terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Deus Era Todo o Prazer de Jó – Jó 29



Os três amigos de Jó ficaram emudecidos depois que ele proferiu o seu belo e profundo discurso sobre a sabedoria divina, a qual não se encontra nos animais, e em nenhuma das coisas naturais da terra, e nem mesmo nos homens que não têm o verdadeiro temor do Senhor, e que não se desviam do mal.
Eles não poderiam retrucar esta doutrina verdadeira, expressada como foi, com as palavras de sabedoria que Deus havia concedido a Jó. 
É até mesmo possível que tenham percebido quanto estultos haviam sido em suas afirmações que não estavam fundamentadas em nenhuma revelação que lhes tivesse sido dada pelo Espírito de Deus.
Deus oculta a verdadeira sabedoria dos sábios e entendidos deste mundo e a revela aos pequeninos, ou seja, àqueles que são pobres de espírito perante Ele.
“Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11.25)
 Então Jó poderia falar agora abertamente, neste 29º capítulo, sobre a sua antiga glória, antes de ter sido afligido, porque revelara que o seu verdadeiro tesouro não consistia em nada do que possuía neste mundo, mas na Sua comunhão com Deus e na sabedoria que recebia dEle, e pela qual dirigia todos os seus passos nas obras que realizava junto aos seus conterrâneos, e todos aqueles que o procuravam para serem abençoados por ele. 
Jó detalha minuciosamente tudo o que fazia especialmente para os desfavorecidos e desprezados.
Como foi um amparo para o fraco na sua angústia.
Era de fato um grande homem segundo o coração de Deus, e por isso o Senhor deu acerca dele o testemunho de ser reto, íntegro, temente a Ele, e que se desviava do mal, ou seja, Jó possuía os requisitos necessários para se obter a verdadeira sabedoria, então era de fato sábio, não segundo o mundo, mas segundo Deus, porque era temente a Ele e se desviava do mal. E o Senhor será também com todo aquele que caminhar neste mundo, tal como caminhava Jó.
É interessante observar que o que Ele lamentou no seu presente estado de aflição não foi propriamente a perda de bens e honra, mas a íntima presença de Deus.
Por isso ele introduz este seu discurso enfatizando a glória da sua caminhada diária com o Senhor, antes de todas as demais coisas que podia fazer a outros, assistido que era pela Sua sabedoria e graça.
Ele disse:
“2 Ah! quem me dera ser como eu fui nos meses do passado, como nos dias em que Deus me guardava;
3 quando a sua lâmpada luzia sobre o minha cabeça, e eu com a sua luz caminhava através das trevas;
4 como era nos dias do meu vigor, quando o íntimo favor de Deus estava sobre a minha tenda;
5 quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus filhos em redor de mim;” (v. 2 a 5)
Ele está impedido agora pela enfermidade e por sua presente condição, de fazer as obras de Deus. Isto era a causa maior da sua angústia. Não o simples fato de ter perdido pessoas, amigos, bens, saúde. 
É este impedimento de continuar servindo a Deus que fere e magoa o coração do justo, e o Senhor é glorificado nisto, e Satanás fica enfurecido de inveja, porque se comprova assim o nosso real amor pelo Senhor, e o testemunho de que Ele é toda a nossa vida, e nada mais.   
Continuamos no mundo, desfrutando das coisas lícitas do mundo, mas é no Senhor mesmo que o justo tem todo o seu deleite e prazer.



“1 E prosseguindo Jó no seu discurso, disse:
2 Ah! quem me dera ser como eu fui nos meses do passado, como nos dias em que Deus me guardava;
3 quando a sua lâmpada luzia sobre o minha cabeça, e eu com a sua luz caminhava através das trevas;
4 como era nos dias do meu vigor, quando o íntimo favor de Deus estava sobre a minha tenda;
5 quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus filhos em redor de mim;
6 quando os meus passos eram banhados em leite, e a rocha me deitava ribeiros de azeite!
7 Quando eu saía para a porta da cidade, e na praça preparava a minha cadeira,
8 os moços me viam e se escondiam, e os idosos se levantavam e se punham em pé;
9 os príncipes continham as suas palavras, e punham a mão sobre a sua boca;
10 a voz dos nobres emudecia, e a língua se lhes pegava ao paladar.
11 Pois, ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; e vendo-me algum olho, dava testemunho de mim;
12 porque eu livrava o miserável que clamava, e o órfão que não tinha quem o socorresse.
13 A bênção do que estava a perecer vinha sobre mim, e eu fazia rejubilar-se o coração da viúva.
14 vestia-me da retidão, e ela se vestia de mim; como manto e diadema era a minha justiça.
15 Fazia-me olhos para o cego, e pés para o coxo;
16 dos necessitados era pai, e a causa do que me era desconhecido examinava com diligência.
17 E quebrava os caninos do perverso, e arrancava-lhe a presa dentre os dentes.
18 Então dizia eu: No meu ninho expirarei, e multiplicarei os meus dias como a areia;
19 as minhas raízes se estendem até as águas, e o orvalho fica a noite toda sobre os meus ramos;
20 a minha honra se renova em mim, e o meu arco se revigora na minha mão.
21 A mim me ouviam e esperavam, e em silêncio atendiam ao meu conselho.
22 Depois de eu falar, nada replicavam, e minha palavra destilava sobre eles;
23 esperavam-me como à chuva; e abriam a sua boca como à chuva tardia.
24 Eu lhes sorria quando não tinham confiança; e não desprezavam a luz do meu rosto;
25 eu lhes escolhia o caminho, assentava-me como chefe, e habitava como rei entre as suas tropas, como aquele que consola os aflitos.” (Jó 29)


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