quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PROVÉRBIOS 28



Provérbios 28




Silvio Dutra




Mar/2016




 
  A474
            Alves, Silvio Dutra
                  Provérbios 28./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
                  2016.
                  41p.; 14,8x21cm

                 1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.
             I. Título.
                                                        
                                                                             CDD 230.223




Provérbios 28

1 Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.
A quantos sustos contínuos estão sujeitos  aqueles que andam em maus caminhos. A culpa na consciência faz os homens um terror para si mesmos, de modo que eles estão prontos para fugir quando ninguém os persegue; como aquele que foge por causa da dívida que é encontrada em cada um que se encontra com um fiel oficial de justiça.
Embora eles finjam estarem tranquilos, há temores secretos que os assombram, de modo que temem, onde haja perigo atual ou iminente (Sl 53.5).
Aqueles que fizeram de Deus o inimigo deles, não podem deixar de ver toda a criação em guerra contra eles, e, portanto, não podem ter verdadeiro prazer e paz em si mesmos, pois uma terrível expectativa de juízo do pecado torna os homens covardes.
Se eles fogem quando ninguém os persegue, o que vão fazer quando virem a Deus mesmo os perseguindo com seus exércitos?
Mas quão grande segurança santa e serenidade de espírito possuem aqueles que apreciam e que guardam a consciência livre de ofensa e assim se mantêm no amor de Deus.
Os justos são ousados ​​como um leão, como um leão novo; nos maiores perigos porque eles têm um Deus de poder onipotente em quem podem confiar. Pelo que não temerão, ainda que a terra se transtorne. Todas as dificuldades que se encontram no caminho de seu dever, não lhes deixam assustados.




2 Pela transgressão da terra muitos são os seus príncipes, mas por homem prudente e entendido a sua continuidade será prolongada.
Os pecados nacionais trazem transtornos nacionais e a perturbação do repouso público. Pela transgressão da terra, e uma apostasia geral de Deus e da religião para a idolatria, profanação, ou imoralidade, muitos são os seus príncipes, muitos ao mesmo tempo fingindo soberania e disputando o poder, através do qual as pessoas se dividem em partidos e facções, mordendo e devorando uns aos outros.
Quando governam os ímpios, o seu povo sofre por isso, e  às vezes o governo sofre por causa dos pecados do povo.
Então, esta iniquidade que se multiplica na Terra reflete nas relações entre governantes e governados, fazendo com que em vez da verdade e da justiça, imperem o engano e a injustiça.
Estes que se entregam à prática da corrupção caem e são sucedidos por outros, que geralmente, tal como eles também permanecem por pouco tempo na condição de governantes por seguirem a mesma prática.
Mas, quando se levanta entre o povo quem os governe com justiça e equidade o tempo de governo tende a se prolongar pois as coisas são mantidas em boa ordem, ou, se perturbadas, são trazida de volta mais uma vez ao antigo canal.
Não podemos calcular quão grande quantidade de serviços um homem sábio e justo pode fazer a uma nação em um momento crítico.
     



3 O homem pobre que oprime os pobres é como a chuva impetuosa, que causa a falta de alimento.
É ilusório o pensamento de que aqueles que são pobres seriam melhores senhores e governantes caso assumissem o poder.
A cobiça e a ambição reside escondida no coração do homem, de modo que o seu caráter maligno logo se revela quando lhe é dado o poder.
Falto de sabedoria e de conhecimento e não acostumado ao mel, logo se lambuzará com ele, e usará da opressão para que possa garantir a sua permanência na posição que logrou alcançar.
Se um pobre vem a se tornar grande entre os homens pelo muito empenho em estudar, se especializar e a alcançar o entendimento da forma correta de se gerir a coisa pública, então ele fica habilitado ao desempenho das funções de governo.
Mas, se permanece indolente e analfabeto, e sem as qualificações necessárias para governar, então sempre haverá esta tendência a se permanecer endurecido e ignorante, de forma que fica impossibilitado de prestar bons ofícios aos outros.
O poder exerce fascínio e tende a corromper, de modo que aqueles que conhecem, por experiência as misérias da pobreza, em vez de serem compassivos para com aqueles que sofrem, tornam-se indesculpavelmente insensíveis e opressores.
Eles são comparados à chuva impetuosa, que em vez de ser benéfica à lavoura, como se espera da chuva, a destrói.



