Provérbios 12
Silvio Dutra
MAR/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 12./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
55p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3.
Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD
230.223
|
Introdução
As citações do livro de Provérbios são em sua grande
maioria extraídas dos ditos sapienciais dos antigos em Israel, que haviam sido
acumulados através do séculos, e na experiência prática da vida, onde as coisas
comuns que sucedem a todos os homens, não os nivela, sobretudo quanto ao seu estado futuro eterno,
pois Deus pesa os pensamento e as ações.
Além do juízo de Deus ao qual todos estão sujeitos, há
também a observação das consequências que geralmente acompanham os nossos atos,
quer nos recomendando e abençoando, quer nos trazendo desprezo e ruína.
Os sábios não somente atentaram para estas coisas,
como também analisaram suas causas, consequências, e o modo de se obter um
viver abençoado.
Em razão de toda a humanidade compartilhar de uma
natureza comum caída no pecado, esses provérbios são de caráter universal e
atemporal, pois se aplicam a todos, em todas as épocas e em todos os lugares.
Além disso, deve-se ter em conta que a grande maioria
deles é de inspiração divina, e há muito conteúdo profético que aponta para as
coisas que ainda serão, por ocasião da volta de Jesus Cristo.
Todavia, nunca devemos esquecer que os primeiros nove
capítulos do livro de Provérbios são um apelo da Sabedoria para que seja
buscada, e ali ela é apresentada como sendo o próprio Cristo, pela forma
pessoal, que indica tratar-se de uma fonte divina e não de um simples dom
impessoal adquirido por habilidade ou conhecimento.
É somente na comunhão permanente com Cristo, que
podemos viver do modo sábio que é exigido nas Escrituras.
Não se pense, portanto que tudo o que lemos no livro
de Provérbios pode ser vivido aparte da citada comunhão.
Deste modo, sabendo que os Provérbios, assim como
todas as demais Escrituras foram inspirados por Deus, bem-aventurados são
aqueles que os estudam com o fito de aplicá-los à própria vida, o que
corresponde a se colocar no caminho no
qual encontramos a bênção e a aprovação de Deus.
Provérbios 12
1 O que ama a instrução ama o
conhecimento; mas o que aborrece a repreensão
é insensato.
Jesus disse que, caso não nos fizéssemos como
crianças, não poderíamos entrar de modo algum no reino dos céus.
Evidentemente, não estava se referindo a criancices ou
imaturidade, mas à característica comum a todas as crianças, que é a de
permitir serem instruídas, tanto que a palavra “criança” no original grego, do
Novo Testamento é da mesma raiz da palavra “instrução” (paidion), significando,
“aquele que recebe instrução”.
De fato, se não há em nós este amor e busca pela
instrução do Espírito Santo, através das Escrituras, jamais poderemos alcançar
o conhecimento verdadeiro de quem seja Deus e qual seja a sua vontade, em pleno
discernimento do significado dos seus mandamentos.
Pelo que se subentende da afirmação do segundo
provérbio; de que aquele que aborrece a instrução é insensato, vemos que a
instrução a que se refere o primeiro traz em si alguma repreensão, pois esta
também faz parte de uma boa instrução, quando nos tornamos reprováveis e dignos
de sermos admoestados, para nos desviarmos do caminho do erro que estivermos
trilhando.
Por isso, nosso Senhor afirma no livro de Apocalipse,
que repreende e disciplina a quantos ama.
Por experiência própria, e pelo que podia observar das
operações de Deus na Igreja, o autor de Hebreus também afirma, que Deus corrige
a todo filho, porque os ama, de modo a fazê-lo participante da sua santidade.
O fim em vista da repreensão e da disciplina é,
portanto e, sobretudo o de nos santificar, de maneira que possamos permanecer
em comunhão com Deus.
2 O homem de bem alcançará o favor do Senhor; mas ao homem de perversos
desígnios ele condenará.
Comentando um dos textos que postei, falando sobre a
condição caída universal da natureza humana no pecado, que, por conseguinte é
comum a todos os homens, alguém que não quis se identificar afirmou que eu
estava escrevendo aquilo, porque não conhecia o grande número de pessoas que
são como o próprio diabo, muito diferentes daqueles que possuem um bom coração.
Eu entendi a sinceridade das suas palavras, porém elas
não correspondem à verdade de que “todos pecaram e encontram-se destituídos da
glória de Deus”, conforme afirmam as Escrituras, as quais, a propósito, nunca
podem errar.
No melhor dos homens há a culpa da natureza
pecaminosa, e ele também deve ser justificado pela graça, mediante a fé em
Cristo, e renascer do Espírito Santo, sendo transformado em nova criatura.
Aos olhos de Deus não há um justo sequer. Nossa
justiça é para ele como trapos de imundícia, pois estão contaminadas pelo
pecado que habita em nossa natureza terrena.
