Provérbios 14
Silvio Dutra
Mar/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 14./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
74p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3.
Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD
230.223
|
Provérbios 14
1 Toda
mulher sábia edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba-a com as suas
mãos.
O lar foi instituído por Deus
para ser algo edificado em amor, onde os cônjuges e os filhos, pelo exercício
do amor e da justiça não interesseiros cresçam na verdade, na graça e no
conhecimento de Deus.
Nisto, a esposa tem um papel
preponderante, porque além da missão de ser mãe, que lhe foi designada pelo
Senhor, também tem a seu encargo ser um apoio confiável e idôneo para que seu
marido seja bem sucedido na função de liderança que lhe foi atribuída por Deus.
Desta forma, segundo a vontade
do Senhor, a principal missão da esposa neste mundo é a de edificar o seu lar
na verdade, no amor e na justiça, para que seus filhos venham a ser no futuro,
homens e mulheres fiéis a Deus.
Para isto necessitará
obviamente, da sabedoria que vem do alto, do Pai das luzes, para a sua própria
edificação na verdade, de modo a poder transmiti-la a outros, sendo um
testemunho vivo do poder transformador e operador de Deus em nossas vidas.
Na verdade, quem edifica a
casa, como afirma o Salmo, é o próprio Senhor, mas ele somente o fará quando
for honrado pela obediência e fidelidade daqueles que o compõem.
O conhecimento da Palavra revelada
nas Escrituras, e a prática sábia dos seus preceitos é o pressuposto básico
para que a mulher cristã possa atender a todas as demandas que lhes são
atribuídas por Deus.
Quando falta esta sabedoria,
especialmente pelo motivo de se rejeitar ou não se andar nos caminhos de Deus,
o resultado imediato é o de que, em vez de edificação do lar, ocorrerá a sua
destruição.
O casamento foi instituído para
ser um tipo do relacionamento em verdade e amor que existe entre Cristo e a
Igreja, a saber, com aqueles que foram de fato lavados no Seu sangue, e
transformados em filhos de Deus por meio da fé nele.
Por isso, não se pode dizer que
um lar está sendo edificado segundo a vontade de Deus, quando ele não reflete
esta qualidade de relacionamento entre os cônjuges e os filhos, conforme ela
deve existir entre nós e o Senhor Jesus Cristo.
Como uma
mulher insensata, que não tem o temor do Senhor poderá edificar sua casa sobre
o único fundamento que nos foi dado para que edifiquemos, que é Jesus Cristo?
2 Quem anda na sua retidão teme ao Senhor; mas aquele que é perverso nos
seus caminhos despreza-o.
No mundo de
hoje, os que temem ao Senhor têm a alma afligida todos os dias, tal como Ló se
sentia em Sodoma e Gomorra, em face do tão grande nível a que a iniquidade
chegou em toda a Terra.
Quando
comparamos o que a sociedade aprova e defende como causas de “amor, igualdade e
fraternidade”, com os mandamentos revelados por Deus em Sua Palavra, ficamos
pasmados e sofridos diante daquilo que ele chama de abominação sendo
considerado pelo mundo como virtude.
Se o que se
considera bom e justo é neste nível, o que se dizer então da violência, da
corrupção e de tudo aquilo que é declaradamente mau, mesmo para os ímpios, e
que cresce de uma forma vertiginosa desde os fins do século passado, que a
propósito, se despediu de nós apenas há dezesseis anos atrás?
Todo coração
que é fiel a Deus clama “Maranata”, pois não vê qualquer expectativa de melhora
deste quadro; ao contrário, só de piorar.
Há um divisor
de águas bem diante de todos nós, onde aqueles que temem verdadeiramente a Deus
se tornam cada vez mais escassos, enquanto aqueles que o desprezam se
multiplicam a olhos vistos.
A grande
apostasia já chegou há algum tempo, e se espraia por todos os cantos da terra.
A perversidade
no modo de caminhar, e, entenda-se perversidade, no provérbio, como o ato de
perverter o que é correto - é o meio de se identificar aqueles que desprezam a
Deus, pois não temem agir contra Sua Palavra, e mesmo pervertê-la, para
justificarem o seu mau proceder.
Isto tem
penetrado na própria Igreja de Cristo, onde muitos apresentam uma forma de
piedade que não corresponde de fato, ao seu poder de transformar vidas que
temem os mandamentos do Senhor, e os praticam, numa verdadeira devoção.
3 Na boca do tolo está a vara da soberba, mas os lábios do sábio
preservá-lo-ão.
Onde há o orgulho no coração, e não há sabedoria na cabeça para suprimi-lo, ele geralmente se revela nas palavras.
O tolo castiga
a si mesmo com a vara da soberba, que se encontra na sua forma de falar e se
expressar. Ele se orgulha de coisas das quais, na verdade deveria se
envergonhar. Ele exalta aquilo que, na verdade deveria ser rebaixado.
Esta vara da
soberba cresce a partir da raiz de amargura, que está no coração; ela é um ramo dessa árvore que está repleta de coisas abomináveis a
Deus, e deve ser desarraigada pela mortificação da cruz, de modo que em vez de
uma raiz que produza o pecado, haja a raiz da nova criatura que anda em
novidade de vida diante de Deus, fazendo aquilo que lhe é agradável.
Enquanto a
vara da soberba estiver na língua do tolo, ela não somente o castigará, como a
outros que estiverem debaixo da sua influência ou em qualquer tipo de
relacionamento com ele; pois o orgulhoso tem prazer em desferir golpes com suas
palavras que servem somente para ferir e não para edificar.
Já os lábios
dos sábios, purificados pela graça de Jesus, o preservarão deste mal que os
orgulhosos fazem a si e a outros.
4 Onde não há bois, a manjedoura está vazia; mas pela força do boi há
abundância de colheitas.
No mundo rural
antigo dos dias em que o provérbio foi
escrito, e ainda por muito tempo depois dele, os bois eram essenciais para a
agricultura, tanto no que se refere à aragem da terra, quanto ao fornecimento
de esterco para servir como adubo.
Uma manjedoura
vazia representava a ausência de bois na propriedade, porque eram comumente
usadas para que nelas fosse colocada a palha, a fim de prover a alimentação dos
animais.
O trabalho de
manter a manjedoura cheia de alimento era a parte do agricultor, para que o boi
estivesse forte e saudável para a realização do trabalho de aragem da terra que
tinha a seu cargo.
Mais uma vez,
somos alertados por este provérbio, quanto ao mal que há em ser preguiçoso,
negligente e não industrioso.
A abundância
das colheitas estava, no passado, diretamente associada à saúde e força dos
animais que eram usados para arar a terra, e esta força era dependente do
cuidado e provisão diligente dos pecuaristas, que em não existindo ou sendo
deficiente, implicaria a fraqueza, inutilidade e até mesmo morte dos animais.
O ponto do
provérbio é então, este de nos ensinar a sermos fiéis e dedicados no
cumprimento dos nossos deveres, para que sejam alcançados os resultados que são
esperados de nós, que servirão para a provisão de muitos.
Este princípio
rural pode ser estendido a todas as áreas de atividades de produção humana, que
são dependentes de meios e insumos para serem levadas a efeito.
Se não afiarmos
a ferramenta, por desejarmos nos poupar deste trabalho, teremos muito menor
eficácia e maior trabalho na hora da ceifa.
