sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

EZEQUIEL 47



O início deste capitulo nos ajuda a entender melhor e a confirmar o caráter desta profecia de Ezequiel, que abrange os capítulos 40 a 48, como sendo uma mensagem de chamada à santificação do povo de Deus, e da reorganização da sua vida religiosa e espiritual, abrangendo tanto os judeus no período da Antiga Aliança que duraria ainda por cerca de 600 anos, quanto da Igreja de Cristo, pela revelação feita a Ezequiel destas realidades que sendo espirituais e celestiais, como é toda a Lei de Deus, da qual se diz em Romanos, ser boa, santa, espiritual e perfeita, podem ser vistas tanto no céu quanto na terra.
Havia e há um trabalho do Espírito Santo, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento. Evidentemente, muito mais abundante no Novo, tanto em extensão (em todas as nações), quanto em profundidade (pelo batismo do Espírito).
Então nós vemos neste capítulo a referência de águas vivas saindo por debaixo do limiar do templo, para o oriente, e que desciam pelo lado sul do templo.   
Seria improdutivo, tentar abrir um debate se o templo aqui referido está no céu, ou na terra, porque Deus havia prometido em capítulos anteriores habitar no meio do Seu povo, e Ele afirmou que Ele próprio seria o santuário deles, e então, podemos concluir que a mensagem espiritual que o Senhor pretendia passar com esta passagem é a de que haveria este trabalho do Espírito Santo na terra, para dar vida ao que estava morto, conforme foi visto no capitulo 37 em relação ao vale de ossos secos, quando o Espírito deu vida àqueles ossos.   
Por isso Jesus disse ainda na terra, o que ocorreria depois da Sua morte e ressurreição:

“37 Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.
39 Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” (Jo 7.37-39)

Nesta passagem do evangelho de João é bem provável que nosso Senhor tenha recorrido a este texto de Ezequiel 47, quando disse que “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.” (v. 38). E Ele estava se referindo ao Espírito Santo que seria derramado na terra a partir do dia de Pentecostes.
Com este ponto de partida da afirmação de nosso Senhor, podemos seguir adiante com o que foi mostrado em visão e dito por Deus a Ezequiel, na continuação deste capítulo, porque se afirma que um anjo lhe fez passar por estas águas vivas, e que no início elas lhe davam ao nível da altura dos artelhos dos pés, numa distância de mil côvados (cerca de 500 metros), e que nos mil côvados adiante, estas águas haviam aumentado de volume ao nível dos seus joelhos; e tendo o anjo medido mais mil côvados, as águas lhe davam agora na altura da cintura, e que por fim, depois de medidos mais mil côvados, elas se transformaram num rio que não se podia atravessar a pé, senão somente a nado (v. 3 a 5).  
 Ora isto se refere tanto ao trabalho do Espírito Santo, considerado individualmente numa pessoa aumentando cada vez mais o grau da sua santificação, por um enchimento progressivo do Espírito, como quem anda num rio de águas vivas desde a sua nascente até o ponto em que se torna um rio volumoso.
Assim, o Espírito Santo não somente restauraria a vida religiosa de Israel na Antiga Aliança, como, principalmente, faria um trabalho de avivamento em todas as nações da terra nos dias do Novo Testamento. 
É preciso entender a mensagem espiritual da visão, em vez de tentar identificar as localidades da terra às quais elas se referem, especialmente quanto ao cumprimento do que é prometido, como por exemplo que as águas saem desde a sua nascente para o oriente, descendo pelo Arabá, e que entrando no Mar Morto, transformarão suas águas salgadas em águas saudáveis.
Sabemos que o Mar Morto se encontra encravado bem no centro de Israel, e que a noroeste e próximo do mesmo fica situada a cidade de Jerusalém, onde ocorreu o Pentecostes, mas seria temerário fazer uma afirmação final que a visão se limita a identificar somente tal evento histórico.      
É dito também que na nascente do rio, de um e de outro lado de suas margens, há árvores em grande número (v. 7), significando isto que sua nascente não se situa numa região árida, mas num oásis cheio de vida. Deus é de vivos e não de mortos. Ele é a fonte de toda vida. É um manancial eterno cheio de vida, pronto para encher de vida a todos os que beberem das Suas águas vivas. 
Deus não criou morte, mas vida. O autor da morte é o diabo e o pecado. Mas Jesus não é somente o autor da vida, mas a própria vida. 
Por isso se diz ainda na visão de Ezequiel no verso 9 que:

“E por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.” (v. 9).

