Silvio Dutra
Mar/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 18./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
40p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3.
Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD
230.223
|
Provérbios 18
1 Aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; insurge-se contra a
verdadeira sabedoria.
Deus nos criou
indivíduos, mas não para a individualidade.
Jesus é a
Cabeça de um corpo formado por muitos membros que devem estar unidos uns aos
outros, trabalhando em favor de todo o conjunto.
Ele é pastor
de um rebanho de ovelhas que vivem unidas no redil, e apesar de serem muitos os
rebanhos, ele diz que chegará o dia em que será o Único Pastor, de um único
rebanho.
Daí a
ordenação bíblica para que os crentes vivam congregados, a fim de que todo o
corpo efetue o crescimento de si mesmo em amor, e no conhecimento da graça e de
Jesus.
Crente
afastado da comunhão é como brasa separada do braseiro, que tende facilmente a
esfriar.
Ovelha
desgarrada do rebanho fica exposta para ser facilmente devorada por Satanás.
Por isso o
provérbio afirma, que aquele que vive isolado busca o seu próprio desejo, ou
seja, vive para fazer a própria vontade e não a de Deus; isto consiste em se
insurgir contra a verdadeira sabedoria que nos aponta a importância da unidade
e comunhão.
2 O tolo não toma prazer no entendimento, mas tão somente em revelar a
sua opinião.
Este provérbio, de certa forma é
uma continuidade do pensamento do anterior, pois revela o quanto a atitude
individualista e egoísta é contra a obtenção do entendimento relativo às coisas
de Deus, que é ministrado por Ele, especialmente, na comunhão dos santos,
quando se reúnem para cultuá-lo e servi-lo.
Deus tem dado pastores, mestres,
evangelistas, profetas e outros líderes à Igreja, com vistas ao aperfeiçoamento
espiritual dos santos. E todos são convocados na condição de crentes, a se
estimularem à prática do amor e das boas obras, aprendendo uns dos outros, o
que é bom para o seu crescimento espiritual.
As mulheres casadas idosas devem
ser um referencial para as mais novas; assim, pelo seu exemplo e instrução têm
o encargo da parte de Deus de ensiná-las a amarem e respeitarem seus maridos e
a educarem seus filhos, principalmente a andarem nos caminhos do Senhor.
Quando se tem então, este
sentimento apontado no provérbio, de somente revelar a própria opinião e não se
importar com o que os outros têm a dizer, é um caminho certo para não se
alcançar o verdadeiro entendimento, e um modo claro de se demonstrar o quanto
ele é desprezado por todo aquele que age de tal maneira.
3 Quando vem o ímpio, vem também o desprezo; e com a desonra vem o
opróbrio.
O que
acompanha permanentemente o ímpio é o desprezo de Deus, e este ato de ser
desonrado pelo Senhor o coloca debaixo de opróbrio.
Na verdade, o
ímpio está mais do que debaixo do desprezo divino, ele se encontra debaixo da
sua maldição e ira, conforme registram as Escrituras, mas pela Sua misericórdia
pode ser resgatado desta condição por meio da fé em Jesus Cristo, que pagou o
preço total pela nossa impiedade ao ter morrido em nosso lugar na cruz.
É importante
destacar, que por causa da influência de dez espias ímpios e incrédulos, toda
uma nação foi contaminada e sujeitada ao opróbio de ter que caminhar por
quarenta anos no deserto.
Ainda que por
um prazo menor, mas não sem grande prejuízo para a nação, a impiedade de Acã
trouxe opróbrio a todo o povo de Israel, que depois do grande triunfo sobre
Jericó teve que amargar uma triste derrota para o povo fraco e idólatra da
cidade de Ai.
Isto ainda
sucede em nossos dias, quando um só crente que ande impiamente, e influencia
toda uma congregação traz grande opróbrio para todos, afastando a presença de
Deus, bem como suas bênçãos do meio de todos.
Por isso se
ordena que essas raízes de amargura (os que andam impiamente e podem contaminar
os demais) sejam arrancadas do meio da congregação, para que os demais não
sejam oprobriados juntamente com ele.
