JEREMIAS
14
“1 A
palavra do Senhor, que veio a Jeremias, a respeito da seca.
2 Judá
chora, e as suas portas estão enfraquecidas; eles se sentam de luto no chão; e
o clamor de Jerusalém já vai subindo.
3 E os
seus nobres mandam os seus inferiores buscar água; estes vão às cisternas, e
não acham água; voltam com os seus cântaros vazios; ficam envergonhados e
confundidos, e cobrem as suas cabeças.
4 Por
causa do solo ressecado, pois que não havia chuva sobre a terra, os lavradores
ficam envergonhados e cobrem as suas cabeças.
5 Pois
até a cerva no campo pare, e abandona sua cria, porquanto não há erva.
6 E os
asnos selvagens se põem nos altos escalvados e, ofegantes, sorvem o ar como os
chacais; desfalecem os seus olhos, porquanto não há erva.
7 Posto
que as nossas iniquidades testifiquem contra nós, ó Senhor, opera tu por amor
do teu nome; porque muitas são as nossas rebeldias; contra ti havemos pecado.
8 Ó
esperança de Israel, e Redentor seu no tempo da angústia! por que serias como
um estrangeiro na terra? e como o viandante que arma a sua tenda para passar a
noite?
9 Por
que serias como homem surpreendido, como valoroso que não pode livrar? Mas tu
estás no meio de nós, Senhor, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos
desampares.
10
Assim diz o Senhor acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes,
e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não os aceita, mas agora se
lembrará da iniquidade deles, e visitará os seus pecados.
11
Disse-me ainda o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem.
12
Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e
oblações, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela
fome e pela peste.
13
Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis
espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar.
14 E
disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei,
nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o
engano do seu coração é o que eles vos profetizam.
15
Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem
que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra:
À espada e à fome serão consumidos esses profetas.
16 E o
povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da
fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas mulheres, a seus
filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17
Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de
dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de
mui dolorosa chaga.
18 Se
eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e, se entro na cidade, eis os
debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra, e nada sabem.
19
Porventura já de todo rejeitaste a Judá? Aborrece a tua alma a Sião? Por que
nos feriste, de modo que não há cura para nós? Aguardamos a paz, e não chegou
bem algum; e o tempo da cura, e eis o pavor!
20 Ah,
Senhor! reconhecemos a nossa impiedade e a iniquidade de nossos pais; pois
contra ti havemos pecado.
21 Não
nos desprezes, por amor do teu nome; não tragas opróbrio sobre o trono da tua
glória; lembra-te, e não anules o teu pacto conosco.
22 Há,
porventura, entre os deuses falsos das nações, algum que faça chover? Ou podem
os céus dar chuvas? Não és tu, ó Senhor, nosso Deus? Portanto em ti
esperaremos; pois tu tens feito todas estas coisas.”.
Deus
estava enviando sinais a Judá de que o cativeiro seria cumprido, como forma
final de castigo da impenitência deles, tal como previsto na Lei de Moisés.
Ele
estava revelando o cumprimento dos juízos previstos na Sua Palavra, em caso de
desobediência à Sua Lei, enviando uma grande seca sobre a terra, que estava
castigando não somente as pessoas como até mesmo os animais. Inclusive os
grandes da terra estavam sofrendo pela extrema falta de água (v. 1).
Nós
estamos apresentando a seguir, as ameaças dos juízos de Deus contra Israel, em
caso de desobediência à aliança, conforme previsto na Lei:
“14
Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos,
15 e se
rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma desprezar os meus preceitos, de
modo que não cumprais todos os meus mandamentos, mas violeis o meu pacto,
16
então eu, com efeito, vos farei isto: porei sobre vós o terror, a tísica e a
febre ardente, que consumirão os olhos e farão definhar a vida; em vão
semeareis a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão.
17
Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; os
que vos odiarem dominarão sobre vós, e fugireis sem que ninguém vos persiga.
