Os versos 1 e 2 recomendam a disponibilidade e a generosidade.
Disponibilidade para produzir, abrindo mão de parte dos grãos que
serviriam para a própria alimentação, para serem semeados (lançar sobre a água,
para germinar).
E generosidade para distribuir com outros o que vier a ser colhido
depois de muitos dias depois de ter sido semeado.
Os versos 3 a 6 confirmam que a referência a se lançar “o pão
sobre as águas”, se aplica ao plantio de grãos, porque o verso 3 é iniciado com
a afirmação que se deve fazê-lo com
oportunidade, quando as nuvens estão cheias de chuva que é derramada sobre a
terra. Ou seja, na estação chuvosa, na estação das águas, que é a época
apropriada para se plantar.
Tanto está falando do ato de semear, que Salomão prossegue dizendo
no verso 4 que aquele que observar o vento não semeará, do mesmo modo que
aquele que fica olhando para as nuvens não segará.
Então se recomenda que deve ser feito aquilo que for necessário independentemente
das circunstâncias, porque não se pode conhecer o milagre da germinação de
sementes e o crescimento de plantas, tal como não se sabe como se formam os
ossos no ventre da grávida, bem como todas demais obras de Deus (v. 5).
Logo, o trabalho de semear deve ser feito tanto pela manhã, quanto
à tarde, reforçando a sementeira nos pontos em que já se havia semeado, porque
não se sabe qual das duas sementes de uma determinada cova germinará e
prosperará em seu crescimento.
É uma prática comum em agricultura se fazer o desbaste das plantas
fracas de uma mesma cova, para que somente aquela que se revelar mais forte no
seu crescimento seja preservada, para que se obtenha uma melhor colheita (v.
6).
Ao homem agrada mais estar sob o sol do que sob dias nublados, e
disto Salomão retirou uma aplicação comparativa, para que o homem se lembre,
caso venha a viver muitos anos, que deve se regozijar em todos eles, mas deve
contudo se lembrar que haverá dias de trevas, que não são poucos, a saber, dias
que lhe reservarão coisas que não são agradáveis (v. 7 e 8).
Por isso, especialmente os jovens, ao se alegrarem nos dias da sua
mocidade, devem lembrar que se andarem pelos caminhos do próprio coração e pela
vista dos seus olhos, que Deus lhes julgaria por todas estas coisas que viessem
a fazer por sua própria deliberação e vontade.
Portanto, devem ter o cuidado de afastarem o desgosto do seu
coração, e não permitirem serem dominados pelo mal que opera na carne, porque a
mocidade e aurora da vida logo passam (v. 10).
Por isso Paulo recomendou a Timóteo que fugisse das paixões que
são próprias de serem encontradas principalmente na fase da juventude.
“22 Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé,
o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” (II Tim 2.22)
“1 Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o
acharás.
2 Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal
haverá sobre a terra.
3 Estando as nuvens cheias de chuva, derramam-na sobre a terra.
Caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali
ficará.
4 Quem observa o vento, não semeará, e o que atenta para as nuvens
não segará.
5 Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se
formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras
de Deus, que faz todas as coisas.
6 Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua
mão; pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se
ambas serão, igualmente boas.
7 Doce é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.
8 Se, pois, o homem viver muitos anos, regozije-se em todos eles;
contudo lembre-se dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto
sucede é vaidade.
9 Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração
nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista
dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo.
10 Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove da tua carne o
mal; porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade.”
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