãos, que está relatada a partir do capítulo
45.
Simeão havia sido
retido no Egito por José como refém, até que Benjamin fosse trazido à sua
presença.
Tendo acabado o trigo
que eles haviam obtido no Egito eles decidiram voltar para lá para buscar mais,
e convenceram Jacó da necessidade de levar Benjamin com eles.
Jacó acabou se rendendo
aos argumentos deles, especialmente aos de Judá que lhe apontou o perigo que
corriam caso não obedecessem logo a José, pois ele poderia não somente matar a
Simeão, como a todos eles e seus filhos (43.8).
Jacó os encomendou ao
Todo-Poderoso para que lhes concedesse misericórdia diante do governador
egípcio (José) e que lhes restituísse Simeão, bem como lhes deixasse trazer de
volta a Benjamin (43.14), mas ele não sabia que Deus mesmo estava naquilo tudo,
e que mais do que misericórdia, o caso demandava arrependimento da parte dos
seus próprios filhos, pelo reconhecimento e confissão de toda a maldade que
haviam praticado no passado contra José.
A própria fome que foi
trazida à terra naqueles sete anos, pelo Senhor, foi o meio que ele usou para
colocar José em posição de honra no Egito, para que pudesse levar para lá a
nação de Israel, e ao mesmo tempo em que poderia refinar o caráter dos filhos
de Jacó, por meio de todas as circunstâncias em que eles se envolveram na sua
relação com a vida de seu irmão José.
Eles viriam a se
inclinar perante ele, não somente como autoridade civil sobre eles, mas
principalmente, como líder espiritual, segundo o seu bom exemplo de vida que
nele havia sido forjado pelo Senhor, para que fosse uma inspiração para toda a
descendência de Israel.
Quando eles chegaram
ao Egito juntamente com Benjamin, José ordenou que fosse dada a eles uma
recepção digna de pessoas de elevada honra.
Eles almoçariam com
ele, mas isto seria ainda uma prova para eles, para poder acusá-los de ingratidão
e traição, pois não somente colocaria o dinheiro deles de volta em seus sacos
de trigo, como ordenou que se pusesse o seu copo de prata no saco de Benjamin,
e mandando que eles fossem seguidos no caminho por seus soldados, estes acharam
o dinheiro e o copo nos sacos de provisões, e eles haviam se defendido dizendo
que aquele com quem fosse encontrado o copo de prata deveria ser morto e eles seriam
feitos escravos de José (44.9).
Quando o mordomo
examinou os sacos encontrou, como não poderia ser de outro modo, o copo no saco
de Benjamin, e então os irmãos de José rasgaram as suas vestes e voltaram à
presença de José na cidade, e Judá disse que eram dignos de serem feitos
escravos de José por aquele incidente em que não tinham culpa nenhuma, mas não
tinham também como se justificar.
Todavia, José declarou que
somente Benjamin seria feito seu escravo e os demais retornariam em paz a
Canaã. Foi neste ponto que Judá teve aquela maravilhosa atitude a que nos
referimos no comentário do capitulo anterior, e que está registrada em Gên
44.18-34.
Gênesis 44
“1 Depois José deu
ordem ao despenseiro de sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos
homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.
2 E a minha taça de
prata porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. Assim
fez ele conforme a palavra que José havia dito.
3 Logo que veio a luz
da manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus jumentos.
4 Havendo eles saído
da cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro:
Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o
mal pelo bem?
5 Não é esta a taça
por que bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que
fizestes.
6 Então ele, tendo-os
alcançado, lhes falou essas mesmas palavras.
7 Responderam-lhe
eles: Por que falou meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de
fazerem semelhante coisa.
8 Eis que o dinheiro,
que achamos nas bocas dos nossos sacos, to tornamos a trazer desde a terra de
Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
9 Aquele dos teus
servos com quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do
meu senhor.
10 Ao que disse ele:
Seja conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada será
meu escravo; mas vós sereis inocentes.
11 Então eles se
apressaram cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a abri-lo.
12 E o despenseiro
buscou, começando pelo maior, e acabando pelo mais novo; e achou-se a taça no
saco de Benjamim.
13 Então rasgaram os
seus vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.
14 E veio Judá com
seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra
diante dele.
15 Logo lhes perguntou
José: Que ação é esta que praticastes? não sabeis vós que um homem como eu
pode, muito bem, adivinhar?
16 Respondeu Judá: Que
diremos a meu senhor? que falaremos? e como nos justificaremos? Descobriu Deus
a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós
como aquele em cuja mão foi achada a taça.
17 Disse José: Longe
esteja eu de fazer isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu
servo; porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.
18 Então Judá se chegou
a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra
aos ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque
tu és como Faraó.
19 Meu senhor
perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 E respondemos a meu
senhor: Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino pequeno; o
irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e seu pai o ama.
21 Então tu disseste a
teus servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.
22 E quando
respondemos a meu senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele
deixasse o seu pai, este morreria;
23 replicaste a teus
servos: A menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a
minha face.
24 Então subimos a teu
servo, meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor.
25 Depois disse nosso
pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento;
26 e lhe respondemos:
Não podemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não
podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.
27 Então nos disse teu
servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;
28 um saiu de minha
casa e eu disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho visto mais;
29 se também me
tirardes a este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs
com tristeza ao Seol.
30 Agora, pois, se eu
for ter com o teu servo, meu pai, e o menino não estiver conosco, como a sua
alma está ligada com a alma dele,
31 acontecerá que,
vendo ele que o menino ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs
de teu servo, nosso pai com tristeza ao Seol.
32 Porque teu servo se
deu como fiador pelo menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de
volta, serei culpado, para com meu pai para sempre.
33 Agora, pois, fique
teu servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o menino
com seus irmãos.
34 Porque, como
subirei eu a meu pai, se o menino não for comigo? para que não veja eu o mal
que sobrevirá a meu pai.”
Este capítulo relata o
estratagema de José, quando ordenou que se colocasse o dinheiro nos sacos de
trigo de seus irmãos e o seu copo de prata no de Benjamin, e na sequência, nós vemos o
arrependimento de seus irmãos nas palavras proferidas por Judá, às quais já nos
referimos anteriormente.
Aqui, cabe ainda
destacar a submissão humilde deles em
reconhecer que tudo aquilo só poderia estar ocorrendo como um castigo de Deus,
não pelo que tivessem feito de errado agora, mas pelos seus muitos erros do
passado.