18 Se
nem ainda com isto me ouvirdes, prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais,
por causa dos vossos pecados.
19 Pois
quebrarei a soberba do vosso poder, e vos farei o céu como ferro e a terra como
bronze.
20 Em
vão se gastará a vossa força, porquanto a vossa terra não dará o seu produto,
nem as árvores da terra darão os seus frutos.
21 Ora,
se andardes contrariamente para comigo, e não me quiseres ouvir, trarei sobre
vos pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados.
22
Enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e
destruirão o vosso gado, e vos reduzirão a pequeno número; e os vossos caminhos
se tornarão desertos.
23 Se
nem ainda com isto quiserdes voltar a mim, mas continuardes a andar
contrariamente para comigo,
24 eu
também andarei contrariamente para convosco; e eu, eu mesmo, vos ferirei sete
vezes mais, por causa dos vossos pecados.
25
Trarei sobre vós a espada, que executará a vingança do pacto, e vos aglomerareis
nas vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão
do inimigo.
26
Quando eu vos quebrar o sustento do pão, dez mulheres cozerão o vosso pão num
só forno, e de novo vo-lo entregarão por peso; e comereis, mas não vos fartareis.
27 Se
nem ainda com isto me ouvirdes, mas continuardes a andar contrariamente para
comigo,
28
também eu andarei contrariamente para convosco com furor; e vos castigarei sete
vezes mais, por causa dos vossos pecados.
29 E
comereis a carne de vossos filhos e a carne de vossas filhas.
30
Destruirei os vossos altos, derrubarei as vossas imagens do sol, e lançarei os
vossos cadáveres sobre os destroços dos vossos ídolos; e a minha alma vos
abominará.
31
Reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os vossos santuários, e não
cheirarei o vosso cheiro suave.
32
Assolarei a terra, e sobre ela pasmarão os vossos inimigos que nela habitam.
33
Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos
perseguirei; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades se tornarão em
deserto.
34
Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós
estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e
folgará nos seus sábados.
35 Por
todos os dias da assolação descansará, pelos dias que não descansou nos vossos
sábados, quando nela habitáveis.
36 E,
quanto aos que de vós ficarem, eu lhes meterei pavor no coração nas terras dos
seus inimigos; e o ruído de uma folha agitada os porá em fuga; fugirão como
quem foge da espada, e cairão sem que ninguém os persiga;
37 sim,
embora não haja quem os persiga, tropeçarão uns sobre os outros como diante da
espada; e não podereis resistir aos vossos inimigos.
38
Assim perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos vos devorará;
39 e os
que de vós ficarem definharão pela sua iniquidade nas terras dos vossos
inimigos, como também pela iniquidade de seus pais.
40
Então confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas
transgressões, com que transgrediram contra mim; igualmente confessarão que,
por terem andado contrariamente para comigo,
41 eu
também andei contrariamente para com eles, e os trouxe para a terra dos seus
inimigos. Se então o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem por bem o
castigo da sua iniquidade,
42 eu
me lembrarei do meu pacto com Jacó, do meu pacto com Isaque, e do meu pacto com
Abraão; e bem assim da terra me lembrarei.
43 A
terra também será deixada por eles e folgará nos seus sábados, sendo assolada
por causa deles; e eles tomarão por bem o castigo da sua iniquidade, em razão
mesmo de que rejeitaram os meus preceitos e a sua alma desprezou os meus
estatutos.
44
Todavia, ainda assim, quando eles estiverem na terra dos seus inimigos, não os
rejeitarei nem os abominarei a ponto de consumi-los totalmente e quebrar o meu
pacto com eles; porque eu sou o Senhor seu Deus.
45
Antes por amor deles me lembrarei do pacto com os seus antepassados, que tirei
da terra do Egito perante os olhos das nações, para ser o seu Deus. Eu sou o
Senhor.
