domingo, 20 de janeiro de 2013

Eclesiastes 12



A fase da terceira idade não necessita ser vista como Salomão a via e a chamou, ou seja de “maus dias nos quais não se tem prazer”, como  se os bons dias fossem ditados somente pelo fato de se ter vigor e prazer.
Não é de modo nenhum este ensino que nós encontramos nos profetas e nas Escrituras de  um modo geral, porque é afirmado que “os velhos terão sonhos”, que “ainda darão frutos na velhice”, e que até mesmo a morte dos santos é algo bem-aventurado, porque as suas obras feitas em Deus lhes seguirão para efeito de galardão.
E é certo que quanto maior tempo de vida tivermos, tanto maior poderá ser o nosso galardão, em razão de se ter um tempo maior para praticar o bem, fazendo o que é agradável a Deus.
Salomão estava falando da sua própria experiência de vida quando chegou à velhice, e não do modo como esta deve ser encarada por todos.
Este modo, é na verdade visto somente por aqueles que esfriaram na comunhão com Deus, ou então, que sendo ímpios não conhecem ao Senhor, porque para estes, a velhice é de fato algo que eles acharão algo ruim e penoso, porque lhes privará não somente de muitos prazeres, como também lhes poderá trazer muitas limitações tanto físicas quanto mentais, ainda que não se possa fazer disto uma regra geral. 
Salomão descreve a velhice até a morte, dos versos 2 a 7, usando metáforas, para se referir à condição em que serão achados nesta fase da vida, algumas partes do corpo.
Então ele afirma que: neste período da vida, o sol e a lua perderão o seu brilho e haverá escuridão, referindo-se ao enfraquecimento da visão e obscurecimento das faculdades intelectuais e o enfraquecimento da memória (v. 2); que os guardas da casa tremerão, ou seja, haverá tremores nos braços e nas mãos, dificultando que sejam usados para a proteção pessoal de ataques físicos que nos sejam dirigidos por outros; que os homens fortes se curvarão, a saber, a firmeza das pernas já não será a mesma; que os moedores cessarão, uma referência à perda e enfraquecimento dos dentes; que os que olham pelas janelas se escurecerão, novamente uma referência ao enfraquecimento da visão; que as portas da rua se fecharão, ou seja, quando se é velho já não se tem mais prazer em entretenimentos e passeios, e é comum que se permaneça muito mais tempo em casa; que o ruído da moedura será baixo, ou seja, uma voz fraca pela dificuldade de se mover os lábios; que o simples cantar das aves nos fará levantar, porque já não haverá mais a tolerância a ruídos como têm os jovens, e o sono pode ser perturbado pelo menor ruído quando se é idoso; que todas as filhas da música ficarão abatidas, ou seja não se terá mais o prazer de ouvir músicas, como Salomão tinha com os muitos cantores que havia em sua corte; que temerão o que é alto, porque os idosos temem lugares altos por causa de possíveis quedas; que terão espantos no caminho, a saber, o evitar passeios pelo temor de cair e quebrar os ossos fracos do corpo; que a amendoeira florescerá, ou seja os cabelos ficarão brancos; que o gafanhoto será um peso, e consequentemente o desejo falhará,  isto é, o membro viril não responderá mais ao desejo sexual; e finalmente chegará o dia da morte que é o último estágio da velhice avançada quando o homem vai para a sua casa eterna, ou seja, quando o seu espírito atingirá o estado de eternidade.
E a morte será uma ocasião de tristeza para os nossos amigos e aqueles que nos amam. 
Todavia a morte prestará um bom serviço ao cristão porque desfará o seu tabernáculo terreno para que possa ser revestido daquele que é celestial e eterno.
 Então, como se afirma no verso 6, será rompida a corda de prata que unia firmemente o espírito ao corpo.
Este nó que os unia será desatado pela morte e estes velhos amigos serão forçados a se separarem.
Então o copo de ouro que retinha a vida do espírito, que é o nosso corpo, será quebrado para que o espírito seja liberado, e assim o cântaro com o qual nós buscávamos a água da fonte da vida, será quebrado junto à mesma; e a roda (os membros que nos permitiam nos movimentarmos e nos nutrimos) serão desfeitos na sepultura, à qual Salomão chama de cisterna.
O coração parou de bater, o sangue também parou de circular.
Todas as fontes vitais do corpo cessaram na morte e ele será desfeito no pó do qual fora tirado no princípio para a formação do primeiro homem, porque deve ser cumprida a maldição de Deus sobre o corpo para que volte ao pó na morte, por causa do pecado original, todavia tal maldição não foi dada ao espírito, que retornará ao domínio de Deus, e portanto, não será dissolvido (v. 7). 
Então, quanto às coisas deste mundo natural, de fato pode-se dizer que tudo é vaidade (v. 8), porque nada subsistirá porque será desfeito pelo uso ou destruído pela morte.   
Com a descrição da morte, Salomão encerrou o seu discurso, e o que temos do verso 9 ao 14, são palavras finais, não de saudação, como nas epístolas de Paulo, mas de alerta, de exaltação da sabedoria, e da sua própria sabedoria que ele afirma ter recebido do único pastor, que é o Senhor (v. 11).
Ele havia escrito muitos cânticos e provérbios, como vemos em I Reis 4.32,33, e discorreu sobre botânica e zoologia em vários tratados. 

“Compôs três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco. Discorreu sobre todas as plantas, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que brota do muro; também falou dos animais e das aves, dos répteis e dos peixes” (I Reis 4:32-33).

Todavia, deu o conselho que vemos no verso 12 deste último capítulo de Eclesiastes:

“Além disso, filho meu, sê avisado. De fazer muitos livros não há fim; e o muito estudar é enfado da carne.” (v. 12)

Então ele conclui o livro com a advertência de que havia escrito para o propósito de lembrarmos que afinal, o dever do homem consiste em temer a Deus e guardar os Seus mandamentos, porque o Senhor julgará toda obra, e até aquilo que está encoberto, seja bom ou mau (v. 13, 14). Isto está plenamente de acordo com o ensino do Novo Testamento acerca do Tribunal de Cristo, conforme podemos ver nas seguintes palavras do apóstolo Paulo:
 
“Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal.” (II Cor 5.10)



“1 Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles;
2 antes que se escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;
3 no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas,
4 e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas;
5 como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;
6 antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,
7 e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.
8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.
9 Além de ser sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios.
10 Procurou o pregador achar palavras agradáveis, e escreveu com acerto discursos plenos de verdade.
11 As palavras dos sábios são como aguilhões; e como pregos bem fixados são as palavras coligidas dos mestres, as quais foram dadas pelo único pastor.
12 Além disso, filho meu, sê avisado. De fazer muitos livros não há fim; e o muito estudar é enfado da carne.
13 Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem.
14 Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.”


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