Não sabemos se podemos atribuir a Salomão a
invenção das escalas de revezamento, mas como nós pudemos ver no capitulo
anterior, como também veremos neste 5º capítulo de I Reis, ele as usou em sua
forma de administrar, revelando assim a sua sabedoria, porque no caso das
cidades armazéns ele não somente diversificou e intensificou e estimulou a
produção de gêneros para o reino, como não se tornou pesado a nenhuma das
regiões, que eram chamadas a apresentarem seus produtos ao reino, somente um
mês em cada doze, como também demonstrava o caráter humanitário de sua
administração, porque não implantou nenhum sistema consumista em que os
israelitas tivessem que trabalhar para o reino, sem poderem cuidar de seus
próprios interesses e vida doméstica.
Em outras palavras, ele não se utilizou de sistemas
opressivos de produção.
E isto nós podemos ver também na escala de três
turnos mensais dos 30.000 homens que ele empenhou na construção do templo,
dividindo-os em grupos de 10.000 cada, de maneira que cada grupo trabalhasse um
mês por dois de descanso, nas viagens que eram empreendidas ao Líbano (v. 13,
14).
Ele poderia ter empenhado os 30.000 ao mesmo tempo
e de modo intensivo, a título de ganhar tempo na construção, mas ele olhou com
sabedoria para o bem-estar dos seus empregados.
Nós aprendemos da capacitação dada por Deus a
Salomão que é Ele quem distribui a cada um dos homens a medida de inteligência,
de talentos, dons e vocações, segundo a Sua própria vontade, para os fins por
Ele determinados.
Ele o faz por um mapeamento genético em famílias,
ou o faz diretamente como no caso de Salomão.
Agora, todo o aparato intelectual dos homens está
sujeito à influência do meio em que ele vive e à ação tanto do pecado que nele
habita, quanto dos espíritos malignos.
Não há nenhum problema em se dedicar à verdadeira
ciência, até porque isto somente é possível por causa do dom de inteligência
dado por Deus ao homem.
É para o benefício da própria humanidade que Deus
permite que o homem faça progresso científico, de modo a poder tornar
sustentável a vida na terra, à medida que a população cresce, dando cumprimento
à ordem do Senhor dada ao casal original de que se multiplicasse enchendo a
terra.
O mau uso que o homem faz dos dons recebidos de
Deus é um outro assunto, que em nada está relacionado ao propósito do Senhor em
capacitá-lo com os Seus dons, que visam sempre a bons propósitos.
Agora, se o homem faz um bom
uso destes dons naturais recebidos de Deus mas não topa com o propósito da sua
criação que é o de glorificá-lo por um bom procedimento, fazendo as suas obras
em mansidão de sabedoria, nada disto lhe aproveitará para gerar uma verdadeira
e permanente satisfação, quer a ele mesmo, quer ao Senhor, porque não será o
nosso grande conhecimento que nos recomendará a Ele. E isto nós podemos ver nas
palavras do próprio Salomão no livro de Eclesiastes (Ec 2.4-21).
As palavras de Salomão em Eclesiastes não são
palavras de ingratidão para com o dom de sabedoria que ele havia recebido de
Deus, e por meio do qual pôde fazer grandes realizações.
Ele simplesmente refletiu no final de sua vida,
quando escreveu o referido livro, que não é nestes dons e talentos naturais,
ainda que recebidos excepcionalmente por Deus, por uma melhora e aumento destes
dons e talentos, como no caso de Salomão, e de muitos cientistas ao longo da
história da humanidade, que se encontra a chave do sentido e significado da
vida.
Porque é possível ser um Heinstein, um Mozart, ou
qualquer outro gênio, e sequer ter nascido de novo pelo Espírito, e não ter
recebido assim a justiça, a sabedoria, a redenção, a santificação que se
encontram somente em Cristo, porque estes dons não são propriamente dos que
permanecem nEle, mas do Seu Salvador e Senhor (I Cor 1.30).
Nós aprendemos sobre estas capacitações naturais do
5º capítulo de I Reis, porque nós lemos sobre as habilidades que Deus deu aos
fenícios para trabalharem com madeiras nobres, e que não dera aos israelitas,
verdade esta reconhecida pelo próprio Salomão (v. 6).
Ao proceder desta forma, capacitando e habilitando
até mesmo nações, Deus estabeleceu, indiretamente, uma ralação de dependência e
necessidade de intercâmbio entre elas.
Isto pode até mesmo ser visto na produção agrícola
diversificada, em todas as partes do globo, que são ditadas especialmente pela
diferença de condições climáticas, e o mesmo se pode dizer das jazidas de
minérios.
Isto visa principalmente a que nenhuma nação fique
fechada em si mesma, por ser auto suficiente na produção de todos os bens e
serviços necessários.
Esta abertura imposta pela economia, facilitaria a
difusão do Seu conhecimento e Palavra em toda a terra, assim como ocorreu entre
Davi e Hirão.
Nós vemos Hirão bendizendo ao Senhor, e se
gloriando na sabedoria que Ele havia dado ao filho de Davi (I Reis 5.7).
Suas palavras, a estreita amizade que mantinha com
Davi, indicam que ele foi instruído nos caminhos do Senhor e fizera dele o Seu
Deus.
