Este
capítulo é uma continuação do precedente, no qual prosseguem os juízos do
Senhor contra Tiro.
Neste,
são descritas particularmente em detalhes, as transações comerciais que Tiro
estabelecia com muitas nações.
Deus
fez com que Ezequiel se demorasse nestas descrições, relativas a Tiro, mais do
que a qualquer outra nação, porque havia uma razão especial para isto, ou seja,
para revelar que o poder atuante por detrás de todas aquelas ações comerciais,
que se tornaram o fim mesmo e o objetivo último dos habitantes de Tiro, era o
do grande mercador deste mundo, inclusive de almas, chamado, Satanás, o diabo,
que será desmascarado no capitulo seguinte na pessoa do rei de Tiro, não que o
rei de Tiro fosse o diabo, mas que era alguém que estava inteiramente debaixo
da sua influência, quanto todos os demais reis daquela nação que haviam reinado
antes dele, para fazer da expansão comercial o grande e maior negócio da terra,
porque não há caminho mais rápido para a corrupção dos povos e nações.
E o diabo
sabendo muito bem disto, havia elegido aquela nação para ser um dos braços da
grande rede que ele pretendia estabelecer no mundo daquela época.
Todavia,
o Senhor lhe frustrou os planos, porque
não era chegada ainda a hora disto acontecer, como tem permitido em nossos
próprios dias, em que não se fala em outra coisa a não ser em mercado, e
fala-se de mercado calmo, mercado agitado, mercado nervoso, como se falasse de
uma pessoa viva.
Aqui
está sendo permitido porque o fim do mundo se aproxima, e esta será uma das
vias de acesso para a iniquidade desenfreada dos últimos dias que precipitará o
derramar dos juízos de Deus sobre toda a terra, porque os homens não se
aplicaram em buscar o tesouro do céu, senão apenas o tesouro terreno, no qual
têm colocado cada vez mais os seus corações, caindo assim no laço que o diabo
lhes tem preparado, e que pretendia expandir antes do tempo determinado,
através de Babilônia, Tiro, Pérsia, Grécia, Roma e outros reinos da terra, que
foram todos submetidos ao juízo do Senhor para que perdessem toda a sua glória
e grandeza terrena.
O
desenvolvimento tecnológico é necessário, e foi concedido ao homem, por Deus,
ter o conhecimento necessário para expandir a produção de bens de consumo.
Todavia, isto não deveria servir de pretexto
para colocar a Deus e a Sua vontade e mandamentos,
Então é
pela misericórdia de Deus que temos tais profecias registradas em Sua Palavra
como um farol de alerta, para que não colidamos em tais recifes com os barcos
de nossas vidas, de modo que não venham a naufragar.
Além
disso, podemos ver, pelo relato deste capitulo de Ezequiel, que o comércio de
Tiro estava voltado para artigos de luxo e supérfluos, para alimentar a
vanglória e a soberba da vida. Não estava voltado especialmente para bens de
consumo de primeira necessidade, para a manutenção da vida.
Então
tinham por alvo, alimentar o orgulho e a prepotência. E sabemos o quanto isto
vai contra os sentimentos que Deus espera ver implantados no coração e no
caráter dos homens.
“1 De
novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Tu
pois, ó filho do homem, levanta uma lamentação sobre Tiro;
3 e
dize a Tiro, que habita na entrada do mar, e negocia com os povos em muitas
ilhas: Assim diz o Senhor Deus: ó Tiro, tu dizes: Eu sou perfeita em formosura.
4 No
coração dos mares estão os teus termos; os que te edificaram aperfeiçoaram a
tua formosura.
5 De
ciprestes de Senir fizeram todas as tuas tábuas; trouxeram cedros do Líbano
para fazerem um mastro para ti.
6
Fizeram os teus remos de carvalhos de Basã; os teus bancos fizeram-nos de
marfim engastado em buxo das ilhas de Quitim.
7 Linho
fino bordado do Egito era a tua vela, para te servir de estandarte; de azul, e
púrpura das ilhas de Elisá era a tua cobertura.
8 Os
habitantes de Sidom e de Arvade eram os teus remadores; os teus peritos, ó
Tiro, que em ti se achavam, esses eram os teus pilotos.
