Três
capítulos foram dedicados aos juízos contra Tiro, e contra o Egito são
dedicados quatro capítulos a contar com este.
Esta
profecia foi dada no décimo ano, no décimo mês, no dia doze do mês (v. 1).
E o
início do sítio de Jerusalém por Babilônia ocorreu no décimo dia, do décimo
mês, do nono ano do reinado de Zedequias, e a sua preparação é citada neste
presente capítulo.
Esta
profecia fora dada portanto, quando já havia decorrido exatamente um ano de
sítio de Jerusalém por parte dos babilônios.
Nos
últimos dias dos reis de Judá e de Israel, o Egito vinha mantendo boas relações
diplomáticas com as duas casas de Jacó, a saber, a de Judá, e a de Israel.
Então,
os israelitas haviam desviado a confiança deles do braço do Senhor para
livrá-los das ameaças das nações vizinhas, para colocá-la inteiramente na
aliança que tinha com o Egito, que sendo na época uma nação mais poderosa do
que os vizinhos de Israel, seria uma garantia para a segurança deles, assim
como sucede nos dias de hoje, na aliança que Israel mantém com os EUA.
Todavia,
eles eram o povo do Senhor naquela Antiga Aliança, e a política internacional
não funcionava para eles, como para as demais nações pagãs, porque o Senhor
lhes havia vocacionado para serem cabeça das nações e não cauda, e muito menos
dependentes de qualquer poder terreno, porque Ele mesmo seria o escudo e a
espada de Israel.
É
somente com isto em vista que podemos entender o vigor das repreensões
dirigidas tanto contra os judeus, quanto contra os egípcios, que encontramos
não apenas no livro de Ezequiel, como nos livros de outros profetas da Bíblia.
Então
seria vã a confiança que os judeus estavam depositando no Egito para que fossem
livrados do cerco dos babilônios, que já durava um ano, e que se prolongaria
por mais oito meses, até serem deportados para Babilônia.
A
glória do Egito era o rio Nilo, que é o maior rio do mundo em extensão, com
todos os seus afluentes, então o juízo é dirigido contra os egípcios e os seus
rios, que eles adoravam como deuses.
O juízo
nesta profecia, no entanto, é dirigido especialmente contra o próprio faraó,
que se afirmava um deus ainda maior que o próprio rio Nilo, dizendo que fora
ele quem o criara.
Então é
predita a desolação da terra do Egito por Nabucodonosor, e que ficaria em tal
condição por 40 anos, e que somente depois de cumprido tal tempo, eles seriam
restaurados, e isto corresponderia à queda de Babilônia sob a Média e Pérsia,
quando todas as nações que estavam cativas em Babilônia, seriam libertadas de
volta às suas próprias terras.
No
vigésimo quinto capítulo do livro do profeta Jeremias, nós temos o seguinte
registro no seu primeiro versículo:
“A
palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá, no ano quarto de
Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que era o primeiro ano de
Nabucodonosor, rei de Babilônia,” (Jer 25.1)
Nós vemos portanto, que o primeiro ano de
reinado de Nabucodonosor, correspondeu ao quarto ano de reinado do rei Jeoaquim
de Judá.
No
décimo primeiro ano do seu reinado Jeoaquim foi morto por Nabucodonosor, quando
Joaquim foi posto para reinar em seu lugar, tendo ficado no trono por apenas
três meses, sendo deportado para Babilônia.
Vemos
então que o primeiro ano de cativeiro do rei Joaquim correspondeu ao oitavo ano
do reinado de Nabucodonosor.
Para
calcular portanto o tempo de reinado deste rei, em relação às datas
concernentes ao cativeiro, que são citadas por Ezequiel em seu livro, basta
somar oito anos às mesmas (11 – 4 + 1 inclusive = 8).
Isto é
também deduzido do que lemos em Jeremias 32.1, porque se afirma que o décimo
ano de reinado de Zedequias correspondeu ao décimo oitavo de Nabucodonosor.
Ora, se
Zedequias começou a reinar no oitavo ano de reinado de Nabucodonosor, como
vimos anteriormente, porque foi entronizado quando o rei Joaquim foi levado
para Babilônia, então está confirmado que Nabucodonosor estava no oitavo ano do
seu reinado quando Joaquiam, Ezequiel, Daniel, estavam no seu primeiro ano de
cativeiro, porque temos: 8 anos de Nabucodonosor até Zedequias + 10 anos de
reinado de Zedequias, como citado em Jer 32.1 = 18 anos de reinado de
Nabucodonosor.
“Palavra que veio a Jeremias
da parte do SENHOR, no ano décimo de Zedequias, rei de Judá, ou décimo oitavo
de Nabucodonosor.” (Jer 32.1).
