Bildade parece ter reconhecido afinal que de fato,
tal como Jó falara anteriormente, que Deus não estabelece tribunais de
Julgamento de tempos em tempos na terra, para expor a iniquidade dos ímpios.
Ao contrário, como Jó falara, era e permanece um
fato notório a prosperidade dos ímpios neste mundo. Na verdade são eles que
detêm as maiores riquezas da terra, e que se encontram nas posições de honra,
destaque, fama e governo entre os homens. Não é comum que os justos ocupem tais
posições.
No entanto, Deus afirma que está em guerra com o
ímpio.
Como se pode então entender esta realidade que é
exatamente nas mãos deles que Deus permite que estejam os bens e as rédeas do
mundo?
Parece então que Bildade resolveu nivelar tudo, e
declarar somente Deus como justo e santo, e colocou toda a humanidade na
condição de vermes e vermezinhos, inclusive os que se consideram justos, porque
declarou que não há possibilidade de o homem ser justo diante de Deus, em face
do pecado que domina sobre a terra.
Todavia, esta teologia de Bildade é apenas uma
teologia de quem entregou as armas e que se cansou do debate sobre a
prosperidade dos ímpios que vinha travando com Jó, juntamente com os seus
demais amigos.
Não é uma teologia correta, porque o homem pode ser
justo sim, mas somente pelo caminho da justificação pela fé. Deus declara o cristão
justo na justificação, e implanta a Sua justiça nele, gradualmente começando na
regeneração, e avançando na santificação.
E se a rigor todos podem ser chamados de
vermezinhos, inclusive os justos, enquanto vivem neste mundo, a grande verdade
é que estes vermezinhos justos são transformados (metamorfose) espiritualmente,
deixando de ser vermes para alcançarem a glória do céu, tal como os casulos que
se transformam em borboletas; todavia, não se pode dizer o mesmo dos
vermezinhos ímpios que se aprofundarão cada vez mais na lama até caírem nas
profundezas do inferno, e nunca, jamais, deixarão o seu estado de vermes.
Mas estas verdades espirituais estavam debaixo da
sombra do Velho Testamento, e vieram à luz plena somente na dispensação do
evangelho, conforme a revelação que nos foi feita por nosso Senhor Jesus
Cristo.
O livro de Jó revela como os homens andavam às
apalpadelas à busca de uma revelação que seria feita aberta, direta e
completamente, somente em Jesus Cristo, conforme foi do desígnio do Pai, que
nEle residisse toda a plenitude, inclusive esta relativa à revelação da
verdade.
É então demonstração de grande amor, bondade e
misericórdia, para com a humanidade caída no pecado, pregar a verdade do
evangelho, que expõe claramente que não é nenhuma prosperidade duradoura e
eterna a que se tem à custa de um viver afastado de Deus e da Sua vontade,
revelada na Bíblia.
E isto coloca uma pá de cal nesta teologia malfazeja
dos amigos de Jó, que tem atravessado os séculos e dado a muitos a falsa
impressão de que ser bem sucedido segundo o mundo é sinônimo de se estar sendo
abençoado e aprovado por Deus, independentemente do modo que se viva, porque
aqueles que assim pensa, estão cegos quanto à Sua vontade divina, uma vez que
não têm a graça de Jesus, que é único colírio que pode nos curar para que
possamos ver o mundo espiritual e fazer uma justa avaliação da verdade. Colírio
este que pode ser adquirido somente pelo arrependimento e mediante a fé.
“1 Então respondeu Bildade, o suíta:
2 Com Deus estão domínio e temor; ele faz reinar a
paz nas suas alturas.
3 Acaso têm número os seus exércitos? E sobre quem
não se levanta a sua luz?
4 Como, pois, pode o homem ser justo diante de Deus,
e como pode ser puro aquele que nasce da mulher?
5 Eis que até a lua não tem brilho, e as estrelas
não são puras aos olhos dele;
6 quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do
homem, que é um vermezinho!” (Jó 25)
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