4 Águas profundas são as palavras da boca do homem; e a fonte da
sabedoria é um ribeiro que corre.
Um homem sábio
tem nele um bom tesouro de coisas úteis, que lhe possibilita dizer algo em
todas as ocasiões que seja pertinente e rentável. Isto é como águas profundas, que não fazem barulho, e nunca podem secar.
As palavras de
alguém que possui a sabedoria de Deus é como um ribeiro que está sempre
correndo e fluindo, para dessedentar e refrigerar a alma de todos os que têm
fome e sede de justiça.
5 Não é bom ter respeito à pessoa do ímpio, nem privar o justo do seu
direito.
Prestar
deferência ao ímpio na sua impiedade significa uma grande abominação para Deus,
pois além de incentivar a continuidade de suas práticas injustas, pode agravar
ainda mais a condição daqueles que sofrem debaixo da referida impiedade.
Isto se torna
ainda mais grave, quando praticado por aqueles que estão encarregados de
promover a justiça pública, pois quando o magistrado age desta forma, não é
incomum que também aja no sentido de privar o justo do seu direito.
Assim, ter
bom apreço pela pessoa do ímpio é uma grande ofensa a Deus e uma afronta à
justiça, um mal para toda a humanidade, e um verdadeiro serviço feito para o
reino do pecado e de Satanás.
A Bíblia chama
o mundo de sistema de trevas, que jaz no Maligno. Os que amam o mundo de pecado
e vivem na prática do pecado são chamados de “pertencentes ao Maligno”, pelo
apóstolo João.
Então, é
preciso muito discernimento, vigilância e cuidado, para não sermos enredados
pelo mundo de impiedade que nos rodeia e se manifesta das mais variadas formas.
A tal ponto tem crescido a iniquidade, que o simples fato de se ter governantes
e magistrados justos e leis justas, não é o suficiente para mudar um mundo no
qual prevalece, dentre tantas outras coisas nocivas e destruidoras, as que
relacionamos a seguir, e que configuram um caminho sem volta até que Cristo
retorne e estabeleça o reino de justiça e verdade que esperamos:
·
tráfico de armas;
·
tráfico de drogas;
·
tráfico de
influência;
·
corrupção;
·
prostituição;
·
guerras;
·
terrorismo;
·
pestes e
enfermidades;
·
furtos e roubos;
·
violência;
·
imoralidade;
·
irreverência;
·
idolatria;
·
blasfêmias;
·
adultérios;
·
bebedices;
·
abortos;
·
pedofilia;
·
mentiras e enganos;
·
exploração injusta.
A lista não
tem fim, e não será uma simples reorganização da política e da economia que
poderá resolver tudo isto que faz o mundo ser tenebroso, e deixar de estar
sujeito ao poder do Maligno.
Por isso
Jesus disse, que não veio trazer uma solução imediata ao mundo; ao contrário,
que veio trazer uma espada de divisão espiritual pela qual separaria aqueles que
amam a luz e a verdade, daqueles que amam as trevas e a falsidade.
Ele disse
que o mundo de iniquidade ficaria cada vez pior, e o juízo de Deus viria sobre
toda a terra quando esta iniquidade tivesse atingido a medida que faria com que
este juízo fosse precipitado, conforme vemos nas páginas do livro de
Apocalipse.
Pretender
melhorar o mundo de impiedade, não passa, portanto de uma grande utopia, e
trabalhar por uma causa vã, porque o mundo jamais deixará de ser de trevas, as
quais ficarão cada vez mais densas, até que Jesus volte com poder e grande
glória.
6 Os lábios do tolo entram em contendas, e a sua boca clama por açoites.
7 A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios um laço
para a sua alma.
Salomão tem
frequentemente mostrado, o mal que homens ímpios e insensatos fazem aos outros
com suas línguas sem governo; e aqui ele mostra
que eles fazem mal a si mesmos.