Nós
temos inserida neste capítulo, a partir do verso 17, uma citação ao cumprimento
das predições contra Tiro, anunciadas nos capítulos anteriores, que foram
executadas por Nabucodonosor no vigésimo sétimo ano do cativeiro de Joaquim,
portanto, trigésimo quinto ano do reinado de Nabucodonosor (27 + 8 = 35). E
isto serviria de sinal para a queda do Egito que se daria logo em seguida (v.
19).
Nabucodonosor
reinou por 45 anos, e seu filho Evil-Merodaque, 23 anos, e seu filho Belsazar,
que o sucedeu no trono, reinou apenas 2 anos, porque foi nos seus dias que o
reino de Babilônia caiu na mão da Média e da Pérsia.
O
somatório destes anos corresponde aos 70 anos de cativeiro de Judá, e ao
período de tempo que outras nações ficariam no poder de Babilônia enquanto ela
estivesse imperando sobre o mundo.
Como é
dito na profecia deste capítulo de Ezequiel que o tempo de permanência do Egito
no cativeiro seria de 40 anos, podemos então supor que o início do cativeiro
daquela nação tenha começado a partir do trigésimo ano do reinado de
Nabucodonosor, e que tenha havido uma leva maior de cativos, após o trigésimo
quinto ano do seu reinado em Babilônia.
“1 No
décimo ano, no décimo mês, no dia doze do mês, veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
2 Filho
do homem, dirige o teu rosto contra Faraó, rei do Egito, e profetiza contra ele
e contra todo o Egito.
3 Fala,
e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito,
grande dragão, que pousas no meio dos teus rios, e que dizes: O meu rio é meu,
e eu o fiz para mim.
4 Mas
eu porei anzóis em teus queixos, e farei que os peixes dos teus rios se apeguem
às tuas escamas; e tirar-te-ei dos teus rios, juntamente com todos os peixes
dos teus rios que se apegam às tuas escamas.
5 E te
lançarei no deserto, a ti e a todos os peixes dos teus rios; sobre a face do
campo cairás; não serás recolhido nem ajuntado. Aos animais da terra e às aves
do céu te dei por pasto.
6 E
saberão todos os moradores do Egito que eu sou o Senhor, porque tu tens sido um
bordão de cana para a casa de Israel.
7
Tomando-te eles na mão, tu te quebraste e lhes rasgaste todo o ombro; e quando
em ti se apoiaram, tu te quebraste, fazendo estremecer todos os seus lombos.
8
Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu trarei sobre ti a espada, e de ti
exterminarei homem e animal.
9 E a
terra do Egito se tornará em desolação e deserto; e saberão que eu sou o
Senhor. Porquanto disseste: O rio é meu, e eu o fiz;
10 por
isso eis que eu estou contra ti e contra os teus rios; e tornarei a terra do
Egito em desertas e assoladas solidões, desde Migdol de Sevené até os confins
da Etiópia.
11 Não
passará por ela pé de homem, nem pé de animal passará por ela, nem será
habitada durante quarenta anos.
12
Assim tornarei a terra do Egito em desolação no meio das terras assoladas, e as
suas cidades no meio das cidades assoladas ficarão desertas por quarenta anos;
e espalharei os egípcios entre as nações, e os dispersarei pelos países.
13 Pois
assim diz o Senhor Deus: Ao cabo de quarenta anos ajuntarei os egípcios dentre
os povos entre os quais foram espalhados.
14 E
restaurarei do cativeiro os egípcios, e os farei voltar à terra de Patros, à
sua terra natal; e serão ali um reino humilde;
15 mais
humilde se fará do que os outros reinos, e nunca mais se exalçará sobre as
nações; e eu os diminuirei, para que não mais dominem sobre as nações.
16 E
não será mais a confiança da casa de Israel e a ocasião de ser lembrada a sua
iniquidade, quando se virarem para olhar após eles; antes saberão que eu sou o
Senhor Deus.
17 E
sucedeu que, no ano vinte e sete, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, veio
a mim a palavra do Senhor, dizendo:
18
Filho do homem, Nabucodonosor, rei de Babilônia, fez com que o seu exército
prestasse um grande serviço contra Tiro. Toda cabeça se tornou calva, e todo ombro
se pelou; contudo não houve paga da parte de Tiro para ele, nem para o seu
exército, pelo serviço que prestou contra ela.
19
Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu darei a Nabucodonosor, rei de
Babilônia, a terra do Egito; assim levará ele a multidão dela, como tomará o
seu despojo e roubará a sua presa; e isso será a paga para o seu exército.
20 Como
recompensa do serviço que me prestou, pois trabalhou por mim, eu lhe dei a
terra do Egito, diz o Senhor Deus.
21
Naquele dia farei brotar um chifre para a casa de Israel; e te concederei que
abras a boca no meio deles; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 29)
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