    
4 Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que guardam a lei contendem com eles.
É por este critério que se nivelam os homens, sejam eles pobres ou ricos.
Os que não possuem ou que abandonam o temor a Deus e à Sua Lei, aplaudem e aprovam a prática da impiedade, principalmente em razão da aparente vantagem que obtêm com a prática da corrupção.
Mas aqueles que têm o temor de Deus e guardam os Seus mandamentos reprovam e contendem com a prática da impiedade.
As pessoas ímpias se lisonjeiam mutuamente e arquitetam projetos para permanecerem nas posições em que tiram vantagens para si. Fortalecem a mão um do outro em seus maus caminhos, esperando assim silenciar os clamores de suas próprias consciências e para servir os interesses do reino do diabo.
Aqueles que realmente têm uma consciência da lei de Deus, se opõem vigorosamente ao pecado, não para satisfazer motivos pessoais ou revanchistas, mas para agradarem e obedecerem a Deus, que assim o exige.    
Reprovarão as obras das trevas, não propriamente em nome do interesse do povo, mas do de Deus, e farão o que estiver ao seu alcance para conduzir os infratores à punição devida, para que outros possam ouvir e temer.






5 Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam ao Senhor entendem tudo.
A prevalência de desejos dos homens é devida à escuridão do seu entendimento, e a escuridão da sua compreensão é devida em grande parte  ao domínio de suas paixões.
Os homens, de si mesmos, sem o auxílio da graça divina, não entendem o juízo, não discernem entre verdade e falsidade, certo e errado; eles não entendem a lei de Deus como regra, quer do seu dever ou de sua desgraça; e, por isso, é que são ímpios, uma vez que sua maldade é o efeito da sua ignorância e erro (Ef 4.18).
 Como não entendem o juízo, e por conseguinte não temem a Deus, são ímpios; suas corrupções cegam os olhos, e os enchem de preconceitos contra o que é santo e justo, que lhes conduzem a praticar o mal e a odiar a luz.
Então, o conhecimento de Deus e da Sua vontade e juízos é reservado para aqueles que buscam ao Senhor.
Aqueles que fazem da glória de Deus o fim de suas ações, o Seu favor como a sua felicidade, e Sua Palavra como sua regra, e se aplicam a Ele em todas as ocasiões por meio da oração, receberão da Sua parte o espírito de sabedoria. Se um homem fizer a vontade dEle, conhecerá a sua doutrina (João 7.17).   





6 Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o de caminhos perversos, ainda que seja rico.
Supõe-se que um homem pode andar na retidão e ainda ser pobre neste mundo, o que é uma tentação para a desonestidade, e ainda assim podem resistir à tentação e continuar a caminhar na retidão – também, que um homem pode ser perverso em seus caminhos, prejudiciais para Deus e ao homem, e ainda ser rico, e prosperar no mundo, por um tempo, sendo rico, e sendo encontrado sob grandes obrigações e tendo grandes oportunidades para fazer o bem, e ainda assim ser perverso em seus caminhos e causar uma grande quantidade de dor a outros.
Então, é considerado um paradoxo para um mundo cego, que um pobre, santo e honesto, é melhor do que um homem mau, ímpio e rico, pois tem um caráter melhor, e está em uma condição melhor, e com mais conforto em si mesmo, sendo uma maior bênção para o mundo, e digno de muito mais honra e respeito.
Quando Aristides foi censurado por um homem rico por causa da sua pobreza, ele respondeu: as tuas riquezas te fazem mais dor do que a minha pobreza me faz.
      