46 São
esses os estatutos, os preceitos e as leis que o Senhor firmou entre si e os
filhos de Israel, no monte Sinai, por intermédio de Moisés.” (Lev 26.14-46).
Deus
estava sendo fiel à Palavra que havia proferido há mais de oitocentos anos
antes de Jeremias. Ao lermos este texto de Levítico, podemos compreender melhor
os juízos que estavam sendo pronunciados pelo profeta.
Jeremias
estava sofrendo juntamente com os judeus pelos efeitos daquela grande seca,
então levantou um clamor ao Senhor confessando os pecados da nação, e
pedindo-Lhe que os libertasse daquele grande sofrimento porque era o Redentor
de Israel. Ele apelou pelo fato de serem conhecidos pelo nome do Senhor.
Todavia
o Senhor respondeu ao profeta que aquilo lhes foi enviado porque gostaram muito
de andar errantes e não detiveram os seus pés para a prática da maldade, e por
isso lhes havia rejeitado e estava trazendo em lembrança as iniquidades deles,
de modo que ordenou a Jeremias, mais uma vez, que não orasse pelo bem daquele
povo, porque já estava lavrada a sentença dos juízos que deveriam sofrer e que
culminariam com a ida deles para o cativeiro.
E
quando o próprio povo jejuasse, não ouviria o clamor deles, e faria o mesmo
quando eles oferecessem holocaustos e oblações, porque não se agradaria deles;
antes os consumiria pela espada, e pela fome e pela peste, conforme estava
previsto na Lei de Moisés, particularmente no vigésimo sexto capitulo do livro
de Levítico.
Muitos
profetas haviam se levantado no meio daquela calamidade, daquela grande seca, e
procuraram consolar os judeus dizendo-lhes que não veriam espada, nem fome, e
que Deus lhes daria a verdadeira paz na terra deles (v. 13).
O
próprio Jeremias, no meio de todo aquele sofrimento se deixou influenciar pela
mensagem deles, e disse ao Senhor o que eles estavam profetizando. Mas Deus lhe
deu a seguinte resposta:
“14 E
disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei,
nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano
do seu coração é o que eles vos profetizam.
15
Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem
que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra:
À espada e à fome serão consumidos esses profetas.
16 E o
povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da
fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas mulheres, a seus
filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17
Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de
dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de
mui dolorosa chaga.
18 Se
eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e, se entro na cidade, eis os
debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra, e nada sabem.”
Mesmo
com esta resposta que recebera do Senhor quanto aos falsos profetas, Jeremias,
de tão compadecido que estava, ainda clamou por misericórdia a Deus em favor de
Judá, porque o próprio Senhor lhe dissera da grande dor que sentia em ter que
estar tratando Judá daquela maneira, e por fim, pediu ao Senhor que tornasse a
lhes dar chuva porque tal poder não se encontrava nos falsos deuses nem mesmo
nos céus, mas no próprio Senhor (v. 19 a 22).
JEREMIAS
15
“1
Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim,
não poderia estar a minha alma com este povo. Lança-os de diante da minha face,
e saiam eles.
2 E
quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os
que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que
para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.
3 Pois
os visitarei com quatro gêneros de destruidores, diz o Senhor: com espada para
matar, e com cães, para os dilacerarem, e com as aves do céu e os animais da
terra, para os devorarem e destruírem.
4
Entregá-los-ei para serem um mostra horrendo perante todos os reinos da terra,
por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, por tudo quanto fez em
Jerusalém.
5 Pois
quem se compadecerá de ti, ó Jerusalém? ou quem se entristecerá por ti? Quem se
desviará para perguntar pela tua paz?
6 Tu me
rejeitaste, diz o Senhor, voltaste para trás; por isso estenderei a minha mão
contra ti, e te destruirei; estou cansado de me abrandar.
7 E os
padejei com a pá nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não
voltaram dos seus caminhos.