É até mesmo possível, portanto que aquele que tenha
vivido por um longo tempo como um diabo, como se multiplicam os exemplos na
Bíblia e na história da Igreja, possa vir a ser transformado num autêntico
santo, por meio da conversão; enquanto alguém que desfrute de boa reputação
jamais venha a se converter, e não ser justificado por Deus, dos seus pecados,
como o fariseu da parábola que foi citada por Jesus.
Foi por isso que Ele disse que muitos ladrões e
prostitutas antecederiam os fariseus na entrada no reino de Deus, porquanto
seria vedada a muitos religiosos que confiavam na sua própria justiça.
Por acaso, Deus se agrada da injustiça e da
prostituição? De modo nenhum! A comparação foi feita para demonstrar que a
justiça do próprio homem, não é suficiente para garantir-lhe a entrada na vida
eterna e ter seus pecados perdoados por Deus.
O ladrão, a prostituta ou qualquer pecador que venha a
se converter a Cristo, e a ter sua vida transformada pelo Espírito Santo, terá
entrada garantida no reino do céu, enquanto aqueles que não o fizerem permanecerão do lado de fora
para sempre.
Então, não podemos entender a citação proverbial em nosso texto, de
que “o homem de bem alcançará o favor do Senhor, mas ao
homem de perversos desígnios ele condenará”, de modo diferente do que citamos,
no qual o homem de bem é aquele que se volta para Deus a fim de viver do modo
que seja segundo a Sua vontade, e não, porque possui inerentemente um coração
bom e puro; tanto que se diz que ele é assim, porque alcança o favor do Senhor,
ou seja, a sua graça, para que possa viver de tal forma.
A continuação do provérbio
confirma este ponto, pois fala da condenação eterna por Deus daquele cujos
desígnios são perversos, ou seja, que não se interessa pela santidade que vem
do Senhor – ao contrário, vive projetando e praticando o mal.
3 O homem não se estabelece pela impiedade; a raiz dos justos, porém,
nunca será removida.
O ímpio será desarraigado da terra, quando o Senhor
Jesus voltar para condenar o mundo de pecado, isto é, até mesmo suas raízes
serão arrancadas, de forma que dele não haverá sequer lembrança ou a
possibilidade de que o mal em que vivia retorne a brotar.
No Sermão do Monte, Jesus define clara e diretamente
qual é o caráter daqueles que herdarão o céu e a terra para sempre (os
humildes, mansos, puros de coração, pacificadores, misericordiosos, etc).
Como isto não é visto nos ímpios, a consequência
natural é que não podem ser estabelecidos e firmados na Rocha que é Cristo,
enquanto permanecerem na prática da impiedade, e não se converterem de seus
maus caminhos.
Muitos se gloriam no fato de se sentirem seguros e
estabelecidos, na riqueza e poder que alcançaram neste mundo, que não raro, vem
a ser herdado por seus filhos.
Não é a este tipo de segurança e firmeza que o
provérbio se refere, senão àquela confirmação na fé e na salvação que são
obtidas em Cristo, que nos garantem uma herança eterna que não pode ser
perdida, mesmo quando deixamos este mundo pela morte física. Ao contrário, é
justamente nesta ocasião que entramos na sua posse plena.
4 A mulher virtuosa é a coroa do seu marido; porém a que procede
vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos.
Aquele que é abençoado por Deus, com uma boa esposa é
tão feliz como se estivesse no trono, pois ela é nada menos do que uma coroa
para ele. É uma mulher virtuosa, que é piedosa, prudente, engenhosa e
trabalhadora, que está sempre ativa, sendo alguém que pode suportar cruzes sem perturbação.
Aquele que é bem-aventurado e agraciado por Deus, por
receber dele uma esposa virtuosa, será honrado e reconhecido, assim como um rei
que é estimado por aqueles que governa.
Ela põe a si mesma como uma coroa sobre a cabeça de
seu marido, pois reconhece que no lar, pela vontade de Deus, ele é o líder, o
cabeça, a quem deve ser submissa em amor, cooperando com ele para que seja bem
sucedido na função de liderança na qual foi colocado pelo Senhor, para governar
sua casa com sabedoria e amor.
Pela submissão amorosa e fiel ao marido, ela se torna
um exemplo para seus filhos e servos, de modo que sejam também assim.
Mas, aquele que é atormentado com uma esposa má e miserável, que não tem o temor do
Senhor e não pratica seus mandamentos, é como vivesse sobre um monte de adubo,
pois ela não é melhor do que um câncer
que faz apodrecer os seus ossos; e,
sendo uma doença incurável, o que pode trazer é senão vergonha para seu esposo,
que certamente será alvo de chacota por parte de línguas maledicentes.
5 Os pensamentos do justo são retos; mas os conselhos do ímpio são
falsos.
A palavra de Deus é apta para discernir os pensamentos
e intenções do coração, e julgá-los. De modo que os nossos pensamentos estão
patentes aos olhos daquele ao qual teremos que prestar contas, pois assim como
o homem pensa no seu interior, assim ele é.
Somos definidos por nossos pensamentos, pois o que
brota da fonte é o que ela é. Se somos justos, nossos conselhos são retos, pois
são conformes os nossos pensamentos. Contudo, isto não sucede com os ímpios,
cujos conselhos são falsos, e não segundo a verdade, pois os seus pensamentos
são continuamente maus, em conformidade com a inclinação da sua natureza carnal
e pecaminosa.
Mesmo quando o ímpio parece estar aconselhando alguém,
visando ao seu bem, na verdade o seu conselho conduzirá ao mal, pois não é
possível que de uma fonte má flua algo que seja bom e proveitoso.
Pode ser até mesmo, que o conselho formado na
impiedade seja agradável ao receptor, não porque o conduzirá a um proceder de
retidão, mas por satisfazer ao desejo natural de aprovação e concordância que a
carne altiva e orgulhosa possui, ainda que venha por fim, a lhe sujeitar ao
juízo de Deus e a produzir males a respeito dos quais não estejam conscientes.
6 As palavras dos ímpios são emboscadas para derramarem sangue; a boca
dos retos, porém, os livrará.
No versículo anterior, os pensamentos
dos ímpios e justos foram comparados; aqui suas palavras.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina, que daquilo que
está cheio o coração, a boca fala.
Se o coração não estiver cheio da graça de Deus, a
boca não pode falar palavras de graça que sirvam para a edificação dos
ouvintes.
O provérbio usa uma metáfora, comparando as palavras
dos ímpios a emboscadas, cujo propósito é o de derramar sangue, ou seja,
produzir ferimentos.
Realmente muitos são feridos, sobretudo em sua
reputação por tais palavras insidiosas, mas ainda que sejam dirigidas aos que
são retos de coração, estes serão livrados pela proteção e poder de Deus,
enquanto estiverem abençoando, em vez de maldizer; fazendo de suas bocas um
manancial de graças para todos os homens, inclusive para aqueles que os
injuriam, pois têm em Cristo o exemplo supremo, o qual nunca injuriava, quando
era injuriado.
7 Transtornados serão os ímpios, e não serão mais; porém a casa dos
justos permanecerá.
Jesus compara nossa vida a casas,
no Sermão do Monte, e nos ensina que somente a casa que tiver sido edificada
sobre a rocha permanecerá firme, quando sobre ela vierem as tempestades.
A casa que é edificada sobre a
areia não permanecerá de pé, especialmente quando vier sobre ela a tempestade
do juízo divino, para colocar à prova sobre qual tipo de fundamento fora
construída – se sobre o firme fundamento da prática da Sua Palavra, ou sobre o
fundamento arenoso e inconsistente da rejeição da prática desta mesma Palavra.
8 Segundo a sua sabedoria é louvado o homem; mas o perverso de coração é
desprezado.
Evidentemente, o louvor recebido pelo que é sábio
segundo Deus, e não segundo o mundo, ao qual se refere o provérbio é a honra
que recebe do próprio Deus e de todos aqueles que o amam e os seus mandamentos,
pois é notório que aquele que anda nos Seus caminhos é desprezado e perseguido
pelo mundano, assim como fomos alertados por Jesus Cristo.
A condição normal seria a de se desprezar o perverso
de coração, conforme afirma o provérbio, e a de se honrar o sábio, todavia,
especialmente em nossos dias, em que a iniquidade tem se multiplicado em razão
do desprezo que é dado aos valores de Deus revelados em sua Palavra, dá-se
exatamente o oposto, e na verdade não seria de se esperar que aquele que vive na iniquidade louve o que é
justo e santo.
O apóstolo Pedro fala em sua primeira epístola, sobre
a possiblidade de sermos perseguidos por praticarmos a justiça, mas que somos
bem-aventurados se suportarmos com paciência, porque é sinal de que temos
agradado a Deus e sido capacitados pelo Espírito Santo.
Mas, se sofrermos como malfeitores é certo que podemos
esperar juízos em vez da proteção divina. As próprias autoridades são
instituídas por mandado divino, para a punição dos que praticam males, mas, em
dias de impunidade, quando as autoridades se corrompem, pode parecer que as
palavras do provérbio não se aplicam à realidade. Todavia, nunca devemos
esquecer que estes que prevaricam na responsabilidade que têm de punir o mal,
também serão visitados, no tempo próprio, pelos juízos de Deus, que sempre
recompensa o bem e castiga o mal.
9 Aquele que é desprezado, e tem um servo, é melhor do que aquele que
honra a si mesmo e tem falta de pão.
O homem que louva a si mesmo, que se tem na conta de
grande figura, mas vive em penúria extrema, não tem de fato do que se orgulhar,
porque a sua penúria comprova sua falta de diligência e provisão divina sobre a
sua vida.
Aquele que anda em retidão, mesmo quando é desprezado
por muitos, geralmente por sua baixa condição social e financeira neste mundo,
está em melhores condições do que o orgulhoso, pois terá da parte de Deus, por
agradar-se dele, quem o sirva e o assista em suas necessidades, sem interesse
ou por salário, senão por atender o mover de Deus em seu coração para cuidar
daqueles a quem Ele ama.
10 O justo cuida da vida dos seus animais; porém as entranhas dos ímpios
são cruéis.
Uma boa medida para avaliar a sensibilidade, a
gentileza, o amor e o caráter de uma pessoa, é observar o modo como trata os
seus animais.
É impressionante como Deus dotou, especialmente os
animais domésticos, (com uma estrutura de alma – não de espírito, pois eles não
a possuem), que chama por atenção e cuidado de nossa parte com grande afeto
natural, pois são dóceis a ponto de inspirar o que há de melhor em nós.
Muito temos a aprender com eles acerca de fidelidade,
afeto, obediência, integridade, lealdade e muitas outras virtudes que possuem
naturalmente e nos inspiram a lhes retribuir de igual maneira.
Então, quando não se vê tal resposta nas pessoas que
maltratam seus animais, o que se pode concluir é que estão desprovidas de afeto
natural ou então, como se afirma no provérbio, são de um caráter cruel.
A criação geme como um todo por causa do pecado do
homem, e os animais, estas criaturas extraordinárias de Deus, não estão livres
destes sofrimentos, especialmente em razão da forma pecaminosa e cruel como são
tratados por aqueles que têm recebido o encargo de cuidar deles com amor, em
vez de maltratá-los.
11 O que lavra a sua terra se fartará de pão; mas o que segue os ociosos
é falto de entendimento.
A erva daninha não necessita de tratos culturais para
se desenvolver, mas todo alimento que é útil para o homem, demanda os referidos
tratos, e entre estes, que o solo seja lavrado e adubado.
Como o alimento é necessário para a manutenção da vida
do corpo, todo aquele que trabalha direta, ou indiretamente para que haja a sua
produção, é sensato.
O preguiçoso é, portanto alguém que é falto de
entendimento, pois não consegue enxergar que tudo o que mantém a nossa vida,
apesar de nos ser concedido pela graça de Deus, é fruto do trabalho humano.
O homem foi criado para o trabalho, e para nos ensinar
sobre isto de forma muito contundente, Deus associou a manutenção da nossa vida
física ao trabalho do cultivo das coisas que são úteis para a nossa
sobrevivência.
Isto também é comprovado pelo fato de que antes mesmo
que o pecado entrasse no mundo, Deus ordenou ao homem que lavrasse e guardasse
o jardim que havia criado para ele.
Somos dignos então, diante de Deus, se temos saúde
para trabalhar, quando comemos do fruto do trabalho de nossas mãos.
12 Deseja o ímpio o despojo dos maus; porém a raiz dos justos produz o
seu próprio fruto.
Ao ímpio não importa se a sua provisão é oriunda
daquilo que foi despojados pelos que são maus. Não lhe importa saber, se o que
chega às suas mãos é fruto de roubo, de extorsão, de engano ou de qualquer
outro expediente fraudulento, pois o seu interesse se localiza apenas naquilo
que pensa que lhe traz benefício.
Se ele não for apanhado pela justiça dos homens, para
ser penalizado pela receptação criminosa que realiza, é certo que será apanhado
pelos juízos de Deus, cujos olhos são contra aqueles que praticam males.
Assim, o ímpio cobiça a propriedade alheia e tudo faz
para alcançar sua posse. Inveja e cobiça os cargos superiores onde trabalha,
pelo simples prazer de vir a ser considerado grande entre os grandes. E, se
tiver de usar recursos fraudulentos para
alcançar seus objetivos, ele certamente o fará, sem que seja acusado por sua
consciência que se encontra cauterizada.
Agora, daqueles que amam a justiça de Deus, que são
declarados justos por andarem em seus caminhos, é dito que produzirão o seu
próprio fruto, a partir de sua raiz, ou seja, não dependerão de prover suas
necessidades a partir da assistência ou da apropriação daquilo que pertence a
outros.
Deus lhes recompensará por suas obras e cuidará deles,
conforme tem prometido jamais abandoná-los.
13 O ímpio é enlaçado pela transgressão dos seus lábios; mas o justo
sairá da angústia.
Deus já havia falado antes deste provérbio ser
escrito, pela boca do salmista (Sl 50.15), que quando o justo clama por ele no
dia da angústia, é livrado, e reconhecendo o livramento que lhe viera da parte
de Deus, glorificará o seu santo nome.
O justo é livrado do sentimento de angústia que
acompanha a tribulação, por causa da paz que lhe é concedida pelo poder de
Deus, ainda que em meio da tempestade que ainda não tiver cessado.
Este livramento não é decorrente pela qualidade das
palavras expressadas no clamor, mas pela qualidade de vida justa que faz com
que os olhos do Senhor estejam continuamente sobre ele para fazer-lhe bem.
Agora, o que pode proferir a boca dos ímpios,
especialmente nas horas de angústia?
Se o seu coração está vazio do amor e temor que é
devido ao Senhor, como poderá proceder dele, palavras de fé e de firme
expectativa na bondade de Deus?
Ao contrário, o que é comum de se ver nos lábios dos
ímpios é a blasfêmia e a murmuração, que em vez de lhes ajudar agravam ainda
mais o seu caso, enlaçando-os mais firmemente na prisão em que eles mesmos se
colocaram, em razão do seu mau proceder.
14 Um homem se farta de bem pelo fruto de sua boca; e a recompensa das
suas mãos lhe será retribuída.
Nos é assegurado aqui, que há recompensa para toda boa
palavra e obra; por isso o apóstolo Paulo recomenda que todos os crentes sejam
confirmados em toda boa palavra e obra, tanto para o bem deles, quanto para o
progresso do reino de Cristo na terra.
Deus tem prometido recompensar fartamente a todo
aquele que se dedicar à pregação e ao ensino do evangelho, e a trazer pelo bom
testemunho da sua vida, outros à conversão a Cristo.
Enquanto estamos ensinando aos outros e alimentando-os
com o pão da vida, nós mesmos somos também ensinados e alimentados por este pão
do céu.
A lei da colheita segundo a semeadura não falha nas
coisas terrenas, e muito mais não falhará naquelas que são espirituais e celestiais.
Por isso se diz, que a Palavra de Cristo deve habitar
ricamente em nós, para que possa fluir ao abrir da nossa boca em nossa
conversação, quer pública ou privada.
Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras
(Romanos 2.6).
15 O caminho do insensato é reto aos seus olhos; mas o que dá ouvidos ao
conselho é sábio.
Nada há de pior neste mundo, que possa suceder àquele
que dá as costas para Deus e ao modo de vida que nos é ordenado por Ele, do que
ser deixado a si mesmo, de forma que se aprova naquilo que Deus lhe condena, e
se louva naquilo que é abominável e insensato aos olhos de Deus.
É coisa comum de se ver no mundo, o insensato
considerando como reto e bom o seu modo de proceder, mesmo quando é notório aos
olhos até mesmo de outros insensatos, que se dá exatamente o oposto.
Enquanto uma pessoa permanecer nesta condição, ela
jamais permitirá ser convencida pelo Espírito Santo que é pecadora, que
necessita se arrepender e se converter a Cristo. Seus ouvidos estarão surdos e
seus olhos cegos para a verdade e a justiça divinas.
Então, aqueles que têm seus ouvidos e olhos atentos
para ouvir, enxergar e praticar o conselho divino que lhe chega, quer pela
leitura direta da Palavra de Deus, quer pela pregação ou ensino de crentes
fiéis, são sábios ao procederem desta forma, porque estarão deixando os
caminhos de trevas, para trilharem os caminhos de luz; e os caminhos de morte,
para os caminhos de vida e paz.
Bem-aventurados são, portanto, todos aqueles que dão
ouvido à instrução e à repreensão da Palavra de Deus.
16 A ira do insensato logo se revela; mas o prudente encobre a afronta.
Um dos principais motivos geradores da expressão de um
comportamento iracundo, especialmente quando se está sujeito a uma afronta
justificada ou não, é o forte sentimento de justiça própria e falta de
longanimidade.
Os que são conhecidos como pessoas de pavio curto são
classificadas pelo provérbio, como insensatas, pois logo manifestam seu
desagrado em forma de ira.
Mas, do que encobre a afronta, não no sentido de
desculpá-la ou aprová-la, mas por não trazer o assunto à baila, é dito ser
prudente. Esta prudência é divina, porque Deus também é longânimo (tardio em se
irar).
É sabedoria não confrontar o fato havido de forma
irada, descontrolada, porque em nada contribuirá para a solução ou a
pacificação, senão para lançar combustível, e assim alastrar ainda mais o fogo
da contenda e da perturbação.
Importa que o mal seja sempre vencido pelo bem, e que
reine a paz em nossos corações, como árbitro de Cristo, em toda e qualquer
circunstância.
Um tolo é conhecido por sua raiva, mas um homem sábio
pode estar irado com uma justa causa, mas em seguida, ele mantém sua ira sob
controle e direção, e se submete ao Senhor, para manter seu coração em paz.
Mas a ira do insensato, o domina e o controla em todas
as suas ações seguintes, e pode vir a agir de forma até mais pecaminosa em
palavras e ações, do que aquele que lhe causou, a seu juízo, algum prejuízo ou
afronta.
A mansidão é sabedoria. Os mansos são louvados pelo
Senhor, e deles se diz que herdarão a terra.
17 Quem fala a verdade manifesta a justiça; porém a testemunha falsa
produz a fraude.
Entre os dez mandamentos figura aquele que proíbe dar
falso testemunho contra o próximo. Não importam os motivos, pois ainda que isto
seja feito a fim de contribuir para a condenação justa de um homem mau que
tenha praticado algum crime, permanece sendo um crime aos olhos de Deus a
apresentação de um falso testemunho, pois que fere a justiça que demanda de
nós, o dizer somente a verdade.
Afirmar que viu o que não viu,.. que ouviu o que não
ouviu... que presenciou ser feito o que não presenciou, de fato é uma
abominação para o Deus que é completamente justo e santo.
Ainda que aquele contra o qual se dá testemunho seja
digno das penas da justiça, não é justo que seja condenado por meio de fraude,
e o fraudulento, se não prestar contas aos homens, certamente terá que prestar
a Deus, no dia do Juízo.
O nosso falar deve ser “sim”, quando corresponder ao
“sim”, e “não” quando corresponder ao “não”, pois, segundo nosso Senhor Jesus
Cristo, o comportamento que ultrapassa isto provém do Maligno, e não de Deus,
ainda que nossas intenções sejam as melhores ao fazê-lo.
18 Há palrador cujas palavras ferem como espada; porém a língua dos
sábios traz saúde.
Por mais duras que possam parecer as palavras
proferidas por uma pessoa que é sábia, segundo Deus, o seu efeito sempre será
saúde para os ouvintes que as receberem de bom grado, pois apesar de amargo, é
remédio que cura.
O sábio fala tanto com brandura, quanto com gravidade,
mas independente do tom de suas palavras, o efeito é sempre bom, sobretudo para
a nossa saúde espiritual.
Agora, em contraste com o sábio, o provérbio coloca o
palrador, ou seja, aquele que fala muito, sem refletir no conteúdo e efeito das
coisas que fala.
Dentre estes existem aqueles cujas palavras ferem como
espada, não tanto pelo tom com que são proferidas, mas pela insensatez que há
nelas, que, por conseguinte, produzem algum tipo de dano em seus ouvintes,
afastando-os daquele bom estado de alma que nos convém manter diante de Deus e
dos homens.
19 O lábio veraz permanece para sempre; mas a língua mentirosa dura só
um momento.
Assim como a verdade permanecerá para sempre,
prevalecendo no juízo de Deus, de igual forma será mantida para sempre a língua
que a tem proferido.
O que está em foco não são verdades ou mentiras
ocasionais, proferidas de quando em vez, mas uma atitude permanente em favor e
prática da verdade, ou da mentira.
Dos que amam a verdade é dito que permanecerão para
sempre na presença de Deus, em venturosa condição, mas dos que amam a mentira é
dito que esta condição dura um só momento, o que se refere à nossa breve
jornada terrena, que ao terminar um dia, selará para sempre a nossa condição
eterna, quer na honra celestial, quer no horror e vergonha do inferno.
É neste sentido que o Novo Testamento ensina que os
mentirosos não herdarão o reino de Deus, pois não amaram a verdade, que é Jesus
Cristo, para serem salvos.
Todo aquele que pensa estar lucrando de alguma forma,
pelo uso sistemático de um comportamento que contradiz a verdade revelada nas
Escrituras, está cavando, muitas vezes sem que o saiba, uma cova eterna para
si, da qual não mais poderá escapar, caso não venha a se converter a
Cristo.
20 Engano há no coração dos que maquinam o mal; mas há gozo para os que
aconselham a paz.
Os pacificadores são alegrados por Deus, porque deles
é dito serem filhos de Deus.
Note bem, que o texto bíblico diz “pacificadores” e
não “pacifistas”, pois estes últimos são comumente identificados com aqueles
que lutam por causas sociais. O pacificador luta com outras armas, com a
justiça do evangelho, com o fito de estabelecer a sua paz nos corações que a
ele se convertem, e não propriamente a todo um contexto social, pois mais são
os que rejeitam a Cristo, do que aqueles que o recebem.
Os que amam a Cristo, amam a paz e procuram
promovê-la, mas nos corações daqueles que vivem a maquinar o mal há somente o
engano e a mentira, pois a paz ou reconciliação que têm para oferecer a outros
é interesseira e enganosa.
Não é raro que pessoas se associem a outras, sob o
argumento de fazerem o que é bom, sem saberem que no fundo do seu coração, o
que estão buscando realmente é a vantagem que poderão tirar para si mesmas,
egoisticamente da situação.
Muitos se declaram amigos dos que lhes pagam salários,
mas não o fazem por desejarem de fato, entreter laços reais de amizade com
eles, senão para simplesmente manterem seus empregos.
Não há bem real e permanente onde não esteja presente
o amor de Cristo, e assim, no coração dos que maquinam o mal, pode ser achado
apenas o engano.
21 Nenhum mal sobrevém ao justo; mas os ímpios ficam cheios de males.
Os aparentes males que os justos sofrem neste mundo
estão cooperando para o bem deles – para seu aperfeiçoamento em santidade, o
aumento e a purificação da sua fé.
Todas as suas provações, enquanto na condição de
justos, estão sob o controle e direção de Deus, que não permitirá que sejam
atribulados além da sua capacidade de suportar.
É neste sentido que é dito, que nenhum mal sobrevém ao
justo, pois na prática da vida real parece que quanto mais nos aproximamos de
Deus, maiores se tornam as nossas provações. A Bíblia está repleta de casos que
comprovam esta afirmação.
