terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Segredo para se Vencer o Mal – Jó 32



Nós lemos no primeiro versículo deste capítulo 32º que os três amigos de Jó cessaram de lhe responder porque Jó era justo aos seus próprios olhos.
Ou seja, era este o entendimento deles quanto ao que haviam entendido das palavras de Jó, apesar dele ter deixado muito claro que não era no que possuía e nem no que ele era, que estavam a sua esperança e confiança, senão no Senhor.
Então não poderia ser acusado de ser justo por sua própria capacidade e poder.
O que ele estava fazendo indevidamente, em sua ignorância, era o fato de confiar simplesmente no fato de ser justo para ser livrado da sua aflição, e também, pensar que Deus estava deixando que ele fosse afligido injustamente, no que indiretamente, condenava o próprio Deus enquanto se justificava. 
Entre eles, havia uma quinta pessoa que até então estava acompanhando em silêncio todos os debates dos três amigos de Jó com ele.
Ele se chamava Eliú, e declara que havia permanecido calado por julgar que por serem mais idosos do que ele, a sabedoria estaria com os três amigos de Jó, mas como vira que eles haviam se dado por vencidos no debate que vinham mantendo com ele, animara-se então a também falar o que pensava.
A Eliú, tal como aos três amigos de Jó, também foi muito desconfortável e penoso, ter que suportar ouvir Jó declarar o seu testemunho de homem justo e santo. 
Só que no caso deste Eliú, ele seria muito útil a Jó, para a virada do seu cativeiro, tanto que o Senhor não se declarou irado em relação ao que ele havia falado, diferentemente do que declarara em relação aos três amigos de Jó.
Eliú queria ajudar sinceramente a Jó, como veremos adiante de suas próprias palavras, e nisto havia algo bom e diferente nele em relação aos demais.
Também, o motivo de estar desagrado com o fato de Jó se declarar justo, não era propriamente pela declaração em si mesma, que era verdadeira, mas porque enquanto mantivesse aquela posição, em nada poderia ser ajudado por Deus.
Jó queria ser livrado confiando apenas na sua justiça, e na justiça divina, que o livraria por ser justo e santo.
No entanto, Eliú conhecia algo a mais do que Jó, quanto a isto, porque sabia que enquanto Jó não se humilhasse perante o Senhor, e lutasse contra o mal (o diabo) que estava lhe afligindo, as coisas não poderiam mudar de rumo.
É muito comum que cristãos piedosos julguem erroneamente que Deus está obrigado a livrá-los de todas as investidas do diabo, baseando-se apenas no fato de serem filhos de Deus.
Caso eles não vistam a armadura de Deus, e repreendam o Inimigo que os ataca, é bem possível que o Senhor não se levantará para livrá-los.
Deus não nos tem chamado à passividade, ou seja, cruzarmos os braços enquanto somos afligidos pelo inferno, esperando que o Senhor venha nos livrar porque somos pessoas piedosas.
Este era o problema com Jó, não porque fosse justo, porque isto não é problema, mas solução, mas por estar confiando apenas na sua própria justiça para ser livrado do mal que lhe havia atingido.
É preciso clamar, orar, buscar por socorro em Deus, pedir-Lhe livramento, que repreenda o diabo que nos oprime, para que Ele possa operar com base na nossa fé, e não propriamente na nossa justiça.  
Eliú estivera calado, e Jó não pôde ser ajudado em nada com os discursos condenatórios de seus três amigos.
Mas incontido com a visão que traria solução para Jó em seu peito, Eliú teve coragem o bastante para silenciar ainda mais os três amigos de Jó e para se fazer ouvido por ele.
Ele não teria que abandonar a sua justiça, mas teria que confiar em algo mais elevado para ser livrado da sua aflição, a saber, na justiça e poder do próprio Deus.     



“1 E aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque era justo aos seus próprios olhos.
2 Então se acendeu a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; acendeu-se a sua ira contra Jó, porque este se justificava a si mesmo, e não a Deus.
3 Também contra os seus três amigos se acendeu a sua ira, porque não tinham achado o que responder, e contudo tinham condenado a Jó.
4 Ora, Eliú havia esperado para falar a Jó, porque eles eram mais idosos do que ele.
5 Quando, pois, Eliú viu que não havia resposta na boca daqueles três homens, acendeu-se-lhe a ira.
6 Então respondeu Eliú, filho de Baraquel, o buzita, dizendo: Eu sou de pouca idade, e vós sois, idosos; arreceei-me e temi de vos declarar a minha opinião.
7 Dizia eu: Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.
8 Há, porém, um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz entendido.
9 Não são os velhos que são os sábios, nem os anciãos que entendem o que é reto.
10 Pelo que digo: Ouvi-me, e também eu declararei a minha opinião.
11 Eis que aguardei as vossas palavras, escutei as vossas considerações, enquanto buscáveis o que dizer.
12 Eu, pois, vos prestava toda a minha atenção, e eis que não houve entre vós quem convencesse a Jó, nem quem respondesse às suas palavras;
13 pelo que não digais: Achamos a sabedoria; Deus é que pode derrubá-lo, e não o homem.
14 Ora ele não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei com as vossas palavras.
15 Estão pasmados, não respondem mais; faltam-lhes as palavras.
16 Hei de eu esperar, porque eles não falam, porque já pararam, e não respondem mais?
17 Eu também darei a minha resposta; eu também declararei a minha opinião.
18 Pois estou cheio de palavras; o espírito dentro de mim me constrange.
19 Eis que o meu peito é como o mosto, sem respiradouro, como odres novos que estão para arrebentar.
20 Falarei, para que ache alívio; abrirei os meus lábios e responderei:
21 Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de lisonjas para com o homem.
22 Porque não sei usar de lisonjas; do contrário, em breve me levaria o meu Criador.” (Jó 32)


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