Pelo desígnio de Deus, o rei Assuero fez de Ester sua rainha, e agora
pelo propósito de Satanás, Hamã foi colocado como o segundo homem em
importância no reino, depois dele.
Diz-se deste Hamã, que era um agagita, isto é, um dos descendentes de Agague,
rei dos amalequitas que havia sido poupado por Saul, que havia desobedecido ao
mandado de Deus de destruir totalmente os amalequitas.
A desobediência de Saul trouxe várias dificuldades para os judeus em dias
posteriores ao dele, e agora também nos dias de Ester, com a subida a uma
posição elevada no reino da Pérsia de um dos descendentes daquele povo, que
desde a saída dos israelitas do Egito com Moisés, havia demonstrado um ódio
mortal e gratuito pelos judeus.
Como o rei havia ordenado ao povo que se inclinasse e se prostrasse
diante de Hamã toda vez que passasse por eles, o único que se recusou a fazê-lo
foi Mardoqueu, porque não era costume dos judeus, que temiam verdadeiramente a
Deus, adorarem a qualquer homem ou ídolo.
Ele não se recusou a reverenciá-lo pelo poder legal do qual estava
constituído, mas pelo ato de adoração que importava aquele gesto, na maneira
como fora formulado.
Tendo a recusa de Mardoqueu despertado grande fúria em Hamã, ele intentou
não apenas matá-lo por causa da simples recusa, mas por saber que era um judeu.
Então conseguiu convencer ao rei, quando lançavam Pur no último mês do
ano, para fazerem previsões para cada mês do ano seguinte, como era o costume
deles, caiu no décimo terceiro dia do décimo segundo mês, do ano seguinte, a
data em que todas as províncias da Pérsia deveriam se levantar em perseguição a
todos os judeus para exterminá-los, fossem velhos ou mesmo crianças, tanto
mulheres quanto homens.
O motivo alegado por Hamã foi o de que os judeus eram o único povo das
demais nações dominadas pela Pérsia que seguiam as suas próprias leis, e que de
modo algum se deixariam dobrar para cumprir os decretos reais da Pérsia.
A sorte já estava lançada (Pur), e é daí que se passou a usar tal
expressão quando alguém se encontra numa situação de crise que necessite ser
vencida com o auxílio de Deus, porque percebe que o Inimigo tem se levantado
com seus planos infernais para desviar o povo do Senhor da fidelidade que é
devida a Ele.
Enquanto estivermos neste mundo devemos estar convictos de que Satanás
sempre usará seus Hamãs para tentar destruir os servos de Deus.
Mas, o Senhor se antecipa para proteger o Seu povo e a história tem sido
sempre a mesma, porque no final da história os Hamãs e o diabo saem derrotados,
como veremos adiante em nosso comentário.
A transação da morte dos judeus seria feita com uma grande soma de
dinheiro (dez mil talentos de prata) que foi prometida por Hamâ ao rei, o que
certamente aguçou a cobiça do rei e revelou qual era de fato seu caráter, porque
estava trocando milhares de vidas inocentes por dinheiro; e com isto deu o seu
anel de selar os decretos reais, como símbolo da transferência da sua
autoridade para Hamã, para que agisse conforme tinha lhe falado.
Deus permitiu que tudo isto sucedesse ao seu povo para aprendermos que
teremos que lutar para vencer o Inimigo.
Porque além de sermos aperfeiçoados nas batalhas da fé, isto traz grande
glória ao Seu nome, a saber, ver o Inimigo sendo derrotado por Ele através do
Seu povo.
“1 Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de
Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes
que estavam com ele.
2 E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e
se prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca dele;
porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
3 Então os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a
Mardoqueu: Por que transgride o mandado do rei?
4 Sucedeu, pois, que, dizendo-lhe eles isto, dia após dia, e não lhes
dando ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se as palavras de Mardoqueu
se sustentariam, porque ele lhes tinha declarado que era judeu.
5 Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava
diante dele, Hamã se encheu de furor.
6 Porém teve como pouco, nos seus propósitos, o pôr as mãos só em
Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois,
procurou destruir a todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o
reino de Assuero.
7 No primeiro mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo do rei Assuero,
se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, para cada dia, e para cada mês,
até ao duodécimo mês, que é o mês de Adar.
8 E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos
em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis
de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso não convém ao rei
deixá-lo ficar.
9 Se bem parecer ao rei, decrete-se que os matem; e eu porei nas mãos dos
que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do
rei.
10 Então tirou o rei o anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de
Hamedata, agagita, adversário dos judeus.
11 E disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada como também esse povo, para
fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos.
12 Então chamaram os escrivães do rei no primeiro mês, no dia treze do
mesmo e, conforme a tudo quanto Hamã mandou, se escreveu aos príncipes do rei,
e aos governadores que havia sobre cada província, e aos líderes, de cada povo;
a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; em
nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.
13 E enviaram-se as cartas por intermédio dos correios a todas as
províncias do rei, para que destruíssem, matassem, e fizessem perecer a todos
os judeus, desde o jovem até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a
treze do duodécimo mês (que é o mês de Adar), e que saqueassem os seus bens.
14 Uma cópia do despacho que determinou a divulgação da lei em cada
província, foi enviada a todos os povos, para que estivessem preparados para
aquele dia.
15 Os correios, pois, impelidos pela palavra do rei, saíram, e a lei se
proclamou na fortaleza de Susã. E o rei e Hamã se assentaram a beber, porém a
cidade de Susã estava confusa.”
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