Quando o Senhor começou a julgar a casa de
Jeroboão, conforme nós vimos no último verso do capítulo precedente, que Ele
havia determinado destruir e extinguir a sua casa da face da terra, Ele o fez a
partir do melhor deles, como vemos no verso 13 deste 14º capítulo de I Reis, do
qual o Senhor deu testemunho pela boca do profeta Aías que “se achou nele cousa
boa para com o Senhor Deus de Israel em casa de Jeroboão”.
Estamos falando de Abias, filho de Jeroboão, e que
era ainda um menino e que fora enfermado pelo Senhor.
Deus havia proferido um juízo sobre todos os de
sexo masculino da casa de Jeroboão (v.10), de maneira que até mesmo este jovem
e fiel crente que Jeroboão tinha em sua casa, também seria morto pelo Senhor,
só que Ele lhe daria a honra de ser sepultado e pranteado, diferentemente dos
demais homens da casa de Jeroboão, que seriam devorados pelos cães na cidade ou
pelas aves de rapina no campo (v.11), como paga de todo o mal que Jeroboão
havia feito aos israelitas, desviando-os do Deus deles.
Ele havia conduzido muitos a seguirem o seu mau
exemplo, e portanto, seria grande o juízo sobre a sua própria casa, de modo que
isto servisse de sinal para Israel, e que muitos deles deixassem de perseverar nos
caminhos de Jeroboão, em face do que veriam que o Senhor faria com ele e com
todos os de sexo masculino da sua casa, de modo que não poderia ser sucedido no
trono por nenhum dos seus descendentes.
Deus havia prometido a Jeroboão fazê-lo rei de dez
tribos de Israel, pela boca do profeta Aías, mas ele não andou nos Seus
caminhos, conforme lhe havia sido ordenado quando o profeta Aías lhe falou as
palavras de Deus.
Aías ainda vivia em Siló, mas não podia mais
enxergar por causa da sua velhice, e foi a ele que Jeroboão enviou sua esposa,
pedindo que se disfarçasse e perguntasse apenas ao profeta o que sucederia a
Abias, que se encontrava gravemente enfermo (I Reis 14.1-3).
Entretanto,
Deus havia revelado antecedentemente o disfarce a Aías (v. 5) e lhe deu
palavras de juízo para serem proferidas contra Jeroboão e a sua casa.
Jeroboão pensou que firmaria o seu trono com a sua
idolatria e o estratagema político que usara para afastar os israelitas da
devoção ao Senhor no templo de Jerusalém, mas foi exatamente isto a causa da
sua ruína e dos seus descendentes.
E se Deus começou o Seu juízo a partir do melhor
deles, cuja vida não foi poupada, o que não sucederia aos demais?
A morte de Abias seria então um prenúncio de que
toda a palavra que havia sido proferida por Aías contra a casa de Jeroboão
teria cabal cumprimento.
É bem provável que Abias tenha tido mais do que a
honra de ter um sepultamento digno, pois de acordo com o testemunho que o
Senhor deu a seu respeito, podemos concluir que ele tenha tido também a elevada
honra de ter ido para o céu.
Uma criança fiel a Deus na casa de Jeroboão é um
milagre da graça divina.
Ele tem seus eleitos até mesmo debaixo do teto dos
Seus inimigos.
Não muito depois, o próprio Jeroboão foi enfermado
por Deus e veio a falecer daquela doença (II Crôn 13.20).
Ele reinou 22 anos (v. 20) e foi permitido ainda
pelo Senhor que seu filho Nadabe começasse a reinar depois dele, mas este
reinou somente dois anos, porque no final deste breve período não somente ele
mas todos os descendentes de Jeroboão foram mortos por Baasa, que passou a
reinar no lugar de Nadabe (15.28-30).
Os versos 21 a 31 dão uma breve conta das
abominações que eram praticadas em Judá no reinado de 17 anos de Roboão.
Judá também edificou altares, colunas e aserins
(v.23) e toleravam contra a Lei, a presença de sodomitas na terra (v. 24).
Estes eram prostitutos cultuais que promoviam a luxúria pagã da adoração dos
falsos deuses.
E para julgar o pecado deles Deus os entregou nas
mãos de Sisaque, rei do Egito, no 5º ano do reinado de Roboão, o qual deu
contra Jerusalém tomando como despojo os tesouros do templo e do palácio do
rei, inclusive os escudos de ouro que Salomão havia feito (v.25, 26).
No lugar destes escudos Roboão fez outros de bronze
(v. 27), e isto indicava que a manutenção da glória do reino que ele tanto
almejava à custa de elevação de impostos, e não pela fidelidade ao Senhor,
estava ficando cada vez mais reduzida, porque esta tomada do tesouro do templo
e do seu palácio significava que os problemas econômicos que ele tinha para a
manutenção da corte seriam agravados, especialmente pelo fato dele já não poder
contar com a divisão do reino, com a provisão mensal de dez tribos de Israel, a
qual havia sido instituída por Salomão, com as doze superintendências regionais
que tinham o encargo de suprir o reino mensalmente.
Certamente, esta forma de administração teve que
ser alterada, e fez sentir seus reflexos na economia do reino, para a qual ele
não estava capacitado a reestruturar, e nem mesmo poderia alcançá-lo por conta
da sua idolatria, e esta prosperidade somente voltaria sob a regência de Asa e
de Josafá, seu filho, por causa da fidelidade deles ao Senhor.
Roboão tinha uma grande cobiça e um grande desejo
por honras e glórias, e por isso recebeu do Senhor o oposto disto, porque ele
abate os que se exaltam.
