OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 1
“1 Então falou Deus todas estas palavras,
dizendo:
2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão.
3 Não terás outros deuses diante de mim.
4 Não farás para ti imagem esculpida, nem
figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra.
5 Não te encurvarás diante delas, nem as
servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade
dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
6 e uso de misericórdia com milhares dos
que me amam e guardam os meus mandamentos.
7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em
vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.
8 Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar.
9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu
trabalho;
10 mas o sétimo dia é o sábado do Senhor
teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua
filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro
que está dentro das tuas portas.
11 Porque em seis dias fez o Senhor o céu e
a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o
Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou.
12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
13 Não matarás.
14 Não adulterarás.
15 Não furtarás.
16 Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo.
17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não
cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu
boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
18 Ora, todo o povo presenciava os trovões,
e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte a fumegar; e o povo, vendo
isso, estremeceu e pôs-se de longe.
19 E disseram a Moisés: Fala-nos tu mesmo,
e ouviremos; mas não fale Deus conosco, para que não morramos.
20 Respondeu Moisés ao povo: Não temais,
porque Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós,
a fim de que não pequeis.” (Êx 20.1-26).
As palavras citadas em Êx 20.2-17 foram proferidas
audivelmente pelo Senhor a todos os israelitas, quando se encontravam de pé
junto ao monte Sinai.
A lei escrita por Deus nos corações e consciências
dos homens foi de tal maneira deformada pelo pecado, que foi necessário marcar
o caráter da justiça e da santidade de Deus.
Certamente esta é uma lei do céu, de um Deus que é
a Majestade infinita dos céus, porque de tal maneira o pecado deformou a
natureza humana, que olhando para si, o homem nada veria em si mesmo que
correspondesse perfeitamente aos mandamentos que lhes estavam sendo dados como
expressão da vontade e da natureza divinas.
Geralmente se faz por conta desta inabilidade
humana, um exame e avaliação muito superficiais do significado desta lei
perfeita, e assim, não se chega a conhecer o tudo que está implícito nela, no
seu espírito interior descrito em tão poucas palavras.
Por isso Jesus disse que não poderia e não deveria
revogá-la, porque ela reflete em sua essência o caráter santo do próprio
Deus.
Então a lei proferida audivelmente, veio não
somente protestar contra o pecado que há no homem, como vindicar a justiça e
santidade de Deus, exibindo direta e claramente que Ele não é como o homem, e
não criou o homem no estado em que o homem se encontra, senão que tudo o que há
de diferente neste, em relação à natureza divina deveu-se à entrada do pecado
no mundo.
Mas a lei aponta a todo o homem o dever de ser
perfeito e santo como Deus é perfeito e santo.
Assim o homem é responsável perante Ele em ser
aquilo para o quê fora criado.
Para isso o Senhor proveu os meios necessários de
redenção, perdão, mortificação do pecado, pela morte vicária de Jesus, pela
operação do Espírito Santo, pelo dom da fé e da Sua Palavra revelada, para que
o homem possa ser curado desta enfermidade chamada pecado, e viver em santidade
e justiça na Sua presença.
Não é pois maravilhoso, que uma parte essencial do
remédio que visa à nossa cura nos tenha sido dado de modo tão solene?
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 2
A lei é a força do pecado (I Cor 15.56), não porque
seja cooperadora do pecado, mas em razão da malignidade do pecado que habita no
homem e que o leva a estar debaixo da condenação da própria lei, que lhe fora
dada para o seu bem, e não para o seu mal.
Mas para aqueles que têm vencido o pecado, e que
morreram para o pecado, por meio da fé em Cristo, a lei é amada, e é santa,
espiritual e boa, e o mandamento, santo, justo e bom (Rom 7.12,14,16).
A lei revela portanto o quanto somos pecadores por
natureza, e em contraste com isto, o quanto o nosso Deus é santo e justo por
natureza.
A lei diz não cobiçarás, e passamos a entender que
a cobiça pecaminosa não está em Deus e não é aprovada por Ele.
A lei então nos ajuda a ver que a cobiça está em
nós e deve ser removida pela mortificação da carne, pelo
Espírito.
Assim, os dez mandamentos, expostos neste capitulo
vigésimo de Êxodo, são uma súmula de toda a lei moral, e bem poderíamos
chamá-los de Constituição da lei moral, que é regulamentada em toda a Bíblia,
pela especificação e detalhamento destes dez grandes mandamentos.
O primeiro mandamento é “Não terás outros deuses
diante de mim”, e assim é proibido toda sorte de superstição, politeísmo e
ateísmo.
O segundo mandamento é uma extensão do primeiro, e
proíbe a adoração de ídolos em imagens de esculturas, representando qualquer
criatura da terra ou dos céus, ou de qualquer ser que haja em cima nos céus, ou
embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Isto inclui a representação em imagens do próprio
Deus, como haviam feito os israelitas no deserto, com o bezerro de ouro,
dizendo que representava os deuses que haviam libertado Israel da escravidão no
Egito.
O terceiro mandamento proíbe o ato de tomar o nome
de Deus em vão, ou seja, carregar o nome do
Senhor, de se pertencer a Ele, e não viver à altura de tal vocação.
