O
terceiro capítulo de Jeremias revela quão compassivo, longânimo, misericordioso e perdoador é o Senhor.
Apesar
de toda a grande maldade de Judá, conforme descrita por Ele próprio no capítulo
anterior, nós o vemos no segundo capítulo estendendo Sua mão, não para
castigar, mas para chamar, para convidar Judá ao arrependimento.
E Ele o
faz, não em base de desconsideração para com o pecado, porque protesta que
estava estendendo as mãos para uma nação infiel que estava se prostituindo.
Era
como um marido traído se dispondo a perdoar
uma esposa infiel.
Somente
pelo apelo deste capítulo se vê quão endurecido estava o povo de Judá, porque
seria impossível, recusar a um tal
convite.
Com
isto nós vemos quão excessivamente maligno é o pecado, quanto a nos impedir de
receber a graça e o perdão de Deus.
Não é
exatamente isto o que ocorre com a pessoas que recusam a graça do evangelho que
lhes está sendo oferecida em Cristo Jesus?
É a
mesma base quanto ao convite para a aproximação, porque não são pessoas justas
que Deus está chamando, mas pecadores que têm transgredido os Seus mandamentos
e vontade.
Pessoas
que têm uma natureza que é inimiga de Deus e dos Seus santos e justos
mandamentos.
Pessoas
que têm deliberadamente voltado as suas costas para Ele, apesar de lhes estar
oferecendo gratuitamente um perdão infinito, que lhe custou um preço terrível e
infinito: a morte de Seu Filho Jesus Cristo na cruz, carregando sobre Si os
nossos pecados.
O rei
Josias estava empreendendo as suas reformas religiosas em Judá, e o Senhor
interpôs com esta mensagem de Jeremias, para que os judeus se voltassem
realmente de coração para Ele, e não apenas externamente, em cumprimento de
ritos religiosos, e por destruírem os ídolos de madeira e de pedra que haviam
feito para si.
Além
disso, não basta destruir os ídolos no coração, porque é necessário adorar ao
Senhor em espírito e em verdade.
O rei
Josias não podia saber o que ia na verdade no coração do povo, mas o Senhor
conhece perfeitamente a corrupção do coração, e por isso disse para ilustrar
tal dureza no pecado, o fato de Judá não ter aprendido com os juízos que haviam
sido trazidos por Ele sobre Israel; ao contrário, se entregaram às mesmas
práticas idolátricas deles, e agora estavam fingindo nos dias de Josias, ter
deixado a idolatria, que na verdade continuava em seus corações (v. 10).
Eles
fingiram que estavam voltando para o Senhor, e portanto, não o estavam fazendo
de todo o coração.
Se o
rei não podia ver isto, no entanto, era perfeitamente conhecido por Deus.
O
pecado de Judá era maior do que o de Israel, porque não tiveram a oportunidade
de aprenderem com qualquer juízo de cativeiro que Deus tivesse trazido sobre
Judá, porque foram para o cativeiro antes deles (Jer 3.11).
Então,
o Senhor se voltou em misericórdias também para os próprios israelitas que
tinham sido levados em cativeiro pelos assírios, lhes rogando que voltassem
para Ele, não necessariamente que saíssem da terra do cativeiro, onde estavam
obrigados a se encontrar, mas que o fizessem em espírito, de coração, que Ele
os receberia (v. 11-13), e no tempo próprio, o Senhor, libertaria os que se
arrependessem e os traria a Sião, quando esta fosse restaurada depois do
cativeiro babilônico, e ali lhes daria pastores segundo o Seu coração, que lhes
apascentariam com conhecimento e com inteligência das coisas divinas (v. 15).
Esta
profecia relativa aos pastores devotados ao Senhor se aplica mais
especificamente ao tempo do evangelho, porque se diz no verso seguinte (Jer 3.16)
que não haveria mais necessidade de se cultuar a Deus com uma arca da aliança,
que representava a Sua presença no meio do Seu povo, tal como sucedia nos dias
do Antigo Testamento, e nem haveria necessidade de que se construísse outra,
porque isto não seria necessário nem ordenado por Ele.
Os
adoradores do Senhor no Novo Pacto não o fariam tendo a arca da aliança em seus
pensamentos, senão ao próprio Cristo, a quem representava em figura aquela
arca.