Afiemos nossas
ferramentas, cuidemos com zelo dos meios que necessitamos usar para sermos
produtivos e úteis, e Deus, certamente honrará os nossos esforços, dando-nos
colheitas abundantes.
Isto pode ser
aplicado também, e, sobretudo às coisas espirituais, especialmente naquelas que
dizem respeito à proclamação e expansão do evangelho de Jesus Cristo.
Usemos de
todos os meios que forem necessários para fazer com que a comunicação da nossa
mensagem seja eficaz, e produza colheita abundante de almas para o reino de
Deus.
5 A testemunha verdadeira não mentirá; a testemunha falsa, porém, se desboca
em mentiras.
Este provérbio
não é aplicável apenas ao meio jurídico legal, mas as todas as áreas em que o
mexerico, pelo hábito perverso de se espalhar notícias falsas a respeito de
outrem, pode causar grandes males.
Muitos
assassinatos são praticados por conta de informações falsas passadas a alguém,
especialmente na área de crimes passionais motivados por falsas denúncias de
adultério.
Muitos perdem
seus empregos ou cargos, por conta de testemunhos falsos passados por “colegas”
de trabalho. Reputações são destruídas por relatórios que não correspondem à
realidade dos fatos.
Quão precioso
então, é para a justiça e para Deus, que o testemunho seja sempre verdadeiro e
honesto.
6 O escarnecedor busca sabedoria, e não a encontra; mas para o prudente
o conhecimento é fácil.
O conhecimento
da verdade não é fácil por sua própria natureza, pelo fato de Deus promovê-lo
somente por meio de revelação do Espírito Santo para aqueles que agem
prudentemente em relação à condição de suas almas.
Se o escarnecedor
das verdades de Deus vier a buscar a sabedoria, não a encontrará porque o
próprio Deus a esconderá dele, deixando-o entregue a si mesmo.
O Senhor se
revela apenas àqueles que o buscam com todo o seu coração e alma, em verdadeira
sinceridade e temor da Sua presença. O que buscá-lo por motivos ou intenções
erradas, jamais o achará.
Somente os que
são pela verdade podem ouvir a verdade que procede dos lábios de Jesus, tal
como ele já havia dito a Pôncio Pilatos.
Quem não busca
a sabedoria a partir de um princípio correto e forma correta, não pode achá-la.
O Senhor tem reservado o conhecimento da sabedoria para os que são humildes de
espírito e a buscam, para serem puros de coração.
Aquele que não
ama e busca a santidade, jamais encontrará Deus conforme convém ser achado.
Como seria
razoável pensar que Deus revelasse os tesouros de suas virtudes àquele que o
busca, enquanto escarnece da Sua Palavra revelada nas Escrituras?
7 Vai-te da presença do homem insensato, pois nele não acharás palavras
de conhecimento.
O que se faz
companheiro do insensato, será insensato como ele; pois assim como o ferro é
afiado pelo ferro, o espirito é afiado pelo espírito.
O espirito do
insensato, quando acolhido para a comunhão, há de afiar aquele que anda em sua
companhia, porque exige aprovação do seu comportamento como condição de sua
“amizade”.
Ele não
aceitará a instrução, e muito menos a repreensão que lhe for passada pelo que
for sábio no conhecimento da vontade de Deus.
Ele pode até
fingir uma aceitação, mas não colocará em prática o que ouviu ao ser
aconselhado, porque é insensato por natureza e assim decide permanecer, pois é
realmente o que lhe agrada.
O evangelho
nos ordena que não façamos acepção de pessoas, que não nos apartemos dos
incrédulos, que amemos a todos, inclusive os nossos inimigos, mas também
recomenda que não estejamos em comunhão com os que andam desordenadamente, e
que não nos coloquemos em jugo desigual com os incrédulos.
É preciso,
pois discernir o amor que é devido a todas as pessoas, do mandamento de que não
compartilhemos dos mesmos hábitos que elas, já que são contrários aos
mandamentos de Deus.
Se nos
permitirmos privar da companhia do insensato por um ato de escolha voluntária
da nossa parte, estaremos indo na direção oposta daquela que nos é ordenada por
Deus neste provérbio:
“Vai-te da
presença do homem insensato, pois nele não acharás palavras de conhecimento.”
8 A sabedoria do prudente é entender o seu caminho; porém a estultícia
dos tolos é enganar.
Não é a sabedoria dos sábios, que
consiste apenas em especulação, que é aqui recomendada,
mas a sabedoria do prudente que é prática, é de uso para dirigir nossos conselhos e
ações.
A prudência cristã consiste em certo entendimento do nosso
caminho, porque somos viajantes, cuja preocupação não é a de espionar
maravilhas ao longo do caminho, mas para prosseguir em frente, a fim de atingir
o alvo supremo da nossa jornada.
É dito então,
que entender o fim e o propósito do nosso caminho; o caminho apertado no qual
fomos colocados por Cristo, é sabedoria.
Este
entendimento não se resume apenas ao conhecimento do fim do caminho
propriamente dito, que nos está proposto, mas inclui também a sabedoria de
refletir sobre o modo como devem caminhar os nossos pés nesta estrada divina, e
não nos intrometermos nos assuntos alheios, que podem nos desviar do objetivo e
cuidado que devemos ter conosco mesmo para que não venhamos a tropeçar em
alguma pedra, ou cair em algum abismo, pois este caminho está repleto de
perigos e demônios que o rodeiam bem de
perto, esperando a oportunidade de interromper a nossa jornada.
Os tolos, por
sua estultícia, são enganados quanto ao caminho de perdição em que se
encontram, pois o consideram como um caminho de felicidade e vida, quando na
verdade é um caminho de ruína e morte.
Eles não temem
ao Senhor, e assim não podem receber instrução quanto à realidade do caminho em
que se encontram, para que abandonando as suas veredas se voltem para o caminho
estreito de Cristo, por meio do arrependimento e da fé.
9 Os insensatos zombam do pecado; mas os retos têm o favor de Deus.
Enquanto o
homem zombar e fizer mofa do pecado, ele não poderá contar com a graça de Deus
para ser libertado deste senhor de escravos, chamado pecado, que o engana
fazendo-lhe crer que tem escolhido a melhor parte da vida para ser desfrutada.
Eles não
zombam do pecado em sentido pejorativo, mas por fazerem pouco caso dele, e
justificá-lo como algo inofensivo que não possui a gravidade que os servos de
Deus costumam lhe atribuir.
Enfim, o
pecado é para eles algo inofensivo e bom, pois lhes dá prazer e razão para
viver. Enquanto permanecerem nesta condição, não podem contar com a graça
libertadora de Jesus, pois esta demanda que haja convencimento de que somos
pecadores, e necessitamos nos arrepender desta condição para que possamos
então, buscar a graça libertadora que está em Cristo Jesus.
Enquanto o
pecador zombar do seu pecado, tê-lo em pouca conta, e não chorar com lágrimas
de arrependimento por aquilo que ele é e faz,
não pode contar com o favor que Deus reserva somente para os retos de
coração; não, por possuírem própria e inerentemente esta retidão em si mesmos,
mas por terem-na buscado em Cristo, pela vida do arrependimento e da fé.
10 O coração conhece a sua própria amargura; e o estranho não compartilha
da sua alegria.
Há um dito popular, que coração
dos outros é uma terra na qual ninguém pisa.
Somente Deus conhece e pesa
perfeitamente os corações, com suas aspirações, temores, tristezas, alegrias, e
as pesa, porque sabe também, se são legitimas, justificadas ou não; uma vez que
o nosso coração foi corrompido pelo pecado e dele se diz ser a coisa mais
corrupta que há na criação.
