Não podemos datar com precisão quando foi que a
rainha de Sabá veio ter com Salomão, mas podemos inferir o período deste
encontro, porque o palácio de Salomão já estava concluído, e isto ocorreu
somente no vigésimo ano do seu reinado.
E toda a glória que ela viu em seu reino havia sido
acumulada naqueles anos, e movida por sua curiosidade ela veio checar de perto
tudo quanto se falava sobre a sabedoria de Salomão e sobre a glória do seu
reino, conforme relato do 10º capítulo de I Reis.
Sabá era um antigo reino da Arábia, situado no
sudoeste da península arábica, e que foi fundado pelos sabeus, por volta do
século XII a.C., portanto, cerca de três séculos apenas antes de Salomão,
e foi por muito tempo uma importante rota
entre a Índia e o Ocidente.
A rainha de Sabá ficou estupefata com tudo o que
viu, e disse que não lhe haviam contado a metade de tudo o que se referia a
Salomão e ao reino de Israel e ela chamou de bem-aventurados àqueles que podiam
compartilhar de tudo aquilo, e ela bendisse ao Senhor por ter dado a Salomão
toda aquela sabedoria e glória, e reconheceu que Ele o fizera por amor de
Israel para sempre, e escolheu Salomão para executar juízo e justiça em Seu
nome (v. 8, 9).
Jesus se referiu em seu ministério terreno à visita
que a rainha de Sabá havia feito a Salomão, porque se inclinara a saber mais
sobre o Deus de Salomão e sobre toda a sabedoria que Ele lhe havia dado, do que
os judeus estavam se inclinando a conhecê-lo em Seus dias, e Ele é incomparavelmente
superior a Salomão.
“A rainha do sul se levantará no juízo com os
homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para
ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.” (Lc
11.31).
O que há então de principal para se aprender no
relato das Escrituras sobre a rainha de Sabá e Salomão à luz das palavras de
Cristo?
Pensamos que seja o fato de que as pessoas não
poderão desculpar a sua incredulidade no dia do juízo de Deus, porque Ele tem
manifestado a Sua sobreexcelente glória na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus,
que não é somente maior do que Salomão, mas a Fonte mesma da sabedoria que lhe
havia sido dada.
E Salomão conseguiu atrair com o seu testemunho,
uma rainha que ficou convencida a respeito da grandeza do Deus que ele servia,
pelo que viu na própria vida de Salomão.
Este capítulo de I Reis ainda dá conta das riquezas
e glória que Deus havia dado a Salomão, como cumprimento da promessa que lhe
havia feito (v. 23).
Salomão mantinha um comércio intenso com todos os
reinos da terra, inclusive com os reis da Arábia (v. 15).
Ele fez para fins ornamentais da sua casa de campo
no Líbano, 200 grandes escudos de ouro (pavês), que continham, cada um, cerca
de seis quilos e meio (600 siclos); e fez também 300 escudos de tamanho comum,
pesando cerca de 1 quilo e meio cada (3 minas ou arretéis) (v. 16, 17).
O seu trono era de marfim coberto de ouro, e tinha
seis degraus, e os lados do assento tinham braços junto aos quais havia uma
escultura de leão, respectivamente.
Também havia leões nos degraus da escada, um em
cada degrau, em cada extremidade, totalizando doze.
Todas as taças, tanto do palácio em Jerusalém,
quanto da sua residência no Líbano, eram de ouro (v. 18 a 21).
A frota de navios que ele tinha em sociedade com
Hirão de Tiro, lhe trazia de Társis a cada três anos ouro, prata, marfim,
bugios e pavões (v.22).
A sabedoria de Salomão lhe rendeu muitas outras
riquezas da parte daqueles que vinham ter com ele, por causa da sua sabedoria
(v. 24 e 25).
Ele chegou a juntar 1.400 carros e 12.000
cavaleiros (v. 26).
A prata no seu reino era tão abundante que teve
depreciado o seu valor, pois se diz que era abundante como pedras comuns, e os
cedros eram também tão numerosos como os sicômoros das planícies (v. 27).
Os carros e cavalos eram importados por Salomão do
Egito e da Cilícia, e ele os exportava para todos os reis dos heteus e para os
reis da Síria (v. 28, 29).
Chega a ser estonteante, relacionar todas estas
coisas, não é verdade?
Mas como muito se pede a quem muito é dado.
Como a manutenção da riqueza possui um alto custo.
Como a cobiça das nações em relação às riquezas de
Israel seria um fato novo com o qual os israelitas teriam que tratar.
E considerando ainda que onde há muita abundância
de bens há uma tendência para se abandonar a busca de auxílio no Senhor.
E que a busca deste auxílio deve ser intensificada
exatamente, quando o Senhor nos faz prosperar em tudo, porque muitos serão os
inimigos que se levantarão para tentar furtar tal prosperidade de nós.
E o principal deles será Satanás, o diabo, que se
aproveitará desta condição de auto confiança na própria força do nosso braço
para obter bens, para fazer com que nos desviemos dos caminhos do Senhor e
sejamos arruinados espiritualmente na nossa comunhão com Ele.
Foi exatamente isto que sucedeu a Salomão e ao povo
de Israel.
E é assim que tem ocorrido com a Igreja de Laodiceia
nestas últimas gerações da Igreja, em que o elemento predominante é a
prosperidade que Deus deu ao Seu povo.
Isto é um fator inegável, porque as Igrejas nunca
tiveram tantos membros, e tanta riqueza de meios disponíveis para a
evangelização do mundo.
Mas em quem tem sido colocada a confiança desta
Igreja atual?
No Senhor ou na força do seu próprio braço?
A Bíblia nos dá a resposta para esta pergunta:
“14 Ao anjo da Igreja em Laodiceia escreve: Isto
diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem
quente; oxalá foras frio ou quente!
16 Assim, porque és morno, e não és quente nem
frio, vomitar-te-ei da minha boca.
17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido,
e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e
cego, e nu;
18 aconselho-te que de mim compres ouro refinado no
fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja
manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos,
para que vejas.
19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê
pois zeloso, e arrepende-te.” (Apo 3.14-19).
O que sucedeu a Israel nos dias de Salomão, como
veremos no capítulo seguinte, tem sucedido à Igreja atualmente, nestes seus
dias de paz e prosperidade mundanas.
Já não existem as perseguições com as quais
especialmente a Igreja Primitiva teve que se defrontar.
Já não há mais carência de recursos, de forma a não
se poder fazer grandes empreendimentos missionários e evangelísticos.
E devemos dizer que grandes somas têm sido gastas
para estes objetivos, mas a grande pergunta que não quer calar é a seguinte:
“Mas a Igreja tem feito isto com vidas consagradas
e santificadas que dependem exclusivamente do Senhor e do poder do Espírito
Santo para a realização da Sua obra?”.
Ou a Igreja tem buscado mais prosperidade e
aquisição de conhecimento, tal como fizera Salomão com a sabedoria que Deus lhe
dera?
Todos sabemos qual é a resposta, e que esta não se
aplica a poucas exceções, pois de um modo geral quem tem prevalecido é Laodiceia
e não Filadélfia, porque é muito fácil cair na tentação de confiar na riqueza
em vez de colocar a confiança no Senhor.
É bem conhecida a atitude de Laodiceia retratada
nas palavras de Jesus: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta.”.
Entretanto não é esta avaliação que Ele faz desta
Igreja, que Lhe é infiel e que adultera com o mundo, pois Ele diz em relação a
ela:
“não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre,
e cego, e nu;”.
Ele diz que a Igreja não consegue enxergar a sua
verdadeira condição diante dos olhos justos e santos de Deus.
Ela não conhece o seu estado e por isso se gloria
em conquistas que são de nenhum valor para o Senhor, e Lhe negam, por outro
lado, o que Lhe é devido.
Somente o próprio Senhor pode curar a cegueira
desta Igreja e fazer que seja enriquecida e vestida da Sua graça e santidade,
mas para tanto, é necessário que se arrependa da sua presente condição.
Há uma chamada para o arrependimento, mas a Palavra
nada afirma, se esta ordem é obedecida ou não pela Igreja.
Parece que é o caso de cada cristão fazê-lo de per
si, e sair desta Igreja e passar a congregar em Filadélfia.
Não falamos de Igrejas visíveis locais, porque
ambas Igrejas se referem à condição interior de cada cristão, e têm assim,
portanto, os seus representantes, quer de Laodiceia, quer de Filadélfia.
É possível que um cristão de Filadélfia venha a se
desviar de sua fidelidade e passar para o lado de Laodiceia, e vice-versa.