No entanto, a par da
aflição que estavam sofrendo, e o juízo que estavam vivendo em suas próprias
consciências culpadas, não havia nenhum outro castigo que lhes estava sendo
imposto senão a visitação da graça e da misericórdia divina conduzindo-os ao
arrependimento.
Afinal não seriam
escravizados como fora o seu próprio irmão por iniciativa deles.
A graça não paga o mal
com o mal, mas paga o mal com o bem.
A graça não se deixa
vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.
É exatamente isto o
que estava ocorrendo com eles. Estavam debaixo da graça e por isso não foram
destruídos ou condenados.
É exatamente isto que
Deus faz com todos os cristãos por não estarem debaixo da lei, e sim, da graça, por meio da fé em
Cristo.
Em vez de condená-los,
ele os educa por meio da graça a produzirem obras dignas de arrependimento.
Se a atitude de Judá
intercedendo em favor de Benjamim, e se oferecendo para ficar como escravo no
seu lugar agradou e comoveu a José, muito mais agradou ao Pai, a intercessão de
Jesus junto a Ele em favor dos pecadores, e o ter se oferecido voluntariamente
para ser castigado no lugar deles, e por meio disto, Ele obteve sucesso total
na sua obra de salvação dos pecadores.
Gênesis 45
“1 Então José não se
podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei a todos
sair da minha presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a
seus irmãos.
2 E levantou a voz em
choro, de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó.
3 Disse, então, José a
seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam
responder, pois estavam pasmados diante dele.
4 José disse mais a
seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele
prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para
preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós.
6 Porque já houve dois
anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem
sega.
7 Deus enviou-me
adiante de vós, para conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em
vida por um grande livramento.
8 Assim não fostes vós
que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por
senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito.
9 Apressai-vos, subi a
meu pai, e dizei-lhe: Assim disse teu filho José: Deus me tem posto por senhor
de toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;
10 habitarás na terra
de Gósem e estarás perto de mim, tu e os teus filhos e os filhos de teus
filhos, e os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens;
11 ali te sustentarei,
porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não sejas reduzido à pobreza,
tu e tua casa, e tudo o que tens.
12 Eis que os vossos
olhos, e os de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.
13 Fareis, pois, saber
a meu pai toda a minha glória no Egito; e tudo o que tendes visto; e
apressar-vos-eis a fazer descer meu pai para cá.
14 Então se lançou ao
pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao pescoço
dele.
15 E José beijou a
todos os seus irmãos, chorando sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele.
16 Esta nova se fez
ouvir na casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; o que agradou a Faraó e a
seus servos.
17 Ordenou Faraó a
José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti,
tornai à terra de Canaã;
18 tomai o vosso pai e
as vossas famílias e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e
comereis da fartura da terra.
19 A ti, pois, é
ordenado dizer-lhes: Fazei isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos
meninos e para vossas mulheres; trazei vosso pai, e vinde.
20 E não vos pese
coisa alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egito será
vosso.
21 Assim fizeram os
filhos de Israel. José lhes deu carros, conforme o mandado de Faraó, e deu-lhes
também provisão para o caminho.
22 A todos eles deu, a
cada um, mudas de roupa; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco
mudas de roupa.
23 E a seu pai enviou
o seguinte: dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas
carregadas de trigo, pão e provisão para seu pai, para o caminho.
24 Assim despediu seus
irmãos e, ao partirem eles, disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 Então subiram do
Egito, vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai,
26 e lhe anunciaram,
dizendo: José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito. E o seu
coração desmaiou, porque não os acreditava.
27 Quando, porém, eles
lhe contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo Jacó, seu pai, os
carros que José enviara para levá-lo, reanimou-se-lhe o espírito;
28 e disse Israel:
Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.”
Este capítulo começa
com José se revelando aos seus irmãos depois de ter ouvido as palavras
proferidas por Judá.
Quando nós confessamos
os nossos pecados e nos arrependemos, Jesus se manifesta a nós, e nos perdoa
todos os pecados e nos purifica de toda injustiça, e mais do que isso, Ele nos
chama para perto de Si, e nos enche dos dons do Espírito Santo, assim como José
fez com seus irmãos e pai, lhes dando presentes e convocando-os a viver com ele
no Egito, em alta honra.
Eles eram imerecedores
disto, mas o amor cobre multidão de pecados, e a graça concede dons aos
pecadores quando estes se arrependem dos seus pecados e se voltam para a
prática daquilo que é justo.
Neste capítulo nós
vemos o admirável discernimento espiritual de José, que pôde entender que tudo
o que lhe havia sucedido ocorrera por obra da providência de Deus (45.5-8), e
não pela mera iniciativa dos homens, pois, caso não tivesse ido parar no Egito,
ainda que em meio às circunstâncias mais adversas, de modo nenhum poderia estar
ocorrendo aquilo que estava acontecendo naquela ocasião.
Certamente, como
haveria ainda cinco anos de fome sobre a terra, conforme lhe fora revelado na
interpretação do sonho de faraó, isto seria um argumento muito forte e
irrecusável, para que toda a família de Jacó, que naquela época somava setenta
pessoas (Gên 46.27) se fixasse no Egito, para que não morresse de fome e não
passasse por penúrias em Canaã.
Gênesis 46
“1 Partiu, pois,
Israel com tudo quanto tinha e veio a Beer-Seba, onde ofereceu sacrifícios ao
Deus de seu pai Isaque.
2 Falou Deus a Israel
em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.
3 E Deus disse: Eu sou
Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali
uma grande nação.
4 Eu descerei contigo
para o Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre
os teus olhos.
5 Então Jacó se
levantou de Beer-Seba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus
meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.
6 Também tomaram o seu
gado e os seus bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram para o
Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele.
7 Os seus filhos e os
filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos, e
toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito.
8 São estes os nomes
dos filhos de Israel, que vieram para o Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o
primogênito de Jacó.
9 E os filhos de
Rúben: Hanoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10 E os filhos de
Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher
cananéia.
11 E os filhos de
Levi: Gérsom, Coate e Merári.
12 E os filhos de
Judá: Er, Onã, Selá, Pérez e Zerá. Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã.
E os filhos de Pérez foram Hezrom e Hamul,
13 E os filhos de Issacar:
Tola, Puva, Iobe e Sinrom.
14 E os filhos de
Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.
15 Estes são os filhos
de Léia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha; todas as
almas de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.
16 E os filhos de
Gade: Zifiom, Hagui, Suni, Ezbom, Eri, Arodi e Areli.
17 E os filhos de
Aser: Imná, Isvá, Isvi e Beria, e Sera, a irmã deles; e os filhos de Beria:
Heber e Malquiel.