O quarto mandamento ordena a santificação do dia de
sábado, como um dia separado em cada sete, para celebrar a Deus como Criador.
O quinto mandamento ordena a honra devida aos pais.
O sexto mandamento proíbe toda forma de
assassinato, e subentende o dever de se esforçar para preservar a vida do nosso
próximo.
O sétimo mandamento proíbe o adultério, e
subentende toda forma de fornicação.
O oitavo mandamento proíbe toda forma de furto.
O nono mandamento proíbe toda forma de falsidade,
especialmente considerada no testemunho falso com o intuito de prejudicar o
próximo.
E finalmente o décimo mandamento proíbe toda forma
de cobiça, especialmente aquela que é dirigida aos bens do próximo.
Como pode ser observado, apenas os quarto e quinto
mandamentos não consistem de proibições, como os demais.
Isto é uma indicação de que há uma inclinação
natural em toda pessoa a praticar aquilo que é contrário à vontade Deus. Daí as
proibições expressada em forma de mandamentos.
Esta tendência da natureza decaída no pecado deve
ser tratada e vencida para que se possa então praticar e viver tudo o que é
ordenado na Lei.
A Lei aponta portanto para um padrão perfeito de
retidão, baseado na pureza divina.
Assim, olhando para aquilo que somos e aquilo que a
lei exige, nós podemos ser conduzidos à humildade e ao arrependimento,
especialmente se houver um trabalho de convencimento do pecado operado pelo
Espírito.
Pela Lei nós podemos entender que Deus é nosso
Criador, Pai e Senhor, e deve receber de nós, temor, amor, reverência e glória.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 3
A Lei ensina que a justiça e a retidão são uma
alegria para Deus, e a injustiça uma abominação, com a qual ele nunca se alegrará.
Então somos convencidos pela lei que toda a nossa
vida deve ser gasta no cultivo da retidão.
Porque se nós exibimos apenas uma reverência
exterior que não é acompanhada pela retidão interior, nós não poderemos fazer
nenhuma obra legítima que deve ser em justiça, pureza e santidade.
Se buscarmos aquilo que é justo e aprovado por
Deus, Ele nos fortalecerá e capacitará para isto, porque nos tem chamado para
viver em retidão.
A Lei não nos foi dada para ser considerada de um
ponto de vista legalista, isto é, como se houvesse em nós mesmos a habilidade e
condição de cumprir perfeitamente todos os seus preceitos em todo o tempo.
Como que se tivéssemos motivos para achar em nós
mesmos a razão para nos gloriarmos nos preceitos santos, bons e justos da Lei divina.
Ao contrário, quando a consideramos do modo
correto, não legalista, nós compreendemos que a Lei nos humilha quanto à
condição da nossa natureza terrena, corrompida pelo pecado.
Primeiro, contrastando a nossa conduta com a
retidão da Lei, que nos faz ver quão longe estamos de um viver que seja
conforme a vontade de Deus, e em segundo lugar nos fazendo entender que não
somos merecedores de sermos chamados seus filhos, ainda que justificados por
Cristo, porque apesar de o Senhor ter conquistado para nós este direito,
continuamos não merecedores dele, porque todo o mérito é dele e não nosso,
porque somos pecadores que tropeçam em muitas coisas relativas à Lei de Deus
(Tg 3.2).
Quando comparamos também o nosso poder com aquele
que é exigido pela Lei, nos vemos completamente incapacitados para atender com
perfeição àquilo que se exige de nós.
A consequência útil e necessária pois, do exame
cuidadoso da Lei, é o de produzir em nós, desconfiança em nossa própria
capacidade, ao mesmo tempo que devem ser movidas a nossa mente e consciência a
sentirem o fardo da nossa culpa diante do julgamento de Deus, que tem associado
ameaças e castigos à transgressão da Sua vontade.
Convencidos deste modo pela lei, não há nenhum
ponto de segurança senão nos voltarmos para a bondade, longanimidade e
misericórdia de Deus, e confiar inteiramente que Ele tem perdoado nossos
pecados e esquecido a nossa culpa por meio da confissão, que temos depositado
no sacrifício de Cristo e na Sua intercessão em nosso favor como nosso Sumo Sacerdote.
E justificados pela fé, e sendo santificados pelo
Espírito Santo, nos aplicarmos à prática das coisas que nos são ordenadas com
um coração purificado de toda má consciência.
Assim, a nossa confiança deve estar inteiramente em
Cristo, e em nada mais, nem na própria Lei, que neste sentido nada poderá fazer
por nós, senão confirmar a nossa culpa em razão dos nossos pecados.
Devemos portanto buscar ajuda somente em Cristo.
É por isso que os dez mandamentos começam com o
dever de se buscar somente a Deus, e de não se confiar em nenhum outro deus
adorado pelos homens, ou criado pela nossa imaginação, em formato de
esculturas; começam também com o dever de se santificar o nome do Senhor,
dando-Lhe a devida atenção, honra, reverência, apreço, e guardando o culto de
adoração que Lhe é devido de forma regular, ao menos uma vez por semana, pela
cessação de todo outro tipo de atividade ou interesse pessoal, que não seja o
de glorificar o Seu santo nome.