Sendo rei,
cercado por uma grande corte, era testemunha deste estado de coisas todos os
dias, e ninguém melhor do que ele para atestar este estado ruim de alma que
habita na maioria dos homens, quando não são guiados pela sabedoria que provém
de Deus.
Ele deve ter
sido solicitado muitas vezes para açoitar, e até mesmo executar com a pena de
morte, sendo incitado por seus ministros e auxiliares, e caso estivesse
reinando em seu lugar um rei ímpio, certamente estas execuções e castigos
seriam perpetrados, para atender ao mero capricho de corações vingativos, por
questões menores ou injustas e interesseiras.
Com isto,
voltavam a sentença contra si mesmos, pois sendo sábio, Salomão, podia
identificar que muitos destes solicitantes eram dignos de serem penalizados, e
por isso diz no provérbio que “a boca do tolo é a sua própria destruição, e os
seus lábios um laço para a sua alma.”
8 As palavras do difamador são como feridas, que penetram até o íntimo
das entranhas.
As palavras de
difamação produzem feridas até o mais íntimo da alma daqueles contra os quais
são desferidas. Estas feridas deixam cicatrizes que dificilmente podem
desaparecer, uma vez que o difamador possui a capacidade de convencer com
mentiras a muitos, com falsidades dissimuladas que são recebidas como sendo
verdadeiras, porém são contrárias e negam a boa reputação daqueles aos quais
ele pretende prejudicar.
Uma vez que o
estigma é estabelecido, dificilmente é apagado da memória daqueles em que foi
produzido, pelas palavras difamatórias.
Quantos
honestos ganharam fama de ladrões, por mentiras proferidas contra eles?
Quantos homens
leais ganharam o estigma de serem traidores pela mesma razão?
Veja o caso de
Davi perante Saul, que sendo o seu mais fiel capitão passou a ser considerado
como o homem mais desleal da face da terra! E pensar que tudo isto foi
produzido por uma amargurada inveja dos grandes feitos que ele fazia, não
somente em favor de Israel como também do próprio rei.
Este é um mal
que está ligado ao coração humano e daí pode ser retirado somente pelo poder da
graça de Jesus Cristo, naqueles que seguem a justiça e a verdade.
9 Aquele que é remisso na sua obra é irmão do que é destruidor.
Remisso é todo
aquele que é negligente e descuidado.
Segundo o
provérbio seria melhor nada fazer enquanto nesta condição, porque o resultado
da sua obra é comparado ao de um destruidor.
Entre fazer
mal feito e não fazer, é melhor de fato, a última proposição, porque não se
terá o trabalho de refazer, aumentando o gasto de tempo e recursos para tal.
Isto é
aplicável, sobretudo na obra que fazemos para Deus, que além dos inconvenientes
citados anteriormente, deve ser acrescentado os danos que uma obra mal feita
pode produzir na alma dos ouvintes, por receberem não apenas um mau exemplo do
próprio comportamento negligente, como também da deficiência e erro que há na
doutrina que ele expõe, por não se preparar devidamente para aprender a verdade
e proclamá-la do modo pelo qual convém ser proclamada.
10 Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo, e está
seguro.
Quando
corremos para esta Torre forte, que é o nome do Senhor, devemos considerar
conforme destaca o próprio provérbio, que isto deve ser feito em justiça, por
quem é justo, porque é certo que a entrada do ímpio que permanece na prática da
impiedade, será impedida.
Há uma
banalização do nome do Senhor, quando Ele mesmo declara repetidas vezes que o
Seu nome deve ser santificado. Se o nome é uma torre, uma fortaleza
inexpugnável, é por ser santo.
Os que correm
para esta fortaleza devem fazê-lo então, em vidas santificadas, ou para a busca
de santificação.
A nossa
segurança espiritual depende desta santificação, e é principalmente a isto que
o provérbio se refere, e não simplesmente à proteção física dos perigos desse
mundo por recorrermos ao nome do Senhor.