18 Estes são os filhos
de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Léia; e estes ela deu a Jacó, ao todo
dezesseis almas.
19 Os filhos de
Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.
20 E nasceram a José
na terra do Egito Manassés e Efraim, que lhe deu Asenate, filha de Potífera,
sacerdote de Om.
21 E os filhos de
Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gêra, Naamã, Eí, Ros, Mupim, Hupim e Arde.
22 Estes são os filhos
de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas.
23 E os filhos de Dã:
Husim.
24 E os filhos de
Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
25 Estes são os filhos
de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes deu ela a Jacó, ao todo
sete almas.
26 Todas as almas que
vieram com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa, fora as mulheres dos
filhos de Jacó, eram todas sessenta e seis almas;
27 e os filhos de
José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de
Jacó, que vieram para o Egito eram setenta.
28 Ora, Jacó enviou
Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de
Gósen.
29 Então José aprontou
o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen; e tendo-se-lhe
apresentado, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo
tempo.
30 E Israel disse a
José: Morra eu agora, já que tenho visto o teu rosto, pois que ainda vives.
31 Depois disse José a
seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e informarei a Faraó, e lhe direi:
Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para
mim.
32 Os homens são
pastores, que se ocupam em apascentar gado; e trouxeram os seus rebanhos, o seu
gado e tudo o que têm.
33 Quando, pois, Faraó
vos chamar e vos perguntar: Que ocupação é a vossa?
34 respondereis: Nós,
teus servos, temos sido pastores de gado desde a nossa mocidade até agora,
tanto nós como nossos pais. Isso direis para que habiteis na terra de Gósen;
porque todo pastor de ovelhas é abominação para os egípcios.”
O preceito divino é
que se reconhecermos a Deus em todos os nossos caminhos, Ele endireitará as
nossas veredas (Pv 3.6).
Jacó jamais deve ter
imaginado que teria que fazer uma mudança tão grande em sua velhice, e por
isso, quando ele chegou a Berseba com destino ao Egito, ofereceu sacrifícios a
Deus, e o Senhor lhe falou em visões à noite que não temesse descer ao Egito,
porque lá faria dele uma grande nação, e que desceria com ele ao Egito, e o faria
tornar a voltar, e a mão de José fecharia os seus olhos.
Esta visão tinha o
propósito de encorajá-lo.
A promessa de que
voltaria a Canaã, certamente se referia ao seu corpo morto, porque em conexão à
referida promessa, o Senhor lhe disse que seria a mão de José que fecharia os
seus olhos, e isto indicava que a sua morte ocorreria no Egito.
O que sucedeu pela
vontade de Deus na velhice de Jacó é um exemplo para nós no sentido de esperarmos sempre
possíveis mudanças em nossos planos, mesmo na velhice, porque é bom estar
pronto não somente para a sepultura mas para tudo o que possa acontecer entre
nós e a sepultura.
Assim, os carros
enviados por Faraó vieram buscar Jacó e sua família em Berseba para levá-los
para o Egito.
Todos os familiares de
Jacó que o acompanharam ao Egito, sem falta de um sequer, são relacionados
neste capítulo.
Assim será com a
igreja do Senhor quando for arrebatada para o encontro com o seu Senhor nas
nuvens, não haverá falta de um só sequer de todos aqueles que são da família de
Deus, porque até os mortos em Cristo terão os seus corpos ressuscitados nesta
hora para o encontro com Ele entre nuvens (I Tes 4.17).
Como a atividade
principal dos egípcios era a agricultura, e a dos filhos de Jacó a pecuária,
José aproveitou para fazer disso um motivo para que eles estivessem no Egito,
mas não em convivência direta com os egípcios em suas cidades, para que não se
contaminassem especialmente com as suas práticas idolátricas.
Também para que não
fossem desprezados à vista deles pelo fato de serem pastores e não
agricultores, ele os conduziu à terra de Gósen, que apesar de estar localizada
no Egito, estava bem próxima de Canaã, para que pudessem continuar se dedicando
às suas atividades; ao mesmo tempo em que se guardariam incontaminados das
práticas dos egípcios (46.31-34).
Gênesis 47
“1 Então veio José, e
informou a Faraó, dizendo: Meu pai e meus irmãos, com seus rebanhos e seu gado,
e tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã e estão na terra de Gósen.
2 E tomou dentre seus
irmãos cinco homens e os apresentou a Faraó.
3 Então perguntou
Faraó a esses irmãos de José: Que ocupação é a vossa; Responderam-lhe: Nós,
teus servos, somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
4 Disseram mais a
Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para os rebanhos
de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois,
rogamos-te permitas que teus servos habitem na terra de Gósen.
5 Então falou Faraó a
José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;
6 a terra do Egito
está diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos;
habitem na terra de Gósen. E se sabes que entre eles há homens capazes, põe-nos
sobre os pastores do meu gado.
7 Também José
introduziu a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
8 Então perguntou
Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
9 Respondeu-lhe Jacó:
Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e
maus têm sido os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos
da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.
10 E Jacó abençoou a
Faraó, e saiu da sua presença.
11 José, pois,
estabeleceu a seu pai e seus irmãos, dando-lhes possessão na terra do Egito, no
melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.
12 E José sustentou de
pão seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus
filhos.
13 Ora, não havia pão
em toda a terra, porque a fome era mui grave; de modo que a terra do Egito e a
terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.
14 Então José recolheu
todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo
que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.
15 Quando se acabou o
dinheiro na terra do Egito, e na terra de Canaã, vieram todos os egípcios a
José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos na tua presença? porquanto o
dinheiro nos falta.
16 Respondeu José:
Trazei o vosso gado, e vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.
17 Então trouxeram o
seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca dos cavalos, e das ovelhas, e dos
bois, e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano em troca de todo o seu
gado.
18 Findo aquele ano,
vieram a José no ano seguinte e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que
o nosso dinheiro está todo gasto; as manadas de gado já pertencem a meu senhor;
e nada resta diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;
19 por que morreremos
diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa
terra em troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; dá-nos
também semente, para que vivamos e não morramos, e para que a terra não fique
desolada.
20 Assim José comprou
toda a terra do Egito para Faraó; porque os egípcios venderam cada um o seu
campo, porquanto a fome lhes era grave em extremo; e a terra ficou sendo de
Faraó.
21 Quanto ao povo,
José fê-lo passar às cidades, desde uma até a outra extremidade dos confins do
Egito.
22 Somente a terra dos
sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham rações de Faraó, e
eles comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado; por isso não venderam a
sua terra.