Os quatro primeiros mandamentos, que descrevem tais
deveres para com Deus, tinham na verdade, por alvo, capacitar os israelitas a
prestarem não somente um verdadeiro culto de adoração ao Senhor, como também a
habilitá-los a viverem em santidade e a cumprirem os seus deveres para com o
seu próximo, descritos nos seis últimos mandamentos.
E para incentivar a uma verdadeira prática da Lei e
consideração para com ela, o Senhor associou castigos aos segundo e terceiro
mandamentos, e uma recompensa, ao quarto mandamento, respectivamente, como por
exemplo, que a transgressão da lei traria juízos e castigos, e a obediência,
bênçãos e recompensas.
Assim, a lei não foi dada apenas para nos convencer
de quem é Deus, e de quem nós somos, mas também e sobretudo para ser
efetivamente praticada.
Por isso a Lei enumera uma longa lista de bênçãos e
de maldições (Lev 26; Deut 28) atestando a pureza imaculada de Deus, que não
pode suportar a iniquidade, e o Seu amor infinito à retidão, pelo qual Ele não
pode deixar de recompensar os que praticam a justiça.
Quando afirmou que não veio revogar a Lei e os
profetas Jesus confirmou este princípio de Deus em castigar a injustiça e em
recompensar a prática da justiça.
Ainda que não o faça de forma legalista e
precipitada, pois ao julgar, nunca deixa de lado a sua graça, longanimidade, bondade
e misericórdia.
Então alguém que queira cumprir os mandamentos como
um mero religioso que teme o castigo ou que simplesmente ama a recompensa,
jamais poderá atingir o objetivo fixado por Deus, porque é impossível guardar a
lei com o espírito correto se não se amar a Deus acima de todas as coisas.
É por se amar ao Senhor, pelo desejo sincero de se
viver para Ele, de honrá-lo esquecido da própria honra pessoal, que se recebe
graça da parte do Senhor para se viver de acordo com aquilo que é exigido pela
lei.
Por isso a Bíblia resume toda a lei no amor a Deus
e ao próximo, e resume ainda mais dizendo que o cumprimento da lei é o amor,
isto é, somente amando a Deus e a Sua vontade é possível guardar e cumprir os
seus mandamentos, e este cumprimento será a prova de que amamos de fato ao
Senhor, porque como vimos, isto será uma tarefa impossível, se não o amarmos.
Assim, quando Jesus diz que se O amarmos
guardaremos os seus mandamentos, e que aquele que tem os seus mandamentos e os
guarda, esse é o que O ama, parece que Ele está se referindo muito mais à
consequência do que à causa, isto é, cumprir a lei será consequência de O
amarmos de fato, e não propriamente a causa disto, pois como vimos, é
impossível guardar a lei sem que amemos antes a Deus.
Por isso os quatro primeiros dos Dez mandamentos
descrevem os deveres do homem para com Deus.
A Lei moral de Deus é absoluta e eterna. Ela não
muda como é imutável o próprio Deus.
Jesus não modificou portanto a lei moral, Ele
apenas revelou o seu sentido mais interior.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 4
Vejamos agora cada mandamento em separado:
1 – Primeiro Mandamento
“Não terás outros deuses diante de mim.” (Êx 20.3).
O sentido deste mandamento é que o Senhor terá que
ser glorificado na vida das pessoas do Seu povo, e reivindica a posse delas
como sua propriedade exclusiva.
Um cristão não pertence nem mais a si mesmo, quanto
mais a qualquer outra pessoa ou falso deus.
Tendo sido libertado da escravidão do pecado e da
morte, pelo Senhor, a sua vida pertence inteiramente a Ele.
A palavra para “deuses” usada em Ex 20.3 é Elohim,
que significa no hebraico pluralidade de majestades, de soberanos.
Assim, o sentido no mandamento é a proibição de ter
outros soberanos espirituais sobre o governo de nossas vidas, seja ele de qual
origem for, porque este governo deve pertencer somente e exclusivamente ao
Senhor.
Nisto se proíbe portanto o culto, devoção e busca
de obediência a anjos, demônios, gurus espirituais, ou qualquer entidade física
e espiritual que elejamos para o governo espiritual de nossas vidas.
Ao exigir exclusividade de governo espiritual, o
Senhor também impõe ao seu povo, exclusividade de tudo a que se refere a este
governo, como a saber, a adoração que é devida somente a Ele, a obediência da Sua
vontade tendo prioridade sobre tudo o mais, inclusive sobre a nossa própria
vontade, a entrega total de nossas vidas e futuro, em suas mãos, para o uso e
serviços que bem Lhe aprouver, seja na vida espiritual, sentimental, secular,
emocional, financeira, profissional etc.
O filho de Deus deve buscar conhecer qual é a
vontade do Senhor para cada uma das áreas da sua vida e fazer valer o
cumprimento da Sua boa, santa e agradável vontade, pois é da vontade do Senhor
fazer valer o Seu governo sobre as nossas vidas.