Devemos
lembrar sempre que a torre é o Nome, e não um lugar ou uma condição fortificada
que nos protege. Quando, pois, carregamos esse bom Nome e somos conhecidos por
ele, ou seja, como filhos do Deus Altíssimo, pelo bom testemunho de nossas
vidas, então somos achados nesta condição segura a que o provérbio se refere,
porque teremos o Senhor Deus por nós, e se Ele é por nós, quem poderá ser
contra nós?
11 Os bens do rico são a sua cidade forte, e como um muro alto na sua
imaginação.
Salomão falou
no provérbio anterior que somente o Senhor é a fortaleza do justo, pois
conhecia por experiência própria; visto que apesar de rico não colocava sua confiança
nas riquezas, mas somente em Deus.
Então, ele
apresenta o contraste entre os que confiam no Senhor e aqueles que confiam na
instabilidade das riquezas, e se enganam ao imaginarem que são elas a sua
fortaleza, na qual sempre poderão estar seguros.
Nada é
seguro neste mundo; por isso o apóstolo Paulo se refere a ele como uma
aparência que passa, pois todas as coisas materiais são consumidas pelo tempo
ou pela morte.
Além disso,
não há segurança eterna naquilo que é visível, pois somente o que é invisível,
espiritual, celestial e divino é eterno, e estas coisas não são obtidas com
dinheiro, fama ou poder, senão somente por se conhecer a Deus e se andar no
Espírito Santo.
O rico
possui então, um muro alto imaginário que se desfará com o tempo, assim como
uma nuvem que agora é, e logo depois já não mais existe.
A nossa
própria vida é como uma nuvem que se desfaz, o que não pode ser negado, pois a
realidade prática o confirma.
12 Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai a
humildade.
Este provérbio
é uma repetição do que já foi dito e comentado nos capítulos 15.33 e 16.18.
O texto de Mateus 5.3 é
vertido muitas vezes, como “bem aventurados os humildes de espírito...”, mas, a
palavra grega no original é ptochoi,
que significa pobre, conforme também
empregada em várias outras passagens do Novo Testamento. Pobre, no sentido de reconhecer-se desprovido da glória de Deus, e
completamente necessitado do ouro refinado da graça de Jesus, para ser
enriquecido espiritualmente.
Todavia, como tal condição
conduz necessariamente a nos tornar humildes diante de Deus, pode-se dizer que
a expressão traduzida como “humildes de espírito” é correta. A humildade é a
condição requerida por Deus para que possa nos exaltar, sem o perigo de nos
tornarmos arrogantes e orgulhosos. Quando conscientes da nossa real condição,
desprovidos da graça de Jesus, estamos preparados para receber os dons de Deus,
sem o perigo de deixar de Lhe atribuir toda a honra, louvor e glória.
Temos o exemplo supremo e
insuperável de humilhação, na própria pessoa de Jesus Cristo, que sendo o
Criador e soberano sobre tudo e todos rebaixou-se a ponto de se fazer homem,
gerado segundo a carne no ventre de Maria, sem ter sequer onde reclinar a
cabeça. Foi perseguido, escarnecido, rejeitado e crucificado; tudo isso para
efetuar a obra da nossa salvação.
De igual modo, todos os que
Lhe pertencem são chamados a compartilhar da Sua humilhação e sofrimento,
carregando cotidiana e pacientemente a cruz que lhes está designada por Deus,
como sendo a porção deles neste mundo, pois importa que em tudo sejam
conformados ao seu Salvador e Senhor.
Além disso, em nosso caso, a
auto-humilhação possui o efeito benéfico de nos colocar em nosso devido lugar
de criaturas dependentes de Deus, pois somos dados naturalmente à
autoexaltação, por causa do pecado que opera em nossa natureza terrena.
A humildade é uma virtude
comparativa, ou seja, ela se manifesta quanto ao que sentimos em relação a
outros. Geralmente, por um engano do pecado somos levados a pensar que somos
mais qualificados do que os nossos semelhantes. Todavia, deveríamos nos
comparar sempre com Cristo, para vermos qual é de fato a nossa real condição.
Assim, somos exortados a
considerar os outros superiores a nós mesmos, para que não incorramos neste
grave pecado de soberba e presunção. Lembremos sempre, que foi por causa da
exaltação que Satanás e os anjos que o seguiram, caíram do seu estado original
se transformando em demônios; inimigos de Deus e da verdade.