Parece um
contrassenso o provérbio afirmar, que o coração conhece a sua própria amargura,
e o estranho não participa da sua alegria; todavia, isto deve ser entendido na
dimensão espiritual do provérbio, e não numa supostamente carnal.
Deus tem
declarado que habita com o coração contrito, e que não desprezará jamais a um
coração quebrantado; pois esta não é uma condição para ser vista num pecador
renitente que não lamenta por seus pecados e por sua natureza pecaminosa.
Então, na
tristeza que é segundo Deus, e que é para a vida, o resultado consequente é
alegria espiritual ainda que no meio da tristeza pelo pecado que se sente, ou a
que se segue à mesma. Estas coisas permanecem apenas no conhecimento de Deus, e
daqueles que as têm experimentado.
11 A casa dos ímpios se desfará; porém a tenda dos retos florescerá.
Sem, filho de
Noé que trazia as promessas de Deus habitava em tendas, e depois dele todos os
seus descendentes, comprovando com isto que sabiam que não tinham uma morada
permanente enquanto estivessem neste mundo.
Dos semitas
vieram os judeus, o povo da aliança, receptor da revelação de Deus para a
redenção da humanidade, e nas tendas de Sem vieram a se abrigar os Jafetistas,
descendentes de outro filho de Noé, chamado Jafé, que também foi abençoado por
ele.
Os jafetistas
compõem as nações do Ocidente, especialmente da Europa, que abraçando o
cristianismo deram cumprimento à profecia que viriam a se abrigar nas tendas de
Sem, que eram do Oriente, e haviam recebido as revelações de Deus através de
Abraão e seus descendentes – os israelitas.
Veja agora o
exemplo de Caim, que construiu casas de tijolos, ao modo dos cananeus, para
demonstrar em afronta a Deus, que se fixaria na terra com os seus descendentes,
contrariando a profecia que o Senhor lhe dirigira de que seria errante na
terra.
A casa da
impiedade de Caim foi varrida da terra e não mais se ouviu falar da sua
descendência; o mesmo ocorrerá com o ímpio que faz deste mundo a sua
pátria eterna, com a ilusão de que
viverá aqui para sempre, e despreza a morada celestial que Deus tem preparado
para todos os que o amam, e são em seus corações, como peregrinos neste mundo,
por saberem que não é aqui o lugar da sua morada eterna.
12 Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à
morte.
Precisamos do testemunho e
testificação do Espírito Santo com o nosso espírito, para que possamos conhecer
se estamos vivendo de fato, no caminho de Deus que conduz à vida eterna.
Necessitamos também do testemunho
das Escrituras, para sabermos se o nosso modo de viver se encontra em
conformidade com aquele que é descrito na Palavra como sendo comum a todos os
filhos de Deus.
Além disso, temos também a
concessão da graça pela qual podemos constatar a operação de um crescimento
cada vez maior e progressivo em santificação.
Não está, portanto no próprio
homem o poder de definir e conhecer qual é o caminho que conduz à vida eterna.
Todavia, não são poucos os que criam caminhos para si, por sua própria
imaginação ou por darem crédito a doutrinas que não encontram apoio nas
Escrituras do Velho e do Novo Testamento.
Quanto maior
for a convicção que o homem criar para si, de que o caminho em que se encontra
é o correto, muito mais difícil será convencê-lo do contrário, porque sua
obstinação e orgulho não lhe permitirão fazer a permuta tão facilmente.
Não se trata
do caso de um cego que não quer enxergar, mas de alguém que enxerga o que não é
o certo, e lhe atribui o estado inquestionável de caminho correto.
O fato é que
independentemente da classificação que lhe seja atribuída, em não sendo
conforme ao único caminho que é também a verdade e a vida, que é Cristo, o
efeito deste caminho sempre será a morte, pois não pode livrar da morte
espiritual e eterna na qual todo ser humano que não tem a Cristo por Salvador e
Senhor, se encontra.
13 Até no riso terá dor o coração; e o fim da alegria é tristeza.
Estas palavras são de muito peso
e importância, pois foram proferidas pelo homem mais sábio e rico da terra, de
todos os tempos – Salomão – que teve muitos motivos de alegria nas grandes
conquistas e posses que realizou, no entanto é inteiramente veraz e sincero ao
dizer, não porque possuía um espirito melancólico, pois muito exultava em suas
realizações, que “até no riso terá dor o coração; e o fim da alegria é
tristeza.”
Ele não
apresenta num provérbio, a especificação da natureza destas alegrias e
tristezas; se carnais ou espirituais, mas é bem certo que o dito se aplica às
primeiras.
É notório,
especialmente no caso de ímpios, que espraiem toda a sua alegria carnal e não
tenham qualquer tristeza misturada nelas, por uma possível reflexão de seu real
estado de vida, que não seja motivo para
alegria, senão tristeza.
Já no homem
que é sensível a Deus, e avalia suas condições e a do mundo pelos critérios da
verdade divina, e não pelo que possa dar ou não prazer carnal, mesmo quando tem
motivo de alegria no profundo do seu coração, por ver o bem triunfando em
várias instâncias, sempre é comum que haja tristezas, numa corrente mais
superficial que percorre seu coração por todo o mal que ainda observa na terra,
ou em si mesmo.
Vivemos afinal
num mundo tenebroso, cheio de violência, maldade, prostituição e corrupção,
logo não seria de se esperar que pessoas sábias segundo Deus possam viver aqui,
como se estivessem num eterno parque de diversões.
Agora, a
alegria que é segundo Deus não pode ser retirada de nós, nem mesmo ser
destruída pelas vicissitudes do mundo. Então só podemos entender, que a segunda
parte do provérbio, que diz que o fim da alegria é tristeza, se refere somente
àquele tipo de alegria carnal que é passageira, assim como a paz mundana, que
também é passageira, tão logo cesse a motivação que lhe dera causa.
14 Dos seus próprios caminhos se fartará o infiel de coração, como
também o homem bom se contentará dos seus.
A grande dificuldade
do evangelho em conduzir pecadores à conversão a Cristo reside no fato, de a
maior parte deles estar muito satisfeita com seus caminhos afastados do padrão
de vida, que é ensinado nas Escrituras.
É notório
que enquanto alguém estiver apegado às suas presentes convicções, dificilmente
renunciará a elas em prol de outras que sejam exatamente o seu oposto.
Não admira,
portanto que num mundo que a informação tem sido disseminada tão rapidamente, e
de maneira sofisticada pelos diversos meios de comunicação disponíveis, quer
físicos, virtuais, e não raro, muitos deles com forte poder de formação de
opinião, que se veja sendo disseminados por todas as partes do globo, padrões
de vida que são exatamente o oposto daqueles que são preconizados pela Bíblia.
De tão
expostos que são, sistematicamente passam a ser aceitos como sendo verdadeiros
padrões de conduta, para uma época que
se afirma livre de todas as correntes religiosas e morais que a prendiam no
passado.
Não fora
pela misericórdia, e o infinito poder do Espírito Santo de convencer e trazer
pecadores arrependidos aos pés de Cristo, de há muito não se veria mais
conversões neste mundo.
O admirável
é que a quase totalidade destes que são alcançados pelo Evangelho, admitem
fazer qualquer tipo de troca, menos a de trocarem a vida que obtiveram em
Cristo, por qualquer outra forma de viver.