Deste modo. é totalmente errado pensar que devemos
apenas culto de adoração religiosa ao Senhor, e que tudo o mais que se refira
às nossas vidas não deve ser dirigido por Ele, ou mesmo ter a Sua
interferência.
Nós somos ensinados na Bíblia que tudo o que
fizermos deve ser feito para a exclusiva glória de Deus, e para que assim seja
de fato, deve ter a marca da Sua mão poderosa e direção sobre tudo o que
fizermos.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 5
2 – Segundo Mandamento (Êx 20.4-6)
“Não farás para ti imagem de escultura, nem
semelhança, alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o
Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a
terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até
mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.”.
Antes de qualquer comentário, veja que há uma
promessa de misericórdia para aqueles que amam a Deus e guardam os seus
mandamentos, citada no final do versículo sexto.
Como já comentamos antes, esta é a ordem correta:
primeiro amar a Deus, depois guardar os mandamentos, pois já vimos que não é
possível guardar os mandamentos se não amarmos ao Senhor.
Por isso, antes de fazer a vontade de Deus é
preciso aprender a amar esta Sua vontade, e mais do que tudo o próprio Deus.
E Deus promete usar de misericórdia até mil
gerações daqueles que o amam e guardam os seus mandamentos.
Mas, ao mesmo tempo, revela que visita a iniquidade
dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que o aborrecem
fazendo aquilo que Ele proíbe.
A citação pais e filhos, não se refere
particularmente à relação familiar, mas às gerações posteriores (filhos) de
congregações, localidades e até mesmo nações, em relação às anteriores
(filhos).
E esta misericórdia divina (em razão da obediência)
ou visitação de juízos (desobediência)
estão vinculados no mandamento à proibição de adorar imagens de escultura.
O ponto aqui destacado é que o culto e adoração,
especialmente o culto público não deve ser realizado em conformidade com a
imaginação dos homens, mas de acordo com a direção e instruções de Deus,
conforme Ele fixou na lei da Antiga Aliança, para o tabernáculo, e na Nova
Aliança, conforme nos tem ensinado na Bíblia, especialmente pelo ministério de
Jesus e dos apóstolos.
Em suma, o culto deve seguir a norma estabelecida
pelo Senhor em Sua Palavra, e não segundo as tradições e imaginações dos
homens.
Quando o Senhor é desonrado por um povo numa
determinada geração, é bem possível que aquela gente fique privada da Sua santa
presença, ou que seja visitada pelos seus juízos, até a terceira e quarta
geração subsequentes.
Há uma grande responsabilidade sobre os ombros
daqueles que dirigem o culto de Deus aonde quer que seja, pois muito das
bênçãos posteriores, que virão sobre as pessoas daquele local, poderão estar de
alguma forma vinculadas à fidelidade que eles tiveram a Deus no passado.
Uma adoração correta trará a bênção da misericórdia
prometida, especialmente para o perdão dos nosso pecados, e a incorreta, juízos
corretivos.
É somente ao Senhor que deve ser tributada toda
honra, glória e louvor em tudo o que fizermos, porque afinal, nada temos que
não tenhamos recebido dEle, e nada que façamos que não seja pela Sua graça.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 6
3 – Terceiro Mandamento
“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão,
porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.” (Êx
20.7).
O nome de Deus está vinculado à Sua pessoa santa,
justa, soberana, divina.
E a Ele é devida toda a honra, e esta sempre será
pequena por maior que seja, porque nunca será à altura de tão elevada
Majestade, daquele que criou todas as coisas e as governa com a Sua sabedoria,
amor, justiça e poder.
Como pode ser admitido então que alguém tome o Seu
nome em vão?
Qual é a honra que Ele receberá quando se usar o
nome dEle para nenhum propósito?
O uso do Seu santo nome deve estar sempre associado
à adoração, oração, louvor, ensino, pregação, e sempre visando à Sua honra e
glória.
Sempre que nos referirmos a Ele de modo leviano,
impróprio, ou de qualquer outra forma que não Lhe traga a devida honra e
louvor, estaremos pecando.
E Ele diz que não terá por inocente aquele que tomar
o seu nome em vão.
Este mandamento tem o propósito de nos lembrar o
quão elevado e honrado é o nosso Deus.
E o quanto devemos nos esforçar para que este nome
seja santificado pelo testemunho de nossas vidas, assim como Jesus nos ensina
na oração dominical.
Se a própria lei da natureza nos ensina que o nome
de um soberano terreno que seja justo deve ser honrado e estimado, muito mais
devemos ter em honra e estima o nome do Deus Altíssimo, sobre cujo nome, não há
nenhum outro nome, que seja mais elevado.
4 – Quarto Mandamento (Ex 20.8-11)
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.
Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, em teu filho, nem tua
filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das
tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o
mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor
abençoou o dia de sábado, e o santificou.”.
Deus fixou um dia de culto e adoração em cada sete,
para que fosse principalmente lembrado e glorificado como Criador, e para
lembrar o homem que há um alvo adiante para os filhos de Deus, que é entrar no
descanso do Senhor, depois de terem realizado as suas obras na terra, assim
como Deus descansou depois de ter concluído a criação.
Considerando um sentido prático para este
mandamento relativo a este mundo, Deus estabeleceu um referencial para a
humanidade tendo criado tudo em seis dias e tendo descansado no sétimo dia, de
modo que agora pudesse ordenar que em cada seis dias de trabalho, os homens
cessassem todas as suas tarefas rotineiras, de modo a não somente poderem
efetivamente descansar no dia seguinte, sem que isto signifique que temos aqui
uma ordem para ficarem ociosos, pois o que se lhes ordena é que não somente
cessem as suas atividades neste dia, mas que o santifiquem, e para tanto está
implícito aqui o empenho nos serviços de culto e adoração a Deus.
As prescrições cerimoniais relativas ao dia de
sábado, que são detalhadas em outras porções do Pentateuco, comprovam esta
afirmação, e em sendo cerimoniais, muito do que está prescrito para a guarda do
sábado não é aplicável à igreja, pois este era um mandamento relativamente
típico da Antiga Aliança, que foi celebrada exclusivamente com toda a nação de
Israel no chamado período da dispensação da Lei.
Para marcar que na Nova Aliança se celebraria
também ao Senhor como Criador no que se pode chamar de dia de descanso,
tradicionalmente a Igreja em todo o mundo tem separado o domingo, desde a
Igreja Primitiva como dia não somente para celebrar a criação, como também para
celebrar a ressurreição de Cristo, que ocorreu neste dia, e que trouxe à
existência a formação da nova criação espiritual de Deus, as novas criaturas
geradas pelo Espírito Santo,por causa da fé em Cristo.
Assim, além de ser celebrado como Criador, é também
como Redentor.
A escolha do domingo serve também dentro dos
propósitos divinos para marcar a inauguração de uma Nova Aliança, porque a
Igreja não segue o dia de descanso do Antigo Pacto, que é o sábado.
Deus marcou assim que há uma clara distinção entre
a Nova e a Antiga Aliança.
Como o Senhor santificou e abençoou o sétimo dia,
Ele ensinou na Lei dada a Israel que a bênção está associada à santificação, e
esta por sua vez, está relacionada ao descanso do Senhor, que não é
propriamente um lugar, mas uma condição, uma situação, que é alcançada por uma
atitude de quem demonstra externamente que O ama de fato, a ponto de separar
todo um dia para Ele em cada sete, para cuidar dos interesses do reino de Deus.
Assim, não é comum se admitir que um verdadeiro cristão
não se disponha a congregar numa igreja em que juntamente com seus irmãos em
Cristo, separe todos os domingos para cultuar e adorar a Deus.
Pois esta é uma ordenança do próprio Senhor, que é
muito importante e útil para a sua própria santificação e para se manter firme
na fé.
Deste mandamento se depreende que é da vontade de
Deus que o homem trabalhe até o máximo de seis dias em cada sete.
Daí se dizer mesmo no Novo Testamento, que aquele
que não quiser trabalhar também não coma.
O homem deve viver do próprio trabalho de suas
mãos.
Não faz qualquer sentido que o ocioso de todos os
dias separe um dia para cultuar a Deus, pois teria todos os dias disponíveis
para fazê-lo.
Mas seria isto santificar o sétimo dia?
Seria um culto aceitável pelo Senhor?
Seria uma forma de honrá-lo, deixando de trabalhar
quando está no seu alcance o poder de fazê-lo?
Assim, o ato de descansar no sétimo dia está também
implícito o dever de trabalhar nos seis dias antecedentes.
Trabalhar para o próprio sustento e dos seus é um
ato de amor, e um compromisso que temos com Deus.
O trabalhar fazendo todas as coisas com amor é uma
das formas de se honrar a Deus e de se demonstrar por um testemunho vivo, que
se é obediente à Sua vontade, pois o mandamento também diz: “seis dias
trabalharás e farás toda a tua obra.”.
Consideremos
também a sabedoria divina, antes de fechar este assunto, porque se a todos é
ordenado paralisarem suas atividades em determinado dia, regularmente, isto
indica que o propósito de Deus é o de reunir todo o seu povo, para que em
unidade seja adorado por eles. De outro modo, como isto seria possível, se ficasse
ao juízo de cada um, a escolha do dia em cada sete, que pretendessem separar
para cultuar a Deus?
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 7
5 – Quinto Mandamento (Êx 20.12)
“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.”.
Uma das formas de se demonstrar a nossa obediência
e submissão à vontade de Deus é obedecendo e sendo submissos àqueles que Ele
tem constituído sobre nós, a saber, autoridades civis, pastores, anciãos,
maridos em relação a suas esposas, e especialmente os pais, conforme se ordena
neste quinto mandamento.
Deste modo, quem diz honrar a Deus e não honra a
seus pais, especialmente se estes honram ao Senhor, está enganando a si mesmo e
está mentindo.
Assim como João diz que aquele que diz amar a Deus
a quem não vê e não ama a seu próximo, a quem vê, é mentiroso. Ou seja: está se
enganando quando pensa que está de fato amando ao Senhor.
