A visão
do Senhor que Daniel tivera no capitulo anterior foi no terceiro ano de Ciro,
que correspondia também ao terceiro ano de Dario da Média, e foi dito naquele
capitulo que havia poderes celestiais lutando contra a Pérsia, e que ela estava
resistindo.
Agora é
dito pelo próprio Senhor, neste capítulo, que Ele havia fortalecido e animado
Dario no seu primeiro ano de reinado (v. 1), porque importava que reconduzisse
os judeus de Babilônia para a Palestina, mas agora, o Senhor passou a declarar
qual seria o futuro da Pérsia, e que ainda três reis se levantariam nela e que
o quarto seria cumulado de grandes riquezas e as usaria para entrar em Guerra
contra a Grécia, e isto seria a sua ruína (v. 2).
O rei
poderoso que se levantaria depois dele e com grande domínio não seria um rei
persa, mas a referência é a Alexandre, o Grande (v. 3), que teria seus domínios
repartidos em quatro partes, e nenhum de seus descendentes assumiria o trono no
seu lugar, e isto de fato ocorreu porque os quatro generais de Alexandre não
permitiram que seu filho se tornasse seu sucessor (v. 4).
O rei
do Sul destes reinos repartidos do de Alexandre, é Ptolomeu, que governou sobre
o Egito, e do qual sairiam príncipes fortes, entre os quais é contada a própria
Cleópatra (v. 5).
A aliança do rei do Sul (Ptolomeu) com o rei do Norte, seria promovida pelo casamento da
filha do rei do Sul com o rei do Norte, mas em vez de fortalecer os reinos,
lhes enfraqueceria (v. 6). No entanto, um descendente deste casamento avançaria
contra o Norte (selêucidas – um dos reinos remanescentes de Alexandre que
governava a Síria) e prevaleceria (v. 7).
Este foi Ptolomeu Euergetes, que foi o filho e sucessor de
Ptolomeu Fifadelfo, que lutou contra Seleuco Callinicus, rei da Síria, para
vingar a sua irmã.
Este saqueou a Síria e trouxe um grande despojo para o Egito (v.
8). E permaneceu regendo a Síria por 46 anos, mas teve que voltar para o Egito
(Sul) para guerrear contra a conspiração que havia sido levantada em sua
própria terra contra ele (v. 9).
Veja que estas conspirações dos reinos, por prolongados anos são
um tipo das coisas que sucederiam na terra depois destes dias até a
manifestação do Anticristo, com reinos sendo estabelecidos pela guerra,
conspiração, intriga e ambição pelo poder.
Seleuco Callinicus que tinha sido o rei do Norte (Síria), que
havia sido vencido (v. 7) e morreu em miséria, deixou dois filhos, Seleuco e
Antíoco, e estes incitaram uma multidão e grandes forças para recuperar o que o
pai deles havia perdido (v. 10).
Mas sendo Seleuco já velho e fraco, foi incapaz de comandar o seu
exército, e foi envenenado pelos seus amigos, e reinou somente dois anos, e o
seu irmão Antíoco lhe sucedeu e reinou por 37 anos e foi chamado de Magno.
Foi com um grande exército que ele se colocou em batalha contra
Ptolomeu Philopater, o rei do Sul. Foi-lhe dado vencer esta batalha (v. 10,
11), e isto fez com que ele se tornasse insolente e orgulhoso, o que o levou a
entrar no templo do Senhor em Jerusalém, desafiando a lei e o lugar santo, derrubando
miríades, mas não prevaleceria segundo o conselho de Deus contra ele (v.
12).
Porque Ptolomeu reuniria um exército muito grande e marcharia
contra Antíoco Magno (v. 13, 14).
Muitos estavam contra Ptolomeu, o
rei do Sul, inclusive Filipe da Macedônia, pai de Alexandre o Grande.
Por isso os judeus se renderam a
Antíoco e se uniram a ele para sitiarem as guarnições de Ptolomeu (exatamente o
que os judeus farão no final dos tempos se aliando no início do governo de sete
anos do Anticristo para serem livrados da ameaça de invasão dos árabes, só que
o Anticristo se voltará depois contra eles tal como fizera Antíoco com os
judeus).
Este Antíoco Magno não entraria num confronto direto com Ptolomeu,
o rei do Sul (Egito), mas usaria de estratagemas tomando as fortalezas daquele
reino em Samaria e Israel, com isto se fez mestre da terra da Judeia (v. 16)
A terra de Israel estava entre as disputas destes dois reinos
poderosos, a saber, da Síria e do Egito. Daí ter sido disputada por ambos.
O verso
18 faz referência às guerras contra os romanos.
O verso
20 ser refere a Seleuco Philopater, filho mais velho de Antíoco Magno, que foi
um grande opressor do seu próprio povo, e lhes extorquiu muito dinheiro, e
quando lhe disseram que perderia muitos amigos agindo daquela forma, disse que
não conhecia melhor amigo do que o dinheiro.
Tal era
sua ganância que tentou saquear o templo de Jerusalém, mas foi destruído,
segundo a profecia do Senhor, sem ira e nem batalha (v. 20), porque foi
envenenado por um dos seus servos chamado Heliodoro, depois de ter reinado por
12 anos, sem ter feito nada notável, a não ser suas pilhagens.