8 As
suas viúvas mais se me têm multiplicado do que a areia dos mares; trouxe ao
meio-dia um destruidor sobre eles, até sobre a mãe de jovens; fiz que caísse de
repente sobre ela angústia e terrores.
9 A que
dava à luz sete se enfraqueceu: expirou a sua alma; pôs-se-lhe o sol sendo
ainda dia; ela se confundiu, e se envergonhou; e os que ficarem deles eu os
livrarei à espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor.
10 Ai
de mim, minha mãe! porque me deste à luz, homem de rixas e homem de contendas
para toda a terra. Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a
mim com usura, todavia cada um deles me amaldiçoa.
11
Assim seja, ó Senhor, se jamais deixei de suplicar-te pelo bem deles, ou de
rogar-te pelo inimigo no tempo da calamidade e no tempo da angústia.
12 Pode
alguém quebrar o ferro, o ferro do Norte, e o bronze?
13 As
tuas riquezas e os teus tesouros, eu os livrarei sem preço ao saque; e isso por
todos os teus pecados, mesmo em todos os teus limites.
14 E
farei que sirvas os teus inimigos numa terra que não conheces; porque o fogo se
acendeu em minha ira, e sobre vós arderá.
15 Tu,
ó Senhor, me conheces; lembra-te de mim, visita-me, e vinga-me dos meus
perseguidores; não me arrebates, por tua longanimidade. Sabe que por amor de ti
tenho sofrido afronta.
16
Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o
gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos
exércitos.
17 Não
me assentei na roda dos que se alegram, nem me regozijei. Sentei-me a sós sob a
tua mão, pois me encheste de indignação.
18 Por
que é perpétua a minha dor, e incurável a minha ferida, que se recusa a ser
curada? Serás tu para mim como ribeiro ilusório e como águas inconstantes?
19
Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te restaurarei, para estares
diante de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se
eles a ti, mas não voltes tu a eles.
20 E eu
te porei contra este povo como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti,
mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te
livrar, diz o Senhor.
21 E
arrebatar-te-ei da mão dos iníquos, e livrar-te-ei da mão dos cruéis.”.
O
Senhor tem sentimentos gentis e amorosos, e sofre em todo a angústia de Seu
povo, mas não é governado por Seus sentimentos, senão pela Sua Palavra, pela
Sua justiça e verdade. Ele havia dito a Jeremias no início do Seu ministério
quando lhe deu a visão da amendoeira, que Ele vela sobre a Sua Palavra para a
cumprir. Então não deixaria de cumpri-la por maiores que fossem as tristezas
que sentisse pela ruína de Israel.
Então
ele disse a Jeremias que não ouviria nem mesmo a intercessão de Moisés ou de
Samuel, que foram poderosos intercessores perante Ele, em favor de Israel. A
tal ponto havia chegado a iniquidade dos judeus que nem mesmo a intercessão de
Moisés ou de Samuel seria ouvida.
Portanto,
isto deveria servir para desencorajar Jeremias a continuar intercedendo em
favor deles, porque o Senhor já lhe havia dito que não intercedesse por aquele
povo maligno.
O
Senhor disse a Jeremias que a Sua alma não poderia estar com aquele povo, então
deveriam ser lançados de diante da Sua face, e saírem, ou seja, Jeremias não
deveria estar lhes apresentando diante da face justa do Senhor com suas
intercessões.
E
quando eles perguntassem a Jeremias porque haviam sido rejeitados pelo Senhor e
para onde iriam, a resposta que Deus mandou Jeremias lhes dar foi a seguinte:
“E
quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os
que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que
para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.” (v. 2)
Como
vimos anteriormente, haveria gradações de juízos, segundo Levítico 26, que
aumentariam à medida que o povo não se mostrasse arrependido, tal como não
haviam se arrependido na grande seca, e portanto, lhes viria um juízo pior em
seguida.
