Ezequiel
se encontrava novamente entre os exilados em Babilônia, quando recebeu esta
profecia do Senhor, porque havia sido arrebatado de volta pelo Espírito desde
Jerusalém, para onde havia sido levado por Ele, para ver as abominações do
templo, e as destruições que estavam determinadas sobre aquela cidade.
Os
judeus que se encontravam em Babilônia não eram melhores do que aqueles que se
encontravam em Jerusalém, de modo que o Senhor disse a Ezequiel neste capitulo,
que ele estava habitando no meio da casa rebelde, que não podia ouvir nem ver o
Seu desígnio, por causa da rebelião de seus corações contra Ele.
Então
Ezequiel lhes serviria de símile, mais uma vez, o que eles chamavam de
alegorias, porque o Senhor lhe ordenou que agisse de maneira que representasse
o que estava prestes a ocorrer com o rei Zedequias em Jerusalém, os príncipes,
nobres e soldados que estavam com ele, bem como todo o povo que habitava
naquela cidade, porque o profeta teria que pegar todos os seus pertences que
havia em sua casa, e mudar-se de casa, carregando-os consigo, só que através de
um buraco que ele faria na parede de sua casa, e sairia por ele como quem se
encontrava em fuga de algum perigo.
Ele
deveria fazer isto à vista dos judeus que se encontravam em Babilônia, para que
se lembrassem do que Deus havia feito anteriormente através do profeta, antes
que tal fato sucedesse em Jerusalém, quando os judeus estariam fugindo dos
babilônios, que finalmente conseguiriam entrar na cidade depois de sitiá-la por
dezoito meses.
Assim,
lhes serviria de sinal de como aqueles que se encontravam em Jerusalém sairiam
para o cativeiro: não em paz, mas em
fuga da morte pela espada.
No
verso 13 o Senhor revelou a Ezequiel que o rei Zedequias seria preso por
Nabucodonosor, e seria conduzido por ele para Babilônia, mas não lhe seria
permitido ver a cidade, porque seus olhos seriam vazados e ele viria a morrer
na prisão em que seria posto em Babilônia.
E a
guarda pessoal do rei seria perseguida e morta pela espada dos babilônios. Tudo
isto ocorreu exatamente como foi revelado a Ezequiel, e conforme podemos ver no
relato do livro do profeta Jeremias.
O
Senhor deixaria que uns poucos dentre eles escapassem do juízo da espada, da
peste e da fome, para que confessassem perante as nações para onde seriam
dispersos, que foi por causa das abominações que haviam praticado, que o Senhor
lhes trouxera todo aquele juízo. E com isto, a santidade do Senhor seria
vindicada através do testemunho deles, de maneira que todos os povos soubessem
que os atos dos judeus não eram inspirados e nem aprovados pelo Deus
deles.
Depois
disto o Senhor ordenou a Ezequiel que comesse o seu pão e bebesse a sua água
com tremor e estremecimento, e como alguém que se encontrava atemorizado (v.
18), para que os habitantes de Jerusalém soubessem que seria assim que eles
comeriam e beberiam em sua terra, porque seria despojada de toda a abundância
que ela tivera no passado, por causa da violência que era praticada nela pelos
judeus.
Por
isso as cidades de Judá seriam devastadas, e ficariam desoladas, para que
soubessem que isto lhes veio da parte do Senhor.
O
deboche dos judeus receberia o devido castigo. Apesar de tudo o que lhes já
havia sucedido, com parte do povo em cativeiro em Babilônia, ainda assim diziam
que as profecias que lhes eram dirigidas falando de um juízo iminente que viria
sobre eles, eram falsas, porque os dias deles em Jerusalém seriam dilatados, de
forma que toda visão em contrário disto era falha (v. 23).
Mas o
Senhor faria cessar tal provérbio em Judá, e mandou Ezequiel dizer-lhes que
estavam próximos os dias do cumprimento de toda visão que o Senhor dera aos
Seus profetas.
E toda
visão vã, adivinhação para agradar a homens seriam cessadas em Israel porque o
Senhor abreviaria o juízo, e já não haveria mais demora, para que não
continuassem afirmando que tudo o que estava sendo dito pelos Seus profetas era
para ser cumprido em dias ainda muito distantes.
Nós
aprendemos deste capitulo, para o que pode ser aplicado à Igreja de Cristo e às
pessoas do mundo, em nossos dias, a grande verdade que se o coração for
resistente à vontade de Deus, de nada adiantará, quanto a produzir
arrependimento, conversão, salvação ou santificação, proferir-lhe a genuína
Palavra de Deus, porque ela não pode fazer efeito num solo infértil, como
aprendemos da Parábola do Semeador. Se a árvore for má não se poderá colher
dela bons frutos, ainda que seja regada com a graça e com a Palavra do Senhor.
Não há
nenhuma relutância no Senhor para transformar corações de pedra em corações de
carne, mas é preciso reconhecer que a condição requerida por Ele não é o
coração de pedra, mas o de carne, e pedir-Lhe e deixar que faça tal
transformação, como tem prometido fazer em Sua Palavra.
