O nome Sansão, como nós comentamos antes, significa
sol brilhante; e nós vemos que este sol começou a brilhar desde a manhã do seu
nascimento pela esperança para Israel que foi prometida por Deus com o
nascimento daquele menino, e este sol se fez forte e brilhante como ao meio-dia
durante os vinte anos que ele julgou Israel, livrando-o das opressões dos
filisteus, mas este capitulo mostra o entardecer e anoitecer de Sansão, quando
o brilho do sol apagou na parte final da sua vida, conforme vemos neste 16º capítulo
do livro de Juízes.
Aqui nós vemos como ele se arriscou grandemente por
causa da intimidade com uma meretriz, quase não escapando (v. 1 a 3). E nós
vemos ainda ele sendo infiel ao seu voto de nazireado, envolvendo-se com outra
meretriz, Dalila, que seria o instrumento da sua ruína. E na infidelidade ao
voto, pelo seu relacionamento com Dalila, ele acabou quebrando o mesmo, quando
lhe revelou o segredo da forma de se quebrar o referido voto, pois o nazireado
acabava quando o votante rapava a sua cabeça, conforme prescrito na lei de
Moisés, indicando que estava livre do compromisso mútuo com Deus que era
imposto enquanto durasse o voto. E foi esta a razão porque Sansão foi deixado à
mercê dos seus inimigos. Não pelo segredo que lhe revelou, mas pelo fato de ter
tido a cabeça rapada, o que consequentemente tornava o voto sem efeito,
anulando-o. E se a força de Sansão era garantida pelo voto de nazireado, que no
seu caso deveria durar toda a sua vida, conforme palavra do anjo aos seus pais,
antes da sua concepção, não seria de se esperar que ele a mantivesse caso o
voto fosse quebrado.
Antes mesmo de ter se unido a Dalila, Sansão pecou
grandemente profanando a honra de um israelita e especialmente do nazireu que
ele era, quando se afeiçoou a uma prostituta de Gaza e teve relações com ela.
(v. 1).
Sabendo que ele se encontrava em Gaza, os filisteus
fecharam os portões da cidade e planejaram matá-lo pela manhã, considerando que
o tinham aprisionado na cidade ao fecharem os seus enormes portões. Mas,
levantado-se à meia-noite, Sansão fugiu por onde eles menos esperavam, pelos
portões da cidade, e certamente não montaram uma guarda especial no local,
confiados que estavam na forte estrutura daqueles portões. Mas a força do Espírito
Santo através de Sansão permitiu-lhe que arrancasse os portões com as próprias
mãos, e não somente isto, que os levasse sobre os seus ombros até o cume de um
monte fronteiriço a Hebrom.
Satanás estava trabalhando no ponto fraco de Sansão
para conduzi-lo à derrota. Não para satisfazer os filisteus. Mas, como sempre
faz, para atrapalhar os planos de Deus e tentar invalidar a Sua promessa e
Palavra. E como não foi possível vencer a Sansão com uma prostituta rude, ele
vai lançar mão agora de uma atração mais sofisticada. Uma mulher refinada que
se relacionava com os príncipes filisteus. Uma cortesã que seria usada
ardilosamente para que se quebrasse o voto de Nazireu que Sansão tinha com
Deus, e deste modo, perdesse toda a sua força.
A estratégia de Satanás segue sendo a mesma em
relação a todos os cristãos, como vemos ilustrado em variadas porções da
Bíblia, porque o grande propósito dele é o de colocar-nos debaixo da correção
do próprio Deus, pois isto fere tanto a nós quanto ao Seu coração amoroso de
Pai. Nós vimos isto no livro de Números quando Balaão, por inspiração satânica,
sugeriu que os midianitas dessem suas mulheres como esposas aos israelitas para
que estas lhes ensinassem a se prostituírem com Baal, e o resultado foi que
eles pecaram contra Deus, e não restou ao Senhor alternativa senão a de visitar
o pecado deles com uma grande praga que matou a milhares de israelitas.
Especialmente os ministros do evangelho são os
alvos preferenciais de Satanás, para serem conduzidos em pecado, de forma que o
escândalo produzido pelo pecado deles traga grande prejuízo não somente ao
rebanho que dirigem, como também traga desonra ao Deus sob cujo nome eles
ministram.