Todavia, todos estes que foram assim provados por Deus
não sofreram qualquer mal ou dano permanente, ao contrário, eles sempre saíam
como pessoas melhores e mais fortificados por Sua graça, em cada provação que
tinham experimentado. Isto é uma lei do reino de Deus, que se aplica a todos os
que são seus filhos, pois é dito que importa que entremos no seu reino por meio
de variadas tribulações.
Agora, que proveito haveria em sujeitar o ímpio a
provações, que tivessem por fim produzir nele o arrependimento, e melhorar seu
caminhar?
Os males que lhes sobrevêm, e não raro como
consequência de suas próprias más escolhas e maus atos, permanecem com eles, e
em muitos casos até se multiplicam, pois
não recorrem ao auxílio de Cristo para serem livrados e convertidos.
Não analisam as coisas que lhes sucedem à luz dos
juízos proferidos na Palavra de Deus, senão que as atribuem à má sorte ou
destino, e por isso o provérbio diz que ficam cheios de males, em vez de
diminuí-los.
22 Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a
verdade são o seu deleite.
Temos aqui, mais um provérbio relativo ao uso da
língua. De tão repetitivos que são, demonstram o quão este mal é universal, e o
quão é importante vigiarmos contra isto, para que em vez de fazer um mau uso do
falar, profiramos somente aquilo que for bom para a edificação dos ouvintes, e
nos guardemos de um falar precipitado e vão.
Há uma verdade relativa à realidade dos fatos que
sucedem cotidianamente, e uma verdade universal revelada nas Escrituras. Apesar
de o provérbio se aplicar a ambas, está fora de dúvida que aborda muito mais a
verdade que procede da boca de Deus – a Sua Palavra, pela qual o nosso espírito
é alimentado.
Além disso, deve ser considerado que não há nada que
mais agrade ao Senhor, do que o crédito que damos à Sua Palavra para obedecê-la
e praticá-la, e o quanto o desagrada o contrário disto, conforme Ele mesmo declara
diretamente por diversas vezes nas Escrituras.
Esta interpretação do provérbio é a que mais se
aproxima do seu significado real, porque não se diz “aquele que fala a
verdade”, senão “aquele que pratica a verdade” como sendo deleitosos ao Senhor.
Sabemos que Deus não quer meros ouvintes da Sua
Palavra, senão praticantes, e isto nós vemos sendo declarado pelo Senhor Jesus
e seus apóstolos.
Deus não quer mero louvor ou aplauso, mas obediência
aos seus mandamentos.
23 O homem prudente esconde o conhecimento; mas o coração dos tolos
proclama a estultícia.
Aquele que é verdadeiramente sábio e prudente, não
vive proclamando descuidadamente sua sabedoria, e é sua honra não agir de tal
maneira. Ele sabe que as palavras de Cristo são preciosas, e não devem ser
desperdiçadas com aqueles que não têm interesse nelas.
Assim, ele comunica seu conhecimento quando percebe
que poderá ser útil para a edificação dos outros, mas o manterá abrigado em sua
mente e coração, sem revelá-lo quando o ato de expô-lo significaria o mesmo que
lançar pérolas aos porcos, e coisas santas aos cães, conforme o dizer de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Homens sábios e prudentes, que têm aprendido da parte
de Deus vão evitar cuidadosamente, cada coisa que cheire a ostentação, como
também não usarão todas as ocasiões para exibir seu conhecimento, mas apenas o
farão para bons propósitos, sem buscar qualquer louvor para si mesmos.
Já aquele que é tolo, não consegue evitar de proclamar
sua estultícia, porque lhe parece sabedoria, quando na verdade, no julgamento
alheio de pessoas sensatas, não o é de fato.
O seu orgulho e desejo de reconhecimento e louvor é o
que o leva a agir de tal forma, sem se importar se o efeito daquilo que fala
será bom ou não.
24 A mão dos diligentes dominará; mas o indolente será tributário
servil.
É comum ser observado, que quando dentre aqueles que
estão encarregados do desenvolvimento de uma mesma atividade ou serviço,
aqueles que são mais diligentes sejam colocados como lideres sobre os que
deverão lhe tributar serviço.
Certamente o sentido aqui, não é pejorativo em relação
ao serviço propriamente dito, pois desde que seja lícito, sempre é honrado, mas
o que se pretende destacar é a excelência da diligência, quando comparada à
indolência.
Muitos pensam estar sendo favorecidos, especialmente
em serviços públicos, onde não são cobrados por produção, quando são colocados
numa posição em que não sejam exigidos para trabalhar tanto quanto seus demais
companheiros. Dizemos que pensam estar sendo favorecidos, porque na verdade o
que sucede é que são encostados por sua falta de diligência e qualificações.
Isto é na verdade, uma desonra para eles, e sua
indolência será cobrada por Deus no tempo oportuno, porque o homem não foi
criado para a ociosidade, senão para ser útil a outros através do seu trabalho
diligente.
É digno de
registro, o fato que quanto mais o homem procura se poupar, mais se corrompe o
seu caráter.
Nunca houve e jamais haverá um grande santo sobre a
terra, que não tenha sido operoso e diligente no seu querer e realizar.
