Esse
capítulo é uma sequência da profecia do capitulo precedente, no qual o Senhor
ordenou a Ezequiel que profetizasse a queima dos bosques e campos do Sul por um
fogo que procederia do Norte, e que foi objeto de escárnio por parte dos
judeus.
Todavia,
quando este oráculo foi transmitido por Ezequiel, os judeus não sabiam que
Nabucodonosor já estava preparando o seu exército para sitiar a cidade de
Jerusalém e queimá-la.
O
início do cerco é relatado a partir do capítulo 24 do livro de Ezequiel, e isto
se deu a partir do décimo dia, do décimo mês, do nono ano do reinado de
Zedequias, e a sua preparação é citada neste presente capítulo.
Então,
são descritas neste vigésimo primeiro capitulo as destruições que seriam feitas
pela espada que viria da parte de Babilônia sobre os habitantes de Jerusalém.
Tal
como os judeus dos dias de Ezequiel, os ímpios de nossos dias também escarnecem
dos juízos de Deus que virão sobre eles, porque não têm visto nenhum sinal
evidente destes juízos que lhes virão no futuro. Mas como sucedeu aos judeus,
também lhes sucederá por ocasião da volta de nosso Senhor para julgar a terra,
e Ele os ferirá pela espada da Sua boca, ou seja pela Sua Palavra poderosa,
pela qual criou todas as coisas, e pela qual pode também destruí-las.
Então
nós vemos neste capítulo o Senhor dando ordem à Sua própria espada para que
viesse não somente sobre os judeus, como também sobre os amonitas, que teriam
as suas iniquidades visitadas pelo juízo do Senhor, ao mesmo tempo em que
estaria julgando o Seu próprio povo, da Antiga Aliança, através das ações de
Babilônia contra eles.
É dito
nos versos 3 e 4 que seriam destruídos em Israel, pelo juízo de morte da espada
do exército de Nabucodonosor, tanto o justo quanto o ímpio.
Isto
comprova que o justo referido nesta profecia, quanto na dos capítulos
anteriores, em que se afirma que o justo viveria por guardar os estatutos da
Lei de Moisés, não poderia ser de modo algum, uma garantia de vida eterna, ou
mesmo de manutenção da vida física em face dos juízos de Deus sobre Israel,
porque senão, caso contrário, Ele não poderia afirmar neste capítulo (v. 3 e 4)
que destruiria tanto o justo quanto o ímpio.
Está
evidente portanto que a justiça da Lei, decorrente das obras da Lei, não era
uma garantia de justificação pela fé, e por conseguinte de vida eterna, e nem
mesmo da manutenção da vida física. É fácil de entendermos isto, porque quantos
cristãos piedosos e justos na Igreja de Cristo, têm sido cruelmente
martirizados ao longo da história da Igreja, apesar de serem justificados pela
fé? Eles não são mortos por causa de juízos de Deus contra o pecado, mas por
causa da iniquidade do mundo e das perseguições do diabo contra os santos.
Não
podemos então formular teorias teológicas fixas como as do tipo que Deus está
obrigado a manter em vida o justo, e por outro lado a matar o ímpio, enquanto
estivermos neste mundo.
Por
causa da impiedade de muitos judeus, alguns justos também tombariam pela espada
ou iriam para o cativeiro, como se deu com o próprio Ezequiel e o profeta
Daniel, no entanto, o destino eterno destes últimos não seria o mesmo dos que
morressem na sua impiedade.
Se não
fosse pelo sangue de Jesus todos estariam perdidos, inclusive o próprio Abraão,
porque foi por este sangue que foi justificado, e não por obras de justiça que
tivesse praticado. Por suas obras, provou ser genuína a sua fé e o seu amor por
Deus, mas não porque estivesse no estado de perfeição sem pecado.
Deste
modo, sempre que formos tentar formular uma teologia sobre a segurança da
salvação que se baseie na própria justiça humana, sempre erraremos o alvo,
porque depois da queda de Adão, não há mais nenhuma justiça no próprio homem
que possa fazer com que seja aceito e aprovado por Deus.
De
forma que se diz em Rom 3.23:
“Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Rom 3.23).
Não se
diz alguns, mas todos. E a condição de todos os homens perante de Deus, por sua
própria justiça, é a de se encontrarem destituídos, isto é, desprovidos da
glória de Deus.
O fato dos
judeus terem vivido na prática deliberada do pecado era uma grande evidência da
falta total da presença de Deus em suas vidas, e por isso foram entregues ao
juízo depois de terem sido chamados por Ele, insistentemente, ao
arrependimento, até mesmo por séculos.
É
evidente que nossa união com Cristo é manifestada no fato de não vivermos na
prática deliberada do pecado, mas de nenhum cristão autêntico se pode dizer que
perdeu a sua salvação por causa de algum pecado eventual que tenha cometido, ou
por alguma tentação que ainda não tenha vencido, porque se perseverar na fé,
experimentará a eficácia da graça de Jesus para destruir o pecado
progressivamente; de maneira que poderá se despojar do velho homem, e se
revestir do novo, em graus cada vez maiores, e por isso se diz que todos os
cristãos têm recebido por causa da plenitude que há em Cristo, graça sobre
graça (Jo 1.16), de maneira que são transformados progressivamente por Ele, à
Sua própria imagem em graus de glória cada vez maiores, como se afirma em I Cor
3.18:
“Mas
todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor.” (II Cor 3.18).
