domingo, 20 de janeiro de 2013

Eclesiastes 1



Se Salomão tivesse a vida atribulada de seu pai Davi, nas muitas guerras e oposições de muitos inimigos que ele enfrentou durante toda a sua vida, talvez tivesse se consagrado mais a Deus à busca de consolo e triunfo sobre as adversidades dirigidas contra ele e contra o reino de Israel.
Contudo, como o seu reino foi pacífico e próspero, e sua vida cheia de confortos, achou  então muita tristeza nas adversidades, desigualdades, enfim, em tudo aquilo que é consequente da presença do pecado no mundo.
Todavia, o seu testemunho nos é muito precioso, para nos advertir que de fato, conforme a própria experiência dele o comprovou, apesar de toda a sua grande riqueza e sabedoria, não está em nada disso o motivo da verdadeira vida e alegria, senão somente no Senhor e na nossa plena comunhão com Ele.
Então é importantíssimo que aqueles que andam à busca de prosperidade mundana, especialmente os cristãos da Igreja de Laodiceia, citada em Apo 3, como se fosse isto o triunfo da fé, porque a pessoa que colocar o seu coração em buscar uma vida vitoriosa fora do ato de se conquistar mais e mais da pessoa do próprio Deus, virá a reconhecer mais cedo ou mais tarde, tal como Salomão, que tudo o que há no mundo, ou que se possa obter dele, é vaidade, ou seja, vazio, algo vão, inútil para atender aos propósitos divinos e eternos, que Deus designou para o homem.  
A vitória da fé é exatamente o oposto do que os cristãos carnais andam afirmando, porque a fé não é orientada para se alcançar resultados de triunfos mundanos, mas exatamente para vencer o mundo e o fascínio de suas riquezas e glória terrenas.

“porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.” (I Jo 5.4)  

A afirmação do verso 15 que não se pode endireitar o que é torto, está sendo considerada amplamente no comentário relativo a Eclesiastes 7.13. 

Quando Salomão afirma no verso 18 que “o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.”, ele está se referindo não ao aumento de conhecimento propriamente dito como sendo  uma fonte de tristeza para aquele que o possui, mas que é por ele que se chega a conhecer qual é a real condição da maldade que há no mundo, especialmente no coração humano.
Quem detém o verdadeiro conhecimento entenderá que este mundo não é nenhum parque de diversões, e que a vida não é uma coisa à qual não se deva dar a devida consideração, porque Deus prestará contas de todos os nossos atos, conforme o próprio Salomão afirma no capítulo 12 deste livro. 
Por isso também, Salomão afirmou que não devemos aplicar o coração para sermos demasiadamente sábios (cap 7 verso 16), porque acharíamos enfado nisto, e não toparíamos com o grande sentido da vida, porque faríamos do ato de buscar sabedoria um fim em si mesmo, quando o fim primeiro e último da vida é o próprio Deus.
É possível conhecer até mesmo toda a Palavra de Deus, e no entanto não se ter qualquer comunhão ou intimidade com Ele.
É possível conhecer tudo acerca da doutrina da salvação, e não ser salvo por uma experiência pessoal e real com Jesus Cristo.
Então o conhecimento até mesmo como meio terá as suas limitações, caso não seja colocado em prática, e caso não seja orientado pelo próprio Deus, tanto no que se refere à recepção quanto à aplicação deste conhecimento.   
Pretendendo saber mais acerca das leis e da justiça, alguém pode usar isto vindo a se transformar num ditador cruel, e fazer, portanto, um uso ruim de uma coisa boa. 
Assim Paulo disse dos judeus legalistas, que a Lei é boa para quem faz um uso legítimo da Lei, e não errando como eles faziam dizendo que a justificação não era pela fé, mas mediante o cumprimento de todos os mandamentos da Lei de Moisés (I Tim 1.8-10).
A graça e a verdade não serão achadas nos escritos de Moisés, e nem mesmo nestes escritos de Salomão, senão somente em nosso Senhor Jesus Cristo, pela revelação melhor e mais ampla que Ele nos fez de toda a vontade de Deus, e que nos foi ensinada em figura ou em forma de sombra no Velho Testamento.

“Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” (Jo 1.17)

Então Salomão não proferiu toda a verdade quando afirmou que há muito enfado no conhecimento e na sabedoria, e que tudo é vaidade, porque estava se referindo principalmente à sua própria condição depois de ter investigado profundamente todas as coisas no que lhe fora possível investigar, à procura do verdadeiro conhecimento e da verdadeira sabedoria.
Há muita verdade no que ele disse, especialmente quanto às coisas deste mundo que passam, mas não podemos concordar com ele, quando diz que Deus nos pôs o enfado de ter que investigar acerca da natureza de todas as coisas, porque na verdade não nos foi imposto tal enfado, Salomão o impôs a si mesmo, porque se é certo de que Deus colocou a eternidade no coração do homem para que Ele cresça em sabedoria e conhecimento, no entanto, isto pode ser feito como um deleite, em Sua presença, aprendendo dEle em plena submissão e paciência, e não tentando fazê-lo pela nossa própria capacidade e esforço, ou pela própria inteligência, tal como Salomão o fizera em grande parte, porque no final, a conclusão a que chegaremos será a mesma à qual ele chegou de que tudo não passou de enfado, canseira e vaidade para nós, porque não teve este crivo da marca do Senhor em toda a nossa busca.
Veja a diferença destas palavras de Salomão, se comparadas com as que saíram da boca de seu pai Davi. Como ele se deleitava no Senhor e nas Suas obras. Como se agradava da Sua Lei, à qual ele chamava de perfeita. Deus era o centro em torno do qual girava toda a Sua vida, e por isso não achou nenhum enfado ou canseira em tudo o que aprendeu da parte do Senhor, porque teve sempre o Seu Espírito guiando todos os seus passos, pensamentos e ações, desde a sua infância.  
Salomão tentou achar alegria nos prazeres terrenos, e somente depois de muito tempo, já nas reflexões que faz neste livro de Eclesiastes, chegou à conclusão que não se pode achar a verdadeira alegria em prazeres terrenos conforme ele afirma no primeiro versículo do capítulo seguinte (cap 2).
  Melhor instruído do que ele, Davi jamais buscou alegria em tais prazeres, porque o Senhor era toda a Sua alegria.  



“1 Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
2 Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
3 Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
4 Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.
5 O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.
6 O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos.
7 Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr.
8 Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
9 O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol.
10 Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós.
11 Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas.
12 Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
13 E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem.
14 Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão.
15 O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode enumerar.
16 Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.
17 E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vão.
18 Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário