terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Salomão e a Rainha de Sabá – I Reis 10


Não podemos datar com precisão quando foi que a rainha de Sabá veio ter com Salomão, mas podemos inferir o período deste encontro, porque o palácio de Salomão já estava concluído, e isto ocorreu somente no vigésimo ano do seu reinado.
E toda a glória que ela viu em seu reino havia sido acumulada naqueles anos, e movida por sua curiosidade ela veio checar de perto tudo quanto se falava sobre a sabedoria de Salomão e sobre a glória do seu reino, conforme relato do 10º capítulo de I Reis.
Sabá era um antigo reino da Arábia, situado no sudoeste da península arábica, e que foi fundado pelos sabeus, por volta do século XII a.C., portanto, cerca de três séculos apenas antes de Salomão, e  foi por muito tempo uma importante rota entre a Índia e o Ocidente.
A rainha de Sabá ficou estupefata com tudo o que viu, e disse que não lhe haviam contado a metade de tudo o que se referia a Salomão e ao reino de Israel e ela chamou de bem-aventurados àqueles que podiam compartilhar de tudo aquilo, e ela bendisse ao Senhor por ter dado a Salomão toda aquela sabedoria e glória, e reconheceu que Ele o fizera por amor de Israel para sempre, e escolheu Salomão para executar juízo e justiça em Seu nome (v. 8, 9).
Jesus se referiu em seu ministério terreno à visita que a rainha de Sabá havia feito a Salomão, porque se inclinara a saber mais sobre o Deus de Salomão e sobre toda a sabedoria que Ele lhe havia dado, do que os judeus estavam se inclinando a conhecê-lo em Seus dias, e Ele é incomparavelmente superior a Salomão.
“A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.” (Lc 11.31).
O que há então de principal para se aprender no relato das Escrituras sobre a rainha de Sabá e Salomão à luz das palavras de Cristo?
Pensamos que seja o fato de que as pessoas não poderão desculpar a sua incredulidade no dia do juízo de Deus, porque Ele tem manifestado a Sua sobreexcelente glória na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus, que não é somente maior do que Salomão, mas a Fonte mesma da sabedoria que lhe havia sido dada.
E Salomão conseguiu atrair com o seu testemunho, uma rainha que ficou convencida a respeito da grandeza do Deus que ele servia, pelo que viu na própria vida de Salomão.
Este capítulo de I Reis ainda dá conta das riquezas e glória que Deus havia dado a Salomão, como cumprimento da promessa que lhe havia feito (v. 23).
Salomão mantinha um comércio intenso com todos os reinos da terra, inclusive com os reis da Arábia (v. 15).
Ele fez para fins ornamentais da sua casa de campo no Líbano, 200 grandes escudos de ouro (pavês), que continham, cada um, cerca de seis quilos e meio (600 siclos); e fez também 300 escudos de tamanho comum, pesando cerca de 1 quilo e meio cada (3 minas ou arretéis) (v. 16, 17).      
O seu trono era de marfim coberto de ouro, e tinha seis degraus, e os lados do assento tinham braços junto aos quais havia uma escultura de leão, respectivamente.
Também havia leões nos degraus da escada, um em cada degrau, em cada extremidade, totalizando doze.
Todas as taças, tanto do palácio em Jerusalém, quanto da sua residência no Líbano, eram de ouro (v. 18 a 21).
A frota de navios que ele tinha em sociedade com Hirão de Tiro, lhe trazia de Társis a cada três anos ouro, prata, marfim, bugios e pavões (v.22).
A sabedoria de Salomão lhe rendeu muitas outras riquezas da parte daqueles que vinham ter com ele, por causa da sua sabedoria (v. 24 e 25).
Ele chegou a juntar 1.400 carros e 12.000 cavaleiros (v. 26).
A prata no seu reino era tão abundante que teve depreciado o seu valor, pois se diz que era abundante como pedras comuns, e os cedros eram também tão numerosos como os sicômoros das planícies (v. 27).
Os carros e cavalos eram importados por Salomão do Egito e da Cilícia, e ele os exportava para todos os reis dos heteus e para os reis da Síria (v. 28, 29).
Chega a ser estonteante, relacionar todas estas coisas, não é verdade?
Mas como muito se pede a quem muito é dado.
Como a manutenção da riqueza possui um alto custo.
Como a cobiça das nações em relação às riquezas de Israel seria um fato novo com o qual os israelitas teriam que tratar.
E considerando ainda que onde há muita abundância de bens há uma tendência para se abandonar a busca de auxílio no Senhor.
E que a busca deste auxílio deve ser intensificada exatamente, quando o Senhor nos faz prosperar em tudo, porque muitos serão os inimigos que se levantarão para tentar furtar tal prosperidade de nós.
E o principal deles será Satanás, o diabo, que se aproveitará desta condição de auto confiança na própria força do nosso braço para obter bens, para fazer com que nos desviemos dos caminhos do Senhor e sejamos arruinados espiritualmente na nossa comunhão com Ele.
Foi exatamente isto que sucedeu a Salomão e ao povo de Israel.
E é assim que tem ocorrido com a Igreja de Laodiceia nestas últimas gerações da Igreja, em que o elemento predominante é a prosperidade que Deus deu ao Seu povo.
Isto é um fator inegável, porque as Igrejas nunca tiveram tantos membros, e tanta riqueza de meios disponíveis para a evangelização do mundo.
Mas em quem tem sido colocada a confiança desta Igreja atual?
No Senhor ou na força do seu próprio braço?
A Bíblia nos dá a resposta para esta pergunta:
“14 Ao anjo da Igreja em Laodiceia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!
16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
18 aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apo 3.14-19).   
O que sucedeu a Israel nos dias de Salomão, como veremos no capítulo seguinte, tem sucedido à Igreja atualmente, nestes seus dias de paz e prosperidade mundanas.
Já não existem as perseguições com as quais especialmente a Igreja Primitiva teve que se defrontar.
Já não há mais carência de recursos, de forma a não se poder fazer grandes empreendimentos missionários e evangelísticos.
E devemos dizer que grandes somas têm sido gastas para estes objetivos, mas a grande pergunta que não quer calar é a seguinte:
“Mas a Igreja tem feito isto com vidas consagradas e santificadas que dependem exclusivamente do Senhor e do poder do Espírito Santo para a realização da Sua obra?”.
Ou a Igreja tem buscado mais prosperidade e aquisição de conhecimento, tal como fizera Salomão com a sabedoria que Deus lhe dera?
Todos sabemos qual é a resposta, e que esta não se aplica a poucas exceções, pois de um modo geral quem tem prevalecido é Laodiceia e não Filadélfia, porque é muito fácil cair na tentação de confiar na riqueza em vez de colocar a confiança no Senhor.
É bem conhecida a atitude de Laodiceia retratada nas palavras de Jesus: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta.”.
Entretanto não é esta avaliação que Ele faz desta Igreja, que Lhe é infiel e que adultera com o mundo, pois Ele diz em relação a ela:
“não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;”.
Ele diz que a Igreja não consegue enxergar a sua verdadeira condição diante dos olhos justos e santos de Deus.
Ela não conhece o seu estado e por isso se gloria em conquistas que são de nenhum valor para o Senhor, e Lhe negam, por outro lado, o que Lhe é devido.
Somente o próprio Senhor pode curar a cegueira desta Igreja e fazer que seja enriquecida e vestida da Sua graça e santidade, mas para tanto, é necessário que se arrependa da sua presente condição.
Há uma chamada para o arrependimento, mas a Palavra nada afirma, se esta ordem é obedecida ou não pela Igreja.
Parece que é o caso de cada cristão fazê-lo de per si, e sair desta Igreja e passar a congregar em Filadélfia.
Não falamos de Igrejas visíveis locais, porque ambas Igrejas se referem à condição interior de cada cristão, e têm assim, portanto, os seus representantes, quer de Laodiceia, quer de Filadélfia.
É possível que um cristão de Filadélfia venha a se desviar de sua fidelidade e passar para o lado de Laodiceia, e vice-versa.     





“1 Tendo a rainha de Sabá ouvido da fama de Salomão, no que concerne ao nome do Senhor, veio prová-lo por enigmas.
2 E chegou a Jerusalém com uma grande comitiva, com camelos carregados de especiarias, e muitíssimo ouro, e pedras preciosas; e, tendo-se apresentado a Salomão, conversou com ele acerca de tudo o que tinha no coração.
3 E Salomão lhe deu resposta a todas as suas perguntas; não houve nada que o rei não lhe soubesse explicar.
4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, a casa que edificara,
5 as iguarias da sua mesa, o assentar dos seus oficiais, as funções e os trajes dos seus servos, e os seus copeiros, e os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor, ficou estupefata,
6 e disse ao rei: Era verdade o que ouvi na minha terra, acerca dos teus feitos e da tua sabedoria.
7 Contudo eu não o acreditava, até que vim e os meus olhos o viram. Eis que não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi.
8 Bem-aventurados os teus homens! Bem-aventuradas estes teus servos, que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o Senhor teu Deus, que se agradou de ti e te colocou no trono de Israel! Porquanto o Senhor amou Israel para sempre, por isso te estabeleceu rei, para executares juízo e justiça.
10 E deu ela ao rei cento e vinte talentos de ouro, especiarias em grande quantidade e pedras preciosas; nunca mais apareceu tamanha abundância de especiarias como a que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.
11 Também a frota de Hirão, que de Ofir trazia ouro, trouxe dali madeira de sândalo em quantidade, e pedras preciosas.
12 Desta madeira de sândalo fez o rei balaústres para a casa do Senhor, e para a casa de rei, como também harpas e alaúdes para os cantores; não se trouxe nem se viu mais tal madeira de sândalo, até o dia de hoje.
13 E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo o que ela desejou, tudo quanto pediu, além de que lhe dera espontaneamente, da sua munificência real. Então voltou e foi para a sua terra, ela e os seus servos.
14 Ora, o peso do ouro que se trazia a Salomão cada ano era de seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro,
15 além do que vinha dos vendedores ambulantes, e do tráfico dos negociantes, e de todos as reis da Arábia, e dos governadores do país.
16 Também o rei Salomão fez duzentos paveses de ouro batido; de seiscentos siclos de ouro mandou fazer cada pavês;
17 do mesmo modo fez também trezentos escudos de ouro batido; de três minas de ouro mandou fazer cada escudo. Então e rei os pôs na casa do bosque do Líbano.
18 Fez mais o rei um grande trono de marfim, e o revestiu de ouro puríssimo.
19 Tinha o trono seis degraus, e o alto do trono era redondo pelo espaldar; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e dois leões em pé junto aos braços.
20 E sobre os seis degraus havia doze leões de ambos os lados; outro tal não se fizera em reino algum.
21 Também todos os vasos de beber do rei Salomão eram de ouro, e todos os vasos da casa do bosque do Líbano eram de ouro puro; não havia nenhum de prata, porque nos dias de Salomão a prata não tinha estimação alguma.
22 Porque o rei tinha no mar uma frota de Társis, com a de Hirão; de três em três anos a frota de Társis voltava, trazendo ouro e prata, marfim, bugios e pavões.
23 Assim o rei Salomão excedeu a todos os reis da terra, tanto em riquezas como em sabedoria.
24 E toda a terra buscava a presença de Salomão para ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha posto no coração.
25 Cada um trazia seu presente, vasos de prata, vasos de ouro, vestidos, armaduras, especiarias, cavalos e mulas; isso faziam cada ano.
26 Também ajuntou Salomão carros e cavaleiros, de sorte que tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, e os distribuiu pelas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém.
27 E o rei tornou a prata tão comum em Jerusalém como as pedras, e os cedros tantos em abundância como os sicômoros que há pelas campinas.
28 Os cavalos que Salomão tinha eram trazidos do Egito e de Coa; os mercadores do rei os recebiam de Coa por preço determinado.
29 E subia e saía um carro do Egito por seiscentos siclos de prata, e um cavalo por cento e cinquenta; e assim, por intermédio desses mercadores, eram exportados para todos os reis dos heteus e para os reis da Síria.” (I Rs 10.1-29).

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