terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Filhos São Corrigidos – Jó 21



Jó mais uma vez protesta contra o erro teológico de seus amigos, quanto ao ensino da correção imediata dos ímpios por Deus, como vemos no capítulo 21.
Ele comprova, que ao contrário dos que amam a Deus, os ímpios não são corrigidos e disciplinados pelo Senhor, enviando-lhes aflições, tal como sucede aos justos.
Nisto Jó estava correto, porque é verdade que Deus corrige somente aos Seus filhos, de maneira que se afirma na epístola aos Hebreus que caso algum cristão não seja participante desta disciplina divina que é comum a todos os Seus filhos, é porque é bastardo e não verdadeiramente filho.
O apóstolo Pedro afirma que o juízo de Deus começa pela Sua própria casa, a saber, pelos cristãos.
E o apóstolo Paulo diz que os cristãos são julgados pelo Senhor para não serem condenados juntamente com o mundo.
Portanto, ao contrário do que imaginavam os amigos de Jó, são justamente os que temem a Deus que estão sujeitos a correções que podemos chamar de certo modo, de imediatas, da parte do Senhor, porque se cumprem enquanto ainda se encontram neste mundo, mas isto não se aplica ao caso dos ímpios que não se arrependem, porque sofrerão um castigo eterno, e não se sujeitariam a qualquer disciplina que lhes fosse imposta por Deus. 
Jó manifestou abertamente qual era o pensamento que os seus três amigos estavam abrigando em seus corações em relação a ele nos verso 28:
“Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio?”
Eles haviam afirmado isto várias vezes em seus discursos condenatórios contra ele, porque era o que abrigavam em seus corações contra ele próprio, Jó, pensando desta mesma forma. Porque Jó era príncipe, e havia sido despojado da sua honra e glória terrenas.
Por causa da sua doença deve ter sido retirado do convívio em sua própria casa e dos aposentos confortáveis que o abrigavam. E daí indagarem em seus corações onde estava a tenda em que ele, o ímpio Jó morava?
Mas a resposta de Jó para esta indagação absurda e injusta, era uma chamada à reflexão para eles, em forma de pergunta, como vemos nos versos 29 e 30:
 “29 Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho,
30 de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor?”
No entanto, Jó não invejava esta falsa e passageira prosperidade dos ímpios, porque sabia qual seria no final o juízo eterno que aguardava por todos eles, de maneira que o expressou com as seguintes palavras:
“Vede, porém, que eles não têm na mão a prosperidade; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!” (v. 16)
À luz destas verdades, quem deveria desconfiar do desconforto de sua posição diante de Deus não era Jó, mas justamente seus três amigos, que estavam se gloriando da prosperidade permanente deles.
Era para desconfiarem, se afinal não estavam alinhando com os ímpios, sob a capa de uma falsa religiosidade.
Não eram assim os escribas e fariseus dos dias de Jesus?
E muitos religiosos de nossos dias?
Eles são lobos vorazes vestidos de ovelhas.
Falam em defesa de Deus e da religião mas seus corações estão distantes do Senhor, porque na verdade, são ímpios cheios de cobiça mundana.
Por isso Jó vinha lhes advertindo repetidamente sobre a hipocrisia e falsidade deles, conforme vemos também no último versículo deste capitulo:
“Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?” (v. 34)
É bem provável que a afirmação de Deus que encontramos no último capítulo do livro de Jó, em relação a seus três amigos, de que a Sua ira se havia acendido contra eles, bem pode ter sido um modo de confirmar que eles não passavam de ímpios, porque os trataria segundo a própria teologia deles, de que Deus não deixa viver o ímpio e que logo o destrói neste mundo.
No entanto, lhes mostrou que é longânimo para com os ímpios, com os vasos de ira, exatamente por causa dos justos, especialmente de suas intercessões em favor deles, motivo porque mandou Jó interceder por eles para que não fossem mortos.
É importante observar que Eliú foi excluído disto, porque apesar de ter atacado a Jó não sustentou esta falsa teologia de que o justo é sempre poupado neste mundo, e que Deus destrói logo os ímpios, tal como afirmavam os três amigos de Jó.  




“1 Então Jó respondeu:
2 Ouvi atentamente as minhas palavras; seja isto a vossa consolação.
3 Sofrei-me, e eu falarei; e, havendo eu falado, zombai.
4 É porventura do homem que eu me queixo? Mas, ainda que assim fosse, não teria motivo de me impacientar?
5 Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a boca.
6 Quando me lembro disto, me perturbo, e a minha carne estremece de horror.
7 Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?
8 Os seus filhos se estabelecem à vista deles, e os seus descendentes perante os seus olhos.
9 As suas casas estão em paz, sem temor, e a vara de Deus não está sobre eles.
10 O seu touro gera, e não falha; pare a sua vaca, e não aborta.
11 Eles fazem sair os seus pequeninos, como a um rebanho, e suas crianças andam saltando.
12 Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e regozijam-se ao som da flauta.
13 Na prosperidade passam os seus dias, e num momento descem ao Seol.
14 Eles dizem a Deus: retira-te de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.
15 Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará, se lhe fizermos orações?
16 Vede, porém, que eles não têm na mão a prosperidade; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!
17 Quantas vezes sucede que se apague a lâmpada dos ímpios? que lhes sobrevenha a sua destruição? que Deus na sua ira lhes reparta dores?
18 que eles sejam como a palha diante do vento, e como a pragana, que o redemoinho arrebata?
19 Deus, dizeis vós, reserva a iniquidade do pai para seus filhos, mas é a ele mesmo que Deus deveria punir, para que o conheça.
20 Vejam os seus próprios olhos a sua ruína, e beba ele do furor do Todo-Poderoso.
21 Pois, que lhe importa a sua casa depois de morto, quando lhe for cortado o número dos seus meses?
22 Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?
23 Um morre em plena prosperidade, inteiramente sossegado e tranquilo;
24 com os seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida.
25 Outro, ao contrário, morre em amargura de alma, não havendo provado do bem.
26 Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.
27 Eis que conheço os vossos pensamentos, e os maus intentos com que me fazeis injustiça.
28 Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio?
29 Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho,
30 de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor?
31 Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez?
32 Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo.
33 Os torrões do vale lhe são doces, e o seguirão todos os homens, como ele o fez aos inumeráveis que o precederam.
34 Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?” (Jó 21)


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