23 Então disse José ao
povo: Hoje vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes
semente para vós, para que semeeis a terra.
24 Há de ser, porém,
que no tempo as colheitas dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão
vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento e dos que estão nas
vossas casas, e para o mantimento de vossos filhinhos.
25 Responderam eles:
Tu nos tens conservado a vida! achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos
servos de Faraó.
26 José, pois,
estabeleceu isto por estatuto quanto ao solo do Egito, até o dia de hoje, que a
Faraó coubesse o quinto da produção; somente a terra dos sacerdotes não ficou
sendo de Faraó.
27 Assim habitou
Israel na terra do Egito, na terra de Gósen; e nela adquiriram propriedades, e
frutificaram e multiplicaram-se muito.
28 E Jacó viveu na
terra do Egito dezessete anos; de modo que os dias de Jacó, os anos da sua
vida, foram cento e quarenta e sete anos.
29 Quando se
aproximava o tempo da morte de Israel, chamou ele a José, seu filho, e
disse-lhe: Se tenho achado graça aos teus olhos, põe a mão debaixo da minha
coxa, e usa para comigo de benevolência e de verdade: rogo-te que não me
enterres no Egito;
30 mas quando eu
dormir com os meus pais, levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás junto à
sepultura deles. Respondeu José: Farei conforme a tua palavra.
31 E Jacó disse:
Jura-me; e ele lhe jurou. Então Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.”
Jacó tinha cento e
trinta anos, quando chegou ao Egito (47.9).
Neste capítulo nós
vemos que José não paralisou as suas atividades no governo do Egito em razão da
chegada da sua família.
Ele não se deixou
vencer pelos sentimentos e se aplicou ainda mais aos seus afazeres, que lhes
foram dados para honra e glória de Deus, por saber que o Senhor havia se
encarregado de instalar toda a sua família em segurança.
A Palavra de Deus,
dada em sonhos a faraó, se cumpriu de tal forma, que chegou o tempo dentro
daqueles sete anos de fome, que a penúria foi tanta na terra, que até mesmo os
egípcios tiveram que vender suas posses e terras para obterem comida dos
celeiros de faraó, que ele havia juntado durante os sete anos de fartura que
antecederam os de fome, por conselho e instrução de José.
José não inventou o
comunismo, como alguns
comentaristas afirmam, quando comprou toda a terra do Egito para faraó, primeiro porque ele
não decretou a proibição do culto a Deus, como fizeram os comunistas, e nem
tomou as propriedades privadas pelo uso da força, pelo argumento de que
deveriam pertencer ao Estado por serem um direito natural do proletariado.
Na verdade, ele
adquiriu as terras que passaram a ser posse do governo, mas não expulsou
ninguém de suas propriedades, tendo fixado tão-somente a lei do quinto, em que
eles plantariam em suas terras com os grãos que o governo lhes forneceria, e
ficariam com quatro partes dentre cinco, de tudo o que colhessem. Com isto
poderiam adquirir dinheiro suficiente para poderem reaver a posse de suas
terras no futuro.
Neste capítulo está
também registrado que os israelitas tomaram a terra de Gósen como possessão e
tendo nela habitado foram fecundos e muito se multiplicaram (47,27); e que Jacó
viveu no Egito por mais dezessete anos, tendo morrido portanto com cento e
quarenta e sete anos (47.28).
É bastante
interessante que Deus proveu para a vida de Jacó nestes últimos dezessete anos
de sua vida numa terra estranha, exatamente pela vida de José, através do
cumprimento do sonho de que a sua família viria a se inclinar perante ele, e
isto de fato aconteceu pela sua posição de governante no Egito.
Esta inclinação não
seria para humilhação, mas para o bem deles, conforme fora de fato.
Gênesis 48
“1 Depois destas
coisas disseram a José: Eis que teu pai está enfermo. Então José tomou consigo
os seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2 Disse alguém a Jacó:
Eis que José, teu filho, vem ter contigo. E esforçando-se Israel, sentou-se
sobre a cama.
3 E disse Jacó a José:
O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,
4 e me disse: Eis que
te farei frutificar e te multiplicarei; tornar-te-ei uma multidão de povos e
darei esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua.
5 Agora, pois, os teus
dois filhos, que nasceram na terra do Egito antes que eu viesse a ti no Egito,
são meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;
6 mas a prole que
tiveres depois deles será tua; segundo o nome de seus irmãos serão eles
chamados na sua herança.
7 Quando eu vinha de
Padã, morreu-me Raquel no caminho, na terra de Canaã, quando ainda faltava
alguma distância para chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a
Efrata, isto é, Belém.
8 Quando Israel viu os
filhos de José, perguntou: Quem são estes?
9 Respondeu José a seu
pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. Continuou Israel:
Traze-mos aqui, e eu os abençoarei.
10 Os olhos de Israel,
porém, se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver.
José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou.
11 E Israel disse a
José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua
descendência.
12 Então José os tirou
dos joelhos de seu pai; e inclinou-se à terra diante da sua face.
13 E José tomou os
dois, a Efraim com a sua mão direita, à esquerda de Israel, e a Manassés com a
sua mão esquerda, à direita de Israel, e assim os fez chegar a ele.
14 Mas Israel,
estendendo a mão direita, colocou-a sobre a cabeça de Efraim, que era o menor,
e a esquerda sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as mãos assim
propositadamente, sendo embora este o primogênito.
15 E abençoou a José,
dizendo: O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus
que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia,
16 o anjo que me tem
livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos, e seja chamado neles o meu nome,
e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio
da terra.
17 Vendo José que seu
pai colocava a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isso desagradável;
levantou, pois, a mão de seu pai, para a transpor da cabeça de Efraim para a
cabeça de Manassés.
18 E José disse a seu
pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a
sua cabeça.
19 Mas seu pai,
recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo,
ele também será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a
sua descendência se tornará uma multidão de nações.
20 Assim os abençoou
naquele dia, dizendo: Por ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim
e como Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.
21 Depois disse Israel
a José: Eis que eu morro; mas Deus será convosco, e vos fará tornar para a
terra de vossos pais.
22 E eu te dou um
pedaço de terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e
com o meu arco da mão dos amorreus.”
Quando José foi
notificado que Jacó, seu pai estava enfermo, ele partiu imediatamente para a
terra de Gósen conduzindo consigo seus filhos Efraim e Manassés.
O fato de ter levado
seus filhos é indicador de que a notícia que lhe foi dada informava que a enfermidade de seu pai era para morte.