7 O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro dos desregrados envergonha a seu pai.
Temer o Senhor e guardar os Seus mandamentos é a verdadeira sabedoria, e faz com que os homens sejam sábios em todas as relações.
Aquele que conscientemente guarda a lei é sábio, e ele será particularmente um filho sábio, ou seja, vai agir de forma discreta em relação a seus pais, como a lei de Deus ensina a fazê-lo.
A má companhia é um grande obstáculo para a vida piedosa.  Aqueles que são companheiros de desregrados, que os escolhem para seus companheiros, certamente serão tentados a desconsiderar a lei de Deus e atraídos para transgredi-la, (Sl 119.115).
A impiedade não é apenas uma vergonha para o próprio pecador, mas para todos os seus  semelhantes.
Aquele que se faz companheiro dos libertinos e que gasta o seu tempo e dinheiro com eles, não somente entristece seus pais, como também os  envergonha; e isto para o seu descrédito, pois deixa de cumprir o seu dever para com eles.
  
8 O que aumenta os seus bens com usura e ganância ajunta-os para o que se compadece do pobre.
A história tem comprovado que Deus, em Sua providência e bondade, tem provido para que aquilo que os avarentos e gananciosos ajuntam em sua cobiça, passe para a mão daqueles que usarão no futuro os seus bens, com justiça, em benefício dos que são necessitados deles.
A fortuna que foi levantada por monarcas com usura e violência, em sua vaidade, sempre será desfrutada no futuro - ainda que se passem decênios para que isto ocorra - por aqueles que a receberão das mãos daqueles que a utilizem numa sábia e justa administração.
Assim, por Sua providência, Deus corta o vínculo da maldição que o ambicioso trouxe sobre suas riquezas, que adquiriu através do engano e da violência.
Desta forma, a mesma Providência que pune o ímpio, e o impede de produzir mais danos,  premia o misericordioso, e lhe permite fazer o bem, pelo qual será recompensado.
Aquele que tiver dez talentos, receberá o talento que o mau  servo mau escondeu; porque aquele que tem praticado a justiça, receberá ainda mais da parte de Deus, pelo bom uso que fizer de todos os Seus dons (Lucas 19.24).





   
9 O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.
É pela prática da Palavra e pela oração que nossa comunhão com Deus é mantida. Deus nos fala  por sua lei, e espera que a ouçamos e prestemos a devida consideração; que falamos com ele por meio da oração, para que possamos esperar por uma resposta de paz.
Quão reverentes e sinceros devemos ser, sempre que estivermos falando com o Senhor da glória!
Se a Palavra de Deus não for considerada por nós, nossas orações devem não somente não serem aceitas por Deus, como também serão uma abominação para ele, pois não estarão baseadas na verdade da Palavra (Isaías 1.11,15).
Deus fica, portanto, irado com aquele que deliberada e obstinadamente se recusa a obedecer os Seus mandamentos.




10 O que faz com que os retos errem por mau caminho, ele mesmo cairá na sua cova; mas os bons herdarão o bem.
Temos aqui a desgraça dos sedutores, que tentam tirar os que são justos de seus bons caminhos, pois é dito que fazem isto para o seu próprio prejuízo, porque ficarão certamente sujeitos ao juízo de Deus.
Eles cairão na cova que cavaram para sepultar nela o justo, enquanto este é livrado e feito herdeiro do bem eterno por Deus.
Aqueles que não são somente injustos, mas também inimigos dos justos, sofrerão uma condenação maior (Mat 23.14, 15).




     


11 O homem rico é sábio aos seus próprios olhos, mas o pobre que é entendido, o examina.
O rico citado no provérbio é aquele que representa a grande maioria dos ricos, que costumam ser sábios a seus próprios olhos, e que não se examinam à luz do caráter e da vontade de Deus.
Aqueles que são pobres, muitas vezes se revelam mais sábios do que estes ricos, porque são humildes e consentem em examinarem a sua conduta, sujeitando-se à sondagem que eles buscam em Deus, pelo Espírito Santo e consoante a revelação da Palavra.






12 Quando os justos triunfam há grande glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem.
O conforto do povo de Deus é a honra da nação em que vivem.
Há uma grande glória habitando na terra quando os justos governam, porque isto não somente exalta a Deus, como faz bem ao povo, por uma administração de justiça e de paz.
Mas, o avanço dos ímpios é o eclipse da beleza de uma nação; pois quando assumem as posições de liderança, opõem-se a tudo o que é justo e sagrado, e todas as formas de opressão passam a ser vistas na terra, fazendo com que os homens se escondam do alcance das más ações deles.



