As palavras dos primeiros nove versículos do 9º capítulo
de I Reis, correspondem às palavras do texto de II Crôn 7.13-22.
Como prova de gratidão ao rei de Tiro, Hirão,
depois de ter colaborado com ele por vinte longos anos, na construção do templo
(7 anos), e dos seus palácios em Jerusalém e no
Líbano (13 anos), Salomão lhe deu 20 cidades na Galiléia, que não
agradaram a Hirão, e que foram devolvidas por ele a Salomão, como se vê em II
Crôn 8.2, e este prosseguiu com suas construções a partir destas cidades, as
quais, remodelou e fez habitar nelas os israelitas.
Certamente Hirão as rejeitou não somente pelas
poucas residências que deveriam haver nestas cidades e pelo pouco valor que
elas teriam para os seus interesses comerciais, que estavam mais voltados para
o comércio marítimo, e aquelas cidades, como as demais de Israel estavam mais
voltadas para a agropecuária.
Hirão chamou estas cidades de Cabul (v. 13), que é
uma palavra fenícia para desagrado.
No entanto, isto não abalou a sociedade que ele
mantinha com Salomão, de maneira que este fabricou navios em Eziom-Geber, que
eram tripulados pelos homens de Hirão, juntamente com os israelitas designados
por Salomão, e estes chegaram à costa de Ofir, antigo Ceilão, e atual Sri
Lanka, desde 1972, um país insular a Sudeste da Índia, que fica no Oceano
Índico, de onde tomaram 420 talentos de ouro para Salomão (v.26 a 28).
Salomão era um rei construtor e não era bélico,
fazendo jus ao nome que lhe fora dado, que no hebraico significa pacífico.
Além do templo, dos palácios, e das cidades que
edificou, também construiu o muro de Jerusalém (v. 15), o qual seria derrubado
pelos babilônios em 586 a.C, e reconstruído por Neemias em 445 a.C.
Se Salomão era pacífico, no entanto este não era o
caso de seu sogro, o faraó do Egito que conquistou a cidade de Gezer e a
queimou a fogo, matando os cananeus que nela residiam, e deu esta cidade como
dote por sua filha, a mulher de Salomão (v. 16), e este reedificou a referida
cidade (v. 17).
Os estrangeiros que foram achados vivendo em Israel
foram sujeitados a trabalhos forçados (v. 20, 21), em observância à Lei de
Moisés (Lev 25.44; Dt 20.11), mas dentre os israelitas Salomão não sujeitou a
nenhum deles à escravidão (v. 22), em razão disso ser proibido pela Lei.
No verso 25 é dito que Salomão oferecia três vezes
por ano holocaustos e ofertas pacíficas, certamente na três festas anuais da
páscoa, tabernáculos e pentecoste.
Mais de vinte anos haviam passado, desde o início
do seu reinado, porque tais palavras foram registradas depois dele ter
concluído a construção do templo e de seus palácios, na qual foram gastos vinte
anos.
E nós vemos assim, que no período de 40 anos de
reinado de Salomão ele se manteve em mais da metade deste período com sua
fidelidade e devoção ao Senhor, tendo se desviado dela somente quando ficou
velho, e isto por ter se deixado influenciar pelas mulheres pagãs, com as quais
havia contraído matrimônio.
Nós não pretendemos justificar o pecado de
idolatria de Salomão, mas queremos deixar registrado as circunstâncias que em
muito contribuíram para isto.
O jugo desigual é sempre um grande perigo para a
alma do cristão.
Mesmo em casos como o de Salomão, em que tais
matrimônios não foram realizados por motivo de lascívia, mas para honrar
alianças feitas com outras nações, que eram seladas com o costume de se dar
princesas por esposas aos reis ou aos filhos dos reis, não se pode justificar o
ato de se desviar da presença do Senhor e passar a adotar os hábitos daqueles
que não O conhecem, seja a que pretexto for, porque esse desvio nunca será
justificado por Deus, e é por isso que Ele nos adverte muito seriamente em
relação a isto na Sua Palavra.
Veja o caso do rei Josafá de Judá, que se aparentou
com Acabe, através do casamento de seu filho Jeorão, com Atalia, filha de Acabe
com Jezabel, que era adoradora de Baal, tanto quanto sua mãe.
Isto lhe custou um sério juízo da parte do Senhor,
e trouxe grande ruína ao povo de Judá.
Assim, nós vemos a palavra de alerta que o Senhor
deu a Salomão, para que ele e o povo de Israel andassem em Sua presença,
guardando os seus mandamentos, para que pudessem contar com o Seu favor divino
(I Reis 1.2-9).