Quando Jacó soube que
José viera visitá-lo ele se esforçou e se assentou no seu leito de enfermidade
para recepcionar o seu filho.
Ele se esforçou e foi
fortalecido por Deus para abençoar com bênçãos proféticas que lhes foram dadas
naquela ocasião pelo Senhor, não somente a José e seus filhos, como a todos os
seus demais filhos.
A graça elegeu os dois
filhos de José para serem considerados como filhos do próprio Jacó, para que
tivessem herança na terra de Canaã (48.5).
A grandeza de hoje
amanhã já não o será.
A honra de José
duraria por um tempo no Egito, mas os descendentes de seus filhos viriam a
compartilhar do cativeiro dos israelitas juntamente com todos os demais
descendentes dos irmãos de José, pois este, apesar de estar em honra no Egito,
continuava sendo um hebreu, e assim também seriam considerados os filhos que
ele havia gerado.
A glória do Egito
seria submetida aos juízos de Deus, cerca de quatrocentos anos depois de José,
e os descendentes de seus filhos Efraim e Manassés estariam sendo livrados do
cativeiro pela poderosa mão do Senhor para retornarem a Canaã, juntamente com
as demais tribos de Israel.
Assim, o que parecia
fraqueza na pessoa de Jacó e sua condição no Egito, e o que parecia
grandeza no governo e honra de José,
viria a ser invertido com o passar do tempo, e assim, as bênçãos de Jacó para
José e seus filhos eram muito preciosas e melhores do que a presente condição
deles no Egito.
Quem não contempla o
futuro poderia se perguntar qual
o valor da bênção de um homem velho e doente para o seu filho rico e poderoso?
Por que precisariam
seus netos da sua bênção, sendo filhos de um pai que tinha a importância de
José?
Mas o grande fato é
que José não andava por vista, mas por fé, e ele contemplou a grandeza das
promessas de Deus sobre a vida de seu pai e de seus descendentes.
Sendo governante sobre
toda a terra, ele vem à presença de Jacó em sua fraqueza e velhice, e se
inclina em terra perante ele (48.12).
Na verdade, como disse
Jesus, o valor de uma pessoa não consiste na quantidade de bens que ela possui.
José sabia que era a
seu pai que as promessas pertenciam, e eles seriam participantes daquelas
bênçãos pelo que havia sido prometido por Deus a ele, e a Isaque e a Abraão,
antes dele.
Por isso Jacó foi
diretamente ao assunto com José, sabendo que estava às portas da morte, dizendo
que Deus lhe havia aparecido em Luz, que é Betel, em Canaã e o havia abençoado
e feito a promessa de torná-lo fecundo, e de multiplicá-lo, tornando-o uma
multidão de povos, e que daria por possessão perpétua à sua descendência a
terra de Canaã (48.3,4).
José creu nas palavras
de seu pai, e por isso deu ordem aos seus descendentes que quando Deus os
visitasse para levá-los do Egito para Canaã, eles levariam juntamente com eles
os seus ossos que estariam guardados no Egito.
Os ossos de José foram
enterrados em Siquém, na terra que Jacó havia comprado a Hamor, pai de Siquém,
nos dias de Josué (Jos 24.32).
Os olhos de Jacó
estavam escurecidos pela sua avançada idade, mas ele não agia pela vista nas
coisas referentes a Deus, mas pela fé, e por isso não confiou pelo julgamento
dos olhos quando abençoou os filhos de José, mas pela direção e mover do
Espírito, porque em vez de colocar a mão direita sobre a cabeça do primogênito
(Manassés), colocou-a sobre a cabeça do mais moço, e quando José alertou-lhe
sobre o que havia feito, ele não mudou a posição da mão por ter permanecido
firme na direção e autoridade que estava sobre ele naquela hora, e não sobre
José, e disse-lhe que Efraim viria a ser um povo maior do que a descendência de
Manassés (48.19).
É importante destacar
que antes de Jacó abençoá-los, em José, ele proferiu a seguinte introdução:
“O Deus, em cuja presença andaram meus pais
Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou durante a minha vida até este dia, o
Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes rapazes; seja neles chamado
o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e cresçam em multidão no
meio da terra.” (Gên 48.15,16).
Assim, Jacó destaca as
experiências que ele tivera da bondade de Deus para com ele.
As visitas
particulares da Sua graça a ele, e a comunhão especial que tivera com ele e da
qual não havia se esquecido.
Cita também o cuidado
constante da providência divina para com ele durante todos os dias da sua vida.
O Anjo do Senhor lhe havia livrado de todo
o mal.
Apesar dos seus muitos
sofrimentos Deus lhe havia graciosamente guardado em todas as suas
dificuldades.
Agora em sua morte,
ele estava considerando que seria livrado para sempre de todo o mal, e já não
haveria mais pecados pelos quais ter que se entristecer.
O fato de que o nome
de Jacó, de Isaque e de Abraão ser chamado sobre Efraim e Manassés, como sinal
de serem abençoados de Deus, é importante para nos lembrar que todos os
verdadeiros filhos de Deus devem andar no mesmo exemplo de fé dos patriarcas.
Como já dissemos
antes, um verdadeiro filho de Abraão deve ter a fé de Abraão e praticar as
obras de Abraão, isto é, deve seguir os seus passos.
Um verdadeiro seguidor
de Cristo e de seus apóstolos deve seguir nas mesmas pegadas de Cristo e dos
apóstolos.
Não é, portanto uma
simples questão nominal que está em foco, mas o fato de se ter o mesmo
testemunho de vida.
Assim como os
patriarcas devotaram suas vidas a fazerem a vontade de Deus, de igual modo os
seus descendentes espirituais, isto é, que têm a mesma fé que eles, devem
seguir o seu exemplo de devoção a Deus.
Gênesis 49
“1 Depois chamou Jacó
a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos para que eu vos anuncie o que vos há de
acontecer nos dias vindouros.
2 Ajuntai-vos, e ouvi,
filhos de Jacó; ouvi a Israel vosso pai:
3 Rúben, tu és meu
primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, preeminente em dignidade
e preeminente em poder.
4 Descomedido como a
água, não reterás a preeminência; porquanto subiste ao leito de teu pai; então o
contaminaste. Sim, ele subiu à minha cama.
5 Simeão e Levi são
irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.
6 No seu concílio não
entres, ó minha alma! com a sua assembléia não te ajuntes, ó minha glória!
porque no seu furor mataram homens, e na sua teima jarretaram bois.
7 Maldito o seu furor,
porque era forte! maldita a sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e
os espalharei em Israel.
8 Judá, a ti te
louvarão teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos: diante
de ti se prostrarão os filhos de teu pai.