Muito deve ter ajudado também no seu conhecimento
do Deus de Israel, o fato de ter um artífice em seu reino que era seu homônimo
e que era filho de uma israelita com um homem de Tiro (v. 7.14), e sobre o qual
o texto de II Crôn 2.13,14 apresenta o seguinte registro:
“Agora, pois, envio um homem perito, de
entendimento, a saber, Hirão-Abi, filho duma mulher das filhas de Dã, e cujo
pai foi um homem de Tiro; este sabe trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em
ferro, em pedras e em madeira, em púrpura, em azul, em linho fino, e em
carmesim, e é hábil para toda obra de buril, e para toda espécie de engenhosas
invenções; para que lhe seja designado um lugar juntamente com os teus peritos,
e com os peritos de teu pai Davi, meu senhor.”.
O rei Hirão pôde ser alcançado na Fenícia por causa
deste intercâmbio entre as nações.
De outro modo, o conhecimento de Deus ficaria
hermeticamente fechado nos termos de Israel.
Mas esta nação havia sido formada pelo Senhor, para
que a partir dela viesse a alcançar o mundo, especialmente com a chegada do
Messias prometido.
As relações de dependência não estavam, nos
conselhos de Deus, associadas à exploração e ao colonialismo, mas para gerar
oportunidades à evangelização, e também para criar traços de fraternidade entre
as nações, pela troca justa de bens e serviços necessários à manutenção da vida
na terra.
Salomão havia sido abençoado com prosperidade pelo
Senhor, e ele abençoaria o rei de Tiro e o seu povo com provisões, e o rei de
Tiro o abençoaria com o material e a tecnologia necessários para a construção
do templo do Senhor.
Israel havia sido perseguido duramente por cerca de
quatro séculos pelas nações inimigas, mas agora, na paz que o Senhor lhe dera
por todos os lados, a partir dos dias de Salomão, deveria cumprir a sua missão
de ser bênção para todas as nações.
De igual modo a Igreja de Cristo, depois de ter
sofrido duras perseguições nos seus três primeiros séculos, deve continuar
cumprindo a sua missão de ser bênção para todas as nações, no período de paz
que foi dado por Deus a todos os povos que abraçaram o evangelho.
Cento e cinquenta mil trabalhadores para o corte e
transporte de pedras, e três mil e trezentos mestres de obra foram empregados
por Salomão para a construção do templo (v.15, 16).
A referência às pedras lavradas e ao preparo das
madeiras, nos versos 17 e 18, é de grande importância, porque este trabalho foi
feito longe da área em que o templo estava sendo construído, de maneira que já
chegassem à área de construção no monte Moriá, prontos para serem montados, e
nós veremos a razão disso no capítulo seguinte.
“1 Hirão, rei de Tiro, enviou os seus servos a
Salomão, quando ouviu que o haviam ungido rei em lugar de seu pai; porquanto
Hirão fora sempre muito amigo de Davi.
2 Salomão, pois, mandou dizer a Hirão.
3 Bem sabes tu que Davi, meu pai, não pôde edificar
uma casa ao nome do Senhor seu Deus, por causa das guerras com que o cercaram,
até que o Senhor lhe pôs os inimigos debaixo dos seus pés.
4 Agora, porém, o Senhor meu Deus me tem dado
descanso de todos os lados: adversário não há, nem calamidade alguma.
5 Pretendo, pois, edificar uma casa ao nome do
Senhor meu Deus, como falou o senhor a Davi, meu pai, dizendo: Teu filho, que
porei em teu lugar no teu trono, ele edificará uma casa ao meu nome.
6 Portanto, dá ordem agora que do Líbano me cortem
cedros; os meus servos estarão com os teus servos; eu te pagarei o salário dos
teus servos, conforme tudo o que disseres; porque tu sabes que entre nós
ninguém há que saiba cortar madeira como os sidônios.
7 Quando Hirão ouviu as palavras de Salomão, muito
se alegrou, e disse: Bendito seja hoje o Senhor, que deu a Davi um filho sábio
sobre este tão grande povo.
8 E Hirão mandou dizer a Salomão: Ouvi o que me
mandaste dizer. Eu farei tudo quanto desejas acerca das madeiras de cedro e de
cipreste.
9 Os meus servos as levarão do Líbano até o mar, e farei
conduzi-las em jangadas pelo mar até o lugar que me designares; ali as
desamarrarei, e tu as receberás; também farás o meu desejo, dando sustento à
minha casa.
10 Assim dava Hirão a Salomão madeira de cedro e
madeira de cipreste, conforme todo o seu desejo.
11 E Salomão dava a Hirão vinte mil coros de trigo,
para sustento da sua casa, e vinte coros
de azeite batido; isso fazia anualmente.
12 Deu, pois, o Senhor a Salomão sabedoria, como
lhe tinha prometido. E houve paz entre Hirão e Salomão; e fizeram aliança entre
si.
13 Também o rei Salomão fez, dentre todo o Israel,
uma leva de gente para trabalho forçado; e a leva se compunha de trinta mil
homens.
14 E os enviava ao Líbano por turnos, cada mês dez
mil; um mês estavam no Líbano, e dois meses cada um em sua casa; e Adonirão
estava sobre a leva.
15 Tinha também Salomão setenta mil que levavam as
cargas, e oitenta mil que talhavam pedras nas montanhas,
16 afora os mestres de obra que estavam sobre
aquele serviço, três mil e trezentos, os quais davam as ordens aos
trabalhadores.
17 Por ordem do rei eles cortaram grandes pedras,
de grande preço, para fundarem a casa em pedras lavradas.
18 Lavraram-nas, pois, os edificadores de Salomão,
e os de Hirão, e os gebalitas, e prepararam as madeiras e as pedras para
edificar a casa.” (I Rs 5.1-18).
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