Assim, não são propriamente as pessoas dos
ministros que Satanás tem por objetivo atingir, mas a causa do evangelho. De
igual modo não era propriamente a pessoa de Sansão o alvo do diabo, e não
somente também manter os israelitas debaixo da dominação dos filisteus, senão
do seu próprio domínio conforme estava conseguindo em sucessivas gerações de
Israel, fazendo com que permanecessem endurecidos em seus pecados e
incredulidade. E Satanás sabia o quanto a ação de Deus através da vida de
Sansão poderia servir para despertar a fé dos israelitas e movê-los a viverem
de novo obedientemente à Sua vontade, e cumprindo a Sua Palavra.
Mas, infelizmente, isto não ocorreu, não por ter
Deus fracassado, mas por ter sido a vida de Sansão uma vida tão cheia de
contradições.
Deus prepararia um outro libertador para Israel,
para trazer a nação à fidelidade à Sua vontade, e fez isto nos dias de um outro
juiz que foi levantado depois de Sansão, o sacerdote Eli, e esta pessoa que foi
grandemente usada por Deus como modelo de obediência e santidade, para servir
de bom exemplo para Israel retornar à fidelidade, foi o profeta Samuel.
Então, ainda que Israel tivesse se livrado do jugo
dos filisteus pela libertação obtida por Sansão em sua morte, foi apenas uma
liberdade de caráter político, e não espiritual, porque os israelitas
permaneceram escravizados à sua incredulidade.
Nós vemos o próprio Sansão, no final da sua vida,
emaranhado no laço do diabo, porque ficou de tal maneira ligado em seu espírito
a Dalila, que se tornou negligente com o dom de Deus que havia nele. Ele deixou
de dar o devido valor ao que era precioso e passou a seguir as inclinações
naturais de sua natureza carnal, ao ponto de não considerar a desonra que
estava dando ao nome de Deus através do seu interesse em relacionar-se até
mesmo com meretrizes.
Deste modo a sua queda era previsível e dependeria
somente de uma mera questão de tempo. Quando o nosso coração se afasta de Deus
e da santidade que é devida a Ele, pela necessária atenção e cuidado em guardar
os Seus mandamentos, a consequência é que automaticamente ficamos sujeitos ao
governo da carne e enfraquecidos espiritualmente diante do nosso arqui inimigo.
Ainda que tivesse mantido a força física, enquanto estava com Dalila, conforme
pôde demonstrar a ela nas vezes em que lhe disse falsamente o modo pelo qual
poderia se tornar fraco, tendo rompido cordas de nervos, cordas novas, e se
livrado do tear, com extrema facilidade, no entanto, o seu espírito estava
enfraquecido porque já não poderia estar em comunhão com Deus, porque é
impossível estar na presença de Deus ao mesmo tempo em que nos permitirmos ser
vencidos pelo pecado.
E tendo perdido a comunhão com Deus Sansão passou a
agir ingenuamente e colocou o seu coração e confiança numa mulher, ao ponto de
não somente correr o grande risco de confiar nela para guardar o segredo que
poderia torná-lo vulnerável, como também de confiar ao ponto de adormecer em
seu colo.
Não é incomum que Satanás use falsos
consoladores, conselheiros e amigos, com
o propósito de nos afastar dos caminhos de Deus. Ele pode usar várias fontes de
tentação com uma falsa aparência de beleza e conforto que acabarão se
transformando na causa da nossa ruína espiritual. A beleza de uma Dalila pode
ser trazida aos cristãos não necessariamente através do físico de uma mulher,
mas nas mais variadas formas de imagens reais e virtuais, especialmente neste
mundo tecnológico das TV`s, e todas as formas de equipamentos de áudio e de
vídeo, nos quais são veiculadas em grande maioria as coisas que são forjadas no
inferno com o propósito de manter os homens endurecidos em seus pecados e de
afastar os cristãos da comunhão com Deus. Sempre haverá à nossa disposição um
colo no qual poderemos ser entretidos com um sono que nos será mortal.