Ainda que
lhes fosse oferecida grandes riquezas, sob a condição de terem que abandonar
sua fé em Cristo, eles não titubeariam para fazê-lo; não simplesmente por estarem
plenamente satisfeitos com o caminho que
escolheram, mas por terem suas faculdades exercitadas e esclarecidas pelo
Espírito Santo, de que não há vida eterna ou qualquer esperança segura aparte
de Jesus Cristo.
No dia do
juízo, o infiel de coração não mais achará prazer em seus caminhos, porque
todos eles serão destruídos por Deus, porém os que são fiéis a Ele terão a sua satisfação
aumentando em graus, pela eternidade afora.
15 O simples dá crédito a tudo; mas o prudente atenta para os seus passos.
Jesus não
quer pessoas crédulas, que a tudo dão crédito, especialmente nas afirmações que
lhes fazem sobre a religião, pois sendo crédulas podem acreditar e aceitar
aquilo que não esteja em conformidade com a sã doutrina revelada na Bíblia.
Muitos se
jactam de possuir uma fé fácil, que crê em tudo que lê e ouve a respeito de
Cristo. Todavia, somos ordenados pelas mesmas Escrituras, a examinarmos e
julgarmos todas as coisas, para ver se elas se conformam de fato à verdade.
O provérbio
coloca sabiamente em contraste, o procedimento comum do crédulo, com o do
crente que é prudente, pois é comum que se veja os que se afirmam crédulos, não
darem grande importância ao que ouvem, mesmo que seja a verdade, porque o
negócio da maior parte deles é apenas a de se contentar em concordar com os que
pregam e ensinam, sem estarem o mínimo preocupados em colocarem por prática
aquilo que ouvem.
Já do
prudente, é dito que ele atenta para os seus passos. A sua religião não
consiste meramente em ouvir, mas praticar. E, esta prática é analisada por ele,
no efeito que produz no seu comportamento, ou seja, no seu modo de andar, pois
o faz para verificar que realmente se cumprem conforme prometidas nas
Escrituras.
16 O sábio teme e desvia-se do mal, mas o tolo é arrogante e dá-se por
seguro.
Um temor
santo é um excelente guarda para tudo que é santo, e contra tudo o que é profano. É
sabedoria, o desviar-se do mal, por se conhecer as consequências que geralmente
o acompanham.
Muitos caíram
da fé por não observarem esse princípio. Sobretudo devemos temer desapontar a
Deus por praticarmos aquilo que ele reprova, e a consequente quebra de comunhão
que advém disso.
Não é portanto
nenhum tipo de covardia o afastar-se do mal, mas de sábia prudência.
Ainda quando
agimos como conselheiros ou intervimos por qualquer outro motivo nas contendas
dos ímpios, podemos ser mal-interpretados em nossa intenção de apaziguá-los, e
nos considerarem injustamente como quem procura estar acima deles, e com isso,
voltarem suas armas contra nós.
A razão disso
é que a arrogância do tolo, e a expressão da sua agressividade é o que lhe dá o
falso sentimento de estar plenamente seguro.
Ele não se
envergonha do que faz, antes tem prazer nisso; é seu modo comum de agir, e não
aceitará, portanto ser contraditado, pela convicção arraigada em sua alma de
que está agido corretamente.
17 Quem facilmente se ira fará doidices; mas o homem discreto é
paciente;
Falta de longanimidade (ser
tardio em se irar) é uma das coisas que mais é vista neste mundo, especialmente
numa época de pouca paciência e misericórdia como a nossa.
Um dos grandes atributos de Deus
é a longanimidade, pelo qual é tardio em se irar à vista de todo o mal que vê
sendo praticado, apesar de não fazer vista grossa, e estabelecer um juízo no
tempo próprio para cada ato pecaminoso.
É este atributo do seu caráter
divino, que lhe permite estar sendo paciente com todos os pecadores nesta
dispensação da graça, que foi inaugurada desde que Jesus morreu na cruz, no
lugar dos pecadores.
Como o fruto do Espírito Santo é
também longanimidade, do qual todos os crentes são chamados a participar, não
lhes resta alternativa, senão a de aprenderem a seguir o exemplo de Deus,
também nesta parte.
O provérbio é muito claro ao
apresentar uma das razões para sermos longânimos, pois declara que aquele que
facilmente se ira, por ser de ânimo precipitado, certamente fará doidices que
podemos interpretar como atos insensatos, pois a ira precipitada é sempre uma
má conselheira, e nos leva a agir sob o impacto de uma paixão cega, e não
mediante a razão.
Do homem discreto que é ponderado
no seu agir e reagir, é dito o contrário, pois agirá com paciência, ou seja,
com o fruto da longanimidade, a qual significa textualmente, ser tardio em se
irar.
Daí o apóstolo Tiago nos
recomendar, que todo homem seja tardio em se irar e falar, mas pronto em ouvir.
Uma das razões disto é que aquele
que se ira facilmente, também logo exterioriza em palavras, não de paciência e
razoabilidade, mas cheias da insensatez do fogo da paixão, toda a sua raiva.
Ainda que tivesse um motivo que
justificasse sua ira, seria sábio contê-la e expor seus motivos num momento
mais apropriado, quando o calor da paixão iracunda tivesse sido abrandado.
A ira e a paixão cegam a razão, e
despertam, não raramente, sentimentos de vingança e retaliação, que deveríamos
aprender a todo o custo evitar, para não cairmos, nós mesmos, no desagrado de
Deus.
Além disso tudo,
devemos buscar um sentimento de perdão e cobertura da injúria recebida, porque
não são poucos os que disfarçam sua ira, para que possam se vingar
posteriormente, sem que levantem suspeitas sobre si, quanto a serem os agentes
de tal vingança. Certamente, não é a este tipo de retenção de ira, a que o
texto bíblico se refere.
18 Os tolos herdam a estultícia; mas os prudentes se coroam de
conhecimento.
A palavra usada para “tolos” no
texto, é também usada com o significado de “simples” no original hebraico.
Deus ama a simplicidade, mas não
aprova aquele tipo de simplicidade que nos torna passivos e acomodados, às
presentes condições pecaminosas em que nos encontramos.
São muitos os que se encontram
nesta condição no mundo, que a pretexto de uma pretensa simplicidade e
humildade não se interessam pelos assuntos da religião, que lhes chamam a
avaliar a real condição de seus corações pecaminosos.
Os provérbios, os classificam
como tolos que herdaram a estultícia. E, quem é o estulto senão aquele que tem
falta de discernimento e bom senso?
Ele não pode discernir a sua real
condição, porque já estabeleceu para si um sistema próprio do que seja justo ou
não, aprovado ou não, por Deus.
O bom senso lhe falta, porque não
permite ser instruído pelas verdades contidas na Palavra de Deus, pois a seu
juízo, o seu sistema é perfeitamente adequado e ajustado para seu caso.
Mas, dos pudentes se diz que se
coroam do conhecimento que procede de Deus, pois têm o cuidado de examinar seu
coração, e, ao observarem os caminhos maus que ali existem recorrem à graça
divina para que sejam guiados pelos caminhos de vida, e não, pelos que são de morte.
Desconfiam de sua própria
justiça, e chegam a conhecer que por melhores pessoas que sejam, sua justiça
não passa de trapo de imundícia aos olhos de Deus, e assim, confiam numa
justiça melhor, que é a de Cristo, para que possam ser justificados e aceitos
por Deus.
19 Os maus inclinam-se perante os bons; e os ímpios diante das portas
dos justos.
É fato
notório, especialmente nos noticiários diários, como os malfeitores inclinam
suas cabeças em vergonha, quando são flagrados e conduzidos perante as
autoridades.
Os que advogam
pela causa do bem, ainda que não seja de coração terão a seus pés, estes que
vivem da prática continuada do mal.
A recíproca
não é verdadeira, pois não há do que um homem justo se envergonhar diante do
ímpio.
Mesmo quando
na história dos mártires da Igreja, que foram conduzidos diante dos seus
exatores, foi de cabeça erguida que o fizeram, enquanto os que os martirizavam
cobriam-se de vergonha diante de Deus e dos homens, ainda que suas consciências
não estivessem devidamente despertadas para isto.
É certo
também, que um ímpio não buscará conforto e alívio à porta de outro ímpio como
ele, pois sabe que não receberá qualquer favor, ou terá que pagar pela dívida
contraída com a prática de algum mal que lhe seja designado pelo seu pretenso
benfeitor.
Quando as
coisas vão mal para os ímpios, eles sabem que é melhor recorrer àqueles que são
justos em seu proceder, pois podem abrigar assim, alguma esperança de terem a ajuda de que tanto necessitam,
ainda que lhes venha em forma de orações intercessórias junto a Deus, para que
tenha misericórdia, que os cure e os livre.
20 O pobre é odiado até pelo seu vizinho; mas os amigos dos ricos são
muitos.
Este provérbio
é uma prova patente da corrupção da natureza humana. O homem pouco se dispõe em
fazer algo, por aquele que nada tem para lhe dar em troca.
Mas, muitos
são os que procuram se fazer amigos dos que são ricos e poderosos, ainda que
abrigando a falsa esperança de que um dia poderão contar com o favor deles,
fato, que a propósito, raramente acontece. Mas o egoísmo de seus corações lhes
arrasta para este tipo de procedimento, pois procuram estar seguros recorrendo
a um fundamento incerto e inseguro, que é a riqueza deles, e não no Deus que é
todo amor, todo poderoso e interessado em nos fazer o bem.
Como os pobres
não costumam ser lembrados pelos homens, pois nada têm para lhes dar para
satisfazer suas cobiças carnais, Deus os têm numa conta especial, para lhes
conceder seu favor e graça, de modo que é melhor ser pobre neste mundo, do que
rico, até mesmo porque dificilmente um rico entra no reino dos céus, conforme
declarado pelo próprio Senhor Jesus Cristo.
Não há
qualquer injustiça da parte de Deus, portanto em permitir que haja pobres neste
mundo, porque o céu estará muito mais repleto deles do que daqueles que foram
ricos e nobres neste mundo, e que serão sujeitos a um sofrimento eterno, em
razão de terem confiado em suas riquezas e poder, e não no Deus do qual todos
temos necessidade para que possamos ser salvos da condenação do pecado.
21 O que despreza ao seu vizinho peca; mas feliz é aquele que se
compadece dos pobres.
Se alguém é desprezado por seu
vizinho, pela simples razão de ser pobre dos bens deste mundo, e dê ao que
despreza, a falsa sensação de lhe ser superior por suas presentes condições
mais favoráveis, está cometendo um grande pecado diante de Deus e dos homens.
Nisto, não somente confirma tanto o seu orgulho, quanto a sua falta de amor por
seus semelhantes.
Sabendo que Deus nos criou para
cumprirmos a Lei Régia de amá-lo, e ao nosso próximo como a nós mesmos, somos
achados transgressores da Sua vontade, quando em vez de amarmos, desprezamos
aqueles que são criaturas de Deus como nós.
O que está em condição de pobreza
extrema, em vez de ser digno do nosso desprezo, deve ser digno da nossa
compaixão e cuidado no que estiver no nosso alcance fazer para minimizar a sua
condição de penúria, quando esta não lhe sobreveio por causa de qualquer
malfeito que tenha praticado e que o tenha submetido às penas do juízo de Deus
ou dos homens. Mas mesmo neste caso, deve continuar sendo alvo da nossa
compaixão, porque não é motivo de
prazer, ver que alguém se encontra em condição de miséria, quando foi criado
para ser à imagem e semelhança do Seu Criador.
O que age de modo compassivo é
feliz, porque age de acordo com a vontade de Deus.
22 Porventura não erram os que maquinam o mal? Mas há beneficência e
fidelidade para os que planejam o bem.
Não há nada
que mais se faça neste mundo, do que maquinar o mal sob a falsa capa da
beneficência. Muito enriquecimento ilício tem sido alcançado por meio desse
expediente.
Mas o que
afirma o provérbio divino acerca desse procedimento?
Que eles
erram, não somente prejudicando a muitos injustamente, como também a si mesmos,
porque não haverá nenhum benefício real para eles, quando suas ações forem
pesadas no futuro Tribunal de Deus, onde serão justamente condenados e
penalizados a um sofrimento eterno, pois pensando em tirarem o melhor desta
vida à custa da prática do mal, cavaram covas eternas para si, das quais jamais
poderão ser retirados.
Os que não
usarem de misericórdia serão julgados por Deus sem que haja qualquer
misericórdia ou circunstância atenuante para eles. Mas os que agem com
fidelidade ao planejarem sinceramente o bem que desejam fazer a outros,
receberão misericórdia da parte de Deus, por conta da misericórdia demonstrada
por eles em vida.
Este mundo é
um palco de provas em que nossas obras, nossos pensamentos, nossas ações, e
nossos corações estão sendo permanentemente vigiados pelas sentinelas e juízes
de Deus, para que tudo seja trazido à luz, no dia do juízo, seja para o nosso
bem, seja para o nosso mal eterno.
Estas
expressões proverbiais podem parecer para muitos, como sendo duras ou
exageradas, mas são a mais exata expressão do ensino de todo o Novo Testamento,
inclusive das palavras de Jesus nos Evangelhos.
23 Em todo trabalho há proveito; meras palavras, porém, só encaminham
para a penúria.
Este mundo é composto basicamente
por dois tipos de pessoas, as teóricas e as práticas; os que discursam e os que
atuam.
Não, que não haja valor na teoria
ou no discurso, mas serão de pouco ou nenhum proveito, caso não sejam
conduzidos à prática.
Quantos projetos permanecem
engavetados nos gabinetes públicos, pois ou foram planejados para este
propósito mesmo, ou então, porque faltou o devido empenho por parte dos que os
criaram para levá-los à concretização.
Isto se aplica de modo muito
claro, também aos assuntos do reino de Deus, quando tantos se dedicam apenas a
realizarem congressos, projetos missionários e a tomarem deliberações que
jamais saíram do papel para a prática evangelística e missionária, que tenha
por alvo levar estas deliberações e planejamentos até junto daqueles que são os
interessados, ou o público alvo das mesmas.
Quantos votos, propósitos, e
afirmações lançadas ao léu por um falar precipitado dos lábios daqueles que
declaram muita fidelidade a Deus, e desejo de participarem efetivamente da sua
obra, mas nunca passam dessa mera expressão, de um desejo que muitas vezes é
até mesmo falso, pois nunca será visto sendo colocado em prática.
Assim como a Palavra de Deus não
nos foi revelada para que apenas falemos dela, senão para que a pratiquemos, de
igual modo devemos agir em relação a todos os meios que devem ser empregados
para que ela seja de fato proclamada, e aplicada à vida dos ouvintes.