A
partir do verso 21 até o final deste capitulo, tudo se refere a Antíoco
Epifânio, o pequeno chifre insolente citado em Dn 8.9. Um grande inimigo da
religião judaica, e um grande perseguidor de todos que se declarassem judeus.
Grande
parte das revelações do Senhor a Daniel foram destinadas neste capítulo a
Antíoco Epifânio, porque tudo o que ele fez, será exatamente o que o Anticristo
fará em seus dias, especialmente o que é referido nos versos 36 e 37.
Todavia,
nos ocuparemos em comentar em detalhes a respeito da relação existente entre as
ações de Antíoco Epifânio e o Anticristo, na parte final do décimo segundo
capítulo, no comentário geral relativo ao período da Grande Tribulação, que
abrange a grande maioria das profecias escatológicas contidas em toda a
Escritura.
“1 Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei para o
fortalecer e animar.
2 Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis se
levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que
todos; e, tornado forte por suas riquezas, empregará tudo contra o reino da
Grécia.
3 Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio
e fará o que lhe aprouver.
4 Mas, no auge, o seu reino será quebrado e repartido para os
quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o
poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e passará a outros fora
de seus descendentes.
5 O rei do Sul será forte, como também um de seus príncipes; este
será mais forte do que ele, e reinará, e será grande o seu domínio.
6 Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a filha do
rei do Sul casará com o rei do Norte, para estabelecer a concórdia; ela, porém,
não conservará a força do seu braço, e ele não permanecerá, nem o seu braço,
porque ela será entregue, e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a
tomou por sua naqueles tempos.
7 Mas, de um renovo da linhagem dela, um se levantará em seu
lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte, e entrará na sua
fortaleza, e agirá contra eles, e prevalecerá.
8 Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens fundidas,
com os seus objetos preciosos de prata e ouro levará como despojo para o Egito;
por alguns anos, ele deixará em paz o rei do Norte.
9 Mas, depois, este avançará contra o reino do rei do Sul e
tornará para a sua terra.
10 Os seus filhos farão guerra e reunirão numerosas forças; um
deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará adiante; e, voltando à
guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul.
11 Então, este se exasperará, sairá e pelejará contra ele, contra
o rei do Norte; este porá em campo grande multidão, mas a sua multidão será
entregue nas mãos daquele.
12 A multidão será levada, e o coração dele se exaltará; ele
derribará miríades, porém não prevalecerá.
13 Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão maior
do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com
grande exército e abundantes provisões.
14 Naqueles tempos, se levantarão muitos contra o rei do Sul;
também os dados à violência dentre o teu povo se levantarão para cumprirem a
profecia, mas cairão.
15 O rei do Norte virá, levantará baluartes e tomará cidades
fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido,
pois não haverá força para resistir.
16 O que, pois, vier contra ele fará o que bem quiser, e ninguém
poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos.
17 Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em
acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento, para destruir o seu reino;
isto, porém, não vingará, nem será para a sua vantagem.
18 Depois, se voltará para as terras do mar e tomará muitas; mas
um príncipe fará cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre
aquele.
19 Então, voltará para as fortalezas da sua própria terra; mas
tropeçará, e cairá, e não será achado.
20 Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um
exator pela terra mais gloriosa do seu reino; mas, em poucos dias, será
destruído, e isto sem ira nem batalha.
21 Depois, se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não
tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente e tomará o reino, com
intrigas.
22 As forças inundantes serão arrasadas de diante dele; serão
quebrantadas, como também o príncipe da aliança.
23 Apesar da aliança com ele, usará de engano; subirá e se tornará
forte com pouca gente.
24 Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província e
fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais: repartirá entre
eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as
fortalezas, mas por certo tempo.
25 Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei do Sul, à
frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com grande e mui
poderoso exército, mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele.
26 Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o exército dele
será arrasado, e muitos cairão traspassados.
27 Também estes dois reis
se empenharão em fazer o mal e a uma só mesa falarão mentiras; porém isso não
prosperará, porque o fim virá no tempo determinado.
28 Então, o homem vil tornará para a sua terra com grande riqueza,
e o seu coração será contra a santa aliança; ele fará o que lhe aprouver e
tornará para a sua terra.
29 No tempo determinado, tornará a avançar contra o Sul; mas não
será nesta última vez como foi na primeira,
30 porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão
tristeza; voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe
aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado a santa
aliança.
31 Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza
nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora.
32 Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o
povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.
33 Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela
espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo.
34 Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos
se ajuntarão a eles com lisonjas.
35 Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e
embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado.
36 Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se
engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis
e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está
determinado será feito.
37 Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de
mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá.
38 Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um
deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras
preciosas e coisas agradáveis.
39 Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as poderosas
fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fa-los-á
reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio.
40 No tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei do Norte
arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas
suas terras, e as inundará, e passará.
41 Entrará também na terra gloriosa, e muitos sucumbirão, mas do
seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.
42 Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não
escapará.
43 Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as
coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.
44 Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será perturbado e
sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos.
45 Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra o
glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra.”
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