9 Os
anciãos de Gebal e seus peritos eram em ti os teus calafates; todos os navios
do mar e os seus marinheiros se achavam em ti, para tratarem dos teus negócios.
10 Os
persas, e os lídios, e os de Pute eram no teu exército os teus soldados;
penduravam em ti o escudo e o capacete; aumentavam o teu esplendor.
11 Os
filhos de Arvade e o teu exército estavam sobre os teus muros em redor, e os
gamaditas nas tuas torres; penduravam os seus escudos nos teus muros em redor;
aperfeiçoavam a tua formosura.
12
Társis negociava contigo, por causa da abundância de toda a casta de riquezas;
seus negociantes trocavam pelas tuas mercadorias prata, ferro, estanho, e
chumbo.
13
Javã, Tubál e Meseque eram teus mercadores; pelas tuas mercadorias trocavam as
pessoas de homens e vasos de bronze.
14 Os
da casa de Togarma trocavam pelas tuas mercadorias cavalos e ginetes e machos;
15 os
homens de Dedã eram teus mercadores; muitas ilhas eram o mercado da tua mão;
tornavam a trazer-te em troca de dentes de marfim e pau de ébano.
16 A
Síria negociava contigo por causa da multidão das tuas manufaturas; pelas tuas
mercadorias trocavam granadas, púrpura, obras bordadas, linho fino, corais e
rubis.
17 Judá
e a terra de Israel eram teus mercadores; pelas tuas mercadorias trocavam o
trigo de Minite, cera, mel, azeite e bálsamo.
18 Por
causa da multidão das tuas manufaturas, por causa da multidão de toda a sorte
de riquezas, Damasco negociava contigo em vinho de Helbom e lã branca.
19 Vedã
e Javã de Uzal trocavam lã fiada pelas tuas manufaturas; ferro polido, cássia e
cálamo aromático achavam-se entre as tuas mercadorias.
20 Dedã
negociava contigo em suadouros para cavalgar.
21
Arábia e todos os príncipes de Quedar também eram os mercadores ao teu serviço;
em cordeiros, carneiros e bodes, nestas coisas negociavam contigo.
22 Os
mercadores de Sabá e Raamá igualmente negociavam contigo; pelas tuas
mercadorias trocavam as melhores de todas as especiarias e toda a pedra
preciosa e ouro.
23
Harã, e Cané e Edem os mercadores de Sabá, Assur e Quilmade eram teus
mercadores.
24
Estes negociavam contigo em roupas escolhidas, em agasalho de azul e de obra
bordada, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com cordas e feitos de
cedro.
25 Os
navios de Társis eram as tuas caravanas para a tua mercadoria; e te encheste, e
te glorificaste muito no meio dos mares.
26 Os
teus remadores te conduziram sobre grandes águas; o vento oriental te
quebrantou no meio dos mares.
27 As
tuas riquezas, os teus bens, as tuas mercadorias, os teus marinheiros e os teus
pilotos, os teus calafates, e os que faziam os teus negócios, e todos os teus
soldados, que estão em ti, juntamente com toda a tua companhia, que está no
meio de ti, se submergirão no meio dos mares no dia da tua queda.
28 Ao
estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arrabaldes.
29 E
todos os que pegam no remo, os marinheiros, e todos os pilotos do mar descerão
de seus navios, e pararão em terra,
30 e
farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; lançarão pó sobre as
cabeças, e na cinza se revolverão;
31 e se
farão calvos por tua causa, e se cingirão de sacos, e chorarão sobre ti com
amargura de alma, com amarga lamentação.
32 No
seu pranto farão uma lamentação sobre ti, na qual dirão: Quem foi como Tiro,
como a que está reduzida ao silêncio no meio do mar?
33
Quando as tuas mercadorias eram exportadas pelos mares, fartaste a muitos
povos; com a multidão das tuas riquezas e das tuas mercadorias, enriqueceste os
reis da terra.
34 No
tempo em que foste quebrantada pelos mares, nas profundezas das águas, caíram
no meio de ti todas as tuas mercadorias e toda a tua companhia.
35
Todos os moradores das ilhas estão a teu respeito cheios de espanto; e os seus
reis temem em grande maneira, e estão de semblante perturbado.
36 Os
mercadores dentre os povos te dão vaias; tu te tornaste em grande espanto, e
não mais existiras.” (Ezequiel 27)
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