Para facilitar a compreensão do comentário deste 15º
capítulo de I Reis, em diante, deve ser destacado que nem sempre as referências
a filiações correspondem a uma descendência direta, como se vê por exemplo no
verso 3 deste 15º capítulo, em que se afirma que Abião era filho de Davi (ele
era filho de Roboão, que era filho de Salomão, que era filho de Davi). Assim,
onde se lê filho, entenda-se descendente, pois este era um costume antigo muito
comum de se chamar de pais aos ancestrais de uma pessoa.
De igual modo, lemos tanto nos versos 2 e 10 que
Maaca, filha de Absalão era mãe de Abião e de Asa.
Ora, Asa era filho de Abião, portanto Maaca era avó
de Asa e não sua mãe.
Mas ela é citada aqui com destaque porque não somente ainda se encontrava como rainha
mãe nos dias de Asa e tinha também grande influência no Reino do Sul (Judá)
posição da qual foi afastada por Asa, por ser idólatra (v. 13).
Isto explica muito da idolatria de Roboão porque
ela era sua esposa.
Abião, filho de Roboão reinou apenas três anos e
perseverou nos pecados do seu pai, e é também dito dele no verso 3 que o seu
coração não foi perfeito para com o Senhor.
Esta afirmação é importante para entendermos que as
palavras que ele dirigiu a Jeroboão, conforme se lê em II Crôn 13, não
expressam a sua fé e devoção ao Senhor, mas apenas uma afirmação de que Ele
estava ao lado da casa de Davi conforme promessa que lhe havia sido feita por
Deus no passado de que a sua casa seria confirmada.
Apesar de se dizer que o Senhor ajudou o exército
de 400.000 homens de Judá, para vencer o de 800.000 homens de Israel, sob o
comando de Jeroboão, tendo sido mortos 500.000 dos seus homens, no entanto isto
não ocorreu por causa da fidelidade de Abião, mas pela própria maldade de
Jeroboão e pela palavra que o Senhor havia proferido contra ele e Israel.
Judá também seria castigado pelo seu pecado no
tempo oportuno, mas por ora, seria o instrumento do juízo de Deus contra o
Reino do Norte.
Depois de Abião, reinou Asa, seu filho, em Judá,
por 41 anos (v.10).
Em II Crôn 14 a 16 nós encontramos maiores
informações sobre o seu longo reinado.
Depois de Davi, ele foi uma pessoa chave para a
preservação da fidelidade ao Senhor, por parte do Seu povo, porque representou
um corte na idolatria desenfreada que havia começado na parte final do reinado
de Salomão.
Tal foi a sua determinação em promover uma reforma
religiosa em Judá que até mesmo a rainha mãe (Maaca) foi afastada por ele,
apesar de ser sua avó.
Isto comprova o quanto estava devotado ao Senhor, e
não temeu a face do homem.
Expulsou os sodomitas de Judá e removeu os ídolos
que os seus pais cultuavam (v. 12).
Queimou o aserá que sua avó havia feito (v. 13).
Asa não conseguiu entretanto, remover todos os altares
que se encontravam em Judá (v. 14), mas nós vemos no texto paralelo de II
Crônicas 14 a 16, que aboliu os altares dos deuses estranhos e o culto nestes
altares, e quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos que havia em Judá (II
Crôn 14.3, 5).
Além disso, ordenou que Judá buscasse o Senhor
guardando a Sua lei e mandamentos (II Crôn 14.4 – doravante, em relação a Asa
todas estas referências correspondem a II Crônicas).
E por que ele fez tudo isto?
Somente porque tinha um coração devotado ao Senhor?
Não, ele o fez também e principalmente por ter
honrado a Palavra de Deus, pois passou a
conhecer a Sua vontade e o modo como Israel deveria ser conduzido, através das
Escrituras, e especialmente de tudo o que foi escrito por Moisés.
E o que se espera dos ministros do evangelho?
Seria algo diferente disto?
Basta apenas que eles manifestem o seu grande
desejo de servir o Senhor, ou eles devem também e principalmente dirigir os
seus passos mediante a Palavra de Deus?