“1 Tendo a rainha de Sabá ouvido da fama de
Salomão, no que concerne ao nome do Senhor, veio prová-lo por enigmas.
2 E chegou a Jerusalém com uma grande comitiva, com
camelos carregados de especiarias, e muitíssimo ouro, e pedras preciosas; e,
tendo-se apresentado a Salomão, conversou com ele acerca de tudo o que tinha no
coração.
3 E Salomão lhe deu resposta a todas as suas perguntas;
não houve nada que o rei não lhe soubesse explicar.
4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de
Salomão, a casa que edificara,
5 as iguarias da sua mesa, o assentar dos seus
oficiais, as funções e os trajes dos seus servos, e os seus copeiros, e os
holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor, ficou estupefata,
6 e disse ao rei: Era verdade o que ouvi na minha
terra, acerca dos teus feitos e da tua sabedoria.
7 Contudo eu não o acreditava, até que vim e os
meus olhos o viram. Eis que não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e
bens a fama que ouvi.
8 Bem-aventurados os teus homens! Bem-aventuradas
estes teus servos, que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o Senhor teu Deus, que se agradou de
ti e te colocou no trono de Israel! Porquanto o Senhor amou Israel para sempre,
por isso te estabeleceu rei, para executares juízo e justiça.
10 E deu ela ao rei cento e vinte talentos de ouro,
especiarias em grande quantidade e pedras preciosas; nunca mais apareceu
tamanha abundância de especiarias como a que a rainha de Sabá deu ao rei
Salomão.
11 Também a frota de Hirão, que de Ofir trazia
ouro, trouxe dali madeira de sândalo em quantidade, e pedras preciosas.
12 Desta madeira de sândalo fez o rei balaústres para
a casa do Senhor, e para a casa de rei, como também harpas e alaúdes para os
cantores; não se trouxe nem se viu mais tal madeira de sândalo, até o dia de
hoje.
13 E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo o que
ela desejou, tudo quanto pediu, além de que lhe dera espontaneamente, da sua
munificência real. Então voltou e foi para a sua terra, ela e os seus servos.
14 Ora, o peso do ouro que se trazia a Salomão cada
ano era de seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro,
15 além do que vinha dos vendedores ambulantes, e
do tráfico dos negociantes, e de todos as reis da Arábia, e dos governadores do
país.
16 Também o rei Salomão fez duzentos paveses de
ouro batido; de seiscentos siclos de ouro mandou fazer cada pavês;
17 do mesmo modo fez também trezentos escudos de
ouro batido; de três minas de ouro mandou fazer cada escudo. Então e rei os pôs
na casa do bosque do Líbano.
18 Fez mais o rei um grande trono de marfim, e o
revestiu de ouro puríssimo.
19 Tinha o trono seis degraus, e o alto do trono
era redondo pelo espaldar; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e
dois leões em pé junto aos braços.
20 E sobre os seis degraus havia doze leões de
ambos os lados; outro tal não se fizera em reino algum.
21 Também todos os vasos de beber do rei Salomão eram
de ouro, e todos os vasos da casa do bosque do Líbano eram de ouro puro; não
havia nenhum de prata, porque nos dias de Salomão a prata não tinha estimação
alguma.
22 Porque o rei tinha no mar uma frota de Társis,
com a de Hirão; de três em três anos a frota de Társis voltava, trazendo ouro e
prata, marfim, bugios e pavões.
23 Assim o rei Salomão excedeu a todos os reis da
terra, tanto em riquezas como em sabedoria.
24 E toda a terra buscava a presença de Salomão
para ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha posto no coração.
25 Cada um trazia seu presente, vasos de prata,
vasos de ouro, vestidos, armaduras, especiarias, cavalos e mulas; isso faziam
cada ano.
26 Também ajuntou Salomão carros e cavaleiros, de
sorte que tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, e os
distribuiu pelas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém.
27 E o rei tornou a prata tão comum em Jerusalém
como as pedras, e os cedros tantos em abundância como os sicômoros que há pelas
campinas.
28 Os cavalos que Salomão tinha eram trazidos do
Egito e de Coa; os mercadores do rei os recebiam de Coa por preço determinado.
29 E subia e saía um carro do Egito por seiscentos
siclos de prata, e um cavalo por cento e cinquenta; e assim, por intermédio
desses mercadores, eram exportados para todos os reis dos heteus e para os reis
da Síria.” (I Rs 10.1-29).
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