terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Deus Trabalha no Mais Profundo do Ser - Jó 40 e 41



O Senhor exigiu de Jó uma resposta para as perguntas que lhe fizera nos capítulos 40 e 41, que estaremos comentando, uma vez que Jó lhe havia censurado, ainda que indiretamente.
Ao ter afirmado insistentemente que era justo, fazia com que consequentemente, Deus fosse considerado injusto por permitir que ele estivesse sofrendo todas aquelas coisas.
Deus permitiu que o diabo afligisse a Jó, mas não poderia ser considerado injusto por ter-lhe dado tal permissão.
Afinal, é o processo que Ele costuma usar para purificar os santos e lhes aumentar a fé.
Assim, por mais consagrado a Deus que um cristão possa ser, ele não tem o direito, de ficar afirmando, quando é  provado: “sou santo, sou justo, sou do Senhor, tenho sido fiel, e não deveria estar passando por esta provação”, porque, se o fizer, se tornará digno da mesma repreensão de Deus relativa a Jó. 
Diante da confrontação direta que o Senhor lhe fizera, finalmente se humilhou e se calou perante Ele, dizendo-Lhe as seguintes palavras: 
“4 Eis que sou vil; que te responderia eu? Antes ponho a minha mão sobre a boca.
5 Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.” (Jó 40.4,5)
Deus continuava falando do meio do redemoinho, porque Jó ainda se fazia digno de repreensão apesar de ter se humilhado, porque o Senhor que tudo sabe, pode ter descortinado em seu coração ainda alguma resistência à Sua vontade, apesar das palavras de humilhação que Jó havia proferido.
Isto é muito comum de acontecer como o legume que foi mal cozido, e que apesar de estar amolecido por fora, ainda continua endurecido por dentro.
Tal é o que ocorre com muitos cristãos quando são repreendidos por Deus. Eles o admitem externamente, mas continuam se justificando em seu interior. 
Assim, não se submeteram de fato à repreensão, porque esta gera arrependimento sincero no coração e plena aceitação da admoestação recebida.
Deus continuaria portanto fazendo perguntas a Jó, porque ele estava tornando vão o Seu juízo, ou seja, não estava permitindo que a repreensão do Senhor produzisse o efeito esperado e eficaz em seu coração, porque ainda permanecia na posição de procurar se justificar perante Ele, baseado na sua própria justiça, e isto, como comentamos anteriormente, era uma forma de condenar a Deus indiretamente (Jó 40.8). 
Então os argumentos do Senhor para Ele, naquele momento não seriam mais para levá-lo a refletir sobre a sabedoria de Deus na criação, mas a considerar a força do Seu potente braço e da Sua voz, com os quais pode abater todas as coisas criadas, inclusive o próprio homem.
Jó não estava dando a consideração que é devida ao Senhor, de que todo homem deve temê-lo porque pode tirar a vida do corpo e lançar a alma no inferno.
O poder de lançar no inferno não é do diabo, mas de Deus.
Portanto, qual soberbo ou poderoso poderá prevalecer no juízo com o Todo-Poderoso?
Deus fará com que aqueles que com Ele não ajuntam sejam espalhados como o pó miúdo, ou seja, como a moinha.
Para mostrar aos homens qual é a grandeza da Sua força, o Senhor lhes deu uma pequena amostra desta força ao ter criado alguns seres de força e coragem extraordinárias, como o hipopótamo.
De quão maior força e poder não está dotado Aquele que o criou? 
Todavia, falar da força do hipopótamo seria pouco para levar Jó a refletir no poder de Deus, por isso, Ele continuou a citar outros seres dotados de força extraordinária, que havia criado, como citou por exemplo o crocodilo (Jó 40.1), que é um animal que a ninguém e a nada teme.
Deus o fizera assim para revelar que em Seu caráter nada e ninguém pode perturbá-lo, intimidá-lo, vencê-lo, porque é soberano sobre tudo e todos.   
Se o homem teme o crocodilo, quem há então que seja tão ousado para se erguer diante de Deus para enfrentá-lO? (v. 10)
Tudo Lhe pertence, e Ele não é devedor a ninguém (v. 11).
Deus criou o crocodilo lhe dotando não somente de uma boca com dentes mortais, mas também de uma couraça protetora impenetrável. 
Jó deveria portanto, considerar o grande poder do Senhor para submeter os Seus inimigos e a todos os que resistem à Sua vontade.
Ele era um homem justo, mas deveria vigiar para não ser encontrado na mesma condição dos ímpios, cujas vontades resistem a Deus.
Ele não seria justificado perante o Senhor por conta dos grandes sofrimentos a que havia sido submetido, porque esteja na condição em que estiver, é dever de todo homem se submeter à vontade de Deus.