9 Judá é um leãozinho.
Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e se deita como um leão, e como uma
leoa; quem o despertará?
10 O cetro não se
arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha
aquele a quem pertence; e a ele obedecerão os povos.
11 Atando ele o seu
jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira seleta, lava as suas
roupas em vinho e a sua vestidura em sangue de uvas.
12 Os olhos serão
escurecidos pelo vinho, e os dentes brancos de leite.
13 Zebulom habitará no
litoral; será ele ancoradouro de navios; e o seu termo estender-se-á até Sidom.
14 Issacar é jumento
forte, deitado entre dois fardos.
15 Viu ele que o
descanso era bom, e que a terra era agradável. Sujeitou os seus ombros à carga
e entregou-se ao serviço forçado de um escravo.
16 Dã julgará o seu
povo, como uma das tribos de Israel.
17 Dã será serpente
junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do
cavalo, de modo que caia o seu cavaleiro para trás.
18 A tua salvação
tenho esperado, ó Senhor!
19 Quanto a Gade,
guerrilheiros o acometerão; mas ele, por sua vez, os acometerá.
20 De Aser, o seu pão
será gordo; ele produzirá delícias reais.
21 Naftali é uma
gazela solta; ele profere palavras formosas.
22 José é um ramo
frutífero, ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se estendem sobre o
muro.
23 Os flecheiros lhe
deram amargura, e o flecharam e perseguiram,
24 mas o seu arco
permaneceu firme, e os seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de
Jacó, o Pastor, o Rochedo de Israel,
25 pelo Deus de teu
pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos
dos céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos seios
e da madre.
26 As bênçãos de teu
pai excedem as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos
outeiros; sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele
que foi separado de seus irmãos.
27 Benjamim é lobo que
despedaça; pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá o despojo.
28 Todas estas são as
doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a
cada um deles abençoou segundo a sua bênção.
29 Depois lhes deu
ordem, dizendo-lhes: Eu estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com
meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,
30 na cova que está no
campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, cova esta que
Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o respectivo campo, como propriedade
de sepultura.
31 Ali sepultaram a
Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e
ali eu sepultei a Léia.
32 O campo e a cova
que está nele foram comprados aos filhos de Hete.
33 Acabando Jacó de
dar estas instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, expirou e foi
congregado ao seu povo.”
Somente depois de ter
proferido as profecias deste capítulo, relativas às tribos de Israel, que Jacó
expirou.
Isto indica que ele
estava sendo fortalecido e dirigido por Deus a fazê-lo, para que ficasse
registrado, para a Sua glória, as predições relativas ao povo de Israel,
consoante as tribos que o constituíam.
Isto revela que o
futuro do povo de Deus está registrado diante dos Seus olhos e Ele revela
quando quer e a quem quer, algumas partes deste futuro para consolação do seu
povo, mas muito mais para que saibam que a vida e o futuro deles se encontra totalmente
sob o Seu controle e firmemente seguro em Suas poderosas mãos.
A profecia começa com
Rúben, seu primogênito. Ele teria todos os privilégios de um filho, mas não de
um primogênito porque havia profanado o leito de seu pai, deitando-se com Bila.
Por isso ele seria impetuoso em Israel como a água, mas não o mais excelente
(49.4).
Aquele pecado ficou
marcado na profecia para revelar o quanto Deus detesta a impureza e para que a
descendência de Israel não seguisse aquele mau exemplo, pois por ele, bênçãos
foram perdidas.
Na própria virtude da
impetuosidade de Rúben, vê-se a instabilidade da água, que por sua própria
natureza, não pode ter a sua própria forma e firmeza.
Assim são todos
aqueles que na sua impetuosidade encontra-se muito desta instabilidade que deve
ser tratada pela graça de Deus.
Constância e
estabilidade no nosso caminhar com Deus, e na prática dos seus mandamentos, é o
caminho da verdadeira excelência.
Simeão e Levi são
citados em conjunto por causa da violência que haviam praticado contra os
siquemitas para se vingarem do que Siquém havia feito com Diná.
Aqui, o Espírito Santo
expõe toda a aversão de Deus pela violência, especialmente quando traiçoeira,
como a que eles haviam praticado. E isto é dito com as seguintes palavras:
“No seu conselho não
entre minha alma, com o seu agrupamento minha glória não se ajunte; porque no
seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros.” (49.6).
Há uma precisão
histórica do que haveria de se cumprir com eles pois se afirma que seriam
divididos em Jacó, e espalhados em Israel, e isto se cumpriu por não terem os
levitas recebido herança, e pelo fato da tribo de Simeão ter sido assimilada
pela tribo de Judá.
Aqui também ficou
registrado para sempre o pecado de Levi e Simeão, depois de tantos anos terem
se passado desde que o haviam praticado.
Deus tem o registro de
todo o mal praticado pelos homens para julgá-los no grande dia do Seu Juízo.
Os homens pensam que
não há nenhum registro ou lembrança daquilo que fazem pelo aparente silêncio ou
desinteresse de Deus no mal que praticam.
Entretanto, nesta
profecia contra Simeão e Levi, Ele nos alerta que nada escapa do seu justo
juízo.
Como estavam debaixo
da eleição da graça que os havia alcançado, Simeão e Levi não foram
amaldiçoados em suas pessoas, mas o pecado de ódio deles foi amaldiçoado por
Deus (49.7).
Os pecados que todos
os filhos de Deus praticam são malditos diante de Deus, apesar deles mesmos
serem filhos benditos por causa da graça de Jesus que está sobre eles.
De Judá são ditas
coisas gloriosas.
Como vimos antes o
próprio nome Judá é um nome profético, pois significa louvor.
Por isso se diz no
verso 8 que os seus irmãos o louvariam.
Ainda hoje quantos
hinos se cantam em louvor ao Leão da tribo de Judá.
O nome de Judá aparece
em muitos cânticos de louvor ao longo de toda a história da igreja, e isto dá
um cumprimento profético ao que Deus disse através de Jacó a respeito de
Judá.
Também foi profetizado
que Judá seria vitorioso nas guerras e que os filhos de Jacó se inclinariam a
ele.
De fato é a tribo de
Judá que tem permanecido até hoje no mundo, e nós temos verificado as vitórias
que eles têm tido sobre os seus inimigos.
Como o governo
central, nos dias de Davi e Salomão estava no território de Judá, em Jerusalém,
todos os demais israelitas viriam a se inclinar àqueles reis que eram
descendentes de Judá.
