Há
alguns preceitos cerimoniais no 19º capítulo de
Levítico, mas na sua maioria eles são morais.
Este
conjunto de leis é introduzido pela afirmação de Deus que justifica todas estas
ordenanças:
“Santos
sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (v. 2).
Esta
é a razão principal das exigências da separação das práticas mundanas e da
mortificação da carne para uma completa devoção ao Senhor.
Este
continua sendo o mesmo alvo de Deus para a igreja no Novo Testamento (I Pe
1.15,16).
As
penalidades previstas na Lei se aplicavam ao período do Velho Testamento, à
nação de Israel, que era o povo da aliança antiga, mas, apesar de não serem
aplicáveis na presente dispensação da graça, elas ilustram, que aqueles que
continuam na prática das coisas reprovadas pela Lei, estão sujeitos à um juízo
de condenação eterna, caso não sejam remidos por Cristo.
A
primeira ordenança se refere ao temor que os filhos
devem ter de seus pais (v. 3), e isto requer reverência, honra, estima e
expressões de respeito e obediência aos comandos dos pais, se esforçando
para agradá-los, evitando tudo o que possa ofendê-los ou afligi-los,
trazendo-lhes desgosto.
Conjuntamente
a este mandamento é ordenado aos filhos que guardem os sábados do Senhor.
Há
uma repetição de algumas leis como a proibição da idolatria (v.4); de
se comer da oferta pacífica no terceiro dia (v. 5-8); de fazer a colheita sem
deixar no campo algo para o estrangeiro e o pobre (v.9,10); de furtar, mentir e
usar de falsidade com o próximo (v. 11); de jurar falso pelo nome do Senhor (v.
12).
No
versículo 13 se ordena que tudo o que conquistarmos no mundo deve ser de modo
honesto, sem oprimir, roubar ou reter salários devidos ao próximo.
Os
deficientes físicos como surdos e cegos devem ser ajudados e não devem ser
amaldiçoados e nem se deve abusar da condição deles (v. 14).
O
caráter dos homens é provado nisto, por exibirem o quanto temem de fato a Deus,
pelo tratamento que dispensam aos deficientes, não se aproveitando da condição
deles, e nem mesmo considerando-os amaldiçoados ou desprezados de Deus, em
razão da sua deficiência.
O
Senhor adverte quanto ao temor que lhe é devido neste mandamento,
porque Ele tudo ouve e vê, ainda que o surdo e o cego não ouçam e vejam
respectivamente; as maldades que lhes são dirigidas, e que certamente, serão
julgadas pelo Senhor.
Os
juízes são advertidos quanto à imparcialidade exigida para os seus julgamentos
(v. 15), avaliando o mérito da causa
julgada, e não a condição financeira e social das partes demandantes.
A
pobreza não é uma justificativa para o favorecimento da causa, tanto quanto a
riqueza.
Os
versículos 16 a 18 apresentam em conjunto mandamentos relativos ao amor ao
próximo como a si mesmo, não espalhando notícias para ferir a sua honra e para
semear discórdias (v. 16a); não agir para tirar-lhe a vida (v. 16b); os danos
recebidos em vez de serem motivo para se abrigar ódio no coração contra quem o
praticou, deveriam ensejar somente a repreensão de quem o praticou (v. 17), de
modo que um erro não conduzisse a outro erro pior, porque o ódio abrigado no
coração contra alguém é visto por Deus como o próprio crime de homicídio (Mt
5.21,22).
Deus
é o Senhor que tudo vê, governa e dirige.
A Ele
pertence a palavra final no juízo de qualquer demanda.
A Ele
pertence a vingança e Ele certamente dará a justa retribuição a todo ato
praticado pelo homem contra o seu próximo.
É por
isso que se vê no final destes mandamentos a repetição da citação: “Eu sou o
Senhor” (v. 4, 10, 12, 14, 16, 18) como uma forma de lembrança que a obediência
aos mandamentos é uma obrigação porque são determinados pelo Rei dos reis e
Senhor dos senhores, que não deixará de recompensar o bem, tanto quanto não
deixará de se vingar do
mal.
Em Lc
17.3,4 o Senhor Jesus nos alerta sobre o cuidado que devemos ter em não cair no
laço da ira e do ódio contra aqueles que nos tenham causado qualquer tipo de
mal, introduzindo suas palavras com o imperativo: “Acautelai-vos!”,
pois este é realmente um assunto que exige muita cautela para que não venhamos
a fazer mal a nós mesmos, pelo ressentimento que abrigarmos em
nosso íntimo contra o próximo, coisa que Deus proíbe na Lei (Lev 19.17).
Jesus
diz:
”Acautelai-vos.
Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se
por sete vezes, no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo dizendo:
Estou arrependido, perdoa-lhe.” (Lc 17.3,4)
Nós
não devemos guardar, conforme é da vontade de Deus, um rancor secreto contra a
pessoa que nos causou algum dano, e nem nos alienarmos dela, nem falar mal dela
ou esperar uma oportunidade para nos vingarmos, mas devemos com mansidão e
sabedoria nos esforçar para convencê-la do dano causado, argumentando
razoavelmente com ela, e procurar com isso acabar com o desgosto havido, e
reprovar o seu pecado diante de Deus, por causa do amor, e se esforçar para
conduzi-la ao arrependimento para que seja perdoado.
Se
não houver evidência de obtenção de êxito, deveremos suportar o dano, e ter o
coração guardado de ressentimentos, sabendo que fizemos aquilo que nos é
ordenado pelo Senhor.
O
versículo 19 contém um mandamento que proíbe misturas de animais de espécies
diferentes, bem como de sementes e de roupas de estofos diferentes.
Deus
criou cada ser animal ou vegetal segundo a sua própria espécie, e agora ordena
aos israelitas que respeitassem a ordem da criação, para não fazerem
cruzamentos de animais e vegetais para obterem novas espécies.
Este
mandamento é muito importante para que somente por ele se derrube toda a teoria
da evolução, que afirma que as espécies atuais surgiram de espécies inferiores,
pois são o resultado, segundo eles de uma evolução que durou milhões e milhões
de anos.
Mas
Deus confirma aqui que tudo foi criado segundo a sua própria espécie e que
segundo a Sua vontade, isto deveria ser obedecido pelos israelitas, como figura
de que eles deveriam evitar se misturar com as demais nações
da terra, se contaminando com suas práticas idolátricas.
Do
versículo 20 a 22 consta o mandamento relativo aos procedimentos para o caso de
alguém deitar com uma escrava desposada com outro homem.
Se a
escrava não fosse libertada e resgatada, ambos deveriam ser açoitados.
O
homem que se deitou com ela deveria oferecer um carneiro como oferta pela
culpa, para ser perdoado do pecado que havia cometido.
Dos
versos 23 a 25 consta o mandamento relativo ao consumo do fruto de árvores que
fossem plantadas quando o povo entrasse em Canaã.
Os
frutos não poderiam ser comidos durante três anos, e no quarto ano deveriam ser
oferecidos como oferta de louvores ao Senhor, e somente a partir do quinto ano
poderiam comer dos seus frutos.
Dos
versos 26 a 28 há uma lei contra os usos supersticiosos do paganismo, como
comer sangue, simbolizando a comunhão deles com os demônios; a prática do
agouro e da adivinhação; que são também associadas a consultas a demônios,
principalmente para obter saúde e prosperidade material.
Havia
uma superstição entre os pagãos de que até o tipo corte do cabelo e da barba
era um modo de se agradar os seus deuses.
Não
deveriam ser imitados os ritos e cerimônias pelos
quais eles expressavam a sua tristeza em seus funerais, fazendo cortes e marcas
nos seus próprios corpos.
Contra
todas estas práticas pagãs é ordenado no verso 30 que o sábado fosse guardado e
o serviço do tabernáculo reverenciado.
Não
há nada melhor para mortificar a carne do que se santificar buscando o Senhor.
Combate-se
o mal com o bem.
O
erro com a verdade.
O
ódio com o amor.
Vence-se
o diabo e as suas tentações sujeitando-se a Deus.
Daí a
ordem de se santificar o sábado e se reverenciar o santuário do Senhor.
O
futuro dos cristãos está na mão de Deus, e por isso não devem se
voltar para os necromantes e adivinhos, de modo a não se contaminarem com eles,
para prejuízo da sua santificação (v. 31).
Os
anciãos são dignos de reverência e honra (v. 32).
Aqueles
que têm sido abençoados por Deus com uma vida longa devem ser honrados com
expressões distintivas de civilidade, e aqueles que forem sábios são
merecedores de uma duplicada honra, pois têm da parte de Deus, a ordem de serem
líderes em Israel, orientando os mais jovens a andarem nos Seus caminhos.
Honrar
os anciãos significa honrar o próprio Senhor, que
tem ordenado isto em relação aos mais velhos. que
guiam o Seu povo no conhecimento e prática da verdade.
Mais
uma vez, como aparece repetidas vezes na Lei, é ordenado que os israelitas
amassem o estrangeiro que peregrinasse em Israel, como
amavam os naturais da terra (v. 33, 34).
Os cristãos
devem amar as pessoas que são estranhas para Deus, que não O conhecem.
Devem
amá-los como a si mesmos porque esta é a vontade de Deus, que fazendo o bem
façam emudecer a ignorância dos insensatos (I Pe 2.15).
Pelo
comportamento exemplar dos cristãos entre os gentios
(aqueles que não conhecem o Senhor), especialmente pelo seu testemunho de amor,
ocorrerá o que o apóstolo Pedro afirma em I Pe 2.12:
“para
que naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em
vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.”