      

13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.
Temos aqui a insensatez de favorecer o pecado, de mitigá-lo e desculpá-lo, negando-o ou atenuando-o, dissimulando-o, ou jogando a culpa dele sobre os outros.
Aquele que, assim, encobre as suas transgressões nunca prosperará aos olhos de Deus. Ele não deve ter sucesso em seu esforço para cobrir o seu pecado, pois será descoberto, mais cedo ou mais tarde. Não há nada escondido que não venha a ser revelado.
Ele não prosperará, ou seja, não deve obter o perdão dos seus pecados, nem pode ter qualquer verdadeira paz de consciência.
Davi se encontrou numa agitação constante, enquanto cobria os seus pecados (Salmo 32. 3, 4). Enquanto o paciente esconde sua enfermidade ele não pode esperar uma cura.
Mas aquele que não somente confessa as suas transgressões, como também as abandona, pode estar certo de que encontrará o perdão e o favor de Deus.
Sua consciência deve ser apaziguada e sua ruína impedida (I João 1.9; Jeremias 3. 12, 13).
Quando colocamos o pecado diante de nosso rosto (como Davi, que disse que o seu pecado estava sempre diante dele) Deus o lançará para trás das Suas costas.





14 Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coração cairá no mal.
Parece estranho, mas é muito verdadeiro: feliz é o homem que teme sempre.
A maioria das pessoas acha que aqueles estão felizes  é porque nunca temem; mas há um tipo de temor que é muito diferente de tormento, e que traz embutida em si a maior satisfação.
Feliz é o homem que mantém sempre em sua mente um santo temor e reverência a Deus, à Sua glória, bondade e ao Seu governo, e que está sempre com medo de ofender a Deus e incorrer no Seu desagrado, que mantém sua consciência sensível e que tem temor da aparência do mal, e que está sempre desconfiado de sua própria suficiência.
Aquele que mantém-se com um tal temor como este viverá uma vida de fé e de vigilância, e, portanto, esse será feliz, abençoado e santo.
Temos então o perigo de uma presunção pecaminosa, pois aquele que endurece o seu coração, que zomba do temor, e que desafia  Deus e os Seus juízos, não aceitando os mandamentos de Sua Palavra, cairá no mal; pois sua presunção será a sua ruína, e ele cairá devido à dureza de seu coração.
15 Como leão rugidor, e urso faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre.
Está escrito na verdade que não se deve falar mal do príncipe do teu povo; mas se ele for um ímpio, que oprime as pessoas, especialmente os pobres, roubando-lhes o pouco que têm e fazendo uma presa deles, tudo o que podemos chamá-lo, esta escritura chama de um leão que ruge ou um urso faminto.
No que diz respeito ao seu caráter, ele é brutal, bárbaro, e sedento de sangue.
Em relação ao mal que faz aos seus súditos, é terrível como o leão que ruge, que faz tremer a floresta; e é devorador como um urso faminto, e tanto maior é o mal que ele faz, quanto maior for a sua cobiça.
Os reis e seus cortesãos nobres, ao longo dos séculos, viviam às expensas dos impostos elevados que cobravam dos pobres, estando eles próprios e o clero isentos de quaisquer taxações.
O maior exemplo disto, encontramos talvez nos dias do rei da França Luiz XIV, que especialmente para a consumação de seu projeto político absolutista de governo, buscando trazer todos os nobres influentes da França a estarem debaixo de sua vigilância, construiu por decênios o Palácio de Versalhes para ser a morada de todos eles, e isto foi feito à custa da perda e penúria de muitas vidas de franceses pobres.
Este palácio revela o desprezo dos poderosos pelos homens, sem estarem efetivamente preocupados com  os problemas das pessoas mais carentes que vivem debaixo da miséria e opressão que são decorrentes das ações de tais governantes e políticos.
A ganância dos poderosos nunca é saciada, e isto é visto sob qualquer regime de governo, seja ele monárquico ou republicano.
A mazela das nações está sempre relacionada diretamente à riqueza e ao luxo com que vivem aqueles  que são leões rugidores e ursos famintos, que se encontram em todas elas, que devoram os pobres e fracos para com eles alimentar ainda mais a sua ganância.
Por isso todo homem sábio jamais coloca a sua esperança de paz, segurança e justiça nos governos deste mundo, senão na forte expectativa que tem pela manifestação do único reino de justiça eterno na terra, que será visto somente por ocasião da volta de Jesus Cristo.
      