Se desejamos ver uma maior
santificação no povo de Deus que estiver debaixo do nosso cuidado, não basta
ministrar-lhes aulas sobre o que seja a santificação, mas criar atividades em
que tenham oportunidade de demonstrar o quanto estão de fato santificados; seja
em cultos públicos, em reuniões de
oração, em visitações, ou em programas de evangelização.
É pelo empenho no trabalho que se
forja e se aperfeiçoa o obreiro, e não apenas com o mero ensino teórico das
coisas que lhe convém fazer no serviço de Deus.
24 A coroa dos sábios é a sua riqueza; porém a tolice dos tolos não
passa de estultícia.
O homem que
busca a sabedoria que provém de Deus, não quer outra riqueza senão a coroa de
justiça que Jesus tem prometido dar a todos aqueles que vencerem o pecado, o
diabo, e o fascínio mundo em razão da sua fidelidade a ele.
Esta é a única
riqueza que almejem e procuram manter, a ponto de não amarem a própria vida em
face da morte, de modo que nunca venham a negar o Senhor e Sua vontade.
A posse desta
coroa é segura e certa, porque aquele que o tem prometido é fiel no cumprimento
de todas as suas promessas. Então, não é por um bem ilusório ou incerto, que o
sábio está lutando e se esforçando diariamente para que ninguém venha a furtar
sua coroa.
Agora, o que
pode ser dito daquilo pelo que se esforçam os tolos, que não possuem e não
querem o temor de Deus?
Se a sabedoria
produz uma coroa, a tolice nada pode produzir senão mais tolice; e que
recompensa pode ser esperada da parte de Deus, para a estultícia, senão um
juízo a um sofrimento eterno?
Ele não criou
o homem para a estultícia, mas para a sabedoria do conhecimento e prática da
Sua vontade.
Espera-se
então, que aqueles que atendem a este propósito para o qual foram criados
venham a ser abençoados e recompensados.
25 A testemunha verdadeira livra as almas; mas o que fala mentiras é
traidor.
A testemunha
fiel e verdadeira que livra as almas tem a sua maior expressão naqueles que são
testemunhas da vida, e ressurreição de Jesus Cristo, porque é pelo conhecimento
do Senhor que nos chega através deste testemunho, que podemos ter nossa alma
livrada da condenação eterna que repousa sobre ela, até que venhamos a crer.
Todavia, isto
também se aplica aos tribunais terrenos, quando testemunhas fiéis da verdade
dos fatos havidos, podem livrar da prisão a quem estiver sendo acusado falsa ou
injustamente.
Deus tem
imposto pelo mandamento, o dever de todo homem ser uma testemunha fiel e
verdadeira, de modo que aquele que se desvia disto é traidor, tanto dos homens
quanto de Deus, e sua traição não ficará sem o devido castigo no dia do juízo
final, ou mesmo na terra, caso venha a ser descoberto o seu falso testemunho
por aqueles que têm a seu cargo promover a justiça.
26 No temor do Senhor há firme confiança; e os seus filhos terão um
lugar de refúgio.
27 O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos
laços da morte.
Há muita tinta
sendo gasta para tentar explicar, que o temor de Deus não é na verdade, ter
medo de Deus, senão apenas respeito a Ele. Que sendo puro amor, nada há para
ser temido em Deus, pois não pode por sua natureza amorosa causar qualquer dano
a quem quer que seja.
Mas, se nos
voltamos para o testemunho das Escrituras, não somente no que afirmam sobre o
caráter de Deus e seus atributos de juízo, justiça e ira, como também nos
vários exemplos dos juízos terríveis que exerceu sobre a humanidade, como nos
dias do dilúvio, em Sodoma e Gomorra; na destruição de reinos poderosos que
dominavam sobre a terra; no extermínio dos cananeus; e em vários outros
exemplos, nós vemos que Deus deve ser temido realmente pelo seu poder de julgar
nossos pecados, e, conforme o dizer de nosso Senhor Jesus Cristo, por ser o
único que pode decretar o nosso destino eterno final, quer no céu, quer no
inferno.
Que Ele é um
Pai de amor para seus filhos está fora de qualquer dúvida, mas que também é um
juiz togado para a condenação eterna dos ímpios é outra verdade, não menos
importante.
Dele, se diz
ser um fogo consumidor, e, que horrenda coisa é cair para juízo nas mãos do
Deus vivo.
Mesmo aqueles
que são seus filhos, não estão livres de suas correções dolorosas quando andam
de maneira desordenada perante Ele, e os homens.
Muito do que o
apóstolo Paulo fez em seu ministério, em suas próprias palavras, foi devido ao
fato de conhecer perfeitamente o juízo de Deus, que ele temia, pois sabia que
todos teremos que comparecer ao Tribunal de Cristo, para prestar contas de tudo
o que fizemos enquanto estivemos no corpo neste mundo, quer para recompensa,
quer seja para dano.
Então, não ter
o temor devido ao Senhor é um grande perigo e tentação, por um viver descuidado
que pode nos tornar sujeitos aos seus juízos, mesmo que não venhamos a perder
nossa salvação, por causa do perdão dos nossos pecados, quanto ao efeito da
condenação, por meio do sangue de Jesus Cristo.
O temor do
Senhor é onde começamos a receber dele, a verdadeira sabedoria. O temor do
Senhor livra da morte eterna, porque nos faz levar o pecado a sério, por
sabermos o quanto o desagrada e cujo salário é apenas a morte.
É como diz o
provérbio: “uma fonte de vida para o homem se desviar dos laços da morte.”
Quando falta
este temor, a tendência é que mesmo crentes autênticos venham a abusar da
longanimidade e graça de Jesus, vindo a
viver de modo mundano, pensando que ele pouco se importa com isso.
28 Na multidão do povo está a glória do rei; mas na falta de povo está a
ruína do príncipe.
A glória de
nosso Senhor Jesus Cristo na condição de Rei dos reis, comprova-se pela
multidão daqueles que fazem parte do seu povo, e ainda por cima, por uma
condição de união em amor, perfeita fidelidade e lealdade a ele.
Ele é um rei
que rege de fato, os corações de seus súditos, e não somente rege sobre eles,
como os transforma e melhora. Por isso, nenhum rei terreno teve ou terá, nem
como uma sombra, a glória eterna e imarcescível de nosso Senhor.
Qual é a razão
desta glória, de se ter tantos súditos que escolhem voluntariamente serem seus
servos para sempre?
Certamente é a
perfeita justiça e verdade que há, não somente no Supremo Governante, como em
todas as leis e fundamentos do Seu reino glorioso, o que é raro de ser visto
nos reinos dos homens que governam sobre a terra.
Os súditos
deste reino são também honrados, porque a sua principal motivação é a de serem
participantes de um reino que seja de fato, de perfeita verdade e justiça, como
também pelo simples e puro desejo de servirem bem ao Seu Rei.
Por isso, o
reino de Jesus é o único que é para sempre, e nunca poderá ser abalado.
29 Quem é tardio em irar-se é grande em entendimento; mas o que é de
ânimo precipitado exalta a loucura.
Por que se
diz, que aquele é tardio em se irar, ou seja, que é longânimo, é grande em
entendimento?