A propósito este é o primeiro mandamento dos seis
que destacam o nosso dever para com o nosso próximo.
E estes seis últimos consistem em obrigações
práticas que demonstrarão se realmente amamos a Deus, pois quem ama o próximo
tem amado a Deus.
Devemos nossa vida a Deus que é o autor de toda a
vida, e isto nos traz o dever de gratidão e de honrá-lo.
Mas para trazer este dom a nós, Deus se vale de
meios, a saber, os nossos pais.
E eles não são apenas os intermediários de Deus
para nos conceder a nossa vida, como também são os meios de nossa subsistência
e manutenção até que possamos caminhar por nós mesmos.
No caso de pais cristãos, que nos tenham ensinado
nos caminhos do Senhor e que tenham orado pela nossa conversão para que
recebêssemos o novo nascimento do Espírito, somos-lhes então devedores de uma
dupla honra.
Deus, que se agrada da gratidão, que nos ordena que
em tudo demos graças, quer que demonstremos a nossa gratidão a nossos pais de
modo prático, honrando-os com a nossa obediência e com recompensá-los por tudo
que fizeram por nós.
Nossa gratidão a Deus pelos Seus benefícios que nos
foram e são concedidos, deve ser expressada em serviço amoroso, e de igual modo
a nossa gratidão a nossos pais deveria ser expressada da mesma forma.
E tão agradável é ao Senhor que demonstremos esta
submissão, obediência, gratidão a nossos pais, honrando-os, de maneira que
nunca sejamos motivo de desgosto para eles, senão de contentamento e honra, que
Ele acrescentou uma promessa de bênção associada ao mandamento, dizendo que
prolongaria a vida na terra de todos os que honrassem seus pais.
E isto inclui certamente proteção e provimento de
boa saúde.
Ainda que não vejamos ou saibamos, haverá este
cuidado especial prometido por Deus àqueles que obedecerem este mandamento.
Evidentemente, outros fatores pesam em favor de se
ter uma vida longa na terra, e assim, quem morre em tenra idade não significa
que terá sido necessariamente por ter desonrado a seus pais.
Nem mesmo o oposto é verdadeiro, isto é, que todo o
que tiver morrido em avançada velhice é porque honrou a seus pais.
Mas todos aqueles que têm honrado a seus pais podem
estar certos de que neste particular têm agradado a Deus.
Entretanto devemos lembrar que não nos é dado
escolher guardar um mandamento e negligenciar outro.
Pois um viver verdadeiramente abençoado depende de
se empenhar em guardar e honrar todos os mandamentos de Deus.
Assim aprendemos com Tiago o que ele diz em Tg
2.10,11: “Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se
torna culpado de todos. Porquanto aquele que disse: Não adulterarás, também
ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém, matas, vens a ser
transgressor da lei.”.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 8
6 – Sexto Mandamento
“Não matarás.” (Êx 20.13).
Excetuando-se os casos de julgamento estipulados
pela própria lei, que determinava a morte de quem matasse com dolo, e do
exercício regular da magistratura para julgar os crimes praticados pelos
homens, Deus revela na lei, e especialmente neste mandamento, que todo homem
deve se esforçar para preservar a vida do seu próximo, e não para exterminá-la.
Deus condena o homicídio, especialmente se este é
praticado com violência e motivado pelo ódio.
Cabe destacar que o julgamento dos juízes deveria
ser imparcial e nunca pessoal, para que não fosse afetado por motivações
erradas como desejos de vingança acompanhados de violência.
Deus é o autor da vida e somente a Ele cabe o
direito de tirá-la, mesmo na concessão que fez para os casos de legítima
defesa, para repelir ataques sofridos por inimigos, e mesmo em se tratando de
defesa pessoal, ou ainda nas situações passadas em julgado em juízo, pois que
tudo isto foi regulamentado pelo próprio Deus na lei, conforme se vê no
restante do Pentateuco.
O mandamento proíbe então, por princípio, todo
homicídio injustificado, motivado pelo pecado em desejos odiosos voltados
contra o próximo.
O homem deve amar o seu inimigo e não destruí-lo.
Deve dar de comer a seu inimigo se tiver fome, e dar-lhe de beber se tiver
sede, e não buscar o seu mal.
Se Jesus definiu o ódio contra o próximo como o
próprio ato de homicídio, devemos nos guardar de toda ira injustificada e
imprópria, de forma que esta não venha a se transformar no motivo do nosso
próprio julgamento pelo Senhor, pois ele tem dito que aquele que se irar contra
seu irmão sem motivo é réu de julgamento.
É coisa agradável a Deus que tenhamos vida quieta e
sossegada. Mas jamais se poderá ter isto com um espírito encolerizado.
O sentido interior do mandamento vai pois muito
além do ato de se tirar a vida física de alguém, pois o apóstolo João afirma
que aquele que odeia a seu irmão é assassino (I Jo 3.15).
Desta forma, aquele que odeia, não pode permanecer
no amor de Deus, que é o vínculo da unidade.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 9
7 – Sétimo Mandamento (Êx 20.14)
“Não adulterarás.”.
O sentido deste mandamento é que Deus ama a pureza,
e assim, nós deveríamos evitar todo tipo de impureza.