16 O príncipe falto de entendimento é também um grande opressor, mas o que odeia a avareza prolongará seus dias.
É uma grande bênção ser livrado pela graça de Cristo da ambição que domina naturalmente o coração.
Este poder é acompanhado pela iluminação do entendimento de que o amor ao dinheiro é de fato a raiz de todos os males, pois deste amor brota uma grande variedade de outros pecados abomináveis, como o da avareza, do engano, da opressão e os demais que estão relacionados ao desejo de enriquecer ainda que à custa de roubos, subornos, e exploração de pessoas.
Um governante que seja ambicioso dificilmente amará a misericórdia e a justiça para tratar por meio delas as pessoas que estiverem debaixo da sua autoridade.
Pessoas assim costumam ser desprezadas e odiadas pelo povo, e geralmente, não ocupam por muito tempo a posição de liderança que alcançaram, mas aqueles que odeiam a avareza e a impiedade prolongarão o seu governo e cairão no afeto do seu povo e na bênção do seu Deus.
É determinado por Deus que os governantes procedam com justiça. Assim, os opressores e tiranos, são, portanto, os maiores tolos do mundo; pois sacrificam tudo o que alcançaram por causa de sua ambição a um poder absoluto e arbitrário.





17 O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.
Este provérbio está de acordo com aquela lei antiga, de que aquele que derramasse o sangue do homem, pelo homem teria o seu sangue derramado (Gên 9.6), e reafirmada na lei de Moisés, para vigorar no período de vigência da Antiga Aliança.
O dever do vingador do sangue, se o magistrado ou o parente mais próximo, ou quem quer que estivesse interessado em punir o crime de sangue, não poderia, segundo a lei, ser negligenciado, e aquele que absolvesse o assassino, se faria culpado tal como ele, e sujeito à mesma pena, porque a culpa do sangue derramado injustamente sobre a terra, somente poderia ser removida pelo sangue daquele que o derramou (Números 35.33).





18 O que anda sinceramente salvar-se-á, mas o perverso em seus caminhos cairá logo.
Aqueles que são honestos estão sempre seguros, porque têm a Deus por seu protetor. Aquele que age com sinceridade, cujo falar seja sim, sim, não, não, por amor à verdade da Palavra de Deus, que tudo faz para a glória de Deus e o bem de seus irmãos, virá a conhecer a salvação, pois têm a promessa de Cristo de que aqueles que são pela verdade ouvirão a Sua voz.
A integridade e a retidão irão preservar os homens, e lhes dará uma segurança santa no pior dos tempos; por isso terão preservados o seu conforto, a sua reputação, e todos os seus interesses.
Eles podem ser feridos, mas não destruídos.
Mas, aqueles que são falsos e desonestos nunca estão seguros.
Aquele que é perverso nos seus caminhos, que pensa estar seguro por meio de práticas fraudulentas, por dissimulação e traição, virá a cair, e não gradualmente, e com aviso dado, mas de repente, sem aviso prévio, porque ele está menos seguro quando ele se sente mais seguro.

19 O que lavrar a sua terra virá a fartar-se de pão, mas o que segue a ociosos se fartará de pobreza.
Aqueles que são diligentes em seus chamados tomam o caminho que conduz ao viver confortável.
O que lavra a sua terra, prosperará, e isto pode ser estendido a todas as áreas de atividades, pois pressupõe o ato de trabalhar e preparar tudo o que é necessário para se atingir um determinado objetivo produtivo.
Aqueles que são preguiçosos e descuidados, e que andam na companhia de pessoas ociosas, serão achados num viver miserável.
O Novo Testamento confirma o que é ensinado no Velho, a saber, que o homem deve ser diligente no seu trabalho, fazendo aquilo que é proveitoso para a própria provisão e de outros que se encontram debaixo do seu cuidado.
Em nenhuma parte das Escrituras, somos incentivados a buscar prosperidade e bênçãos somente pelo fato de esperarmos que isto nos venha por crermos no poder de Deus. Como se o conhecimento de alguma fórmula mística, de alguma oração específica nos conduzisse a isto, independentemente de termos um viver santo, justo e piedoso diante de Deus e dos homens.
Somos convocados a nos humilharmos, a orarmos, a nos arrependermos, a deixarmos o pecado e nos convertermos de nossos maus caminhos, e nos aplicarmos a fazer o bem em todas as circunstâncias, e é nisto que recebemos a promessa de Deus de nos abençoar e a nossa terra.  
   




