Os
judeus haviam retornado de Babilônia a Judá, por decreto de Ciro, em 537 a.C.,
e no mesmo ano começaram a reconstruir o templo de Jerusalém, que havia sido
destruído por Nabucodonozor.
Mas,
sofreram uma forte oposição dos samaritanos, que foram rejeitados por eles
quanto à participação na reedificação do templo, ficando a obra paralisada por
cerca de 16 anos.
As
obras de reconstrução do templo foram reiniciadas em 520 a C., através das
exortações dos profetas Ageu e Zacarias, sendo o templo concluído 4 anos depois
em 516 a.C.
A
primeira profecia de Zacarias, no segundo ano do rei persa Dario, pode ser
situada, portanto, cerca de 17 anos após o retorno dos judeus à Palestina.
Como se
afirma no primeiro versículo de seu livro, Zacarias começou seu ministério
junto aos judeus no oitavo mês do segundo ano de Dario; sendo que o profeta
Ageu começou o seu, dois meses antes, a saber, no sexto mês do segundo ano de Dario, como se vê em Ageu 1.1.
Os
judeus estavam em grande perplexidade, porque o Senhor havia prometido lhes dar
descanso quando se completassem os setenta anos de cativeiro em Babilônia, e
estavam, depois de cumprido aquele prazo, ainda debaixo das aflições de seus
inimigos.
No
entanto, o Senhor lhes falou através do profeta Zacarias, que eles haviam se
afastado dEle, e que deveriam se converter para que Ele voltasse a tornar para
eles (Zac 1.3), e que deveriam aprender do que havia acontecido aos seus pais,
para que não andassem nos mesmos caminhos deles, porque haviam despertado
grandemente a ira do Senhor, porque não se arrependeram de suas más obras,
quando o Senhor os exortou pelos profetas (Zac 1.2, 4).
Eles
foram exortados do mesmo modo, pelo profeta Ageu, a se converterem ao Senhor, e
a se santificarem, conforme podemos ver no livro do referido profeta.
Então,
não foi pela falta de poder ou interesse de Deus, que eles se encontravam ainda
debaixo da opressão dos povos inimigos, mas, por causa da sua própria
infidelidade, que é descrita em Ageu, por estarem principalmente, dando
prioridade aos seus próprios interesses e negócios, e não à casa do Senhor e à
Sua vontade.
Cerca de três meses depois, no décimo
primeiro mês, do segundo ano, do reinado de Dario, a palavra do Senhor veio
novamente a Zacarias (v. 7), numa visão, na qual viu “um homem montado num
cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se achavam no vale; e
atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.” (v. 8).
Zacarias
pediu a Deus o significado da visão, e um anjo lhe respondeu que eram aqueles
que o Senhor havia enviado para percorrerem a terra (v. 9, 10).
E
aqueles cavaleiros responderam ao anjo, que estava parado entre as murtas, que
estavam percorrendo a terra e que toda ela estava tranqüila e em descanso (v. 11).
Nós
vemos em I Tes 5.3, que quando o Senhor voltar para julgar toda a terra, os
seus habitantes estarão dizendo “paz e segurança”, a par de toda a iniquidade
em que estiverem vivendo.
Há
fomes, pestes, assassinatos, e toda sorte de calamidades na terra, e ainda
assim, seus habitantes têm este falso sentimento de paz e segurança.
Nas
palavras desta profecia de Zacarias, estão tranquilos e em descanso, enquanto o
povo de Deus é duramente oprimido e perseguido pelos seus inimigos.
São
rejeitados por aqueles que não conhecem ao Senhor.
São
desprezados e oprimidos, tal como os judeus, em seus dias.
Então o
próprio anjo da visão de Zacarias clamou ao Senhor, em face de tal quadro:
“Ó Senhor dos exércitos, até quando não terás
compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste
indignado estes setenta anos?” (v. 12).
Certamente,
por ter o povo de Judá se arrependido pelas repreensões que vinham recebendo
desde o sexto mês, por Ageu, e do oitavo, por Zacarias, veio então, neste
décimo primeiro mês, da parte do Senhor para eles, palavras boas, palavras
consoladoras (v. 13), por meio do anjo que falava com Zacarias.
Deus
prometeu dar descanso ao Seu povo, contra aqueles que estavam lhes oprimindo, e
que se encontravam em descanso, isto é, sem estarem debaixo de Seus juízos, tal
como estava fazendo com o Seu próprio povo.
Então
para confirmar a obra de juízo que faria contra as nações inimigas de Judá, que
estavam se lhe opondo, Deus deu a Zacarias a visão de quatro chifres, que
simbolizavam os poderes daquelas nações, sendo amedrontados e derrubados por
quatro ferreiros, e assim seriam dispersados pelo Senhor (v. 18 a 21).
Disto
aprendemos, para a Igreja de Cristo, que quando estamos empenhados numa obra de
Deus, para a qual Ele nos chamou, e se somos paralisados pelas forças do
Inimigo, não devemos buscar a causa da nossa falha não em outros, senão em nós
mesmos, para nos humilharmos e nos arrependermos, de maneira que o Senhor
disperse as forças do Inimigo e nos fortaleça a cumprir a obrar que Ele havia
designado para ser feita por nós.
“1 No
oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta
Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
2 O
Senhor se irou fortemente contra vossos pais.
3
Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos: Tornai-vos para mim, diz
o Senhor dos exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos exércitos.
4 Não
sejais como vossos pais, aos quais clamavam os profetas antigos, dizendo: Assim
diz o Senhor dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das
vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor.
5
Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, viverão eles para sempre?
6
Contudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu ordenei pelos profetas,
meus servos, acaso não alcançaram a vossos pais? E eles se arrependeram, e
disseram: Assim como o Senhor dos exércitos fez tenção de nos tratar, segundo
os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou.
7 Aos
vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de
Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho
de Ido, dizendo:
8 Olhei
de noite, e vi um homem montado num cavalo vermelho, e ele estava parado entre
as murtas que se achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios
e brancos.
9 Então
perguntei: Meu Senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo:
Eu te mostrarei o que estes são.
10
Respondeu, pois, o homem que estava parado entre as murtas, e disse: Estes são
os que o Senhor tem enviado para percorrerem a terra.
11 E
eles responderam ao anjo do Senhor, que estava parado entre as murtas, e
disseram: Nós temos percorrido a terra, e eis que a terra toda está tranqüila e
em descanso.
12
Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: Ó Senhor dos exércitos, até quando
não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais
estiveste indignado estes setenta anos?
13
Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo, com palavras boas, palavras
consoladoras.
14 O
anjo, pois, que falava comigo, disse-me: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos
exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião.
15 E
estou grandemente indignado contra as nações em descanso; porque eu estava um
pouco indignado, mas eles agravaram o mal.
16
Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com
misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o
cordel será estendido sobre Jerusalém.
17
Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: As minhas cidades
ainda se transbordarão de bens; e o Senhor ainda consolará a Sião, e ainda
escolherá a Jerusalém.
18
Levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro chifres.
19 Eu
perguntei ao anjo que falava comigo: Que é isto? Ele me respondeu: Estes são os
chifres que dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém.
20 O
Senhor mostrou-me também quatro ferreiros.
21
Então perguntei: Que vêm estes a fazer? Ele respondeu, dizendo: Estes são os
chifres que dispersaram Judá, de maneira que ninguém levantou a cabeça; mas
estes vieram para os amedrontarem, para derrubarem os chifres das nações que
levantaram os seus chifres contra a terra de Judá, a fim de a espalharem.”
(Zacarias 1.1-21)
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