A
bênção de todas as nações gentias dependia da obediência de Israel, para que se
trouxesse por meio deles o Messias ao mundo, através do qual os gentios seriam
alcançados, e se gloriariam nEle.
Por
isso lemos o que se diz em Jeremias 4.2, e o apelo do Senhor dirigido aos
judeus para que se voltassem para Ele, tirando todas as suas abominações de
diante dEle, e não andando mais por caminhos tortuosos (Jer 4.1).
Para
que pudessem cumprir o propósito de Deus a ser realizado no mundo inteiro a
partir deles, os israelitas deveriam lavrar num coração novo, e não semearem a
Palavra de Deus nele, entre os espinhos dos cuidados do mundo, do fascínio das
riquezas, e de todos os pecados e interesses mundanos (Jer 4.3).
Além
disso, mais do que circuncidarem seus prepúcios, deveriam circuncidar os seus
corações, ou seja, mortificar as paixões da carne, despojar-se do velho homem,
e assim seriam considerados de fato, circuncidados para o Senhor; ou seja, este
seria o sinal de pertencerem verdadeiramente a Ele, de estarem aliançados,
conforme a promessa que havia feito a Abraão.
Somente
agindo de tal forma, não experimentariam o fogo do brasume da indignação do
Senhor vindo sobre eles, por causa da maldades das suas obras, tal como havia
irrompido anteriormente contra a casa de Israel (Reino do Norte – v. 4), depois
de esperar por séculos seguidos, que se arrependessem.
Isto
deveria ser anunciado em toda a terra de Judá, especialmente em Jerusalém, sua
capital, onde se encontrava o templo e a maior parte dos principais sacerdotes
e anciãos de Israel.
Eles
deveriam gritar em voz alta dizendo que se ajuntassem para entrarem nas cidades
fortificadas, ou seja, nas cidades de refúgio, para acharem proteção contra a
invasão iminente de Babilônia, que em poucos anos os alcançaria.
O
símbolo de Babilônia era um leão alado, e por isso se diz no verso 7 que um
leão já havia partido do seu bosque, que era um destruidor de nações (porque
Babilônia subjugaria muitas nações além de Judá), e que faria com que suas
cidades ficassem assoladas e desabitadas.
O
profeta convocou portanto o povo de Judá a se vestir de saco, lamentar e uivar,
porque o ardor da ira de Deus não tinha se desviado deles, por causa dos seus
pecados, dos quais não haviam se arrependido (v. 8).
No dia
em que Babilônia viesse sobre Judá o coração do rei e dos príncipes
desfaleceria, os sacerdotes ficariam pasmos, porque não criam que Deus
permitiria a destruição do seu templo, e por isso confiavam que estariam para
sempre seguros em Jerusalém, independentemente do modo como vivessem.
E além
disso é dito que os profetas ficariam maravilhados, ou seja, eles não
entenderiam como lhes sobreviera tamanha ruína, quando pensavam que a mensagem
de paz que pregavam em nome do Senhor era verdadeira (v. 9).
Jeremias
estava no início do seu ministério quando proferiu as palavras do verso 10 do
quarto capítulo.
Ele não
conhecia ainda muito bem os juízos do Senhor, que se misturam às Suas
misericórdias, mas somente em face do arrependimento.
Então
Suas promessas de paz não eram enganosas, conforme havia pensado o profeta,
primeiro que não eram destinadas a todos os israelitas, senão somente aos que
se arrependessem, conforme havia dito anteriormente pelo próprio profeta, e
também que o juízo estava penetrando como uma espada na alma dos judeus, não
propriamente por Seu desejo, mas pelas próprias iniquidades deles e
endurecimento no pecado.
O vento
forte abrasador que viria sobre os judeus, não seria para remover a palha da
vaidade do meio do povo (cirandar), nem para limpá-los de seus pecados, mas
seria um vento de juízo, na pessoa dos cavalos e carros dos babilônios, que
viriam para produzir destruição de muitos ímpios do Seu povo.