Temos que considerar quanto a isto que a simples
resistência em não praticar o mal sugerido, tal como foi o caso de Sansão em
sua resistência inicial em não ceder à
insistência de Dalila para arrancar dele o segredo da sua força, não
será de qualquer valia e proveito a nós, se apesar de não praticarmos o mal que
nos é sugerido pelas fontes de tentação às quais estamos ligados em nosso
coração, porque na verdade, o não praticar é como se o tivéssemos praticado,
porque o nosso coração já não é com Deus, mas com aquelas coisas às quais nos
unimos através da nossa natureza carnal. Quando a atmosfera de santidade de
Deus se vai de nós, e por meio da qual respiramos o ar vital para a vida do
nosso espírito, o Senhor pode ter se ausentado de nós, e nem sempre o
perceberemos, tal como ocorreu com Sansão (v 20).
Quando o
anjo anunciou o nascimento de Sansão a seus pais não disse nada a eles acerca
da grande força física que ele teria. O anjo falou somente que deveria ser um
nazireu, e que nenhuma navalha deveria ser passada em seu cabelo. Assim, a
força dele estaria na sua consagração a Deus. E de igual modo a nossa força
espiritual é decorrente da nossa consagração ao Senhor. Assim a força física de
Sansão que era forjada pela ação do Espírito Santo serve de tipo e figura da
força espiritual dos cristãos (Col 11.29). Assim se é a consagração a razão da
nossa força, se perdermos a primeira, consequentemente perderemos a segunda.
Não era portanto o cabelo de Sansão propriamente dito que era a fonte da sua
força, mas a fidelidade a seu voto de nazireu que seria demonstrado
exteriormente pelo fato de não raspar a sua cabeça. Tudo nos chama a confiar e a esperar
inteiramente na graça de Deus porque é somente vivendo e andando deste modo que
podemos receber dEle poder e direção para nossas vidas. Veja o caso de Sansão,
que perdendo a Sua comunhão com Deus, perdeu também a capacidade de ouvir a Sua
voz, e fazendo-se negligente para com o seu dom, não foi alertado quanto ao
perigo que estava correndo, e Deus o deixou entregue à sua própria carnalidade
e às consequências que lhe sobreviriam em decorrência disso. Deus jamais
encobrirá as nossas faltas por meio de distorcer a verdade e justiça. Ele
jamais o fará porque não pode fazê-lo em razão da Sua perfeita santidade e
justiça. Nem sequer o faria para preservar a honra do Seu bom nome, para que não
seja infamado pelos escândalos produzidos pelos Seus servos. Ele suportará o
dano, e vindicará a Sua santidade e justiça permitindo que soframos as consequências
de nossas más ações, de modo que seja testemunhado que Ele nos abandonou não em
razão de falta de amor por nós, mas por causa dos nossos pecados deliberados,
de modo que aquilo de mau que fazemos publicamente possa ser também
interpretado publicamente como sendo algo pertencente à nossa exclusiva
maldade, e não em decorrência de qualquer maldade ou injustiça que pudessem ser
achadas em Deus e serem a causa do nosso mau comportamento.
Tal como Judas se vendeu para trair a Jesus, Dalila
também se vendeu aos príncipes filisteus para trair a Sansão. O salário da
injustiça foi devidamente pesado e seria pago assim que a traição fosse
consumada. E tudo isso estava oculto ao conhecimento de Sansão. Aquele homem
que foi o instrumento poderoso para livrar Israel enquanto caminhava com Deus e
que havia subjugado tantos e poderosos inimigos, seria agora vencido para sua
vergonha, pela instrumentalidade de uma mulher, revelando-se assim quão fraca é
a natureza humana quando está desprovida da força que decorre da graça do
Senhor.
Se descuidamos da nossa comunhão com Deus não
devemos esperar prevalecer contra os nossos inimigos, porque eles virão
disfarçados a nós sob a forma de uma fragilidade qualquer, tal como ocorreu com
Sansão, e nos enganarão, assim como o enganaram.
E os olhos de Sansão foram vazados pelos filisteus
para que não mais enxergasse, e assim pensavam que não correriam mais qualquer
risco, mesmo que ele viesse a recobrar a sua antiga força, pois não teria os
seus olhos para guiá-lo. E eles pretendiam mantê-lo como um troféu vivo para o
deus Dagom deles, para tributar-lhe honra com a forma zombeteira com que
tratariam o seu maior inimigo, de modo a exibir publicamente a supremacia do
seu deus sobre o Deus de Sansão.