Por
isso o Senhor disse a Jeremias que visitaria ainda os judeus com quatro tipos
de juízos destruidores: morte pela espada; pelos cães, que nos dias do profeta
não eram animais domésticos, mas selvagens; com as aves de rapina, e finalmente
com os animais selvagens da terra, que os devorariam (v. 3).
Assim,
antes de irem para o cativeiro, seriam submetidos ainda a tais juízos, porque
desde os dias do rei Manassés, filho do rei Ezequias, os pecados de Judá haviam
se agravado muito, especialmente porque eles passaram a adotar depois de
Manassés, o culto da divindade moabita, Moloque, para o qual era exigido o
sacrifício de crianças vivas, que eram queimadas no colo do enorme ídolo de
ferro, que representava o referido deus, e que era aceso por dentro como uma
grande fornalha.
Tais
eram as abominações de Judá, especialmente em Jerusalém, ao lado do próprio
templo do Senhor, que ninguém na terra se entristeceria por eles quando lhes
viessem os juízos do Senhor, porque veriam que era justo que aquele povo ímpio
estivesse sendo arruinado daquela maneira (v. 5).
Jeremias
tinha sentido de perto a dor de coração que é produzida por aqueles que amamos.
Ele tinha sido rejeitado pelos seus próprios familiares, pelos seus próprios
amigos de Anatote, pelo povo de Judá como um todo. Eles estavam procurando pelo
seu mal, a ponto de intentar matá-lo.
Então o
Senhor se valeu do que estava sentindo Jeremias para falar dos Seus próprios
sentimentos quanto à rejeição que Ele estava sofrendo da parte dos judeus, e
por isso, Jeremias poderia agora entender o motivo de estar estendendo a Sua
mão para destruí-los, porque estava cansado de suspender os Seus juízos e de
abrandar o Seu coração divino para com os erros deles (v. 6).
Como
podemos continuar confiando num amigo que sempre tem falhado conosco, e nos
decepcionado, especialmente por nos rejeitar pelo que somos, por sermos
santos?
E os
judeus não haviam emendado os seus caminhos mesmo depois de terem sido
visitados pelos terríveis juízos do Senhor, que havia permitido que muitos
judeus morressem nas guerras, inclusive jovens casados, cujas mulheres ficaram
viúvas.
Ao
lamento de Deus Jeremias juntou o seu a partir do verso 10, porque estava sendo
amaldiçoado pelos judeus, quando até mesmo vinha buscando o bem dos seus
inimigos; sem nunca ter deixado de suplicar ao Senhor pelo bem deles, para que
os livrasse no tempo da angústia e da calamidade.
Por
isso o Senhor entregaria as riquezas e os tesouros dos judeus aos babilônios,
sem que Ele recebesse qualquer pagamento por eles, porque venderia o Seu
próprio povo por nada, ou seja, sem nada esperar em troca, e faria com que
servissem os seus próprios inimigos numa terra estranha, a saber, na dos
inimigos babilônicos, porque o fogo da ira do Senhor havia se acendido contra o
Seu povo (v. 14).
Jeremias
então orou ao Senhor tanto para pedir-Lhe proteção contra os seus inimigos,
como também para derramar a sua queixa perante Ele, porque estava considerando
que o Senhor lhe havia iludido quando disse que o livraria dos seus inimigos,
porque ele estava se sentindo como alguém cuja ferida e dor eram perpétuas e
incuráveis, porque sua alma estava em grande tribulação, e a sua sede de
justiça não estava sendo saciada por Deus, porque Ele parecia a ele, Jeremias,
como se fosse uma miragem, um rio que não podia matar a sede, porque existia
tal livramento somente na sua imaginação (v. 18).
Esta
queixa recebeu a justa repreensão da parte do Senhor, porque não lhe havia
prometido livrar de dores e tribulações quando o comissionou, mas sim de ser
morto pelos seus inimigos, que resistiriam grandemente à sua mensagem.