No
reino do Messias, o Seu trono estará em
Jerusalém, e Ele regerá sobre as nações,
de maneira que o povo do Senhor não andará mais disperso e segundo o
propósito maligno dos seus corações, porque terão sido purificados de todo
pecado, e serão aperfeiçoados por Deus, para que estejam para sempre com Ele,
em completa santidade de vida (v. 17).
O
remanescente fiel de Judá juntamente com o de Israel estarão juntos nestes dias
de glória do reino do Messias (v. 18).
Assim,
seria cumprido o propósito eterno de Deus para o Seu povo, de ser a mais formosa
terra e herança desejável entre as nações, sendo reconhecido como Pai do Seu
povo, e dEle jamais se desviarão (v. 19). Veja que estas palavras tinham o
propósito de fixar a esperança no coração dos israelitas, mesmo em cativeiro,
para que não deixassem morrer a esperança messiânica, porque Deus tem feito
boas e fiéis promessas para Israel, que se cumprirão no Messias.
O
propósito eterno de Deus em relação a eles não pode ser frustrado, e portanto,
por maiores que sejam as suas apostasias, o Senhor sempre terá um remanescente
fiel entre eles, porque a Sua promessa, a Sua Palavra, não podem falhar.
Por
causa disso, Deus estava chamando a mulher infiel para com o Seu marido, que
havia sido o Seu povo, para que voltasse para Ele, em arrependimento, com
confissão de pecados, de maneira que pudessem participar desta gloriosa vocação
que Ele havia planejado para os israelitas.
“1 Eles
dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a
outro homem, porventura tornará ele mais para ela? Não se poluiria de todo
aquela terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas ainda assim, torna
para mim, diz o Senhor.
2
Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê: onde é o lugar em que não te
prostituíste? Nos caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no
deserto. Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia.
3 Pelo
que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve chuva tardia; contudo tens a
fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha.
4 Não
me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade;
5
Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-se-á continuamente? Eis que assim
tens dito; porém tens feito todo o mal que pudeste.
6
Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste, porventura, o que fez a
apóstata Israel, como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore
frondosa, e ali andou prostituindo-se?
7 E eu
disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, voltará para mim. Mas não voltou;
e viu isso a sua aleivosa irmã Judá.
8 Sim
viu que, por causa de tudo isso, por ter cometido adultério a pérfida Israel, a
despedi, e lhe dei o seu libelo de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não
temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu.
9 E
pela leviandade da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a
pedra e com o pau.
10
Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá não voltou para mim de
todo o seu coração, mas fingidamente, diz o Senhor.
11 E o
Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-se mais justa do que a aleivosa Judá.
12 Vai,
pois, e apregoa estas palavras para a banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida
Israel, diz o Senhor. E não farei cair a minha ira sobre ti; porque
misericordioso sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira.
13
Somente reconhece a tua iniqüidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste,
e estendeste os teus favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa,
e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.
14
Voltai, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque eu sou como esposo para vós; e
vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião;
15 e
vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com
conhecimento e com inteligência.
16 E
quando vos tiverdes multiplicado e frutificado na terra, naqueles dias, diz o
Senhor, nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao
pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará outra.
17
Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se
ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão
obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno.
18
Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de Israel; e virão juntas da
terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos pais.
19
Pensei como te poria entre os filhos, e te daria a terra desejável, a mais
formosa herança das nações. Também pensei que me chamarias meu Pai, e que de
mim não te desviarias.
20
Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu marido, assim
aleivosamente te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor.
21 Nos
lugares altos se ouve uma voz, o pranto e as súplicas dos filhos de Israel;
porque perverteram o seu caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus.
22
Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade. Responderam eles:
Eis-nos aqui, vimos a ti, porque tu és o Senhor nosso Deus.
23
Certamente em vão se confia nos outeiros e nas orgias nas montanhas; deveras no
Senhor nosso Deus está a salvação de Israel.
24 A
coisa vergonhosa, porém, devorou o trabalho de nossos pais desde a nossa
mocidade os seus rebanhos e os seus gados os seus filhos e as suas filhas.
25
Deitemo-nos em nossa vergonha, e cubra-nos a nossa confusão, porque temos
pecado contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade
até o dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.”. (Jeremias
3.1-25)
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