Não existe nenhum Dagom e nenhum outro Deus além do
Deus único e verdadeiro. Mas certamente existe aquele que sempre está por
detrás de todo culto idolátrico, instigando os homens a adorarem deuses que
sequer existem. E isto sim é o maior escárnio que existe e que é produzido por
Satanás para expor ao ridículo os homens que foram criados à imagem e
semelhança de Deus. Através do engano ele consegue enganar aqueles que enganam.
Porque se os filisteus haviam enganado a Sansão através de Dalila, eles também
estavam sendo enganados pelo diabo de modo a julgarem que de fato um deus
inexistente tinha sido quem lhes havia feito triunfar sobre o seu grande
inimigo. Assim, aqueles que vivem a enganar são também enganados pelo diabo
porque não podem andar na verdade e serem livrados do engano do Maligno por
causa das suas más obras que os colocam debaixo da influência e do poder de Satanás.
E mesmo no caso de cristãos, como Jesus alertou aos
seus discípulos, se o sal vier a perder o sabor para nada mais presta senão
para ser pisado pelos homens. E foi exatamente o que sucedeu a Sansão. Ele
perdeu o sabor da sua consagração. Ele pensava que Deus ainda era com ele mesmo
vivendo em pecado, pois o pecado tem esta propriedade de endurecer e cegar. De
modo que Sansão já estava cego quando lhe vazaram os olhos, pois não podia mais
enxergar a Deus em espírito.
Entretanto, em Sua grande misericórdia e para
vindicar a Sua glória e santidade, Deus conduziu Sansão ao arrependimento
quando os filisteus estavam glorificando e louvando a Dagom por ter entregue
nas mãos deles o seu inimigo, e a forma que eles escolheram de tributar honra
ao seu deus seria expondo Sansão ao ridículo perante ele e toda assembleia de
filisteus. Este tipo de honra jamais seria aceita pelo Deus verdadeiro porque
não tem prazer na iniquidade. E assim, o caráter do deus que é cultuado pelos
ímpios será retratado com a mesma vileza daqueles que lhe prestam culto.
E as milhares de pessoas que estavam zombando de
Sansão e do Deus de Sansão, e tributando honra a um deus falso não sabiam que
havia um juízo de Deus determinado sobre elas, e prosseguiram em suas luxúrias
e apresentação de sacrifícios ao seu deus enquanto zombavam de Sansão. O Senhor
poderia castigá-los diretamente como fizera com os de Sodoma e Gomorra, e no
dilúvio nos dias de Noé, mas o caso requeria, para glória da Sua justiça e
misericórdia, que o instrumento da vergonha fosse restaurado, de modo a ser um
instrumento de honra. E isto deveria ser feito pelo caminho do perdão e do
arrependimento. E assim, em sua grande humilhação e indignação por estar
testemunhando a forma como o nome do Deus de Israel estava sendo blasfemado,
Sansão clamou ao Senhor com as seguintes palavras: “Então Sansão clamou ao
Senhor, e disse: Ó Senhor Deus! lembra-te de mim, e fortalece-me agora só esta
vez, ó Deus, para que duma só vez me vingue dos filisteus pelos meus dois olhos.”
(v. 28).
E assim, a força que Sansão havia perdido no
pecado, ele recuperou através da oração. E Deus poderia restaurar o voto de
nazireu dele porque o seu cabelo havia crescido. Caso o cabelo tivesse crescido
e Sansão não se arrependesse, mesmo que o voto fosse restaurado ele não poderia
ser usado pelo Espírito de Deus, em razão da sua falta de arrependimento. Não
basta portanto cumprir aquilo que votamos a Deus e nem ofertar e adorar a Ele
sem que atendamos à condição necessária para que nossas ofertas, adoração e
serviço sejam aceitáveis a Deus: a consagração de nossas vidas a Ele. Sem
santificação, sem fé, sem amor, sem comunhão com o Senhor, será impossível
agradá-lo e por conseguinte não seria possível andar em acordo com Ele. A
simples ação exterior não será aceita por não ter sido acompanhada pela atitude
interior adequada que deve lhe dar causa. Por isso se diz que Deus ama a quem
dá com alegria, significando isto que nossas ofertas devem ser acompanhadas por
um espírito de gratidão e alegria em se estar servindo ao Senhor. Assim, Sansão não orou somente com os lábios,
mas voltou verdadeiramente em seu coração para o Deus ao qual ele havia virado
suas costas com o seu mau caminhar, e por isso teve a sua oração atendida.