“1 Disse mais o Senhor a Jó:
2 Contenderá contra o Todo-Poderoso o censurador? Quem assim argui a Deus, responda a estas coisas.
3 Então Jó respondeu ao Senhor, e disse:
4 Eis que sou vil; que te responderia eu? Antes ponho a minha mão sobre a boca.
5 Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.
6 Então, do meio do redemoinho, o Senhor respondeu a Jó:
7 Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei a ti, e tu me responderás.
8 Farás tu vão também o meu juízo, ou me condenarás para te justificares a ti?
9 Ou tens braço como Deus; ou podes trovejar com uma voz como a dele?
10 Orna-te, pois, de excelência e dignidade, e veste-te de glória e de esplendor.
11 Derrama as inundações da tua ira, e atenta para todo soberbo, e abate-o.
12 Olha para todo soberbo, e humilha-o, e calca aos pés os ímpios onde estão.
13 Esconde-os juntamente no pó; ata-lhes os rostos no lugar escondido.
14 Então também eu de ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.
15 Contempla agora o hipopótamo, que eu criei como a ti, que come a erva como o boi.
16 Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre.
17 Ele enrija a sua cauda como o cedro; os nervos das suas coxas são entretecidos.
18 Os seus ossos são como tubos de bronze, as suas costelas como barras de ferro.
19 Ele é obra prima dos caminhos de Deus; aquele que o fez o proveu da sua espada.
20 Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animais do campo folgam.
21 Deita-se debaixo dos lotos, no esconderijo dos canaviais e no pântano.
22 Os lotos cobrem-no com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam.
23 Eis que se um rio trasborda, ele não treme; sente-se seguro ainda que o Jordão se levante até a sua boca.
24 Poderá alguém apanhá-lo quando ele estiver de vigia, ou com laços lhe furar o nariz?” (Jó 40)


“1 Poderás tirar com anzol o leviatã, ou apertar-lhe a língua com uma corda?
2 Poderás meter-lhe uma corda de junco no nariz, ou com um gancho furar a sua queixada?
3 Porventura te fará muitas súplicas, ou brandamente te falará?
4 Fará ele aliança contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?
5 Brincarás com ele, como se fora um pássaro, ou o prenderás para tuas meninas?
6 Farão os sócios de pesca tráfico dele, ou o dividirão entre os negociantes?
7 Poderás encher-lhe a pele de arpões, ou a cabeça de fisgas?
8 Põe a tua mão sobre ele; lembra-te da peleja; nunca mais o farás!
9 Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será um homem derrubado só ao vê-lo?
10 Ninguém há tão ousado, que se atreva a despertá-lo; quem, pois, é aquele que pode erguer-se diante de mim?
11 Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois tudo quanto existe debaixo de todo céu é meu.
12 Não me calarei a respeito dos seus membros, nem da sua grande força, nem da graça da sua estrutura.
13 Quem lhe pode tirar o vestido exterior? Quem lhe penetrará a couraça dupla?
14 Quem jamais abriu as portas do seu rosto? Pois em roda dos seus dentes está o terror.
15 As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como por um selo apertado.
16 Uma à outra se chega tão perto, que nem o ar passa por entre elas.
17 Umas às outras se ligam; tanto aderem entre si, que não se podem separar.
18 Os seus espirros fazem resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pestanas da alva.
19 Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.
20 Dos seus narizes procede fumaça, como de uma panela que ferve, e de juncos que ardem.
21 O seu hálito faz incender os carvões, e da sua boca sai uma chama.
22 No seu pescoço reside a força; e diante dele anda saltando o terror.
23 Os tecidos da sua carne estão pegados entre si; ela é firme sobre ele, não se pode mover.
24 O seu coração é firme como uma pedra; sim, firme como a pedra inferior duma mó.
25 Quando ele se levanta, os valentes são atemorizados, e por causa da consternação ficam fora de si.
26 Se alguém o atacar com a espada, essa não poderá penetrar; nem tampouco a lança, nem o dardo, nem o arpão.
27 Ele considera o ferro como palha, e o bronze como pau podre.
28 A seta não o poderá fazer fugir; para ele as pedras das fundas se tornam em restolho.
29 Os bastões são reputados como juncos, e ele se ri do brandir da lança.
30 Debaixo do seu ventre há pontas agudas; ele se estende como um trilho sobre o lodo.
31 As profundezas faz ferver, como uma panela; torna o mar como uma vasilha de unguento.
32 Após si deixa uma vereda luminosa; parece o abismo tornado em brancura de cãs.
33 Na terra não há coisa que se lhe possa comparar; pois foi feito para estar sem pavor.
34 Ele vê tudo o que é alto; é rei sobre todos os filhos da soberba.” (Jó 41)

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