Jesus diz que bem-aventurados são os limpos de
coração porque verão a Deus (Mt 5.8).
Não adulterar é uma das formas de se manter limpo o
coração.
Jesus definiu o adultério como o olhar para uma
mulher com intenção impura.
Não é necessariamente pois e somente o ato
consumado de se deitar com outra pessoa que não seja o seu marido ou esposa.
O adulterar tem pois a ver aos olhos de Deus com
qualquer impureza ou excesso libidinoso que suja o coração do homem, e torna o
seu espírito incompatível à comunhão com Deus que é inteiramente puro e santo.
A pureza é pois a virtude oposta ao adultério, pois
é por ela que se guarda o coração naquela condição compatível com a santidade
de Deus.
E o adultério significa exatamente aquilo que
estraga, corrompe, altera esta condição de compatibilidade, e ofende primeiro
ao Senhor a quem devemos fidelidade, e também aos demais para os quais nossa
fidelidade é devida.
O adultério é pois mais uma disposição interna, uma
atitude do coração, do que propriamente a consumação de um ato.
Paulo afirma em I Tes 4.3-8: “Porque esta é a
vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da
prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra,
não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão,
porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos
e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a
santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus,
que vos dá o seu Espírito Santo.”.
E ainda o mesmo apóstolo afirma em I Cor 6.15-20:
“Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os
membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não
sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi
dito, os dois serão uma só carne. Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito
com ele. Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora
do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis
que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual
possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados
por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.”.
A palavra hebraica para adultério, neaf, é da mesma
raiz da palavra apostatar, e sabemos que apostasia significa o abandono da
posição de fidelidade, aqui no caso, pode ser considerada o abandonar a
fidelidade a Deus, ao cônjuge, ou a qualquer posição de fidelidade em que se
encontrava anteriormente.
Por exemplo, o ato de não ser fiel à
pregação da exata Palavra revelada de Deus é considerado um ato de adulteração
da Sua Palavra.
Portanto há muitos aspectos a serem
considerados no mandamento não adulterarás do que somente a infidelidade aos
votos matrimoniais.
E em síntese podemos afirmar que o
mandamento aponta pelo seu oposto, ao dever de sermos sempre fiéis aos
relacionamentos aos quais estamos compromissados pela vontade de Deus.
OS
DEZ MANDAMENTOS – Parte 10
8 – Oitavo Mandamento (Êx 20.15)
“Não furtarás.”.
Se
por princípio, como de fato ocorre, nada podemos fazer a não ser por permissão
ou concessão de Deus, pois está em Seu poder nos abrir portas ou fechá-las,
impedir-nos de avançar ou fazer-nos avançar; de nos enfermar ou manter
saudáveis; de nos conceder ou não dons e talentos, então é correto afirmar que
tudo o que uma pessoa possa obter neste mundo, terá sido por esta permissão ou
concessão divinas.
Em sendo assim, tudo o que obtivermos
de modo fraudulento e desonesto, por meio de roubo ou furto, também ocorrerá
dentro desta permissão de Deus, mas não de sua concessão e muito menos
consentimento, pois o mandamento afirma: “não furtarás.”.
O mandamento aponta pois em essência
para o dever de todo homem de se contentar com aquilo que possui, e de ser
honesto em tudo aquilo que fizer, primando sempre em não trazer qualquer
prejuízo ao seu próximo, tirando dele o que lhe pertence por direito, natural
ou legal.
Deus prometeu cuidar de todas as
necessidades de Seu povo, e assim, se alguém dentre os cristãos, se entrega à
prática de furtos pensando necessitar disto para garantir a sua sobrevivência,
está dando, antes de tudo uma grande prova da sua incredulidade quanto à grande
verdade que Deus proverá todas as necessidades de seus filhos.
E sabendo que Deus provê, o mandamento
por outro lado nos alerta sobre o dever de dar e emprestar para promover o bem
do nosso próximo, em vez de o prejudicarmos defraudando-o, pois o Senhor tem
prometido dar com medida sacudida e recalcada a todo o que der generosamente.
Quanto mais o homem semear, mais ele colherá.
Assim, o caminho para a verdadeira prosperidade não é furtar, mas ao contrário,
dar e emprestar. Pois o que dá e empresta será abençoado por Deus, e o que
furta será castigado e corrigido por Ele, pois o mandamento diz: “não
furtarás.”.
9 – Nono Mandamento (Êx 20.16)
“Não darás falso testemunho contra o
teu próximo.”.
O sentido deste mandamento é que Deus é
a verdade e portanto abomina a falsidade, e por conseguinte é nosso dever
cultivar a verdade e a sinceridade de uns para com os outros.
Então nunca devemos prejudicar o nosso
próximo com calúnias e falsas acusações, não apenas em juízo, como também na
vida privada, por meio de mexericos contra a sua pessoa com a clara intenção de
prejudicar a sua reputação, honra, ou causar-lhe qualquer outro tipo de dano.
Evidentemente, está embutido neste
mandamento, um outro de mesma natureza: “não mentirás.”.