Asa e Josafá, que não andaram em busca de riquezas,
honras e glórias, mas em fazer a vontade do Senhor, receberam dEle todas estas
coisas porque Ele exalta a quem se humilha na Sua presença, e que O busca com
um coração sincero.
“1 Naquele tempo adoeceu Abias, filho de Jeroboão.
2 E disse Jeroboão a sua mulher: Levanta-te, e
disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão, e vai a Siló. Eis
que lá está o profeta Aías, o qual falou acerca de mim que eu seria rei sobre
este povo.
3 Leva contigo dez pães, alguns bolos e uma botija
de mel, e vai ter com ele; ele te declarará o que há de suceder a este menino.
4 Assim, pois, fez a mulher de Jeroboão; e,
levantando-se, foi a Siló, e entrou na casa de Aías. Este já não podia ver,
pois seus olhos haviam cegado por causa da velhice.
5 O Senhor, porém, dissera a Aías: Eis que a mulher
de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, que está doente. Assim e assim
lhe falarás; porque há de ser que, entrando ela, fingirá ser outra.
6 Sucedeu que, ouvindo Aías o ruído de seus pés, ao
entrar ela pela porta, disse: Entra, mulher de Jeroboão; por que te disfarças
assim? Pois eu sou enviado a ti com duras novas.
7 Vai, dize a Jeroboão: Assim diz o Senhor Deus de
Israel: Porquanto te exaltei do meio do povo, e te constituí príncipe sobre o
meu povo de Israel,
8 e rasguei o reino da casa de Davi, e o dei a ti;
todavia não tens sido como o meu servo Davi, que guardou os meus mandamentos e
que me seguiu de todo o coração para fazer somente o que era reto aos meus
olhos;
9 mas tens praticado o mal, pior do que todos os
que foram antes de ti, e foste fizeste para ti outros deuses e imagens de
fundição, para provocar-me à ira, e me lançaste para trás das tuas costas;
10 portanto, eis que trarei o mal sobre a casa de
Jeroboão, e exterminarei de Jeroboão todo homem, escravo ou livre, em Israel, e
lançarei fora os remanescentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o
esterco, até que de todo se acabe.
11 Quem morrer a Jeroboão na cidade, comê-lo-ão os
cães; e o que lhe morrer no campo, comê-lo-ão as aves do céu; porque o Senhor o
disse.
12 Levanta-te, pois, e vai-te para tua casa; ao
entrarem os teus pés na cidade, o menino morrerá.
13 E todo o Israel o pranteará, e o sepultará;
porque de Jeroboão só este entrará em sepultura, porquanto, dos da casa de
Jeroboão, só nele se achou alguma coisa boa para com o Senhor Deus de Israel.
14 O Senhor, porém, levantará para si um rei sobre
Israel, que destruirá a casa de Jeroboão. Este é o dia! Sim desde agora.
15 Ferirá o Senhor a Israel, como se agita a cana
nas águas; e arrancará a Israel desta boa terra que tinha dado a seus pais, e o
espalhará para além do rio, porquanto fizeram os seus aserins, provocando o
Senhor à ira.
16 E entregará Israel por causa dos pecados de
Jeroboão, o qual pecou e fez pecar a Israel.
17 Então a mulher de Jeroboão se levantou e partiu,
e veio para Tirza; chegando ela ao limiar da casa, o menino morreu.
18 E todo o Israel o sepultou e o pranteou,
conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de seu servo Aías,
o profeta.
19 Quanto ao restante dos atos de Jeroboão, como
guerreou, e como reinou, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de
Israel.
20 E o tempo que Jeroboão reinou foi vinte e dois
anos. E dormiu com seus pais; e Nadabe, seu filho, reinou em seu lugar.
21 Reinou em Judá Roboão, filho de Salomão. Tinha
quarenta e um anos quando começou a reinar, e reinou dezessete anos em
Jerusalém, a cidade que o Senhor escolhera dentre todas as tribos de Israel
para pôr ali o seu nome. E era o nome de sua mãe Naamá, a amonita.
22 E fez Judá o que era mau aos olhos do Senhor; e,
com os seus pecados que cometeram, provocaram-no a zelos, mais do que o fizeram
os seus pais.
23 Porque também eles edificaram altos, e colunas,
e aserins sobre todo alto outeiro e debaixo de toda árvore frondosa;
24 e havia também sodomitas na terra: fizeram
conforme todas as abominações dos povos que o Senhor tinha expulsado de diante
dos filhos de Israel.
25 Ora, sucedeu que, no quinto ano do rei Roboão,
Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém,
26 e tomou os tesouros da casa de Senhor e os
tesouros da casa do rei; levou tudo. Também tomou todos os escudos de ouro que
Salomão tinha feito.
27 Em lugar deles, fez o rei Roboão escudos de
bronze, e os entregou nas mãos dos capitães da guarda, que guardavam a porta da
casa do rei.
28 E todas as vezes que o rei entrava na casa do
Senhor os da guarda levavam os escudos, e depois tornavam a pô-los na câmara da
guarda.
29 Quanto ao restante dos atos de Roboão, e a tudo
quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de
Judá?
30 Houve guerra continuamente entre Roboão e
Jeroboão.
31 E Roboão dormiu com seus pais, e foi sepultado
com eles na cidade de Davi. Era o nome de sua mãe Naamá, a amonita. E Abião,
seu filho, reinou em seu lugar.” (I Rs 14.1-31).
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