domingo, 20 de janeiro de 2013

Eclesiastes 10


Este capítulo foi escrito no estilo do livro de Provérbios, onde encontramos várias citações miscelâneas.
Salomão se refere inicialmente ao fato de que um pouco de estultícia é o suficiente para estragar a sabedoria e a honra, assim como moscas mortas no perfume fazem com que ele  emita mau cheiro.
Isto se aplica também a questões doutrinárias, porque se à verdade se acrescenta ou se retira algo, dá-se o mesmo que colocar um pouco de veneno em muitos litros de leite, porque o que se obterá como resultado não será um pouco de leite com veneno, mas todo o leite envenenado. 
Depois Salomão diz que a inclinação do coração para a sabedoria é correta, e é exatamente o lado oposto para o qual se inclina o coração do tolo (v. 2).
A tolice é de tal natureza que até mesmo quando o tolo está andando, proclama a todos, por seu comportamento e palavras, que ele é tolo (v. 3).
A deferência e a humilde submissão diante da ira dos que lideram, fará com que até mesmo grandes ofensas venham a ser desfeitas (v. 4). Isto se aplica a todas as áreas da vida em que exista uma relação de submissão imposta por Deus (filhos aos pais; esposas aos maridos; cidadãos às autoridades etc).
Os que lideram não devem colocar em posição de honra os que são estultos, como se afirma na parte “a” do verso 6. Contudo, é questionável a afirmação da parte “b” do mesmo versículo, porque não recomenda que se coloque os ricos em lugares humildes; porque se isto é uma regra válida para o mundo, não o é no entanto diante de Deus que não faz acepção de pessoas, e recomenda a submissão e humildade a todos na Sua Igreja, sejam eles pobres ou ricos.  
Cristo coloca em posição de honra aos menores no Seu reino, e Deus dá maior honra ao membro que menos a possui.

“22 Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários;
23 e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro,
24 ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela,
25 para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros.” (I Cor 12.22-25)

Então o critério secular dos reis deste mundo não se aplicam ao reino de Deus, e não deveriam ser aplicados ao reino de Salomão, porque estava debaixo do governo de Deus para ser uma figura do reinado de Cristo. Contudo Salomão não afirmou os critérios do reino de Deus, mas os do mundo ao afirmar o que vemos nos verso 7, que não convinha que servos montassem a cavalo e que príncipes andassem a pé como servos.      
Não será por este critério que um príncipe deixará de ser honrado. Davi não se conduziu por tal critério, e muito menos nosso Senhor.
Foi a pé e dançando na frente de todos que Davi foi buscar a arca do Senhor para trazê-la a Jerusalém, e quando confrontado por Mical lhe disse o seguinte:

“21 Disse, porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que teu escolheu a mim de preferência a teu pai e a toda a sua casa, estabelecendo-me por chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel, sim, foi perante Senhor que dancei; e perante ele ainda hei de dançar
22 Também ainda mais do que isso me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos; mas das servas, de quem falaste, delas serei honrado.” (II Sm 6.21,22)

E nosso Senhor, sendo o Rei dos reis e o Senhor dos senhores não somente lavou os pés dos discípulos como lhes recomendou a Sua mesma humildade no trato de uns com os outros, e que aquele que quisesse ser grande no reino de Deus deveria ser o maior servo de todos. 
No assunto da prudência que é recomendada especialmente aos príncipes (líderes) Salomão lhes alerta que em toda a ação que realizassem haveria sempre o perigo deles próprios serem feridos de volta ou serem prejudicados por suas próprias decisões (v. 8, 9).
A sabedoria deve ser afiada para se ter prosperidade, tal como o ferro necessita ser afiado, para que se possa cortar melhor usando-se menos força (v. 10). 
Toda habilidade deve ser confirmada pelos resultados que se esperam da sua aplicação, porque se um encantador de serpente for mordido antes de encantá-la, terá demonstrado por este fato que não é um hábil encantador.
Com isso Salomão parece ter pretendido demonstrar que um rei sábio seria aquele que soubesse conduzir o povo debaixo da sua autoridade, sem sofrer prejuízos da parte dos seus súditos. 
Então recomenda para tal propósito que as palavras do rei sábio sejam cheias de graça, porque as palavras do tolo farão que seja devorado por causa das próprias palavras insensatas que proferiu (v. 12), porque se achará estultícia e loucura perversa no seu discurso (v. 13). 
O ato de multiplicar palavras é próprio dos tolos, porque o conhecimento de qualquer homem é sempre parcial, especialmente em relação às coisas futuras (v. 14). 
Os tolos não acham prazer no trabalho que realizam (v. 15).
Como estas coisas são mais fáceis de serem achadas nos que são ainda jovens e inexperientes, então haverá grande prejuízo em se conduzir a posições de liderança, especialmente de reinado (governo) aqueles que são ainda crianças, e que se entregam apenas aos prazeres, desde a manhã, banqueteando e bebendo, porque quando tal sucede, é porque não há disciplina em tal reino (v. 16, 17).    
Quando a preguiça prevalece a casa de tal pessoa ficará sem os devidos cuidados, revelando o caráter  preguiçoso do seu dono (v. 18).
O verso 19 desmascara o verdadeiro propósito de festas e banquetes. Não são dados para se comer e beber. O seu grande propósito é tentar obter alegria carnal através deles.
“1 As moscas mortas fazem com que o ungüento do perfumista emita mau cheiro; assim um pouco de estultícia pesa mais do que a sabedoria e a honra.
2 O coração do sábio o inclina para a direita, mas o coração do tolo o inclina para a esquerda.
3 E, até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o entendimento, e ele diz a todos que é tolo.
4 Se levantar contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar; porque a deferência desfaz grandes ofensas.
5 Há um mal que vi debaixo do sol, semelhante a um erro que procede do governador:
6 a estultícia está posta em grande dignidade, e os ricos estão assentados em lugar humilde.
7 Tenho visto servos montados a cavalo, e príncipes andando a pé como servos.
8 Aquele que abrir uma cova, nela cairá; e quem romper um muro, uma cobra o morderá.
9 Aquele que tira pedras é maltratado por elas, e o que racha lenha corre perigo nisso.
10 Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria é proveitosa para dar prosperidade.
11 Se a cobra morder antes de estar encantada, não há vantagem no encantador.
12 As palavras da boca do sábio são cheias de graça, mas os lábios do tolo o devoram.
13 O princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim do seu discurso é loucura perversa.
14 O tolo multiplica as palavras, todavia nenhum homem sabe o que há de ser; e quem lhe poderá declarar o que será depois dele?
15 O trabalho do tolo o fatiga, de sorte que não sabe ir à cidade.
16 Ai de ti, ó terra, quando o teu rei é criança, e quando os teus príncipes banqueteiam de manhã!
17 Bem-aventurada tu, ó terra, quando o teu rei é filho de nobres, e quando os teus príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice!
18 Pela preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa tem goteiras.
19 Para rir é que se dá banquete, e o vinho alegra a vida; e por tudo o dinheiro responde.
20 Nem ainda no teu pensamento amaldiçoes o rei; nem tampouco na tua recâmara amaldiçoes o rico; porque as aves dos céus levarão a voz, e uma criatura alada dará notícia da palavra.”


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