Esta profecia tem
também um cumprimento mais dilatado, porque Aquele diante do qual todos se
inclinarão para sempre, também é descendente de Judá segundo a carne.
Judá é como um leão
que em sua majestade desfruta em paz aquilo que tem conquistado pelo poder que
nele está.
Jesus amarra o
valente, destrói as obras do diabo, e descansa em paz com o que tem
conquistado.
Não temos aqui um leão
devorador e inquieto, mas um leão que governa em sua majestade tudo aquilo que
conquistou pelo seu poder.
A profecia especifica
mais ainda este domínio eterno de Cristo que começaria em figura com Davi, pois
se diz que “o cetro não se arredará de Judá” e que “a ele obedecerão os povos” (49.10).
Prosperidade em bens
também foi profetizada para Judá.
A riqueza o
acompanharia, porque a bênção do Senhor estava sobre ele.
Por isso se diz que
teria jumentos amarrados à vide, de tão forte que seriam os seus caules, e
estes jumentos representam o transporte de toda a grande produção que nelas
haveria.
Isto é reforçado com a
expressão de que Judá lavaria as suas vestes no vinho, e a sua capa no sangue
de uvas. (49.11).
Nisto pode estar
também embutida uma referência ao fato de que é no sangue de Jesus que são
lavadas as vestes daqueles que estão associados com Ele, e sendo o Senhor, da
tribo de Judá, estes que estão unidos a ele podem ser então chamados de
verdadeiros judeus.
Zebulom habitaria
junto à costa do mar, teria portos para navios, e a sua fronteira se estenderia
até Sidom (49.13).
Somente isto é dito
acerca de Zebulom, que não teria grande importância nos planos redentores de
Deus, tanto ele como outras tribos.
No entanto, veja o
quanto se diz de Judá, porque apesar de Moisés não sabê-lo, seria daquela tribo
que viria o Messias.
Este é um dentre os
muitos fatores de prova de que as Escrituras são de origem e inspiração
divinas.
Como Moisés poderia
ter sabido das coisas que aconteceriam num futuro muito distante?
E, o próprio Jacó não
sabia qual era o cumprimento exato das profecias relativas a Judá, que era
somente do conhecimento de Deus e que foi revelado a nós na plenitude dos
tempos.
De Issacar foi dito
que os homens daquela tribo seriam fortes e industriosos, dados ao trabalho de
agricultura.
O trabalho do
agricultor era de fato descanso quando comparado com a atividade de soldados e
marinheiros, em que havia um constante risco de vida (Gên 49.14,15).
Dã seria governado
pelos seus próprios juízes e seria astuto como a serpente nos assuntos de
política, e derrubaria a muitos com sua astúcia.
Vale dizer que Sansão
era da tribo de Dã.
Entre a profecia
dirigida a Dã e a profecia de Gade, Jacó fez um parêntesis para dizer: “A tua
salvação espero, ó Senhor!” (49.18).
Não propriamente a sua
própria salvação da qual ele tinha certeza, mas a salvação que seria resultante
do propósito redentor de Deus revelado em Jesus Cristo, e cuja vinda ao mundo
tinha a ver com aquelas tribos de Israel, através das quais Deus revelaria a
Sua vontade até que Ele viesse.
De Gade foi dito que
estaria envolvido em conflitos de guerra.
E isto se deveria
principalmente ao fato de ocupar o território do lado oriental do Jordão
juntamente com a metade da tribo de Manassés, e isto o exporia a ataques de
nações inimigas, mas é dito que ele responderia aos ataques que receberia
(49.19).
Quanto a Aser foi dito
que seria uma tribo muito rica, com abundância de pão (49.20).
De Naftali é dito que
é uma gazela solta e que profere palavras formosas (49.21).
A fidelidade de José a
Deus, no cumprimento da sua vontade, longe de seus familiares, numa terra
estranha, e tendo suportado condições extremamente desfavoráveis, e em tudo
isto permaneceu fiel à Sua vontade, é recompensada com uma bênção que é
dirigida a ele, e não diretamente a seus filhos Efraim e Manassés que herdariam
territórios com as demais tribos em Canaã.
Certamente Deus quis
destacar o exemplo de fidelidade como o caminho para a verdadeira e duradoura
bênção.
Por isso o que é dito
sobre ele é tanto histórico quanto profético, pois aqui se quer marcar o
exemplo aprovado para ser seguido pelas gerações futuras mais do que a predição
do futuro, propriamente dita.
Então, de José se diz
que ele é um ramo frutífero.
Este é o propósito de
Deus para todos os seus filhos, que eles dêem abundância de frutos para a Sua
glória.
Este fruto deve ser,
portanto um fruto que permaneça; que seja produzido em Deus, por meio de Jesus
Cristo, que é a videira verdadeira.
Também é dito que os
frecheiros lhe dão amargura, e atiram contra ele e o aborrecem, mas o seu arco
permanece firme porque os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso
de Jacó, pelo pastor e pela Pedra de Israel, pelo Deus de seu pai, o qual o
ajudaria, o Todo-Poderoso, que o abençoaria com bênçãos dos altos céus, com
bênçãos das profundezas, com bênçãos dos seios e da madre (49.23-25).
Assim são destacadas
todas as aflições que José havia enfrentado, marcadas pelos dardos inflamados
do maligno que foram dirigidos contra ele, mas ele permaneceu firme na fé, e
lutou e prevaleceu porque o Senhor lhe havia fortalecido.
O resultado desta
grande fidelidade só poderia ser todas as sortes de bênçãos que lhe foram
destinadas pelo Altíssimo.
A graça o havia
elegido para isto, e José viveu de modo digno da vocação a que foi chamado.
Todos os cristãos em Cristo são
eleitos de Deus, distinguidos entre os pecadores, assim como José foi
distinguido entre os seus irmãos, para que manifestem em suas vidas as obras de
Deus, pelo testemunho de verdadeira devoção a Ele.
E, reconhecemos que
mesmo dentre estes eleitos de Deus há aqueles que são escolhidos por Ele para
glorificarem o Seu nome pelo testemunho de uma vida grandemente abençoada por
em face da fidelidade que são chamados a demonstrar.
Isto é muito mais uma
responsabilidade do que um privilégio, pois é para a exclusiva glória de Deus,
pois tudo o que vierem a ser e a fazer, terá sido pela Sua exclusiva graça, e não por qualquer mérito ou
capacidade neles próprios.
Assim, mais uma vez o
mérito é devido à graça da eleição, e não propriamente aos vasos receptores
desta graça mediante a eleição, que humilha o homem e exalta a Deus.