Assim, Deus sempre rebaixará
aqueles que se exaltarem, seja para a perdição eterna, como no caso do diabo e
os demônios; como no caso dos homens que morrem resistindo a Cristo, ou seja,
para correção, no caso de crentes que se permitem deixar-se dominar por este
pecado de autoexaltação.
Não é lícito que louvemos a
nós mesmos, nem devemos andar à procura do louvor dos homens, senão somente do
de Deus. Não é correto quem a si mesmo se glorifica, senão a quem Deus
glorifica.
De modo que se a intenção do
nosso coração é a de subir acima das estrelas, e estabelecer um trono acima de
Deus, é certo que seremos derrubados para as profundezas, tal como o Senhor
fizera com Satanás.
Aos pecadores arruinados que
foram salvos por exclusiva graça e misericórdia, não cabe um melhor lugar do
que os joelhos dobrados, com o rosto no pó, diante da sublime majestade do seu
Salvador e Senhor.
Por que Deus se agrada tanto
da nossa humildade?
Porque Ele é Deus verdadeiro
e se agrada da verdade. O que se reconhece humilde testifica da verdade da sua
condição pessoal. É isto o que convém a toda e qualquer pessoa, por maior que
seja sua força, inteligência ou riqueza.
“Jeremias 9.23 Assim diz o
Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua
força; não se glorie o rico nas suas riquezas;
Jeremias 9.24 mas o que se
gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor,
que faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me
agrado, diz o Senhor.”
13 Responder antes de ouvir, é estultícia e vergonha.
A resposta
precipitada antes de se ouvir todos os questionamentos ou argumentos, que estão
sendo apresentados pela outra parte, é um ato estulto e vergonhoso.
É estulto,
porque demonstra a falta de domínio próprio, de sabedoria e entendimento, e o
desprezo a tudo isto como sendo necessário para responder de modo exato e
adequado às questões apresentadas.
É vergonhoso,
porque expõe à vergonha a quem assim procede, pois no julgamento dos
circunstantes, quem assim procede não é digno de ser ouvido na resposta
precipitada que apresentar, pois raramente poderia refletir uma sábia solução
ao assunto em debate.
É estulto e
vergonhoso, porque pode ser indicativo de um espirito orgulhoso que se
considera dono da verdade.
Nos casos em que haja demanda
entre duas partes envolvidas, é sábio ouvir ambas as versões das partes
demandantes, antes de se dar qualquer parecer, que é um procedimento
recomendável, especialmente para aqueles que estão investidos em funções
públicas cujo exercício inclui o dever de julgar, como no caso de autoridades
policiais e jurídicas.
De igual modo deve ser
estendido aos pais, quando julgam as ações de seus filhos, de maneira que não
haja parcialidade ou injustiça no parecer que for dado como fruto de não terem
ouvido as partes envolvidas, ou então de ouvir de maneira incorreta, ou não ter
o discernimento e sabedoria adequados para proceder a uma avaliação dos fatos
baseada nos princípios da Palavra de Deus.
14 O espírito do homem o sustentará na sua enfermidade; mas ao espírito
abatido quem o levantará?
No
comentário de um provérbio anterior já expusemos que quem mantém o corpo e a
alma firmes é o espírito, mesmo no caso de enfermidades.
Agora, nem o
corpo, nem a alma podem sustentar o espirito, de modo que a pergunta feita por
este provérbio, só pode ter a sua resposta na graça de Deus, que é a única
fortaleza real e permanente para o nosso espírito, quando se encontra abatido.
15 O coração do entendido adquire conhecimento; e o ouvido dos sábios
busca conhecimento;
Aqueles que
são prudentes buscarão o conhecimento,
aplicando os seus ouvidos e coração para a busca do mesmo. Os ouvidos para
recepcionarem a verdade, e o coração para misturar a fé com o que ouvem, de
forma que se torne aplicável às suas vidas.