25 A ansiedade no coração do homem o abate; mas uma boa palavra o
alegra.
Eis apontada a causa e a consequência geral da
ansiedade, a qual é um peso no coração, uma carga de cuidados, de medo e tristezas,
deprimindo o espírito, e lhes incapacitando de exercer com qualquer vigor o que
deve ser feito, ou suportado. A ansiedade os prostra e afunda em profundezas
angustiosas.
Aqueles que estão assim oprimidos, não conseguem ter
conforto em qualquer relacionamento ou
conversa. Assim, os que estão inclinados a isso, devem vigiar e orar
para superar a citada condição.
O provérbio nos aponta o modo para a cura: a boa
palavra de Deus, aplicada pela fé, nos alegrará.
O evangelho é projetado para fazer felizes os corações
que estão cansados e sobrecarregados (Mateus 11.28).
26 O justo é um guia para o seu próximo; mas o caminho dos ímpios os faz
errar.
Quando disse que o cristão é luz do mundo, nosso
Senhor Jesus Cristo estava indicando o fato de ser um guia para seu próximo, quanto a trazer-lhe a iluminação
necessária para seus passos caminharem com segurança no caminho que conduz à
vida eterna.
Para ser luz, o cristão necessita refletir a luz de
Jesus em sua própria vida, tendo seu entendimento devidamente esclarecido
quanto ao significado e prática do evangelho, que é o meio designado por Deus
para a salvação dos pecadores.
O apóstolo Paulo rogava às pessoas para que fossem
suas imitadoras, com o propósito de viverem de acordo com a vontade de Deus,
uma vez que ele era em tudo um imitador de Cristo.
É em nossa imitação de Cristo que também nos tornamos
úteis para que outros possam vir a conhecê-lo, através de tudo aquilo que podem
observar em nós, especialmente em nosso comportamento.
Esta verdade é clara e diretamente declarada neste
provérbio, em contraste com o exemplo de vida dos ímpios, que em vez de
conduzirem pessoas a viverem de modo agradável a Deus, as conduzem para o erro,
e, por conseguinte para a perdição eterna.
O caminho do ímpio não é o caminho estreito que conduz
à salvação, senão o caminho amplo da perdição.
Decidir-se por Cristo não se trata, portanto de
escolher uma religião para ser professada, mas uma questão de vida, e vida em
abundância, que não pode ser achada aparte dele.
27 O preguiçoso não apanha a sua caça; mas o bem de um homem diligente é
precioso.
O preguiçoso não apanha o que deve ser caçado por ele
para manter a sua subsistência. É por causa da indolência, que os homens não
buscam o reino de Deus e a sua justiça, apesar de Jesus fazer a promessa de que
todo aquele que o procurar, o achará. Todavia, ainda que procure não entrará na
posse do que busca, caso não o faça com todo o esforço e diligência.
Ele não deve apenas desejar o céu, mas deve lutar para
alcançá-lo, ainda que ele nos seja concedido somente pela graça, e mediante a
fé. É de graça, e por fé, mas somente os que se esforçam tomam posse do reino
de Deus.
Se somos diligentes no que buscamos, é porque o alvo
da nossa busca é muito precioso para nós, e talvez, isto explique porque
aqueles que desejam o céu e não o alcançam, seja porque ele não é precioso para
eles. Há muitas outras coisas que disputam seus desejos e corações, e se
entregam inteiramente a elas, vindo a negligenciar os assuntos relativos à
salvação de suas almas.
28 Na vereda da justiça está a vida; e no seu caminho não há morte.
Poucos são aqueles que sabem que
a vida eterna, que procede de Deus só pode ser obtida por meio da plena
satisfação da sua justiça.
Na verdade, podemos dizer que o
homem necessita da justiça de Jesus Cristo sendo-lhe imputada e implantada,
para que possa ser transportado do caminho da morte, no qual todo pecador se
encontra, para o caminho da vida.
Se o homem não for justificado
pela fé, ele não pode ser regenerado e santificado pelo Espírito Santo. Somente
a justiça de Jesus pode cobrir todos os nossos pecados, e remover completamente
a nossa culpa diante de Deus.
Por isso, Ele se ofereceu como
sacrifício para morrer em nosso lugar, de modo que a sua morte seja considerada
a nossa própria morte, a fim de podermos ser ressuscitados em novidade de vida.
Não há qualquer tipo de morte para nós, na vereda da
justiça, que é o próprio Cristo. Uma vez tendo crido em Cristo, nós o fazemos
para a vida eterna, e Ele mesmo nos assegurou que aquele que nele crê não mais
morrerá, pois não há qualquer condenação para ele, seja de morte espiritual,
seja de morte eterna.
Diz-se que já não morre, porque é o espírito que
vivifica e vive eternamente, e a carne para nada aproveita. De modo que aquele
que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Um espírito
santificado pelo sangue e pela palavra de Cristo... um espírito perfeitamente
livre de qualquer tipo de acusação ou condenação, que desfrutará da presença de
Deus por toda a eternidade.
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