A profecia final de Jacó foi dirigida a
Benjamin, dizendo que é lobo que despedaça; pela manhã devora a presa, e à
tarde reparte o despojo (49.27).
Se Jacó não tivesse de
fato falado pelo Espírito, mas pelo seu afeto natural, ele jamais teria dito
isto sobre Benjamin, que era seu caçula nascido de Raquel, e pelo qual ele
tinha uma grande afeição.
Mas aqui está sendo
falado não propriamente de seu filho, mas da tribo que descenderia dele no
futuro.
A profecia mostra que
seria uma tribo bélica, forte e ousada, e que se enriqueceria com os despojos
de seus inimigos.
Depois de ter
proferido estas bênçãos proféticas Jacó ainda deu instruções quanto ao seu
sepultamento na caverna de Macpela, em Canaã, onde haviam sido sepultados
Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia, e logo em seguida expirou (49.29-33).
Jacó estivera por
dezessete anos no Egito, mas o seu coração estava ainda em Canaã, a terra que
lhe fora prometida a ele e à sua descendência por Deus.
Até hoje, os israelitas lutam para permanecer
na posse do território que lhes foi dado por Deus como herança perpétua. Isto é
maravilhoso aos nossos olhos, e comprova que de fato as Escrituras são
inspiradas por Deus, e narram com certeza e exatidão histórica as origens deste
povo que tem sobrevivido ao longo dos séculos, porque o Senhor prometeu ser o
Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e da sua descendência para sempre, de modo que
os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, e Ele jamais rejeitará o povo da aliança
que de antemão conheceu (Rom 11.1,2, 29).
Gênesis 50
“1 Então José se
lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.
2 E José ordenou a
seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram
a Israel.
3 Cumpriram-se-lhe
quarenta dias, porque assim se cumprem os dias de embalsamação; e os egípcios o
choraram setenta dias.
4 Passados, pois, os
dias de seu choro, disse José à casa de Faraó: Se agora tenho achado graça aos
vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:
5 Meu pai me fez
jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra
de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar
meu pai; então voltarei.
6 Respondeu Faraó:
Sobe, e sepulta teu pai, como ele te fez jurar.
7 Subiu, pois, José
para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos
da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,
8 como também toda a
casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de
Gósen os seus pequeninos, os seus rebanhos e o seu gado.
9 E subiram com ele
tanto carros como gente a cavalo; de modo que o concurso foi mui grande.
10 Chegando eles à
eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e forte pranto;
assim fez José por seu pai um grande pranto por sete dias.
11 Os moradores da
terra, os cananeus, vendo o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é
este dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim, o qual está além
do Jordão.
12 Assim os filhos de
Jacó lhe fizeram como ele lhes ordenara;
13 pois o levaram para
a terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha
comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o heteu, em
frente de Manre.
14 Depois de haver
sepultado seu pai, José voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que
com ele haviam subido para sepultar seu pai.
15 Vendo os irmãos de
José que seu pai estava morto, disseram: Porventura José nos odiará e nos
retribuirá todo o mal que lhe fizemos.
16 Então mandaram
dizer a José: Teu pai, antes da sua morte, nos ordenou:
17 Assim direis a
José: Perdoa a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram
mal. Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de
teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.
18 Depois vieram
também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis que nós somos
teus servos.
19 Respondeu-lhes
José: Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?
20 Vós, na verdade,
intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o
que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida.
21 Agora, pois, não
temais; eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos. Assim ele os consolou,
e lhes falou ao coração.
22 José, pois, habitou
no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.
23 E viu José os
filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de
Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
24 Depois disse José a
seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta
terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
25 E José fez jurar os
filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar daqui
os meus ossos.
26 Assim morreu José,
tendo cento e dez anos de idade; e o embalsamaram e o puseram num caixão no
Egito.”
O corpo de Jacó foi
embalsamado principalmente em razão da longa viagem que seria feita do Egito
para Canaã.
Jacó morreu em honra
porque o Senhor era com ele, e houve um grande cortejo acompanhando o seu corpo
até Canaã.
Os próprios egípcios
haviam chorado a sua morte, pois ele era o pai daquele que havia preservado em
vida a todos eles naqueles anos de fome que houve sobre toda a terra.
A reafirmação do
perdão de José à maldade de seus irmãos contra ele no passado é um bom exemplo
que deve ser seguido por todos os servos de Deus.
Eles devem sepultar
para sempre as transgressões passadas de seus irmãos contra eles, bem como
devem estar preparados para perdoarem tudo aquilo que lhes for prejudicial, e
não somente perdoar como também suportar tudo o que lhes possam fazer os filhos
do mesmo Pai comum de todos eles.
José chorou quando
seus irmãos lhe pediram perdão pelo que lhe haviam feito, pelo temor do
que lhes poderia fazer agora que Jacó
havia morrido.
Este choro foi
certamente pela suspeita deles em relação a seu caráter aprovado.
É algo muito duro ter
que conviver com ruins suspeitas sobre coisas que jamais pensaríamos em fazer,
principalmente por causa do nosso temor de Deus e da Sua Palavra.
Mas estas lágrimas de
José foram também movidas em face da submissão demonstrada por eles.
Afinal eram seus
irmãos e estavam se humilhando diante dele, e isto é algo que parte o coração
de qualquer pessoa sensível.
Quando alguém
apresenta a sua fragilidade e humildade diante de alguém mais forte do que ele,
não cabe a este espezinhá-lo, mas se compadecer e também se humilhar,
reconhecendo que somente Deus é digno de nossa humilhação perante Ele, pois
todos somos pecadores dependentes do Seu perdão e da Sua graça.
Somente a Deus
pertence a vingança, e somente Ele pode pesar os corações e dar-lhes justamente
segundo o seu procedimento.
José havia aprendido a
vencer o mal com o bem.
Ele havia aprendido a
dar alimento para os seus inimigos quando eles tinham fome, tanto no sentido
material quanto espiritual, e por isso prometeu a seus irmãos que em vez de se
vingar deles, ele os alimentaria e sustentaria.
O mesmo e muito mais e
melhor faz Jesus em relação aos
pecadores que Ele tem perdoado por terem se arrependido de seus pecados.
Ele jamais se vingará
de suas faltas passadas, ao contrário, Ele os proverá com a Sua graça, para que
tenham não apenas a manutenção da vida física como fizera José com seus irmãos,
como também e, sobretudo para a manutenção da vida espiritual, pois Ele nos
garante que tenhamos vida eterna, e vida em abundância.
Bendito seja o seu santo nome para todo o
sempre!
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