Para
estes não havia de fato nenhuma promessa de paz, ou de futura restauração,
senão de destruição por causa das suas iniquidades, das quais não queriam se
desviar (v. 18).
Então,
em face deste juízo pronunciado direta e claramente por Deus, o profeta convoca
Jerusalém a lavar o seu coração da maldade, deixando os seus maus pensamentos,
para que pudesse ser salva (v. 14).
Porque
a calamidade que viria sobre eles era certa, e estava sendo proclamada desde
Dã, que era a extremidade norte de Israel, até os montes de Efraim, a saber, o
território da tribo principal do Reino do Norte, que já não mais existia, por
causa do cativeiro assírio. Ou seja, até mesmo fora dos termos de Judá estava
sendo proclamada a ruína que viria sobre os judeus.
Todavia
este juízo seria proclamado a todas as nações antes que sucedesse, para que
todos soubessem que isto viera da parte do Senhor, por causa da iniquidade
deles (v. 16). Para que se soubesse que o povo do Senhor havia se rebelado
contra Ele (v. 17).
O
coração do profeta estava acelerado e aflito, e era grande a angústia da sua
alma, porque ficara alarmado com tais declarações, e não poderia ficar calado,
porque ouvira o som de alerta da trombeta de Deus, e já podia ouvir o alarido
da guerra que se aproximava (v. 19).
O
profeta via somente destruição sobre destruição sendo apregoada e via toda a
terra assolada, bem como as suas moradas, repentinamente (v. 20).
Ele
indagava em seu espírito até quando veria o estandarte de guerra levantado, e o
toque de alerta da trombeta de Deus?
Então
conclui que realmente Judá era um povo insensato que não conhecia a Deus,
porque eram filhos ignorantes e que não entendiam os caminhos do Senhor. Eles
eram sábios apenas para praticarem o mal, e não sabiam fazer o bem (v. 22).
O
profeta viu somente desolação na terra, como ela era no princípio, sem forma e
vazia, e o mesmo ele viu em relação aos céus que não tinham luz.
E até
todos os montes e colinas estavam tremendo e estremecendo diante dos juízos de
Deus.
E a
terra estava vazia, sem que houvesse nela qualquer pessoa, como também não havia
aves no céu.
O
pecado de Judá havia atingido toda a criação.
A
criação estava gemendo e sofrendo por causa do pecado do povo de Deus, e da ira
que seria manifestada sobre eles.
De modo
que as terras férteis se transformaram em desertos, e todas as cidades estavam
derrubadas diante do Senhor, por causa do furor da Sua ira (v. 26).
Então o
Senhor pronunciou a sentença dos versos 27 a 29, onde afirmou que a sua
sentença já havia sido lavrada e que não voltaria atrás, no entanto não
consumiria a terra de todo.
Diante
da sentença final do Senhor, o profeta indaga o que Judá faria agora,
chamando-a de assolada.
Eles
seriam desamparados por todas as nações com as quais buscassem se aliançar para
fugir da destruição de Babilônia, que fora sentenciada sobre eles, mas por mais
que tentassem lhes agradar, de nada adiantaria, porque o profeta havia ouvido
uma voz, como a de uma mulher que está em trabalhos de parto, angustiada para
dar à luz o seu primogênito, e esta era a voz de Judá ofegante, porque a dor
que sentia era como a de parto, mas não geraria nenhum filho, porque esta seria
a dor que sentiria em sua alma por causa dos assassinos que dariam contra
ela.
“1 Se
voltares, ó Israel, diz o Senhor, se voltares para mim e tirares as tuas
abominações de diante de mim, e não andares mais vagueando;
2 e se
jurares: Como vive o Senhor, na verdade, na justiça e na retidão; então nele se
bendirão as nações, e nele se gloriarão.
3
Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusalém: Lavrai o vosso terreno
alqueivado, e não semeeis entre espinhos.
4
Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de
Judá e habitadores de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair
como fogo, e arda de modo que ninguém o possa apagar, por causa da maldade das
vossas obras.