20 O homem fiel será coberto de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune.
Somos ordenados a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e a não andarmos ansiosos quanto às coisas desta vida quanto ao que vestiremos, comeremos e beberemos.
É para o tesouro do céu que deve estar direcionado o nosso coração e não aos tesouros terrenos.
A fidelidade a Deus quanto a estes mandamentos e a outros constantes da Sua Palavra é o que fará com que sejamos cobertos de bênçãos.
Certamente, o desejo de enriquecer segundo o mundo, colocando-se isto como o alvo prioritário da vida, conduzirá na direção oposta de tudo o que nos é ordenado, pois devemos priorizar o que é espiritual e não o que é natural.
Há então, nesta cobiça pecados envolvidos que não deixarão de receber a devida punição da parte do Senhor.


21 Dar importância à aparência das pessoas não é bom, porque até por um bocado de pão um homem prevaricará.
É um erro fundamental na administração da justiça, e o que não pode deixar de levar os homens a grande transgressão, considerar as partes em causa mais do que o mérito da causa, de modo a favorecer um, em detrimento de outro, em razão da aparência ou importância das pessoas.
O provérbio destaca a miserável condição de corrupção do coração humano, que pode levar alguém a desconsiderar o justo juízo, por até mesmo se deixar subornar por um simples bocado de pão.
O juízo deve ser imparcial para que seja justo, e então, considerações do tipo a seguir devem ser evitadas: Para inocentar - ele é um cavalheiro, um estudioso, meu compatriota, meu velho conhecido, alguém que me fez um favor, ou que pode vir a me fazer um; ou, por outro lado,  para condenar - ele é um estranho, um homem pobre, me injuriou uma vez, ou foi meu rival, ou não simpatizo com ele e já agiu contra mim.
   
22 O que quer enriquecer depressa é homem de olho maligno, porém não sabe que a pobreza há de vir sobre ele.
A Bíblia fala em olhar  bom e em olhar mau, e até mesmo Jesus se referiu a isto.
Um olhar bom consiste em fazer uma justa e correta avaliação das coisas. O olhar mau, por conseguinte, em se fazer o contrário.
Então, Salomão mostra o pecado e a insensatez daqueles que desejam ser ricos; e que ficam determinados que tudo devem fazer para atingir tal propósito, classificando-o como algo inerente a quem tem o olho maligno; pois não vê as coisas pelo justo valor que elas possuem em si mesmas.
As riquezas deste mundo corrompem e fazem asas para si, mas a piedade e a sabedoria enriquecem e para tudo são proveitosas e permanentes.
Deus recompensará quem foi piedoso e não quem foi rico de bens mundanos.  A riqueza destes bens não recomendará a qualquer pessoa diante de Deus.
      

23 O que repreende o homem gozará depois mais amizade do que aquele que lisonjeia com a língua.
Aqueles que nos repreendem para nos desviarem de maus caminhos, são verdadeiramente amigos, e virão a receber tal reconhecimento da parte de muitos, especialmente da parte dos que são repreendidos por eles.
A razão disto é que o amor se comprova pelo interesse prático e sincero que temos pelo bem de outros, especialmente de suas almas.
Não há quem não peque, quem não erre, quem não necessite de aconselhamento, pois todos somos pecadores e falhos. Portanto, não há quem seja digno de sempre ser louvado por tudo o que seja ou que faça.
Se alguém, dizendo ser nosso amigo, faz vista grossa para os nossos erros e pecados, e sempre nos lisonjeia, procurando com isto cair no nosso agrado, tal pessoa, está antes de tudo contrariando ao próprio Deus que nos ordena o dever da repreensão longânima e sincera, e ulteriormente, desagradando a nós mesmos, por dar provas que não têm real interesse pelo bem-estar de nossas almas, pois poderiam nos ajudar a nos livrarmos dos juízos de Deus relativos ao nossos pecados, por nos alertarem quanto à nossa real condição.
Reprovadores podem desagradar em princípio, mas uma vez passada a tristeza ou amargura que possam causar, suas palavras e ações irão produzir um bom resultado, e eles serão amados e respeitados.