Primeiro,
porque esta qualidade do caráter não é herdada geneticamente, nem se traduz
simplesmente em se possuir um temperamento brando, pois o longânimo não é
aquele que simplesmente retém sua ira, mas que não a disfarça no interior do
seu coração, desejando secretamente o mal de quem lhe tenha ofendido ou prejudicado.
É alguém de
grande entendimento também, porque isto
não nos vem sem que conheçamos os motivos e os efeitos benéficos da
longanimidade, e do quanto ela nos torna semelhantes a Cristo, que é
completamente longânimo, sobretudo nesta dispensação vigente da sua graça.
Exige-se
entendimento para sermos longânimos, sobretudo no que tange a entendermos que
não nos é dado o papel de sermos juízes da consciência alheia, mesmo quando nos
cause algum tipo de injúria ou dano.
Todo juízo
cabe somente ao Senhor, que nos proíbe de vingarmo-nos a nós mesmos, mas antes
que nos sujeitemos a Ele para que julgue nossas causas.
Há necessidade
de grande entendimento para sermos longânimos, porque devemos estar conscientes
de que muito mal pode ser causado a nós mesmos e a outros, quando não agimos
com longanimidade, refreando nossa ira, seja ela justificada ou não.
Por tudo, e
por muito mais do que temos comentado podemos chegar facilmente à conclusão,
que a longanimidade é algo próprio a quem é sábio.
Não se verá
isto no insensato, que logo expõe toda a sua exaltação de ânimo e loucura à
menor provocação que venha a receber da parte de outros, ou quando as coisas
não ocorrem conforme gostaria de vê-las acontecendo.
O longânimo
tem sua alma com seus desejos, vontade, emoções e tudo o mais sob o completo
domínio de seu espírito, que por sua vez pode agir dessa forma, por se
encontrar sob o domínio do Espírito de Deus. Daí se afirmar, que a
longanimidade é parte do fruto do Espírito Santo, e irmã siamesa do domínio próprio;
pois onde um não estiver presente, o outro não poderá ser encontrado.
30 O coração tranquilo é a vida da carne; a inveja, porém, é a podridão
dos ossos.
Nossa saúde física depende do bom governo das nossas paixões, e da preservação de um temperamento tranquilo de
mente. Especialmente, quando alguém está satisfeito com a porção que lhe foi
designada por Deus neste mundo, e não inveja a prosperidade de seus
semelhantes, esta pessoa tem todos os meios necessários para desfrutar de uma
boa saúde corporal, como resultado da sua tranquilidade de mente.
Está mais do
que comprovado, que o estresse é causador de muitos males físicos,
especialmente do próprio coração. Deus nos quer saudáveis tanto na mente,
quanto no corpo e no espírito; por isso nos ordena que não estejamos ansiosos
por coisa alguma, pois isto depõe contra aquele estado de mente tranquila e fé
confiante no seu cuidado e provisão em relação a nós.
Ainda que em
meio às circunstâncias mais desfavoráveis, é possível manter esta tranquilidade
de mente recomendada por Deus, por meio do exercício da fé, e de “em tudo dar
graças”, por sabermos que esta é a Sua vontade em relação a nós, para que
possamos ser achados alegres e satisfeitos em espírito, em toda e qualquer
situação.
Por isso, o
provérbio nos alerta quanto ao perigo que há em compararmos nossas presentes
condições, com a daqueles que possamos considerar estar sendo mais agraciados
por Deus do que nós, o que pode nos conduzir até mesmo a invejar a condição
deles, esquecidos que não é por este meio que podemos avaliar o quanto Deus nos
ama de fato.
O que Jó,
Paulo, os mártires pensariam e concluiriam, se seguissem este método?
É sabedoria,
portanto para nós seguir o exemplo deles e sermos pacientes nas tribulações que
estivermos sofrendo, não olhando para o lado para nos comparar com aqueles que
têm sido poupados das aflições que nos têm atingido, pois é justamente por
elas, por mais paradoxal que possa parecer, que Deus prova seu grande amor para
conosco, e seu interesse em nos aperfeiçoar para que sejamos mais úteis em suas
mãos, e mais próximos da sua intimidade e santidade.
31 O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que
se compadece do necessitado.
O pobre e necessitado não apenas
de bens materiais, como também da graça de Jesus Cristo para a salvação, não é
um acidente que poderia ser evitado na terra, pela simples ação dos homens.
Deus declara
em sua Palavra que mesmo em Israel, a nação eleita, sempre haveria pobres na
terra, de modo que a generosidade dos seus servos pudesse ser exercitada e
colocada à prova.
Como
aprenderíamos misericórdia, se não houvesse o necessitado?
Como
aprenderíamos a ser generosos, se não houvesse o que tem necessidade de bens
para a sua sobrevivência?
Como provaríamos
o nosso amor desinteressado ao próximo, se não nos dispuséssemos a fazer o bem
àqueles que não têm como nos recompensar, pelo bem que fazemos a eles?
Então, em sua
soberania e sapiência Deus permite que haja pobreza na terra, para que, aqueles
que são chamados de seus filhos e foram salvos pela fé, a fim de praticarem as
boas obras possam se exercitar, e levantar também muitos destes pobres e
necessitados em penúria extrema, à mesma condição abençoada em que eles se
encontram.
Nós podemos
observar de forma muito prática, que quanto mais a Europa prosperou em coisas
materiais, quase erradicando os níveis de pobreza, o que se testemunhou foi um
grande afastamento do evangelho de Cristo, de maneira que, de região mais
fervorosa do cristianismo tornou-se a mais fria.
Igrejas, antes
repletas de crentes devotos encontram-se agora vazias, e a grande causa de tudo
isto foi a prosperidade material que experimentaram depois da segunda grande
guerra mundial.
Há no coração
do homem sem Cristo, esta falsa ideia de sua independência de Deus, e que tudo
o que necessita pode ser alcançado pelo dinheiro e tecnologia.
O homem
“filosóficus” do passado transformou-se no homem “tecnológicus”, que é frio em
sua natureza para quase tudo o que se refira a Deus e à Sua Palavra, pois a
Palavra não foi revelada para o propósito de nos tornar mais científicos e
tecnológicos, mas para nos redimir do pecado – para a salvação da alma eterna
que possuímos.
Então, temos
uma sociedade que exalta o saber secular, a prosperidade material, e a
qualificação profissional; assim, todo aquele que for pobre nas coisas que o
mundo moderno considera elevadas, é naturalmente desprezado e deixado à margem
por estes que ilusoriamente se consideram vencedores e grandes.
Mas, vejamos
como é que Deus avalia este estado de coisas.
Ele mesmo tem
dado sabedoria ao homem para avançar no conhecimento científico-tecnológico, e
melhorar as condições de vida de todos, e não apenas de alguns no mundo.
Sabemos que nem
todos têm condições e recursos para acessar a estes benefícios, pois a ganância
na produção destes bens e insumos não permite o seu barateamento, de modo que
possam ser distribuídos por todos.
Todavia,
independente disto, o que Deus está realmente observando é a atitude de
desprezo de alguns, que não são poucos têm para com estes que são pobres; com
isto eles estão na verdade, insultando ao Criador, o único e comum criador de
todos os homens, pois ao fazer o pobre para propósitos específicos de
demonstrações mútuas de amor e cuidado, estes insensatos que a si mesmos se
enxergam como grandes e sábios, ao desprezá-los estão desprezando não somente
ao próprio Deus, mas ao método que ele determinou de como deveriam ser todas as
coisas, e dentre estas, determinando que sempre houvesse pobres no mundo..