E o atendimento do pedido de Sansão deixa bem
marcado na Bíblia o caráter daquela Antiga Aliança, porque Sansão, ao morrer
pediu a Deus para se vingar dos seus inimigos, e foi atendido porque na Antiga
Aliança se dizia aos antigos:”Olho por olho, dente por dente.”. E Sansão poderia
ter atendido o seu pedido de vingança por terem os filisteus vazado os seus
olhos. Mas Cristo, ao morrer, inaugurando uma Nova Aliança, pediu perdão e não
vingança para os seus inimigos que zombavam dele na cruz, bem como para todos
os pecadores que deram causa à sua crucificação. E isto denota o novo caráter
desta Nova Aliança onde já não mais se diz “olho por olho, dente por dente”,
mas “amai os vossos inimigos.”.
Embora Sansão tenha vivido na época da dispensação
da Lei, no entanto era um salvo por causa da sua fé, e ainda que tenha morrido
com os filisteus, não teve o mesmo destino deles, porque certamente foi
conduzido à glória celestial por causa da bondade e misericórdia de Deus
manifestadas a Ele, e o Senhor conhece aqueles que são seus.
E Deus honrou a Sansão mesmo depois da sua morte,
pois não permitiu que o seu corpo ficasse enterrado no território dos seus
inimigos juntamente com eles, pois seus familiares o descobriram entre os
escombros do edifício que ele havia derrubado, e o trouxeram ao território de
Israel onde foi sepultado.
“1 Sansão foi a Gaza, e viu ali uma prostituta, e
entrou a ela.
2 E foi dito aos gazitas: Sansão entrou aqui.
Cercaram-no, pois, e de emboscada à porta da cidade o esperaram toda a noite;
assim ficaram quietos a noite toda, dizendo: Quando raiar o dia, matá-lo-emos.
3 Mas Sansão deitou-se até a meia-noite; então,
levantando-se, pegou nas portas da entrada da cidade, com ambos os umbrais,
arrancou-as juntamente com a tranca e, pondo-as sobre os ombros, levou-as até o
cume do monte que está defronte de Hebrom.
4 Depois disto se afeiçoou a uma mulher do vale de
Soreque, cujo nome era Dalila.
5 Então os chefes dos filisteus subiram a ter com
ela, e lhe disseram: Persuade-o, e vê em que consiste a sua grande força, e
como poderemos prevalecer contra ele e amarrá-lo, para assim o afligirmos; e te
daremos, cada um de nós, mil e cem moedas de prata.
6 Disse, pois, Dalila a Sansão: Declara-me,
peço-te, em que consiste a tua grande força, e com que poderias ser amarrado
para te poderem afligir.
7 Respondeu-lhe Sansão: Se me amarrassem com sete
cordas de nervos, ainda não secados, então me tornaria fraco, e seria como
qualquer outro homem.
8 Então os chefes dos filisteus trouxeram a Dalila
sete cordas de nervos, ainda não secados, com as quais ela o amarrou.
9 Ora, tinha ela em casa uns espias sentados na
câmara interior. Então ela disse: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! E ele
quebrou as cordas de nervos, como se quebra o fio da estopa ao lhe chegar o
fogo. Assim não se soube em que consistia a sua força.
10 Disse, pois, Dalila a Sansão: Eis que zombaste
de mim, e me disseste mentiras; declara-me agora com que poderia ser amarrado.
11 Respondeu-lhe ele: Se me amarrassem fortemente
com cordas novas, que nunca tivessem sido usadas, então me tornaria fraco, e
seria como qualquer outro homem.