“1 Sucedera pois que, tendo Salomão acabado de
edificar a casa do Senhor, e a casa do rei, e tudo quanto lhe aprouve fazer,
2 apareceu-lhe o Senhor segunda vez, como lhe tinha
aparecido em Gibeom.
3 E o Senhor lhe disse: Ouvi a tua oração e a tua
súplica, que fizeste perante mim; santifiquei esta casa que edificaste, a fim
de pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu coração estarão ali
todos os dias.
4 Ora, se tu andares perante mim como andou Davi,
teu pai, com inteireza de coração e com equidade, fazendo conforme tudo o que
te ordenei, e guardando os meus estatutos e as minhas ordenanças,
5 então confirmarei o trono de teu reino sobre
Israel para sempre, como prometi a teu pai Davi, dizendo: Não te faltará varão
sobre o trono de Israel.
6 Se, porém, vós e vossos filhos de qualquer
maneira vos desviardes e não me seguirdes, nem guardardes os meus mandamentos e
os meus estatutos, que vos tenho proposto, mas fordes, e servirdes a outros
deuses, curvando-vos perante eles,
7 então exterminarei a Israel da terra que lhe dei;
e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença, e
Israel será por provérbio e motejo entre todos os povos.
8 E desta casa, que é tão exaltada, todo aquele que
por ela passar pasmará e assobiará, e dirá: Por que fez o Senhor assim a esta
terra e a esta casa?
9 E lhe responderão: É porque deixaram ao Senhor
seu Deus, que tirou da terra do Egito a seus pais, e se apegaram a deuses
alheios, e perante eles se encurvaram, e os serviram; por isso o Senhor trouxe
sobre eles todo este mal.
10 Ao fim dos vinte anos em que Salomão edificara
as duas casas, a casa do Senhor e a casa do rei,
11 como Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão
madeira de cedro e de cipreste, e ouro segundo todo o seu desejo, deu o rei
Salomão a Hirão vinte cidades na terra da Galiléia.
12 Hirão, pois, saiu de Tiro para ver as cidades
que Salomão lhe dera; porém não lhe agradaram.
13 Pelo que disse: Que cidades são estas que me
deste, irmão meu? De sorte que são chamadas até hoje terra de Cabul.
14 Hirão enviara ao rei cento e vinte talentos de ouro.
15 A razão da leva de gente para trabalho forçado
que o rei Salomão fez é esta: edificar a casa do Senhor e a sua própria casa, e
Milo, e o muro de Jerusalém, como também Hazor, e Megido, e Gezer.
16 Pois Faraó, rei do Egito, tendo subido, tomara a
Gezer e a queimara a fogo, e matando os cananeus que moravam na cidade, dera-a
em dote a sua filha, mulher de Salomão.
17 Salomão edificou Gezer, Bete-Horom a baixa,
18 Baalate, Tamar no deserto daquela terra,
19 como também todas as cidades-armazéns que Salomão
tinha, as cidades dos carros as cidades dos cavaleiros, e tudo o que Salomão
quis edificar em Jerusalém, no Líbano, e em toda a terra de seu domínio.
20 Quanto a todo o povo que restou dos amorreus,
dos heteus, dos perizeus, dos heveus e dos jebuseus, que não eram dos filhos de
Israel,
21 a seus filhos, que restaram depois deles na
terra, os quais os filhos de Israel não puderam destruir totalmente, Salomão
lhes impôs tributo de trabalho forçado, até hoje.
22 Mas dos filhos de Israel não fez Salomão escravo
algum; porém eram homens de guerra, e seus servos, e seus príncipes, e seus
capitães, e chefes dos seus carros e dos seus cavaleiros.
23 Estes eram os chefes dos oficiais que estavam
sobre a obra de Salomão, quinhentos e cinquenta, que davam ordens ao povo que
trabalhava na obra.
24 Subiu, porém, a filha de Faraó da cidade de Davi
à sua casa, que Salomão lhe edificara; então ele edificou Milo.
25 E Salomão oferecia três vezes por ano
holocaustos e ofertas pacíficas sobre a altar que edificara ao Senhor,
queimando com eles incenso sobre o altar que estava perante o Senhor, depois
que acabou de edificar a casa.
26 Também o rei Salomão fez uma frota em
Eziom-Geber, que está junto a Elote, na praia do Mar Vermelho, na terra de
Edom.
27 Hirão mandou com aquela frota, em companhia dos
servos de Salomão, os seus próprios servos, marinheiros que conheciam o mar;
28 os quais foram a Ofir, e tomaram de lá
quatrocentos e vinte talentos de ouro, que trouxeram ao rei Salomão.” (I Rs
9.1-28).
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