Que a
Bíblia tem também e especialmente a finalidade de fazer com que as pessoas se
sintam culpadas por seus pecados não resta a menor dúvida. Mas não as deixa sem
auxílio, pois lhes aponta o sacrifício de Jesus para perdão destes pecados e
remoção da sua culpa, coisa que nenhum tribunal terreno, nem mesmo a psicologia
podem fazer.
Quem
pode remover a culpa do pecador senão somente a compensação que foi feita por
Jesus, por meio do seu sacrifício vicário?
Remover
o sentimento de culpa não resolverá o problema básico, caso a pessoa continue
culpada aos olhos de Deus.
Uma
vez que todos que não tiverem o problema da sua culpa resolvido em Cristo,
terão que prestar contas a Deus, no dia do Seu Grande Juízo Final.
Assim,
muito do que há nas prescrições relativas à apresentação dos sacrifícios no
Antigo Testamento tinha exatamente por alvo despertar as consciências daqueles
que faziam parte do povo de Deus, relativamente a seus pecados.
O
pecado é ali descrito principalmente como transgressão da vontade revelada de
Deus, especificamente dos seus mandamentos, fossem eles morais ou cerimoniais.
A
transgressão do mandamento de Deus é pecado e torna o homem culpado perante
Ele.
A
justiça divina exige que toda culpa seja
punida.
Assim
era considerado culpado tanto aquele que se omitisse em testemunhar a verdade
(5.1), como aquele que tocasse em alguma coisa imunda, conforme descrito por
Deus na Lei, como tocar num cadáver (5.2), enfim, tudo aquilo que constituísse
uma transgressão dos mandamentos, deveria ter a correspondente expiação,
conforme está prescrito no quinto capítulo de Levítico
(5.1-13).
Os
sacrifícios que vínhamos estudando até aqui nos capítulos anteriores, apontavam
mais diretamente à cobertura geral do pecado, da condição de se estar em pecado
diante de Deus, e nestes sacrifícios descritos a partir do quinto capítulo a
ênfase recai mais sobre o ato ou omissão pecaminosos propriamente ditos,
relativos à transgressão de um dos mandamentos da Lei.
É
como no caso dos cristãos, que já tendo os seus
pecados perdoados por Cristo, necessitam, entretanto da continuidade da
cobertura do Seu sacrifício para serem perdoados dos resquícios de corrupção
que permanecem em sua natureza terrena, e
pelos quais são levados a praticarem atos ou omissões pecaminosos.
Assim,
é previsto neste caso, como oferta aceitável para obtenção do perdão da
transgressão, até a décima parte de um efa de
flor de farinha, como oferta pelo pecado, por parte do ofertante, cujas posses
não lhe permitissem sequer apresentar duas rolas ou dois pombos como oferta
pelo seu pecado (v. 11).
É
interessante observar que neste caso, era proibido pela Lei que se
acrescentasse azeite e incenso a esta farinha porque não era oferecida como
oferta de manjares, conforme descrita no capítulo segundo,
que celebrava a gratidão e devoção do ofertante a Deus, e não tinha por
finalidade fazer expiação do pecado.
No
caso dos pecados ocultos descritos em 5.1-13, além da confissão particular
daquilo que havia ocultado ou omitido (v. 5), deveria ser apresentado como
oferta uma cordeira ou uma cabrita; e caso as posses não lhe permitissem
apresentar tal oferta, deveria oferecer dois pombos ou duas rolas (v. 6,7), e
como já dissemos antes, se mesmo isto não lhe fosse possível, deveria então
apresentar a décima parte de um efa de flor de farinha.
Finalmente,
se descreve neste quinto capitulo (v 14-19) que um carneiro deveria ser
oferecido segundo o valor fixado em siclos do tabernáculo, para expiar o
pecado, sendo que no caso de se pecar por ignorância contra as coisas sagradas
do Senhor, deveria ainda ser acrescentado o quinto do valor atribuído ao
carneiro que seria oferecido; e no caso de pecados contra algum de todos os
mandamentos do Senhor, mesmo no caso de ignorância, não seria acrescentada esta
quinta parte, indicando-se assim, que maior é a culpa dos pecados contra as
coisas sagradas relativas ao serviço de Deus, do que os demais pecados.
Apesar
de Jesus ter dito que até o pecado de falar contra Ele pode ser perdoado aos
homens na presente dispensação da graça, o que não era permitido aos aliançados
da Antiga Aliança, porque os pecados de blasfêmia deveriam ser punidos com a
morte, no entanto, faremos bem em considerar que é devido a Deus todo temor e
reverência, e que o Senhor alertou que não há perdão para a blasfêmia contra o
Espírito Santo (Mt 12.13).
