Nós estaremos comentando agora o 33º capítulo do
livro de Jó.
Jó estava equivocado ao pensar que sua contenda era
com o próprio Deus. Assim, ao se justificar a si mesmo, condenava indiretamente
ao Senhor.
Eliú ajudou a Jó a ver que ele não tinha razão em
estar pensando daquele modo, porque Deus não vê como vê o homem, e seus
caminhos e pensamentos são mais elevados do que os nossos.
Então, como poderia Jó dar conta dos seus atos
contendendo com Deus? (v. 13).
Eliú disse a Jó que o propósito de Deus em afligir o
homem é para desviar a sua alma da soberba, e nisto ele estava completamente
certo, por mais justo que fosse Jó, porque a soberba está ligada de modo sutil
à nossa natureza terrena, e a aflição faz com que ela seja exposta.
Então ele deu a Jó a pista do livramento dos aflitos
no verso 26:
“Deveras orará a Deus, que lhe será propício, e o
fará ver a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.” (v. 26)
Orar a Deus pedindo por socorro este é o único
caminho a ser seguido na hora da angústia ou aflição.
“e invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e
tu me glorificarás.” (Sl 50.15)
Este é o caminho indicado por Deus para os justos, e
não para os ímpios, porque deles se declara logo no verso seguinte ao do Salmo
citado:
“16 Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitares
os meus estatutos, e em tomares o meu pacto na tua boca,
17 visto que aborreces a correção, e lanças as
minhas palavras para trás de ti?
18 Quando vês um ladrão, tu te comprazes nele; e
tens parte com os adúlteros.
19 Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua
trama enganos.
20 Tu te sentas a falar contra teu irmão; difamas o
filho de tua mãe.
21 Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas
que na verdade eu era como tu; mas eu te arguirei, e tudo te porei à vista.”
(Sl 50.16-21)
“1 Ouve, pois, as minhas palavras, ó Jó, e dá
ouvidos a todas as minhas declarações.
2 Eis que já abri a minha boca; já falou a minha
língua debaixo do meu paladar.
3 As minhas palavras declaram a integridade do meu
coração, e os meus lábios falam com sinceridade o que sabem.
4 O Espírito de Deus me fez, e o sopro do
Todo-Poderoso me dá vida.
5 Se podes, responde-me; põe as tuas palavras em
ordem diante de mim; apresenta-te.
6 Eis que diante de Deus sou o que tu és; eu também
fui formado do barro.
7 Eis que não te perturbará nenhum medo de mim, nem
será pesada sobre ti a minha mão.
8 Na verdade tu falaste aos meus ouvidos, e eu ouvi
a voz das tuas palavras. Dizias:
9 Limpo estou, sem transgressão; puro sou, e não há
em mim iniquidade.
10 Eis que Deus procura motivos de inimizade contra
mim, e me considera como o seu inimigo.
11 Põe no tronco os meus pés, e observa todas as
minhas veredas.
12 Eis que nisso não tens razão; eu te responderei;
porque Deus é maior do que o homem.
13 Por que razão contendes com ele por não dar conta
dos seus atos?
14 Pois Deus fala de um modo, e ainda de outro se o
homem não lhe atende.
15 Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono
profundo sobre os homens, quando adormecem na cama;
16 então abre os ouvidos dos homens, e os atemoriza
com avisos,
17 para apartar o homem do seu desígnio, e esconder
do homem a soberba;
18 para reter a sua alma da cova, e a sua vida de
passar pela espada.
19 Também é castigado na sua cama com dores, e com
incessante contenda nos seus ossos;
20 de modo que a sua vida abomina o pão, e a sua
alma a comida apetecível.
21 Consome-se a sua carne, de maneira que
desaparece, e os seus ossos, que não se viam, agora aparecem.
22 A sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida
aos que trazem a morte.
23 Se com ele, pois, houver um anjo, um intérprete,
um entre mil, para declarar ao homem o que lhe é justo,
24 então terá compaixão dele, e lhe dirá: Livra-o,
para que não desça à cova; já achei resgate.
25 Sua carne se reverdecerá mais do que na sua
infância; e ele tornará aos dias da sua juventude.
26 Deveras orará a Deus, que lhe será propício, e o
fará ver a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.
27 Cantará diante dos homens, e dirá: Pequei, e
perverti o direito, o que de nada me aproveitou.
28 Mas Deus livrou a minha alma de ir para a cova, e
a minha vida verá a luz.
29 Eis que tudo isto Deus faz duas e três vezes para
com o homem,
30 para reconduzir a sua alma da cova, a fim de que
seja iluminado com a luz dos viventes.
31 Escuta, pois, ó Jó, ouve-me; cala-te, e eu
falarei.
32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me;
fala, porque desejo justificar-te.
33 Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a
sabedoria.” (Jó 33)
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