Não há
nenhuma resistência da parte do Senhor para receber e lavar o pior dos
pecadores, mas este deverá se humilhar perante Ele, e ter um coração
quebrantado por causa dos seus pecados.
Todavia,
os soberbos, os que confiam na sua própria justiça, os que resistem a Deus e à
Sua vontade, tal como os judeus nos dias de Ezequiel, em vez de abençoados,
serão destruídos pelos Seus juízos, e no caso de serem cristãos autênticos,
pelas correções de um Pai, e no caso de ímpios, serão sujeitados ao juízo
eterno no inferno de fogo, depois de partirem deste mundo, porque até que
morram continuam alcançados pela longanimidade que o Senhor tem usado nesta
dispensação da graça, convidando todos ao arrependimento, e usando de
misericórdia para com todos para que se voltem para Ele. Mas se o homem se endurecer,
nada mais lhe resta senão um horrível juízo de fogo.
E para
nos alertar acerca desta verdade, este foi um dos propósitos de ter ordenado
que fosse registrado pelos profetas todos os juízos que trouxe sobre os homens
na dispensação da Lei, como os que vemos no livro do profeta Ezequiel.
“1
Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho
do homem, tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê,
e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque é casa rebelde.
3 Tu,
pois, ó filho do homem, prepara-te os teus pertences para mudares para o
exílio, e de dia muda à vista deles; e do teu lugar mudarás para outro lugar à
vista deles; bem pode ser que reparem nisso, ainda que eles são casa rebelde.
4 À
vista deles, pois, tirarás para fora, de dia, os teus pertences, como para
mudança; então tu sairás de tarde à vista deles, como quem sai para o exílio.
5 Faze
para ti, à vista deles, uma abertura na parede, e por ali sairás.
6 À
vista deles levarás aos ombros os teus pertences, e às escuras os
transportarás, e cobrirás o teu rosto, para que não vejas o chão; porque te pus
por sinal à casa de Israel.
7 E fiz
assim, como se me deu ordem: os meus pertences tirei para fora de dia, como
para o exílio; então à tarde fiz com a mão uma abertura na parede; às escuras
saí, carregando-os aos ombros, à vista deles.
8 E
veio a mim a palavra do Senhor, pela manhã, dizendo:
9 Filho
do homem, não te perguntou a casa de Israel, aquela casa rebelde: Que fazes tu?
10
Dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Este oráculo se refere ao príncipe em
Jerusalém, e a toda a casa de Israel que está no meio dela.
11
Dize: Eu sou o vosso sinal: Assim como eu fiz, assim se lhes fará a eles; irão
para o exílio para o cativeiro,
12 E o
príncipe que está no meio deles levará aos ombros os seus pertences, e às
escuras sairá; ele fará uma abertura na parede e sairá por ela; ele cobrirá o
seu rosto, pois com os seus olhos não verá o chão.
13
Também estenderei a minha rede sobre ele, e ele será apanhado no meu laço; e o
levarei para Babilônia, para a terra dos caldeus; contudo não a verá, ainda que
ali morrerá.
14 E
todos os que estiverem ao redor dele para seu socorro e todas as suas tropas,
espalha-los-ei a todos os ventos; e desembainharei a espada atrás deles.
15
Assim saberão que eu sou o Senhor, quando eu os dispersar entre as nações e os
espalhar entre os países.
16 Mas
deles deixarei ficar alguns poucos, escapos da espada, da fome, e da peste,
para que confessem todas as suas abominações entre as nações para onde forem; e
saberão que eu sou o Senhor.
17
Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
18
Filho do homem, come o teu pão com tremor, e bebe a tua água com estremecimento
e com receio.
19 E
dirás ao povo da terra: Assim diz o Senhor Deus acerca dos habitantes de Jerusalém,
na terra de Israel: O seu pão comerão com receio, e a sua água beberão com
susto pois a sua terra será despojada de sua abundância, por causa da violência
de todos os que nela habitam.
20 E as
cidades habitadas serão devastadas, e a terra se tornará em desolação; e
sabereis que eu sou o Senhor.
21 E
veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:
22
Filho do homem, que provérbio é este que vós tendes na terra de Israel,
dizendo: Dilatam-se os dias, e falha toda a visão?
23
Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Farei cessar este provérbio, e
não será mais usado em Israel; mas dize-lhes: Estão próximos os dias, e o
cumprimento de toda a visão.
24 Pois
não haverá mais nenhuma visão vã, nem adivinhação lisonjeira, no meio da casa
de Israel.
25
Porque eu sou o Senhor; falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá. Não será
mais adiada; pois em nossos dias, ó casa rebelde, falarei a palavra e a
cumprirei, diz o Senhor Deus.
26 Veio
mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:
27
Filho do homem, eis que os da casa de Israel dizem: A visão que este vê é para
muitos dias no futuro, e ele profetiza de tempos que estão longe.
28
Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Não será mais adiada nenhuma das
minhas palavras, mas a palavra que falei se cumprirá, diz o Senhor Deus.”
(Ezequiel 12)
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