Isto
indica que o fato de toda ofensa, com exceção desta, poder ser perdoada aos
homens por causa do sacrifício de Jesus nesta nova dispensação, Deus não mudou
o modo pelo qual sempre viu o pecado, especialmente aqueles que são dirigidos
diretamente contra a Sua pessoa.
Se a
mentira de Ananias e Safira não tivesse sido contra o Espírito Santo, é
bem provável que eles não tivessem recebido aquele juízo
de morte.
Isto
serve para ilustrar que mesmo na dispensação da graça, Deus não deixa de dar a
justa retribuição aos pecados voluntários de sacrilégio.
Bem
aventurado é o cristão que não brinca com as coisas
da casa de Deus, por considerá-las coisas comuns ou
desprezíveis; e nem com as manifestações do Espírito no meio deles.
“1 Se
alguém, tendo-se ajuramentado como testemunha, pecar por não denunciar o que
viu, ou o que soube, levará a sua iniquidade.
2 Se
alguém tocar alguma coisa imunda, seja cadáver de besta-fera imunda, seja
cadáver de gado imundo, seja cadáver de réptil imundo, embora faça sem se
aperceber, contudo será ele imundo e culpado.
3 Se
alguém, sem se aperceber tocar a imundícia de um homem, seja qual for a
imundícia com que este se tornar imundo, quando o souber será culpado.
4 Se
alguém, sem se aperceber, jurar temerariamente com os seus lábios fazer mal ou
fazer bem, em tudo o que o homem pronunciar temerariamente com juramento,
quando o souber, culpado será numa destas coisas.
5
Deverá, pois, quando for culpado numa destas coisas, confessar aquilo em que
houver pecado.
6 E
como sua oferta pela culpa, ele trará ao Senhor, pelo pecado que cometeu, uma
fêmea de gado miúdo; uma cordeira, ou uma cabrinha, trará como oferta pelo
pecado; e o sacerdote fará por ele expiação do seu pecado.
7
Mas, se as suas posses não bastarem para gado miúdo, então trará ao Senhor,
como sua oferta pela culpa por aquilo em que houver pecado, duas rolas, ou dois
pombinhos; um como oferta pelo pecado, e o outro como holocausto;
8 e
os trará ao sacerdote, o qual oferecerá primeiro aquele que é para a oferta
pelo pecado, e com a unha lhe fenderá a cabeça junto ao pescoço, mas não o
partirá;
9 e
do sangue da oferta pelo pecado espargirá sobre a parede do altar, porém o que
restar, daquele sangue espremer-se-á à base do altar; é oferta pelo pecado.
10 E
do outro fará holocausto conforme a ordenança; assim o sacerdote fará expiação
por ele do pecado que cometeu, e ele será perdoado.
11
Se, porém, as suas posses não bastarem para duas rolas, ou dois pombinhos,
então, como oferta por aquilo em que houver pecado, trará a décima parte duma
efa de flor de farinha como oferta pelo pecado; não lhe deitará azeite nem lhe
porá em cima incenso, porquanto é oferta pelo pecado;
12 e
o trará ao sacerdote, o qual lhe tomará um punhado como o memorial da oferta, e
a queimará sobre o altar em cima das ofertas queimadas do Senhor; é oferta pelo
pecado.
13
Assim o sacerdote fará por ele expiação do seu pecado, que houver cometido em
alguma destas coisas, e ele será perdoado; e o restante pertencerá ao
sacerdote, como a oferta de cereais.
14
Disse mais o Senhor a Moisés:
15 Se
alguém cometer uma transgressão, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do
Senhor, então trará ao Senhor, como a sua oferta pela culpa, um carneiro sem
defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação em siclos de prata, segundo o
siclo do santuário, para oferta pela culpa.
16
Assim fará restituição pelo pecado que houver cometido na coisa sagrada, e
ainda lhe acrescentará a quinta parte, e a dará ao sacerdote; e com o carneiro
da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele, e ele será perdoado.
17 Se
alguém pecar, fazendo qualquer de todas as coisas que o Senhor ordenou que não
se fizessem, ainda que não o soubesse, contudo será ele culpado, e levará a sua
iniquidade;
18 e
como oferta pela culpa trará ao sacerdote um carneiro sem defeito, do rebanho,
conforme a tua avaliação; e o sacerdote fará por ele expiação do erro que
involuntariamente houver cometido sem o saber; e ele será perdoado.
19 É
oferta pela culpa; certamente ele se tornou culpado diante do Senhor.” (Lev 5.1-19).
Apenas uma curiosidade: Se uma oferta de farinha podia ser usada para perdão de pecado, como fica o versículo que diz: "Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado"?
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