12 Então Dalila tomou cordas novas, e o amarrou com
elas, e disse-lhe: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! E os espias estavam
sentados na câmara interior. Porém ele as quebrou de seus braços como a um fio.
13 Disse Dalila a Sansão: Até agora zombaste de
mim, e me disseste mentiras; declara-me pois, agora, com que poderia ser
amarrado. E ele lhe disse: Se teceres as sete tranças da minha cabeça com os
liços da teia.
14 Assim ela as fixou com o torno de tear, e
disse-lhe: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! Então ele despertou do seu sono,
e arrancou o torno do tear, juntamente com os liços da teia.
15 Disse-lhe ela: como podes dizer: Eu te amo! não
estando comigo o teu coração? Já três vezes zombaste de mim, e ainda não me
declaraste em que consiste a tua força.
16 E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias
com as suas palavras, e molestando-o, a alma dele se angustiou até a morte.
17 E descobriu-lhe todo o seu coração, e disse-lhe:
Nunca passou navalha pela minha cabeça, porque sou nazireu de Deus desde o
ventre de minha mãe; se viesse a ser rapado, ir-se-ia de mim a minha força, e
me tornaria fraco, e seria como qualquer outro homem.
18 Vendo Dalila que ele lhe descobrira todo o seu
coração, mandou chamar os chefes dos filisteus, dizendo: Subi ainda esta vez,
porque agora me descobriu ele todo o seu coração. E os chefes dos filisteus
subiram a ter com ela, trazendo o dinheiro nas mãos.
19 Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e
mandou chamar um homem para lhe rapar as sete tranças de sua cabeça. Depois
começou a afligi-lo, e a sua força se lhe foi.
20 E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão!
Despertando ele do seu sono, disse: Sairei, como das outras vezes, e me
livrarei. Pois ele não sabia que o Senhor se tinha retirado dele.
21 Então os filisteus pegaram nele, arrancaram-lhe
os olhos e, tendo-o levado a Gaza, amarraram-no com duas cadeias de bronze; e
girava moinho no cárcere.
22 Todavia o cabelo da sua cabeça, logo que foi
rapado, começou a crescer de novo:
23 Então os chefes dos filisteus se ajuntaram para
oferecer um grande sacrifício ao seu deus Dagom, e para se regozijar; pois
diziam: Nosso deus nos entregou nas mãos a Sansão, nosso inimigo.
24 Semelhantemente o povo, vendo-o, louvava ao seu
deus, dizendo: Nosso deus nos entregou nas mãos o nosso inimigo, aquele que
destruía a nossa terra, e multiplicava os nossos mortos.
25 E sucedeu que, alegrando-se o seu coração,
disseram: Mandai vir Sansão, para que brinque diante de nós. Mandaram, pois,
vir do cárcere Sansão, que brincava diante deles; e fizeram-no estar em pé
entre as colunas.
26 Disse Sansão ao moço que lhe segurava a mão:
Deixa-me apalpar as colunas em que se sustém a casa, para que me encoste a
elas.
27 Ora, a casa estava cheia de homens e mulheres; e
também ali estavam todos os chefes dos filisteus, e sobre o telhado havia cerca
de três mil homens e mulheres, que estavam vendo Sansão brincar.
28 Então Sansão clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor
Deus! lembra-te de mim, e fortalece-me agora só esta vez, ó Deus, para que duma
só vez me vingue dos filisteus pelos meus dois olhos.
29 Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do
meio, em que se sustinha a casa, arrimando-se numa com a mão direita, e na
outra com a esquerda.
30 E bradando: Morra eu com os filisteus!
inclinou-se com toda a sua força, e a casa caiu sobre os chefes e sobre todo o
povo que nela havia. Assim foram mais os que matou ao morrer, do que os que
matara em vida.
31 Então desceram os seus irmãos e toda a casa de
seu pai e, tomando-o, o levaram e o sepultaram, entre Zorá e Estaol, no
sepulcro de Manoá, seu pai. Ele havia julgado a Israel vinte anos.” (Jz
16.1-31).
Olá,
ResponderExcluirem tempos escrevi um artigo sobre Sansão:
http://quem-escreveu-torto.blogspot.pt/2012/01/sansao-o-pinga-amor.html
Saudações
Paulo Ramos