Poderia o Senhor ser realmente agradado sem
isto?
Em razão da fidelidade de Asa, Deus lhe deu repouso
em seu reinado, e não houve guerra contra ele naqueles dias de fidelidade, de
forma que teve condições de se dedicar à construção de cidades fortificadas em
Judá (14.6,7).
A tribo de Benjamim permanecia aliada a Judá, sendo
o exército do Reino do Sul nos dias de Asa, composto de 300.000 homens de Judá,
e de 280.000 de Benjamim (14.8).
Com estes homens ele conseguiu vencer um exército
de um milhão de etíopes e trezentos carros, confiando no Senhor, e fazendo a
oração que encontramos em II Crôn 14.11:
“E Asa clamou ao Senhor seu Deus, dizendo: Ó
Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força.
Acuda-nos, pois, o Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e no teu nome viemos
contra esta multidão. Ó Senhor, tu és nosso Deus, não prevaleça contra ti o
homem.” (II Crôn 14.11).
Aquelas mesmas operações miraculosas de Deus, que
ocorriam nos dias de Davi, em suas batalhas, voltaram a ocorrer nos dias de
Asa, como prova da manifestação do agrado do Senhor pelas reformas que Asa
estava empreendendo.
Assim, eles juntaram grande despojo das nações
conquistadas (14.13-15).
Por este tempo Deus enviou o profeta Azarias com
uma mensagem para Asa e para as tribos de Judá e Benjamim (15.1,2) dizendo-lhes
que deveriam prosseguir no caminho da fidelidade buscando ao Senhor porque Ele
recompensaria a obra deles (15.2-7).
Quando o povo anda de acordo com a vontade de Deus,
a profecia tem esta função de encorajar, consolar, incentivar, mas quando anda
contrariamente à Sua vontade ela tem a função de admoestar, repreender e
proclamar os juízos de Deus contra o pecado.
Isto ocorreu no 15º ano do reinado de Asa (15.10),
e tal foi o impacto das palavras de incentivo que o Senhor lhe dera através do
profeta Azarias, que ele intensificou as suas reformas, lançando fora as
abominações de Judá e de Benjamim, e reconhecendo que o Senhor era com ele,
muitos de Efraim, Manassés e Simeão desertaram do Reino do Norte e se juntaram
a ele (15.9).
Eles ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeram
uma aliança de buscarem ao Deus de seus pais, de todo o coração e de toda a
alma, e que aqueles que não buscassem ao Senhor fossem mortos, ainda que fossem
crianças ou mulheres (15.12,13).
Houve grande alegria porque haviam feito tal
juramento de todo o coração, e de toda a boa vontade buscaram o Senhor, e Ele
lhes deu paz por toda parte (15.15).
E até ao 35º ano do reinado de Asa, não houve
guerra contra ele (15.19).
Em face deste testemunho devemos perguntar: vale ou
não a pena servir ao Senhor com um coração voluntário?
Se este testemunho das Escrituras não for
suficiente para nos estimular a tal fidelidade ao Senhor, o que poderá nos
mover a isto?
Agora, importa permanecermos constantes nesta
fidelidade e fé inabalável no Senhor para que porventura não suceda a nós o
mesmo que sucedeu a Asa a partir do 36º ano do seu reinado.
Ele não desviou para a adoração de outros deuses.
Ele devia ainda guardar e ordenar o cumprimento dos
mandamentos da Lei.
Mas como havia sido fortalecido e confirmado no
reino, estando na posse de muitos bens, tanto do que havia tomado como despojo
das nações, quanto da prosperidade que o Senhor deu a Judá e Benjamim, e em vez
de continuar confiando no Senhor para vencer o rei Baasa de Israel, ele
assalariou e fez aliança com Ben-Hadade, rei da Síria, para que desse contra as
cidades de Israel (16.1-5), de maneira que Baasa abandonasse o seu projeto de
fortificar a cidade de Ramá, para impedir o trânsito dos israelitas que estavam
em deserção, indo residir em Judá e em Benjamim.
