Quando
Jeremias profetizou contra Judá no átrio do templo, conforme registro no
capitulo 19, Pasur, que era o sacerdote administrador do templo prendeu
Jeremias num tronco e só o soltou de lá no dia seguinte.
Então
Jeremias lhe disse que o seu nome não seria mais Pasur, que significa
liberdade, mas Magor-Missabibe, que significa terror por todos os lados.
Ele lhe
deu aquele nome por ordem do Senhor, porque Ele faria de Pasur um terror para
si mesmo, e para todos os seus amigos, porque eles cairiam à espada de seus
inimigos, e os olhos dele veriam isto.
Ele
veria também Judá sendo entregue na mão do rei de Babilônia para serem cativos,
e muitos serem mortos à espada, bem como as riquezas da cidade de Jerusalém, e
o próprio Pasur e todos os da sua casa iriam para o cativeiro, para ser morto
longe da sua própria terra, e ali seria sepultado com todos os seus amigos, aos
quais havia profetizado falsamente que sempre haveria paz em Jerusalém.
Com
isto saberia que a palavra de Deus na boca de Jeremias era a verdade.
Ele
seria obrigado a ver todas estas coisas, e não lhe seria permitido ter uma
morte rápida em Jerusalém, quando a cidade fosse tomada pelos babilônios.
Jeremias
mais uma vez se queixou ao Senhor das tribulações que estava sofrendo por causa
das mensagens que lhe estava dando para serem proferidas contra Judá.
Acabara
de ser preso num tronco e de ser escarnecido pelos judeus.
O
Senhor disse que o livraria dos seus adversários, e no entanto estava se
tornando não somente objeto do escárnio deles, como até mesmo Deus estava
permitindo que ele fosse preso.
Ele não
estava inteirado tanto quanto o apóstolo Paulo, por exemplo, que estava
previsto por Deus que a Sua obra avançaria no mundo no meio de resistências e
perseguições, que seriam levantadas por Satanás, para tentar paralisar a perda
de pessoas sob o seu domínio, em razão da pregação da verdade do evangelho.
Todavia,
tal como Paulo, Jeremias, a par de todos os sofrimentos e tribulações que
estivesse padecendo, não conseguia deixar de
proclamar a Palavra do Senhor, que apesar de fazer dele um objeto de
escárnio e vergonha para os seus perseguidores, era como um fogo que queimava
de forma ardente no seu coração, e como estivesse apegado aos seus ossos, e
estava cansado em contê-lo, de maneira que só acharia descanso para a sua alma
quando liberasse a Palavra que lhe fosse dada por Deus.
Então
ele começou a amadurecer quanto ao desígnio de Deus, e a aceitá-lo, porque
apesar de ouvir que muitos estavam conspirando contra a sua vida, podia afirmar
agora que o Senhor estava com ele como um guerreiro valente, e por isso os seus
perseguidores é que tropeçariam e não poderiam prevalecer contra ele, porque
ficariam confundidos, de forma que não poderiam ter êxito, de modo que entregou
a sua causa nas mãos do Senhor, para que fosse o Seu vingador contra aqueles
que intentavam o mal contra a sua vida, quando estava buscando somente o bem
para eles.
Então
pôde entoar no Espírito o seguinte cântico de louvor e livramento, porque como
o Senhor lhe havia dito, caso fosse paciente na tribulação, e separasse o
precioso do vil, se convertendo a Ele, seria a Sua própria boca:
“Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois
livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.” (v. 13)
Todavia
ainda se achava muito desconfortado pelas tribulações e angústias que estava
sofrendo, e não conseguiu abafar a queixa que havia no seu peito.
Só que
agora não estava murmurando porque não estava se queixando de Deus, mas a Deus,
considerando que maldito tinha sido o dia em que ele havia nascido, e que não
fosse portanto, bendito o dia em que sua mãe lho dera à luz.
E
considerou também maldito quem havia dado as novas do seu nascimento a seu pai,
se alegrando grandemente com isto, porque não sabia, todo o sofrimento que lhe
estava reservado para experimentar em sua vida, como profeta do Senhor.
Tal era
a angústia do profeta quando proferiu estas palavras que alegou preferir ter
morrido como um aborto no ventre de sua mãe.
O fato
de ter sido dado à luz só serviu para que experimentasse trabalho e tristeza e
para que se consumissem na vergonha os seus dias.
Desta
vez o Senhor não repreendeu Jeremias e permaneceu em silêncio diante do
desabafo de sua alma, porque era a sinceridade daquilo que estava realmente
sentindo, e não atribuiu ao Senhor nenhuma falta ou injustiça, por tudo o que
estava sofrendo.
Ele
estava sendo experimentado nos sofrimentos que aperfeiçoam a fé.
E à
medida que esta aumentasse ele aprenderia tal como Paulo a se regozijar na
tribulação.
Com
isto aprendemos que experiências são intransferíveis, e cada um levará o seu
próprio fardo diante do Senhor, e aprenderá dEle, a seu próprio tempo, o que
for necessário ao seu crescimento espiritual.
“1 Ora
Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que era superintendente da casa do Senhor,
ouviu Jeremias profetizar estas coisas.
2 Então
feriu Pasur ao profeta Jeremias, e o meteu no tronco que está na porta superior
de Benjamim, na casa do Senhor.
3 No
dia seguinte, quando Pasur o tirou do tronco Jeremias lhe disse: O Senhor não
te chama Pasur, mas Magor-Missabibe.
4
Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti um terror para ti mesmo, e para
todos os teus amigos. Eles cairão à espada de seus inimigos, e teus olhos o
verão. Entregarei Judá todo na mão do rei de Babilônia; ele os levará cativos
para Babilônia, e mata-los-á à espada.
5
Também entregarei todas as riquezas desta cidade, todos os seus lucros, e todas
as suas coisas preciosas, sim, todos os tesouros dos reis de Judá na mão de
seus inimigos, que os saquearão e, tomando-os, os levarão a Babilônia.
6 E tu,
Pasur, e todos os moradores da tua casa ireis para o cativeiro; e virás para
Babilônia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos os teus amigos,
aos quais profetizaste falsamente.
7 Persuadiste-me,
ó Senhor, e deixei-me persuadir; mais forte foste do que eu, e prevaleceste;
sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles zomba de mim.
8 Pois
sempre que falo, grito, clamo: Violência e destruição; porque se tornou a
palavra do Senhor um opróbrio para mim, e um ludíbrio o dia todo.
9 Se eu
disser: Não farei menção dele, e não falarei mais no seu nome, então há no meu
coração um como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de
contê-lo, e não posso mais.
10 Pois
ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o!
Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar;
bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos
vingaremos dele.
11 Mas
o Senhor está comigo como um guerreiro valente; por isso tropeçarão os meus
perseguidores, e não prevalecerão; ficarão muito confundidos, porque não
alcançarão êxito, sim, terão uma confusão perpétua que nunca será esquecida.
12 Tu
pois, ó Senhor dos exércitos, que provas o justo, e vês os pensamentos e o
coração, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; porque te confiei a
minha causa.
13
Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão
dos malfeitores.
14
Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que minha mãe me deu à
luz.
15
Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho,
alegrando-o com isso grandemente.
16 E
seja esse homem como as cidades que o senhor destruiu sem piedade; e ouça ele
um clamor pela manhã, e um alarido ao meio-dia.
17 Por
que não me matou na madre? assim minha mãe teria sido a minha sepultura, e
teria ficado grávida perpetuamente!
18 Por
que saí da madre, para ver trabalho e tristeza, e para que se consumam na
vergonha os meus dias?”. (Jeremias 20.1-18)
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