Aqueles que
são prudentes nunca acham que têm
prudência e graça suficientes; por isso sempre procurarão aumentá-las por uma
melhoria do seu conhecimento das coisas relativas ao reino de Deus.
Deus tem
prometido dar sabedoria àqueles que a pedirem com fé, e a buscarem de todo o
seu coração, pois tem prazer em fazê-lo, pois o resultado é que mais se
verá a sua vontade sendo feita por aqueles que o amam.
“Buscai e achareis.” Jesus nos tem prometido e isto não pode falhar,
porque é fiel em cumprir o que prometeu.
16 O presente do homem alarga-lhe o caminho, e leva-o à presença dos
grandes.
Este provérbio
não é um incentivo à prática aqui assinalada, mas a afirmação de uma realidade
que é comum ocorrer no mundo.
Revela também,
quão corrompida é a natureza humana que se deixa subornar por dinheiro ou
outros bens e favores, para dar acesso à presença de autoridades aqueles que o
pleiteiam, e não conseguiriam uma audiência a não ser pelo expediente de
subornar seus assessores.
Isto, muitas
vezes corrompe a justiça, pois se o fim da audiência é o de fugir das penas da
lei, é bom lembrar que aquele que comprou a lei pode facilmente vendê-la.
17 O que primeiro começa o seu pleito parece justo; até que vem o outro e
o examina.
Não é bom
dar pleno apoio ao pleito apresentado por alguém, ainda que pareça justo, até
que se ouça também a versão da outra parte envolvida ou interessada.
Especialmente
aqueles que estão encarregados de promover a justiça pública, devem seguir este
princípio proverbial, para não serem parciais e injustos em suas decisões.
Na verdade,
há pleitos que sequer devem ser ouvidos quando se percebe que há fortes indícios
de sua falsidade ou impertinência; de modo que convém a todos ter um ouvido
bom, com o qual ouvimos e atendemos o que parece ser justo, e um ouvido surdo,
com o qual deixamos de registrar as coisas que sequer são dignas de serem
ouvidas.
18 A sorte faz cessar os pleitos, e decide entre os poderosos.
Quando as
condições meritórias de acesso a algum benefício são as mesmas para muitos, não
há melhor expediente para a sua distribuição do que a prática de lançar sortes.
Veja que para
não haver disputas e contendas entre as tribos de Israel, para a distribuição
das terras de Canaã, Josué o fez por meio de sorte.
No entanto, esta prática deve ser
limitada apenas aos casos que não estejam já amarrados e plenamente definidos
em lei, ou por meio de acordos previamente estabelecidos quanto ao modo de se
decidir sobre determinadas questões.
19 um irmão ofendido é mais difícil de ser vencido do que uma cidade
fortificada; e as suas contendas são como os ferrolhos dum castelo.
Muito cuidado
deve ser tomado para evitar brigas entre irmãos, e aqueles que estão sob a
obrigação especial de se cuidarem mutuamente; porque ressentimentos são aptos
para afastar os que deveriam estar unidos.
Quando somos
ofendidos por estranhos, não temos tanta tendência a ficar magoados, do que
quando é feito por aqueles de cuja intimidade partilhamos.
Sabedoria e
graça são realmente
necessárias para nos ajudar a perdoar os parentes e amigos que nos ofenderam,
mas um coração endurecido fará com que seja mais difícil perdoá-los.
Estas verdades
devem ser consideradas, especialmente nas relações que temos com nossos irmãos
na Igreja, para que não venhamos a criar dificuldades para um convívio em
unidade, harmonia e comunhão.
Não devemos
esquecer também, que é na unidade entre os irmãos que Deus derrama a Sua
bênção, conforme o tem expressado no Salmo 133.
Por isso
somos exortados nas palavras do apóstolo Paulo, a manter a unidade do Espírito
Santo, no vínculo da paz.
20 A barriga de um homem se fartará do fruto da sua boca; dos renovos
dos seus lábios se fartará.
Nosso conforto
depende muito do testemunho de nossa própria consciência, em nosso
favor ou contra nós.