O significado deste verso é que aquele em quem o Espírito Santo entrar para habitar nele, este viverá.
Como quem vive em rio é peixe, então a visão fala de enxame de peixes, mas a referência se aplica a homens e não a peixes, porque este rio certamente não é um rio literal, mas o próprio Espírito Santo, que não é pescador de peixes, mas de homens.
Por isso se diz que os pescadores (os pregadores, evangelistas, os ministros de Deus) estarão junto do rio, porque sem este rio de águas vivas não se pode pescar nenhum homem (v. 10).
É dito que tais pescadores estariam junto ao rio desde En-Gedi até En-Eglaim, e que seria grande a quantidade e a qualidade da espécie de peixes desta região seria feita, por causa deste rio de águas vivas, como o peixe do Mar Mediterrâneo, ou seja, peixes grandes e bons.
Ora, não há qualquer dúvida que isto é uma referência ao trabalho de regeneração e santificação do Espírito, transformando os pecadores em pessoas santas de Deus.
A visão é tão real na sua aplicação espiritual, das coisas relativas ao trabalho do Espírito nos corações, que se diz, que os charcos e os pântanos das localidades referidas não seriam sarados pelas águas do rio de Deus, mas seriam deixados para produzir sal.
Isto pode ser uma referência às vidas daqueles que decidem permanecer atolados no pecado, nos quais o Espírito não pode realizar o Seu trabalho de cura espiritual, porque é necessário arrependimento para que Ele possa habitar em nossos corações.   
No verso 12 encontramos uma referência ao fruto do Espírito, que é variado (amor, paz, alegria, bondade, longanimidade, domínio próprio, fé etc), e que está representado na visão como as várias árvores que nascem às margens deste rio, porque suas raízes se alimentam de suas águas vivas, as quais na estação própria de cada uma destas árvores, produz tal fruto, que serve de alimento, e suas folhas de remédio.
O fruto do Espírito Santo é quem alimenta o nosso espírito, e estas árvores que são os cristãos produzirão também, pelo Espírito, folhas saudáveis que servirão para a cura da alma e do corpo. 
Esta é a árvore plantada junto às águas, referida no Salmo primeiro, ou seja, o varão que é bem-aventurado. 
E como os que são bem-aventurados herdarão a terra, é citado a partir do verso 13 até o final deste capítulo, e no próximo, qual seria a divisão da terra pelas doze tribos de Israel.
Isto teve o propósito de reanimar o povo que se encontrava no cativeiro em Babilônia, e que teria que aguardar ainda alguns anos para retornarem à sua própria terra, para se disporem a voltar para Israel, uma vez cumprido o tempo de 70 anos determinado para o seu cativeiro.
A descrição da repartição da terra pelas tribos foi feita nos mesmos moldes dos dias de Josué, quando Israel entrou na herança da terra que lhe havia sido dada pelo Senhor, para que eles soubessem que a partir do retorno de Babilônia, Deus lhes trataria tal como havia feito no princípio da história de Israel.
Ele queria lhes demonstrar que seria com eles para remover todo tipo de oposição para que pudessem entrar na posse definitiva da herança que lhes havia dado.   
Por isso as duas partes que haviam sido dadas a José nas pessoas de seus filhos Efraim e Manassés, seria feita novamente, tal como no princípio, e assim sucessivamente.
Evidentemente, que na prática não seria mais como no passado, até porque as doze tribos do Norte estavam praticamente dissolvidas, mas havia ainda descendentes destas tribos espalhados pelo mundo, e a visão queria portanto encorajá-los a voltarem para Israel e para o Senhor, porque tinha feito uma aliança com todos eles desde Moisés, e havia prometido ser o Deus deles a Abraão, de quem haviam sido formados.
Esta visão se aplica também aos cristãos da Igreja de Cristo, que independentemente da sua nacionalidade são tidos por verdadeiros israelitas, pertencentes ao Israel de Deus, por terem sido enxertados na Oliveira Santa que é Jesus Cristo. 
Então, eles também entrarão na posse definitiva da terra, depois de terem sido derrotados todos os inimigos de Deus, que se opõem a que eles entrem na posse da herança que lhes foi garantida pelo Senhor, por direito perpétuo.
Este capítulo descreve quais seriam os limites da terra que Israel receberia por herança, e no capítulo seguinte é descrita a forma pela qual a distribuição seria feita pelas tribo de Israel, capítulo este que não estaremos comentando.  