5
Anunciai em Judá, e publicai em Jerusalém; e dizei: Tocai a trombeta na terra;
gritai em alta voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortificadas.
6
Arvorai um estandarte no caminho para Sião; buscai refúgio, não demoreis;
porque eu trago do norte um mal, sim, uma grande destruição.
7 Subiu
um leão da sua ramada, um destruidor de nações; ele já partiu, saiu do seu
lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as tuas cidades sejam
assoladas, e ninguém habite nelas.
8 Por
isso cingi-vos de saco, lamentai, e uivai, porque o ardor da ira do Senhor não
se desviou de nós.
9
Naquele dia, diz o Senhor, desfalecerá o coração do rei e o coração dos
príncipes; os sacerdotes pasmarão, e os profetas se maravilharão.
10
Então disse eu: Ah, Senhor Deus! verdadeiramente trouxeste grande ilusão a este
povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; entretanto a espada penetra-lhe até a
alma.
11
Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento abrasador, vindo dos
altos escalvados no deserto, aproxima-se da filha do meu povo, não para
cirandar, nem para alimpar,
12 mas
um vento forte demais para isto virá da minha parte; agora também pronunciarei
eu juízos contra eles.
13 Eis
que vem subindo como nuvens, como o redemoinho são os seus carros; os seus
cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! pois estamos arruinados!
14 Lava
o teu coração da maldade, ó Jerusalém, para que sejas salva; até quando
permanecerão em ti os teus maus pensamentos?
15
Porque uma voz anuncia desde Dã, e proclama a calamidade desde o monte de
Efraim.
16
Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra Jerusalém que vigias vêm de uma
terra remota; eles levantam a voz contra as cidades de Judá.
17 Como
guardas de campo estão contra ela ao redor; porquanto ela se rebelou contra
mim, diz o Senhor.
18 O
teu caminho e as tuas obras te trouxeram essas coisas; essa é a tua iniqüidade,
e amargosa é, chegando até o coração.
19 Ah,
entranhas minhas, entranhas minhas! Eu me torço em dores! Paredes do meu
coração! O meu coração se aflige em mim. Não posso calar; porque tu, ó minha
alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra.
20
Destruição sobre destruição se apregoa; porque já toda a terra está assolada;
de repente são destruídas as minhas tendas, e as suas lonas num momento.
21 Até
quando verei o estandarte, e ouvirei a voz da trombeta?
22
Deveras o meu povo é insensato, já me não conhece; são filhos obtusos, e não
entendidos; são sábios para fazerem o mal, mas não sabem fazer o bem.
23
Observei a terra, e eis que era sem forma e vazia; também os céus, e não tinham
a sua luz.
24
Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros
estremeciam.
25
Observei e eis que não havia homem algum, e todas as aves do céu tinham fugido.
26 Vi
também que a terra fértil era um deserto, e todas as suas cidades estavam
derrubadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira.
27 Pois
assim diz o Senhor: Toda a terra ficará assolada; de todo, porém, não a
consumirei.
28 Por
isso lamentará a terra, e os céus em cima se enegrecerão; porquanto assim o
disse eu, assim o propus, e não me arrependi, nem me desviarei disso.
29 Ao
clamor dos cavaleiros e dos flecheiros fogem todas as cidades; entram pelas
matas, e trepam pelos penhascos; todas as cidades ficam desamparadas, e já
ninguém habita nelas.
30
Agora, pois, ó assolada, que farás? Embora te vistas de escarlate, e te adornes
com enfeites de ouro, embora te pintes em volta dos olhos com antimônio,
debalde te farias bela; os teus amantes te desprezam, e procuram tirar-te a
vida.
31 Pois
ouvi uma voz, como a de mulher que está de parto, a angústia como a de quem dá
à luz o seu primeiro filho; a voz da filha de Sião, ofegante, que estende as
mãos, dizendo: Ai de mim agora! porque a minha alma desfalece por causa dos
assassinos.”. (Jeremias 4.1-31)
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