No dia do juízo quando Jesus
separar as ovelhas dos cabritos, eles ouvirão a sentença horrível de que teve
fome, e não o alimentaram, que estava sem vestes e não o vestiram, que estava
preso e doente e não o visitaram, e lhes dirá que tudo isto fizeram quando
deixaram de fazê-lo ao menor dos seus irmãos, pois a medida da grandeza de
nossa beneficência não está em que a façamos aos que são grandes e poderosos,
mas por amor desinteressado àqueles que são desprezados pelo mundo.
32 O ímpio é afugentado pela sua malícia; mas o justo até na sua morte
acha refúgio.
É a malícia, o
permanecer na prática do pecado que faz com que o homem viva afugentado da
presença de Deus, e isto ocorre desde que Adão fugiu tentando se esconder atrás
das árvores, pois já não havia nele um pendor, uma inclinação que o levasse a
buscar a presença de Deus, como sempre ocorria antes de ter pecado.
Então a
malícia, o pecado, possui inerentemente em sua natureza esta propriedade de nos
levar para longe do refúgio dos braços acolhedores de Deus, e para isto, nem
sempre é necessário que se esteja consciente de que a razão disso são os
pecados que praticamos.
Como dissemos,
isto é um impulso natural e intuitivo que leva o pecador a agir de tal forma.
Sendo a
natureza de Deus de luz e santidade perfeitas, o pecado que é trevas e
iniquidade, quando reina no coração do homem, não pode de modo algum fazer com
que seja atraído para a luz e a santidade.
Daí se dizer
que a carne não está sujeita à vontade de Deus, nem mesmo pode estar, pois
“carne”, no uso feito pelo apóstolo não significa o corpo somático, mas o
princípio operativo do pecado que habita em nossa natureza terrena.
Há somente uma
forma de se escapar disto – pelo poder da graça de Jesus Cristo que destrona o
pecado, e a graça passa a reinar em nosso coração como um novo princípio
operativo no lugar do antigo.
Diferentemente
do coração governado pelo pecado, aquele no qual a graça reina, sempre nos
conduz a buscar refúgio em Deus, e a fazer dele próprio o nosso lugar de
descanso e refúgio.
Este refúgio
não nos faltará nem mesmo no dia da nossa morte, conforme afirma o provérbio,
pois seremos recolhidos para sempre nos braços de Deus, de modo a estar ali em perfeita segurança para sempre.
33 A sabedoria repousa no coração daquele que tem entendimento, mas o que está no interior dos
tolos se faz conhecido.
Sobretudo, em
razão de sua prudência e domínio próprio, aquele que tem entendimento da
vontade de Deus, não sai propalando descuidadamente a sua sabedoria aos quatro
ventos, antes consegue retê-la no recôndito do seu coração, para ser usada
somente quando necessário e apropriado.
Já a tolice
que habita no coração dos tolos é sempre conhecida, porque ele não consegue
conter a sua estultícia e se sente impelido a expô-la, de modo impróprio e
inconsequente.
Esta verdade
proverbial é facilmente identificada na prática da vida, pois não vemos de
fato, aqueles que são sábios expondo a sua sabedoria, quando percebem que não
haverá qualquer proveito ou propósito em fazê-lo.
Quanto aos
tolos podem ser vistos em todas as partes e ocasiões, expondo aquilo do que
está cheio o seu coração, porque não podem evitar o seu transbordamento.
O que lhes
estimula a esta prática é o fato de que não raro são cercado de outros tolos,
que se entregam à mesma prática, e assim se sentem bem e justificados naquilo
que fazem, ainda que seja difamar a vida alheia.
34 A justiça exalta as nações; mas o pecado é o opróbrio dos povos.
O opróbrio é
geralmente a expressão do desagrado de Deus, que leva um povo a não prosperar e
a viver debaixo de tristeza e vergonha, assim como se deu com a nação de
Israel, que ficou paralisada sob juízo por sucessivos quarenta anos, por causa
da sua incredulidade em Cades-Barneia, até que o seu opróbrio foi removido nos
dias de Josué, quando uma nova geração foi preparada por Deus para iniciar a
conquista da terra de Canaã.
Crentes
rebeldes podem ficar sujeitos a estes opróbrios, dos quais poderão ser livrados
somente quando lhes for dada ocasião para arrependimento.
Mas, o
provérbio coloca isto ao nível de nações e povos, de maneira a entendermos que
muito das coisas que ocorrem no mundo, quanto às condições humilhantes que
várias nações e povos experimentam, pode ser o resultado da prática aberta
pecaminosa em que vivem, contrariamente aos mandamentos de Deus.
Isto foi visto
muito especialmente nos dias do Velho Testamento, quando reinos poderosos eram
abatidos e humilhados pelo Senhor, em razão da iniquidade em que viviam.
Enquanto aqueles que procuravam viver de modo justo eram exaltados por Deus
dando-lhes prosperidade, segurança e ausência de calamidades e pragas.
Veja como a
injustiça dos egípcios foi visitada nos dias de Moisés duramente com opróbrios,
e de forma emblemática, de modo a se tornar um exemplo para todas as nações da
terra a viverem debaixo do temor de Deus.
Por conta da
dispensação da graça, já não vemos estes juízos sendo aplicados de forma
sistemática, em razão da longanimidade que o Senhor prometeu ter nestes dias da
sua paciência, mas que voltaria a castigar a impiedade das nações,
especialmente nos dias em que o Anticristo estiver governando o mundo.
O Brasil
está evidentemente, vivendo debaixo de opróbrio, por conta de toda a impiedade
que é praticada em nossa nação. Não serão medidas econômicas e políticas
acertadas que removerão este opróbrio que veio sobre o país, mas o retorno à
prática da justiça, por parte do povo, especialmente dos seus governantes,
porque este sempre foi e será o único meio de Deus exaltar a nações, em vez de
abatê-las.
35 O favor do rei é concedido ao servo que procede sabiamente; mas sobre
o que procede indignamente cairá o seu furor.
Os próprios crentes deveriam
estar muito atentos ao teor deste provérbio, pois Jesus, nosso Rei afirmou
expressamente, que aquele que não é por ele é contra ele; que aquele que com
ele não se ajunta, espalha.
Ele é o Rei e o General supremo
do povo de Deus que se encontra empenhado numa batalha sem tréguas contra
Satanás, o pecado e o fascínio do mundo.
Como sentiria em seu coração,
como Rei e General que é, ao observar que mesmo no meio de sua tropa há aqueles
que em vez de lutarem por Seus interesses estão lhe traindo, ao tratarem dos
interesses do Inimigo, seguindo e atendendo aos seus propósitos malignos?
Desertores são bem tolerados nos
exércitos dos homens? Quanto mais poderiam ser nos exércitos de Deus?
Ainda que um crente não esteja
mais debaixo da ira de Deus para uma condenação eterna, porque foi resgatado
por meio do sacrifício que Jesus fez em seu lugar, todavia poderá cair debaixo
do seu desagrado e será submetido às suas correções; e em caso de não haver boa
resposta à disciplina a que for submetido poderá até mesmo ser submetido à
morte física, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor.
Ninguém espere também receber
graça da parte de Deus, para vencer o pecado em seu coração, enquanto não se
dispuser sinceramente a viver de modo a agradá-lo, porque o seu favor é
concedido somente ao que age sabiamente, e não é sábio viver afastado do nosso
Criador, Salvador e Senhor.
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