Assim
o amor dos israelitas, pelos estrangeiros,
daria ocasião para que o nome de Deus fosse glorificado por muitos deles, pelo
testemunho de amor demonstrado por aqueles do Seu
povo.
A prática tão comum da desonestidade, da
fraude, do roubo que costuma ocorrer no comércio, não
deveria ser praticada em Israel, pois a Lei determinava que
os negócios em Israel fossem marcados sem injustiça no
juízo, nem na disciplina, nem no peso, nem na medida.
Pesos
e medidas justos deveriam ser usados por eles, conforme ordenado por Deus (v.
35-37).
Assim,
não cabe aos cristãos escolherem qual deve ser o
seu dever, pois tudo o que se refere ao seu procedimento moral já está
determinado por Deus na Sua Palavra.
Ela é
a medida de todas as coisas relativas ao comportamento deles.
“1
Disse mais o Senhor a Moisés:
2
Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sereis santos,
porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.
3
Temerá cada um a sua mãe e a seu pai; e guardareis os meus sábados. Eu sou o
Senhor vosso Deus.
4 Não
vos volteis para os ídolos, nem façais para vós deuses de fundição. Eu sou o
Senhor vosso Deus.
5
Quando oferecerdes ao Senhor sacrifício de oferta pacífica, oferecê-lo-eis de
modo a serdes aceitos.
6 No
mesmo dia, pois, em que o oferecerdes, e no dia seguinte, se comerá; mas o que
sobejar até o terceiro dia será queimado no fogo.
7 E
se, na verdade, alguma coisa dele for comida ao terceiro dia, é coisa
abominável; não será aceito.
8 E
qualquer que o comer levará sobre si a sua iniquidade,
porquanto profanou a coisa santa do Senhor; por isso tal alma será extirpada do
seu povo.
9
Quando fizeres a colheita da tua terra, não segarás totalmente os cantos do teu
campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega.
10
Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua
vinha; deixá-los-ás para o pobre e para o estrangeiro. Eu sou o senhor vosso
Deus.
11
Não furtareis; não enganareis, nem mentireis uns aos outros;
12
não jurareis falso pelo meu nome, assim profanando o nome do vosso Deus. Eu sou
o Senhor.
13
Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará
contigo até pela manhã.
14
Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás a teu
Deus. Eu sou o Senhor.
15 Não
farás injustiça no juízo; não farás acepção da pessoa do pobre, nem honrarás o
poderoso; mas com justiça julgarás o teu próximo.
16
Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; nem conspirarás contra o sangue
do teu próximo. Eu sou o Senhor.
17
Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu
próximo, e não levarás sobre ti pecado por causa dele.
18
Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.
19
Guardareis os meus estatutos. Não permitirás que se cruze o teu gado com o de
espécie diversa; não semearás o teu campo com semente diversa; nem vestirás
roupa tecida de materiais diversos.
20 E,
quando um homem se deitar com uma mulher que for escrava, desposada com um
homem, e que não for resgatada, nem se lhe houver dado liberdade, então ambos
serão açoitados; não morrerão, pois ela não era livre.
21 E
como a sua oferta pela culpa, trará o homem ao Senhor, à porta da tenda da
revelação, um carneiro para expiação de culpa;
22 e,
com o carneiro da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele perante
o Senhor, pelo pecado que cometeu; e este lhe será perdoado.
23
Quando tiverdes entrado na terra e tiverdes plantado toda qualidade de árvores
para delas comerdes, tereis o seu fruto como incircunciso; por três anos ele
vos será como incircunciso; dele não se comerá.
24 No
quarto ano, porém, todo o seu o fruto será santo, para oferta de louvor ao
Senhor.
25 E
partindo do quinto ano comereis o seu fruto; para que elas vos aumentem a sua
produção. Eu sou o Senhor vosso Deus.
26
Não comereis coisa alguma com o sangue; não usareis de encantamentos, nem de
agouros.
27
Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem
desfigurareis os cantos da vossa barba.
28
Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo
imprimireis qualquer marca. Eu sou o Senhor.
29
Não profanarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se; para que a terra não se
prostitua e não se encha de maldade.
30
Guardareis os meus sábados, e o meu santuário reverenciareis. Eu sou o Senhor.
31
Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não
os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso
Deus.
32
Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião, e temerás o teu
Deus. Eu sou o Senhor.
33
Quando um estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o maltratareis.
34
Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrinar convosco;
amá-lo-eis como a vós mesmos; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu
sou o Senhor vosso Deus.
35
Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida.
36
Balanças justas, pesos justos, efa justa, e justo him tereis. Eu sou o Senhor
vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito.
37
Pelo que guardareis todos os meus estatutos e todos os meus preceitos, e os
cumprireis. Eu sou o Senhor.” (Lev 19.1-37).
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