Isto não agradou ao Senhor, que enviou a Asa o
profeta Hanani, que lhe disse que por não ter confiado no Senhor como o havia
feito em relação aos etíopes e aos líbios, obtendo vitória sobre um exército de
um milhão de homens, então, desde aquele
momento em diante haveria guerra contra ele (15.7-9).
Mas Asa, em seu endurecimento não se arrependeu,
nem se humilhou perante o Senhor, e em vez disso muito se indignou contra o
profeta e o lançou no cárcere, prendendo-o a um tronco, e tal foi a sua ira que
a despejou sobre alguns do povo, oprimindo-os (16.10).
Três anos antes da sua morte, portanto no 39º ano
do seu reinado, Asa caiu enfermo dos pés e sua doença era muito grave, mas é
dito que ele não recorreu ao Senhor, e confiou somente nos médicos (16.11,12).
A grande ira dele havia aberto a porta para que
fosse acometido por esta enfermidade, que lhe dificultava e até mesmo devia
impossibilitá-lo de andar.
A par de toda a fidelidade que ele havia
demonstrado ao Senhor, o seu pecado de orgulho que o levou a impedir a
liberdade do profeta Hanani de ir e vir, seria retribuído nele próprio com
aquela enfermidade dos pés que se transformou numa prisão para o seu corpo e
que impedia os seus deslocamentos.
O fato de não ter buscado lugar de arrependimento
em Deus, humilhando-se e confessando o seu pecado, e não confiando que isto
contribuiria para a sua cura, parece indicar que morreu endurecido no seu
orgulho, que havia se manifestado primeiro na confiança dos muitos bens que
possuía, e na prosperidade do Seu reino, e ter abandonado a confiança exclusiva
que ele tinha no Senhor nos dias de dificuldade; orgulho este que foi
confirmado em não aceitar a repreensão que o Senhor lhe fizera através do
profeta Hanani.
Ele estava cometendo o erro muito comum daqueles
que prosperam muito, em se colocarem acima da vontade de Deus, por pensarem que
não dependem mais dEle para terem um viver abençoado.
Que o Senhor possa nos guardar deste terrível erro!
Porque todo o bem que tivermos feito anteriormente,
de nada nos valerá se permitirmos ser vencidos pelo orgulho espiritual.
E temos em Asa um grande exemplo que nos foi dado a
respeito disto, de maneira que nos guardemos da presunção, que nos faz pensar
que estamos de pé, quando na verdade podemos estar caídos, ainda que não numa
queda definitiva para a perdição eterna, porque os eleitos como Salomão, Asa,
Davi, Pedro e todos os demais, podem cair, mas ao final serão levantados pelo
Senhor, para estarem para sempre em Sua presença, desfrutando a glória do céu.
Poderoso é o Senhor Jesus para fazê-lo, o fiel sumo
sacerdote da nossa fé, e nosso grande Salvador e Senhor.
“1 No décimo oitavo ano do rei Jeroboão, filho de
Nebate, começou Abião a reinar sobre Judá.
2 Reinou três anos em Jerusalém. Era o nome de sua
mãe Maaca, filha de Absalão.
3 Ele andou em todos os pecados que seu pai tinha
cometido antes dele; o seu coração não foi perfeito para com o Senhor seu Deus
como o coração de Davi, seu pai.
4 Mas por amor de Davi o Senhor lhe deu uma lâmpada
em Jerusalém, levantando a seu filho depois dele, e confirmando a Jerusalém;
5 porque Davi fez o que era reto aos olhos do
Senhor, e não se desviou de tudo o que lhe ordenou em todos os dias da sua
vida, a não ser no caso de Urias, o heteu.
6 Ora, houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos
os dias da vida de Roboão.
7 Quanto ao restante dos atos de Abião, e a tudo
quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de
Judá? Também houve guerra entre Abião e Jeroboão.
8 Abião dormiu com seus pais, e o sepultaram na
cidade de Davi. E Asa, seu filho, reinou em seu lugar.
9 No vigésimo ano de Jeroboão, rei de Israel,
começou Asa a reinar em Judá,
10 e reinou quarenta e um anos em Jerusalém. Era o
nome de sua mãe Maaca, filha de Absalão.