A barriga é aqui colocada representando a consciência, porque
é pela expressão de nossos pensamentos e valores que a consciência é formada e
alimentada.
Se o nosso
falar for bom e segundo a sabedoria de Deus, teremos então, uma consciência bem
alimentada com as palavras da fé e da verdade.
Mas, se ao
contrário, somos dados ao falar estulto e insensato, alimentados por
pensamentos contrários aos valores de Deus; a consequência será a formação e
alimentação de uma má consciência.
Uma vez que os
pensamentos são como as folhas e brotos de uma árvore, que nunca deixam de
crescer, devemos ter muito cuidado com estes renovos que podem mudar para
melhor ou pior os nossos padrões e valores, e com eles a consciência será
também mudada, para melhor ou pior, respectivamente.
Os maus
brotos devem ser podados, e somente os que forem bons devem ser deixados, de
maneira que a árvore produza seus frutos em abundância.
21 A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá
do seu fruto.
O que amamos no falar de nossas
línguas? O bem ou o mal? É afirmado no provérbio que o tipo de fruto que
produzirmos pela nossa fala é o que teremos como alimento da nossa própria
alma. Este fruto pode trazer consigo o poder da vida ou da morte. Não somente
de nós mesmos, como também daqueles que estiverem debaixo da influência do
nosso falar.
Muitos têm
sido mortos espiritualmente com a sua língua suja, ou causado a morte de outras pessoas com a língua falsa; e, por outro
lado, muitos têm sido salvos ou adquirido o conforto que é proveniente de uma língua gentil e prudente; e salvado a vida de outros
por um testemunho fiel, intercedendo por eles.
Se, como
afirma o Senhor Jesus, devemos ser justificados ou condenados por nossas
palavras, então, o poder da morte e da vida estão sem dúvida, no poder da língua.
22 Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o favor do
Senhor.
Uma boa esposa
é uma grande bênção para um homem. Aquele que encontra uma esposa (ou seja, uma
esposa de fato, pois uma má esposa não merece ser
chamada por um nome de tanta honra), encontra uma ajuda para cumprir a missão
que lhe é dada por Deus, de ser a cabeça do seu lar.
Uma boa
esposa é sempre um favor, uma graça que recebemos da parte de Deus, pois
somente ele conhece os corações, e sabe quais devem ser unidos pelos laços
indissolúveis do casamento, de modo que se amem, se respeitem e se sirvam
mutuamente, até que a morte os separe.
Feliz é
aquele que ora e espera no Senhor, para conhecer o cônjuge que tem escolhido
para ele.
23 O pobre fala com rogos; mas o rico responde com durezas.
Não é uma
desvantagem o ter que falar com rogos, ou seja, com humildade, mansidão e
gentileza, pois é comum que a pobreza efetue este bom serviço de mortificar
nosso orgulho.
A arrogância e
o falar altivo do rico não é, portanto um privilégio que lhe é dado por Deus,
tampouco uma vantagem, pois maior é a dificuldade que terá como pecador que é,
para ser submisso, manso e humilde, como convém a toda e qualquer pessoa ser,
segundo é da vontade de Deus.
24 O homem que tem muitos amigos, deve mostrar-se amigável; mas há um
amigo que é mais chegado do que um irmão.
A amizade é algo que deve ser
cultivado pela atenção mútua, porque há amigos que são mais íntimos até mesmo
do que irmãos de sangue.
Verdadeiros
amigos são um presente de Deus para nós, pois necessitamos seguir a jornada
desta vida, acompanhados de outros, e não de forma isolada e solitária.
Apesar de ser
um dom de Deus, como já dissemos antes, há necessidade de sermos diligentes em
manter nossas amizades pela gentileza, cuidado, companhia e outras coisas que
são requeridas por uma amizade verdadeira. Especialmente, quando se trata de
crentes, estes laços devem ser firmados por um andar comum na doutrina de Jesus
e dos apóstolos, na mesma fé e no mesmo Espírito, porque a amizade espiritual é
determinada e mantida ,sobretudo por estas coisas.
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