O
capitulo de Isaías 42 foi encerrado com as seguintes palavras:
“24
Quem entregou Jacó por despojo, e Israel aos roubadores? porventura não foi o
Senhor, aquele contra quem pecamos, e em cujos caminhos eles não queriam andar,
e cuja lei não queriam observar?
25 Pelo
que o Senhor derramou sobre Israel a indignação da sua ira, e a violência da
guerra; isso lhe ateou fogo ao redor; contudo ele não o percebeu; e o queimou;
contudo ele não se compenetrou disso.”
O
israelita que lesse estas palavras nos dias de Isaías poderia concluir: “É o
fim”. “Agora fomos rejeitados para sempre pelo Senhor”.
Todavia,
veja como é iniciado o 43º capitulo:
“1 Mas
agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não
temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2
Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em
ti.
3
Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu
resgate dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba.
4 Visto
que foste precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto
darei homens por ti, e es povos pela tua vida.
5 Não
temas, pois, porque eu sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente,
e te ajuntarei desde o Ocidente.
6 Direi
ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas
filhas das extremidades da terra;
7 a
todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que
formei e fiz.”
Há
alguma contradição?
Deus
desistiu de julgar Israel?
Não.
Porque no final deste mesmo capitulo é reafirmado o seguinte:
“28
Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e
Israel ao opróbrio”.
O juízo
viria com certeza, mas isto não significa que Deus havia rejeitado
definitivamente Israel.
De
igual modo, quando um cristão é corrigido por Deus quando cai, não significa
que cai para uma queda que o conduzirá a uma condenação final, ou que Deus o
tenha rejeitado como filho.
Onde
abundou o pecado superabundou a graça.
Onde há
trevas mais brilham a misericórdia e a bondade de Deus.
Não que
Ele aprove o pecado, porque vemos em toda
a Bíblia as Suas grandes repreensões e juízos por causa do pecado.
Mas ao
mesmo, tempo, vemos que Ele não desistirá dos homens até que faça vingar a
causa da justiça do evangelho, pela qual tem justificado pecadores em toda a
terra.
Este é
o ponto de equilíbrio e de sabedoria, para entendermos o caráter de Deus.
Ele
odeia o pecado, mas está usando de misericórdia na presente dispensação,
esperando que pessoas se arrependam do pecado e se convertam a Ele pela fé em
Jesus, para que possam sair das trevas para a luz, e da morte para a vida.
Afinal
é o Deus vivo, que é pela vida e não pela morte.
Não foi
Ele o autor da morte, sendo esta, consequência do pecado.
Ou
seja, o seu propósito não é morte, mas vida.
Não é
Deus de mortos mas de vivos.
Vivificados
pelo Espírito.
Nascidos
para uma nova vida espiritual por meio de Cristo, que é espírito vivificante.
O pão
vivo que desceu do céu para que tenhamos a vida eterna abundante divina.
Os
idólatras são chamados portanto a deixarem os seus ídolos e a se voltarem para
Deus porque é grandioso em perdoar.
Uma
nação idólatra iria para o cativeiro,
mas Deus está dizendo que não desistiu deles, porque usaria de
misericórdia para com aqueles que se voltassem para Ele.
É assim
que devemos pregar o evangelho porque o caráter do evangelho reflete o caráter
do próprio Deus.
Não há
outro modo aprovado para fazê-lo senão usando da mesma longanimidade e
misericórdia que Deus tem para com todos os pecadores nesta dispensação da
graça, que durará até que Cristo volte.
Há mais
de dois mil anos que estão sendo praticadas na terra, desde a inauguração da
dispensação da graça, horríveis blasfêmias, idolatrias, impurezas e toda sorte de abominações, mas Deus ainda
não se cansou de ser longânimo e misericordioso, e tal como Ele, os seus servos
não devem se cansar também, porque o tempo da misericórdia será fechado somente
no juízo final, depois do milênio.
Deus
demonstrou que não havia se cansado de Israel mas foi Israel que se cansou de
Deus.
“Contudo
tu não me invocaste a mim, ó Jacó; mas te cansaste de mim, ó Israel.” (v. 22).
Deus
não se cansa de ouvir nossas orações, mas nós podemos nos cansar com facilidade
de orarmos a Ele, então é preciso muita vigilância e diligência para não
cairmos no mesmo erro dos israelitas, que haviam se cansado de Deus, e por isso
iriam para o cativeiro.
O
Senhor tem suportado as muitas transgressões dos seus eleitos até que eles
venham a se converter, e não seria de se esperar que permanecessem nelas depois
de convertidos, em face da longanimidade da qual foram objeto.
Contudo,
via de regra, em razão da fraqueza do pecado, que opera na carne, sempre será
dado ao Senhor muito menos da fidelidade que lhe deveríamos dar.
Então o
evangelho é a dispensação da longanimidade, senão nenhuma carne restaria sobre
a terra. Nem mesmo entre os santos de Deus.
É
importante sabermos que Ele não nos rejeitará, se não O rejeitarmos.
Enquanto
clamarmos a Ele por socorro e livramento dos nossos pecados, sempre haverá
esperança, porque Ele tem prometido nunca nos deixar e nunca nos desamparar, e
não lançará fora a nenhum que tenha vindo a Ele para lhe entregar o seu
coração.
Nem
mesmo ao endurecido Israel Deus tem afirmado que não rejeitará, quanto mais
àqueles que foram feitos seus filhos por meio da fé em Jesus.
“1
Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu povo? De modo nenhum; por que eu
também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 Deus
não rejeitou ao seu povo que antes conheceu.” (Rom 11.1,2b).
Baseado em Isaías 43
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