11 Asa fez o que era reto aos olhos do Senhor, como
Davi, seu pai.
12 Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu
todos os ídolos que seus pais tinham feito.
13 E até a Maaca, sua mãe, removeu para que não
fosse rainha, porquanto tinha feito um abominável ídolo para servir de Asera; e
Asa desfez esse ídolo, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom.
14 Os altos, porém, não foram tirados; todavia o
coração de Asa foi reto para com o Senhor todos os seus dias.
15 E trouxe para a casa do Senhor as coisas que seu
pai havia consagrado, e as coisas que ele mesmo consagrara: prata, ouro e
vasos.
16 Ora, houve guerra entre Asa e Baasa, rei de
Israel, todos os seus dias.
17 Pois Baasa, rei de Israel, subiu contra Judá, e
edificou Ramá, para que a ninguém fosse permitido sair, nem entrar a ter com
Asa, rei de Judá.
18 Então Asa tomou toda a prata e ouro que ficaram
nos tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei, e os entregou nas
mãos de seus servos. E o rei Asa os enviou a Ben-Hadade, filho de Tabrimom,
filho de Heziom, rei da Síria, que habitava em Damasco, dizendo:
19 Haja aliança entre mim e ti, como houve entre
meu pai e teu pai. Eis que aqui te mando um presente de prata e de ouro; vai, e
anula a tua aliança com Baasa, rei de Israel, para que ele se retire de mim.
20 Ben-Hadade, pois, deu ouvidos ao rei Asa, e
enviou os capitães dos seus exércitos contra as cidades de Israel; e feriu a
Ijom, a Dã, a Abel-Bete-Maaca, e a todo o distrito de Quinerote, com toda a
terra de Naftali.
21 E sucedeu que, ouvindo-o Baasa, deixou de
edificar Ramá, e ficou em Tirza.
22 Então o rei Asa fez apregoar por toda a Judá que
todos, sem exceção, trouxessem as pedras de Ramá, e a madeira com que Baasa a
edificava; e com elas o rei Asa edificou Geba de Benjamim e Mizpá.
23 Quanto ao restante de todos os atos de Asa, e
todo o seu poder, e tudo quanto fez, e as cidades que edificou, porventura não
estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá? Porém, na velhice,
ficou, enfermo dos pés.
24 E Asa dormiu com seus pais, e foi sepultado com
eles na cidade de Davi seu pai; e Josafá, seu filho reinou em seu lugar.
25 Nadabe, filho de Jeroboão, começou a reinar
sobre Israel no segundo ano de Asa, rei de Judá, e reinou sobre Israel dois
anos.
26 E fez o que era mau aos olhos de Senhor, andando
nos caminhos de seu pai, e no seu pecado com que tinha feito Israel pecar.
27 Conspirou contra ele Baasa, filho de Aías, da
casa de Issacar, e o feriu em Gibetom, que pertencia aos filisteus; pois Nadabe
e todo o Israel sitiavam a Gibetom.
28 Matou-o, pois, Baasa no terceiro ano de Asa, rei
de Judá, e reinou em seu lugar.
29 E logo que começou a reinar, feriu toda a casa
de Jeroboão; a ninguém de Jeroboão que tivesse fôlego deixou de destruir
totalmente, conforme a palavra do Senhor que ele falara por intermédio de seu
servo Aías, o silonita,
30 por causa dos pecados que Jeroboão cometera, e
com que fizera Israel pecar, e por causa da provocação com que provocara à ira
o Senhor Deus de Israel.
31 Quanto ao restante dos atos de Nadabe, e a tudo
quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de
Israel?
32 Houve guerra entre Asa e Baasa, rei de Israel,
todos os seus dias.
33 No terceiro ano de Asa, rei de Judá, Baasa,
filho de Aías, começou a reinar sobre todo o Israel em Tirza, e reinou vinte e
quatro anos.
34 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, andando
no caminho de Jeroboão e no seu pecado com que tinha feito Israel pecar.” (I Rs
15.1-34).
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