O nome de Jacó foi mudado para Israel, porque este significa
príncipe de Deus, indicando que aqueles que levam este nome, como participantes
daquele a partir do qual Deus formou a nação eleita para reger povos e nações,
também são príncipes de Deus tal como Jacó, porque reinarão juntamente com
Cristo, conforme o propósito eterno de Deus.
É muito significativo que se saiba isto, para que possamos não
somente compreender tal propósito eterno de Deus, como também, entender o
caráter de grande parte das profecias da Bíblia.
Deus prometeu fazer de Israel uma nação santa e reino sacerdotal
para todas as nações (Ex 19.6).
Dentre tantas nações, Ele elegeu e formou somente uma para que
regesse através dela.
Será em Israel, e mais especificamente em Judá que estará o cetro
de governo de todas as nações sob o império do Messias, que é o Rei dos reis e
Senhor do senhores da terra (Gên 49.10).
Muitas nações estarão debaixo do Seu governo, mas governarão
juntamente com Ele, aqueles que pertencem ao verdadeiro Israel, que é formado
tanto por gentios, quanto por judeus convertidos a Cristo (Apo 5.10; 20.4,6;
22.5).
Assim, como as nações dominadas da antiguidade ficavam debaixo do
domínio do rei da nação que as havia subjugado, dar-se-á o mesmo em relação ao
reino do Messias, só que o Seu governo é um governo perfeitamente justo.
Por isso, Jesus, em Seu ministério terreno ministrou somente a
Israel (Rom 15.8), porque foi dado pelo Pai como Rei para Israel, e como luz
para as demais nações (Is 49.6).
Por isso importa, que a sede do Seu governo, no milênio, esteja
sobre o monte Sião, em Jerusalém, para que se cumpra o propósito de Deus de ter
uma nação através da qual governe toda a terra.
Este é um grande mistério, mas é um grande fato, que num universo
tão imenso, o Senhor tenha fundado a terra, e que tenha elegido somente a
Israel para ser a nação onde estarão todos os príncipes regentes que reinarão
toda a terra juntamente com Cristo.
Nós podemos ver isto nas seguintes profecias, dentre outras: Is
42.6; 49.6; 54.3; 60.3, 5, 11, 12, 16; 61.6,9; 62.2; 66.18; Jer 3.17; 4.2; Dn
7.14; Am 9.12; Mq 4.2,3; Zc 8.22; 12.3; 14.16; Ml 1.14; 3.12; e também nos
seguintes textos do Novo Testamento que confirmam tais profecias: Mt 2.2;
27.42; Mc 15.2; Lc 23.3; Jo 19.21; Apo
15.4; 21.24,26.
É com tal verdade em perspectiva que podemos entender,
especialmente a profecia do livro de Daniel.
Porque a profecia de Daniel é a resposta de Deus para a pergunta
relativa à questão do reino de Israel, particularmente, quanto ao tempo em que
seria firmado sobre todas as nações sob o reinado do Messias.
Esta continua sendo uma pergunta para muitos judeus, porque eles
têm uma promessa específica de Deus relativamente a isto.
Daí entendermos a pergunta que os próprios apóstolos fizeram a Jesus
por ocasião da sua ascensão ao céu: “Aqueles, pois, que se haviam reunido
perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a
Israel?” (At 1.6).
E antes
deles, o próprio Daniel havia feito tal pergunta em seu coração, quando concluiu
que o tempo de cativeiro dos judeus em Babilônia, de 70 anos, conforme
profetizado por Jeremias, já havia sido cumprido, e então ele pensou que a
promessa da vinda do reino de Deus sobre toda a terra sob o reinado do Messias
prometido, teria imediato cumprimento, mas ele foi devidamente instruído quanto
ao tempo de tal cumprimento, conforme podemos ver no nono capítulo do seu
livro.
Foi
principalmente para o propósito de revelar o tempo da restauração futura e
final de Israel, e não propriamente a do tempo em que eles retornariam do
cativeiro de 70 anos em Babilônia para a sua própria terra, que Daniel foi
também conduzido para Babilônia e permaneceu junto à corte dos reis
babilônicos, e dos persas depois destes, para que lhes fossem dadas instruções
específicas sobre a esperança futura de Israel, sendo estabelecida como reino
para sempre sobre todas as nações da terra.
Estas
instruções seriam passadas através de sonhos e visões dadas a reis de
Babilônia, e que ensejariam interpretações que seriam concedidas por Deus a
Daniel, como também em sonhos e visões revelados diretamente ao próprio
Daniel.
Então
este primeiro capítulo do seu livro, tem o propósito de descrever como ele foi
instalado na corte de Babilônia, e como se manteve fiel ao Senhor ali no meio
daquele reino pagão, e como recebera de Deus capacitações e dons espirituais
que não haviam sido dadas a seus três amigos, que receberam somente conhecimento e inteligência
em toda cultura e sabedoria, os quais haviam sido dados também a Daniel.
Daniel
era um verdadeiro israelita, a saber, destes que haverão de reinar juntamente
com Cristo, e por isso lhes foram passadas as revelações que não eram
particularmente de seu próprio interesse, mas de todos aqueles que aguardam pelo
estabelecimento final do reino do Messias com poder e glória.
“1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns
dos utensílios da Casa de Deus; a estes, levou-os para a terra de Sinar, para a
casa do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus.
3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse
alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres,
4 jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda
a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem
competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a
língua dos caldeus.
5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa
real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao
cabo dos quais assistiriam diante do rei.
6 Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias,
Misael e Azarias.
7 O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o
de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias,
o de Abede-Nego.
8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas
iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.
9 Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte
do chefe dos eunucos.
10 Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o
rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o
vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? Assim,
poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos
eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem
legumes a comer e água a beber.
13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens
que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.
14 Ele atendeu e os experimentou dez dias.
15 No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles
mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.
16 Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o
vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a
inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de
todas as visões e sonhos.
18 Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o
chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor.
19 Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados
outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir
diante do rei.
20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei
lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e
encantadores que havia em todo o seu reino.
21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.” (Daniel 1)
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