24 O que rouba a seu próprio pai, ou a sua mãe, e diz: Não é transgressão, companheiro é do homem destruidor.
Jesus Cristo mostra o absurdo e a maldade daqueles filhos que pensam que não é qualquer dever deles, em alguns casos, cuidar dos seus pais (Mat 15.5), de modo que Salomão fala aqui da impiedade daqueles que pensam que não é pecado roubar seus pais, pela força ou secretamente, por ameaçá-los, ou por desperdiçar o que eles têm, criando dívidas e deixando que eles as paguem.
Eles pensam que é um dever amoroso dos pais terem que suportar tais ofensas. Julgam que é um direito que possuem por serem herdeiros naturais. Todavia, são companheiros do grande destruidor, que veio senão roubar, matar e destruir – Satanás, pois estas coisas são originadas nele e inspiradas por ele, que usurpou os dons de Deus e tentou entrar na posse daquilo que que não lhe fora dado por Ele, pensando até mesmo em se apoderar do Seu trono.


25 O orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no Senhor prosperará.
Viver em contendas é uma das evidências dos que não são dotados de humildade de espírito, e que por conseguinte não confiam e dependem de Deus.
Os que prosperam num viver quieto e sábio são aqueles que vivem em  uma contínua dependência de Deus e da Sua graça.
Aquele que coloca sua confiança no Senhor, em vez de lutar por si mesmo, entrega a sua causa a Deus.
Ninguém vive tão facilmente, tão agradavelmente, como aqueles que vivem pela fé.

    



26 O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.
Aqui está o caráter de um tolo: ele confia no seu próprio coração, e na sua própria sabedoria e conselhos, sua própria força e suficiência, seu próprio mérito e justiça, e a boa opinião que tem de si mesmo; aquele que faz isso é um tolo, pois  confia naquilo que é corrupto e enganoso acima de todas as coisas, a saber, no coração (Jeremias 17.9), sendo portanto, muitas vezes enganado.
Isto implica que é o caráter de um homem sábio, como visto no provérbio anterior (v. 25) colocar a sua confiança no Senhor, e em Seu poder e promessa, e seguir a Sua orientação (Prov 3.5, 6).







27 O que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições.
Este provérbio está baseado no princípio divino de que é dando que se recebe, pois Jesus afirma: “Dai e ser-vos-á dado”.
Temos aqui a promessa relativa à caridade: aquele que dá ao pobre não terá qualquer necessidade que esteja fora do controle de Deus.
Onde houver qualquer aparente necessidade, esta será compensada pelo suprimento da graça de Jesus, que nos torna suficientes em quaisquer circunstâncias.
Por isso se diz que aquele que desviar o seu olhar do pobre, para evitar suprir-lhe o que for necessário, terá muitas maldições, tanto de Deus, quanto do homem, e não sem causa.




      
28 Quando os ímpios se elevam, os homens andam se escondendo, mas quando perecem, os justos se multiplicam.
Este provérbio tem o mesmo significado do que encontramos no verso 1 do capítulo 12.
Quando a administração pública está nas mãos dos ímpios, os justos se escondem temendo ser perseguidos e maltratados.
Mas, quando os ímpios são desonrados, e seu poder tirado deles, então os justos reaparecem, e são colocados nas posições que os ímpios ocupavam.
Por este princípio podemos concluir que não pode haver um governo justo enquanto for tolerada a presença de ímpios liderando ao lado de justos.
Um governo que se diz reformador e que, no entanto, tolera e admite a presença de corruptos nos ministérios, está fadado ao fracasso, pois a justiça não pode prevalecer enquanto o ímpio é colocado em honra.



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