“1 Depois disso me fez voltar à entrada do templo; e eis que saíam umas águas por debaixo do limiar do templo, para o oriente; pois a frente do templo dava para o oriente; e as águas desciam pelo lado meridional do templo ao sul do altar.
2 Então me levou para fora pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora até a porta exterior, pelo caminho da porta oriental; e eis que corriam umas águas pelo lado meridional.
3 Saindo o homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir, mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
4 De novo mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.
5 Ainda mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar; pois as águas tinham crescido, águas para nelas nadar, um rio pelo qual não se podia passar a vau.
6 E me perguntou: Viste, filho do homem? Então me levou, e me fez voltar à margem do rio.
7 Tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia árvores em grande número, de uma e de outra banda.
8 Então me disse: Estas águas saem para a região oriental e, descendo pela Arabá, entrarão no Mar Morto, e ao entrarem nas águas salgadas, estas se tornarão saudáveis.
9 E por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.
10 Os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe será, segundo a sua espécie, como o peixe do Mar Grande, em multidão excessiva.
11 Mas os seus charcos e os seus pântanos não sararão; serão deixados para sal.
12 E junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer. Não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.
13 Assim diz o Senhor Deus: Este será o termo conforme o qual repartireis a terra em herança, segundo as doze tribos de Israel. José terá duas partes.
14 E vós a herdareis, tanto um como o outro; pois sobre ela levantei a minha mão, jurando que a daria a vossos pais; assim esta terra vos cairá a vós em herança.
15 E este será o termo da terra: da banda do norte, desde o Mar Grande, pelo caminho de Hetlom, até a entrada de Zedade;
16 Hamate, Berota, Sibraim, que está entre o termo de Damasco e o termo de Hamate; Hazer-Haticom, que está junto ao termo de Haurã.
17 O termo irá do mar até Hazar-Enom, junto ao termo setentrional de Damasco, tendo ao norte o termo de Hamate. Essa será a fronteira do norte.
18 E a fronteira do oriente, entre Haurã, e Damasco, e Gileade, e a terra de Israel, será o Jordão; desde o termo do norte até o mar do oriente medireis. Essa será a fronteira do oriente.
19 E a fronteira meridional será desde Tamar até as águas de Meribote-Cades, ao longo do Ribeiro do Egito até o Mar Grande. Essa será a fronteira meridional.
20 E a fronteira do ocidente será o Mar Grande, desde o termo do sul até a entrada de Hamate. Essa será a fronteira do ocidente.
21 Repartireis, pois, esta terra entre vós, segundo as tribos de Israel.
22 Reparti-la-eis em herança por sortes entre vós e entre os estrangeiros que habitam no meio de vós e que têm gerado filhos no meio de vós; e vós os tereis como naturais entre os filhos de Israel; convosco terão herança, no meio das tribos de Israel.
23 E será que na tribo em que peregrinar o estrangeiro, ali lhe dareis a sua herança, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 47)


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