Os amigos de Jó estavam vigorosos em seus discursos
contra ele, e mal davam espaço para que ele se defendesse, mas eles estavam
agora dando sinais de cansaço e quase depondo suas armas que estavam usando contra
ele.
Então agora, a partir do capítulo 27º, seria a
vez deles ouvirem Jó, renovado em seu vigor pela graça divina, falando com
desenvoltura sobre a sua justiça, e esclarecendo melhor que o fato de ter
falado antes que os ímpios prosperavam não significava que eles se encontravam
numa posição aprovada, favorável e confortável diante de Deus. Ao contrário,
havia e há uma guerra permanente da justiça de Deus contra a impiedade
deles.
Quão enganosa e passageira é portanto a prosperidade
dos ímpios, porque ao serem arrancados da terra terão que comparecer diante de
Deus, para serem julgados por todas as suas obras.
“Pois qual é a esperança do ímpio, quando Deus o
cortar, quando Deus lhe arrebatar a alma?” (v. 8)
Sabendo disto, Jó estava determinado em permanecer
na prática da justiça, conforme suas palavras no verso 4 a 6:
“4 não falarão os meus lábios iniquidade, nem a
minha língua pronunciará engano.
5 Longe de mim que eu vos dê razão; até que eu
morra, nunca apartarei de mim a minha integridade.
6 À minha justiça me apegarei e não a largarei; o
meu coração não reprova dia algum da minha vida.”
O clamor do justo, em sua angústia é ouvido por
Deus, mas quando a tribulação atinge o ímpio, o seu clamor não é ouvido por
Deus. Quão grande diferença há pois entre as aflições dos justos e a dos ímpios
que não se arrependem da prática do mal!
Por isso Jó disse se referindo aos ímpios:
“Acaso Deus lhe ouvirá o clamor, sobrevindo-lhe a
tribulação?” (v. 9)
“1 E prosseguindo Jó em seu discurso, disse:
2 Vive Deus, que me tirou o direito, e o
Todo-Poderoso, que me amargurou a alma;
3 enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus
no meu nariz,
4 não falarão os meus lábios iniquidade, nem a minha
língua pronunciará engano.
5 Longe de mim que eu vos dê razão; até que eu
morra, nunca apartarei de mim a minha integridade.
6 À minha justiça me apegarei e não a largarei; o
meu coração não reprova dia algum da minha vida.
7 Seja como o ímpio o meu inimigo, e como o perverso
aquele que se levantar contra mim.
8 Pois qual é a esperança do ímpio, quando Deus o
cortar, quando Deus lhe arrebatar a alma?
9 Acaso Deus lhe ouvirá o clamor, sobrevindo-lhe a
tribulação?
10 Deleitar-se-á no Todo-Poderoso, ou invocará a
Deus em todo o tempo?
11 Ensinar-vos-ei acerca do poder de Deus, e não vos
encobrirei o que está com o Todo-Poderoso.
12 Eis que todos vós já vistes isso; por que, pois,
vos entregais completamente à vaidade?
13 Esta é da parte de Deus a porção do ímpio, e a
herança que os opressores recebem do Todo-Poderoso:
14 Se os seus filhos se multiplicarem, será para a
espada; e a sua prole não se fartará de pão.
15 Os que ficarem dele, pela peste serão sepultados,
e as suas viúvas não chorarão.
16 Embora amontoe prata como pó, e acumule vestes
como barro,
17 ele as pode acumular, mas o justo as vestirá, e o
inocente repartirá a prata.
18 A casa que ele edifica é como a teia da aranha, e
como a cabana que o guarda faz.
19 Rico se deita, mas não o fará mais; abre os seus
olhos, e já se foi a sua riqueza.
20 Pavores o alcançam como um dilúvio; de noite o
arrebata a tempestade.
21 O vento oriental leva-o, e ele se vai; sim,
varre-o com ímpeto do seu lugar:
22 Pois atira contra ele, e não o poupa, e ele foge
precipitadamente do seu poder.
23 Bate palmas contra ele, e assobia contra ele do
seu lugar.” (Jó 27)
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