O
cristão que não estiver experimentando este impulsionar do Espírito Santo à
perseverança, e que não estiver sendo corrigido por Deus, e sendo disciplinado
por Ele, quando se afasta dos Seus caminhos, deve duvidar da Sua salvação
(justificação, regeneração e santificação), porque os que estão sem correção
não são filhos de Deus, mas bastardos.
“1
Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho
do homem, dirige o teu rosto para Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra
os santuários, e profetiza contra a terra de Israel.
3 E
dize à terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis que estou contra ti, e tirarei
a minha espada da bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o ímpio.
4 E,
por isso que hei de exterminar do meio de ti o justo e o ímpio, a minha espada
sairá da bainha contra toda a carne, desde o sul até o norte.
5 E
saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da bainha nunca mais
voltará a ela.
6
Suspira, pois, ó filho do homem; suspira à vista deles com quebrantamento dos
teus lombos e com amargura.
7 E
será que, quando eles te disserem: Por que suspiras, tu dirás: por causa das
novas, porque vêm; e todo coração desmaiará, e todas as mãos se enfraquecerão,
e todo espírito se angustiará, e todos os joelhos se desfarão em águas; eis que
vêm, e se realizarão, diz o Senhor Deus.
8 E
veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
9 Filho
do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor; dize: A espada, a espada está
afiada e polida.
10 Para
matar está afiada, para reluzir está polida. Alegrar-nos-emos pois? A vara de
meu filho é que despreza todo o madeiro.
11 E
foi dada a polir para ser manejada; esta espada está afiada e polida, para ser
posta na mão do matador.
12
Grita e uiva, ó filho do homem, porque ela será contra o meu povo, contra todos
os príncipes de Israel. Estes juntamente com o meu povo estão entregues à
espada; bate pois na tua coxa.
13
Porque se faz uma prova; e que será se não mais existir a vara desprezadora,
diz o Senhor Deus.
14 Tu
pois, ó filho do homem, profetiza, e bate com as mãos uma na outra; e dobre-se
a espada até a terceira vez, a espada dos mortalmente feridos; é a espada para
a grande matança, a que os rodeia.
15 Para
que se derreta o coração, e se multipliquem os tropeços, é que contra todas as
suas portas pus a ponta da espada; ah! ela foi feita como relâmpago, e está
aguçada para matar.
16 e
espada, une as tuas forças, vira-te para a direita; prepara-te, vira-te para a
esquerda, para onde quer que o teu rosto se dirigir.
17
Também eu baterei com as minhas mãos uma na outra, e farei descansar a minha
indignação; eu, o Senhor, o disse.
18 De
novo veio a mim a palavra de Senhor, dizendo:
19 Tu
pois, ó filho do homem, propõe-te dois caminhos, por onde venha a espada do rei
de Babilônia. Ambos procederão de uma mesma terra; e grava um marco, grava-o no
princípio do caminho da cidade.
20 Um
caminho proporás, por onde virá a espada contra Rabá dos filhos de Amom, e
contra Judá, em Jerusalém, a fortificada.
21 Pois
o rei de Babilônia está parado na encruzilhada, no princípio dos dois caminhos,
para fazer adivinhações; ele sacode as flechas, consulta os terafins, atenta
para o fígado.
22 Na
sua mão direita estava a adivinhação sobre Jerusalém, para dispor os aríetes,
para abrir a boca, ordenando a matança, para levantar a voz com júbilo, para
pôr os aríetes contra as portas, para levantar tranqueiras, para edificar
baluartes.
23 Isso
será como adivinhação vã aos olhos daqueles que lhes fizerem juramentos; mas
ele se lembrará da iniquidade, para que sejam apanhados.
24
Portanto assim diz o Senhor Deus: Visto que fizestes ser lembrada a vossa iniquidade,
descobrindo-se as vossas transgressões, aparecendo os vossos pecados em todos
os vossos atos; visto que viestes em memória, sereis apanhados com a mão.
25 E
tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia é chegado no tempo da
punição final;
26
assim diz o Senhor Deus: Remove o diadema, e tira a coroa; esta não será a
mesma: exalta ao humilde, e humilha ao soberbo.
27 Ao
revés, ao revés, ao revés o porei; também o que é não continuará assim, até que
venha aquele a quem pertence de direito; e lho darei a ele.
28 E
tu, ó filho do homem, profetiza e dize: Assim diz o Senhor Deus acerca dos
filhos de Amom, e acerca do opróbrio deles; dize pois: A espada, a espada está
desembainhada, polida para a matança, para consumir, para ser como relâmpago.
29
Enquanto eles têm visões vãs a teu respeito, e adivinham mentiras a fim de que
seja posta no pescoço dos ímpios, que estão mortalmente feridos, cujo dia é
chegado no tempo da punição final.
30
Torne a tua espada à sua bainha. No lugar em que foste criado, na terra do teu
nascimento, eu te julgarei.
31
Derramarei sobre ti a minha indignação, assoprarei contra ti o fogo do meu
furor; entregar-te-ei nas mãos dos homens brutais, destros para destruírem.
32 Ao
fogo servirás de pasto; o teu sangue estará no meio da terra; não serás mais
lembrado; porque eu, o Senhor, o disse.”
(Ezequiel 21)
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