Se Deus é a verdade, Ele é certamente
contra todo tipo de mentira, e a Bíblia ensina claramente que o pai da mentira
e do engano é o diabo.
Satanás ataca a reputação do próprio
Deus e procura convencer as pessoas por meio de enganos, que Deus não é bom,
não é verdadeiro, não é fiel, não é justo, apontando-lhes principalmente os
sofrimentos que têm neste mundo, mas nunca lhes diz que tudo isto é consequência
do pecado, e não por causa de uma suposta indiferença de Deus para com os
sofrimentos da humanidade.
Desta forma, o diabo tem espalhado todo
tipo de juízo falso, seja baseado na ignorância ou não dos homens, que conduz a
toda sorte de afirmações mentirosas por parte deles, a respeito de Deus e do
próximo, por avaliações que são baseadas em aparências, na própria maldade, e
quase nunca na justiça e na verdade.
Ao ordenar que não se dê falso
testemunho contra o próximo, não se deve julgar que toda verdade relativa ao
próximo deve ser testemunhada contra ele.
Pois o amor cobre multidão de pecados,
e há situações em que pecados que não sejam de domínio público e nem contra o
corpo de Cristo, senão contra a própria pessoa que o praticou, devem ser tratados
com mansidão e longanimidade, por aqueles que são espirituais, pois o
mandamento evangélico é que os fracos devem ser amparados, os desanimados
consolados, sermos longânimos para com todos, e mesmo os insubmissos devem ser
admoestados, isto é, aconselhados (I Tes 5.14).
O nono mandamento tem em vista
principalmente preservar a honra do próximo, e certamente isto não seria
alcançado se toda verdade relativa ao que tenha feito venha ao domínio do
conhecimento público, a pretexto de que temos o dever de expor toda a verdade.
A verdade deve ser sempre seguida, mas
devemos também sempre lembrar que a misericórdia triunfa no juízo.
Se em nosso zelo pela verdade formos
tomados pelo desejo de expor a pessoa à vergonha pública, já não andaremos de
acordo com esta mesma verdade, que nos impõe o dever de levarmos as cargas uns
dos outros (Gál 6.1,2).
10 – Décimo Mandamento (Êx 20.17)
“Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o
seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que pertença ao teu próximo.”.
O pecado da cobiça é geralmente
alimentado pelo pecado da inveja.
Deus é amor, e o amor não é invejoso,
porque em vez de se entristecer com a prosperidade do próximo, ao contrário se
alegra com ela, porque vê nisto a manifestação dos atos de bondade de Deus.
A inveja é um pecado terrível que não
admite que outros sejam ou tenham mais bens e honra do que nós.
E assim não somente se alegra com a
ruína do próximo, como também não admite que ele sequer se aproxime
perigosamente, segundo a nossa perspectiva invejosa, do mesmo nível em que nos
encontramos.
A cura deste pecado está em nos
compararmos com Deus que é infinitamente mais elevado do que nós, e assim
seremos mantidos em humildade ao nos compararmos com outros, vendo que por mais
que um homem, seja quem for, possa ser ou ter neste mundo, comparado com o que
Deus é e possui, ele é menos do que uma gota que cai de um balde, e assim,
estaremos guardados por conseguinte do pecado da cobiça, por pensar que seremos
felizes se tivermos ou formos mais do que a pessoa que invejamos é ou possui.
Na parte final deste vigésimo capítulo
está registrado que Deus argumentou contra a idolatria do povo, visto que lhes
havia falado dos céus (20.22,23). E os ídolos têm boca e não falam. Mas o Deus
de Israel falou com eles e não viram nenhuma aparência, e isto seria portanto
suficiente para desencorajá-los a tentarem representá-lo sobre qualquer tipo de
forma, que acabaria por configurar uma adoração a outros deuses, pois que Deus,
que é espírito, não pode ser representado por imagens fabricadas pelos homens
ou até mesmo pelos anjos.
O ídolo jamais será o próprio Deus, que
é vivo e é o Criador dos céus e da terra e de tudo que neles há.
Desta forma, o ídolo seria mais uma
criatura, não de Deus, mas do homem, pois somente Deus é Criador, pois tudo o
mais que existe quer nos céus, quer na terra, é fruto do Seu trabalho de
criação.
Assim, em vez de tentarem representá-lo por meio de
imagens de escultura, deveriam erigir altares para que lhe oferecessem neles os
seus sacrifícios e ofertas pacíficas, para o propósito de celebrar a memória do
Seu santo nome, e para que o povo fosse abençoado por Ele.
Provavelmente para evitar a tentação da carne em tentar
honrar a Deus com objetos de prata ou de ouro, ou outras pedras finamente
esculpidas com formas que no final seriam uma inclinação para a idolatria, o
Senhor ordenou que os altares deveriam ser de terra ou de pedras não lavradas,
e se fosse desobedecido nisto, ele consideraria os altares como tendo sido
profanados. E com vistas a fixar o decoro e a santidade exigidos no Seu serviço
de adoração, vedou também a construção de degraus para subirem aos altares,
para que não fosse exposta a nudez dos sacerdotes.
Baseado em Êxodo 20
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