Então
Jeremias foi convocado pelo Senhor a se converter a Ele, deixando tais
pensamentos e amargura em sua alma para ser restaurado, e para que pudesse
estar diante dEle, e caso separasse o que é precioso do que é vil, seria como a
boca do próprio Senhor, e assim faria com que o povo viesse para ouvi-lo, e
Jeremias deveria parar de ir até eles, como vinha fazendo até então, na
expectativa de que se arrependessem com a sua mensagem, porque os que fossem
justos viriam a Jeremias sem que ele necessitasse ir até eles (v. 19).
Então o
Senhor colocaria Jeremias contra o povo rebelde como um forte muro de bronze,
de modo que eles continuariam pelejando contra ele, mas não poderiam
prevalecer, porque o Senhor seria com ele para livrá-lo e salvá-lo. E também o
arrebataria da mão dos iníquos e o livraria da mão dos cruéis (v. 20,. 21).
JEREMIAS
16
“1 E
veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Não
tomarás a ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar.
3 Pois
assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar,
acerca de suas mães, que os tiverem, e de seus pais que os gerarem nesta terra:
4
Morrerão de enfermidades dolorosas, e não serão pranteados nem sepultados;
serão como esterco sobre a face da terra; pela espada e pela fome serão
consumidos, e os seus cadáveres servirão de pasto para as aves do céu e para os
animais da terra.
5 Pois
assim diz o Senhor: Não entres na casa que está de luto, nem vás a lamentá-los,
nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, retirei a minha paz,
benignidade e misericórdia.
6 E
morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos; não serão sepultados, e não
os prantearão, nem se farão por eles incisões, nem por eles se raparão os
cabelos;
7 nem
pão se dará aos que estiverem de luto, para os consolar sobre os mortos; nem se
lhes dará a beber o copo da consolação pelo pai ou pela mãe.
8 Não
entres na casa do banquete, para te assentares com eles a comer e a beber.
9 Pois
assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que perante os vossos
olhos, e em vossos dias, farei cessar deste lugar a voz de gozo e a voz de
alegria, a voz do noivo e a voz da noiva.
10 E
quando anunciares a este povo todas estas palavras, e eles te disserem: Por que
pronuncia o Senhor sobre nós todo este grande mal? Qual é a nossa iniquidade?
Qual é o pecado que cometemos contra o Senhor nosso Deus?
11
Então lhes dirás: Porquanto vossos pais me deixaram, diz o Senhor, e se foram
após outros deuses, e os serviram e adoraram, e a mim me deixaram, e não
guardaram a minha lei;
12 e
vós fizestes pior do que vossos pais; pois eis que andais, cada um de vós, após
o pensamento obstinado do seu mau coração, recusando ouvir-me a mim;
13
portanto eu vos lançarei fora desta terra, para uma terra que não conhecestes,
nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses estranhos de dia e de noite;
pois não vos concederei favor algum.
14
Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que não se dirá mais: Vive o
Senhor: que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
15 mas
sim: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do norte, e de
todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua
terra, que dei a seus pais.
16 Eis
que mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor, os quais os pescarão; e
depois mandarei vir muitos caçadores, os quais os caçarão de todo monte, e de
todo outeiro, e até das fendas das rochas.
17 Pois
os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; não se acham eles escondidos
da minha face, nem está a sua iniquidade encoberta aos meus olhos.
18 E eu
retribuirei em dobro a sua iniquidade e o seu pecado, porque contaminaram a
minha terra com os vultos inertes dos seus ídolos detestáveis, e das suas
abominações encheram a minha herança.
19 Ó
Senhor, força minha e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia, a ti
virão as nações desde as extremidades da terra, e dirão: Nossos pais herdaram
só mentiras, e vaidade, em que não havia proveito.
20 Pode
um homem fazer para si deuses? Esses tais não são deuses!
21
Portanto, eis que lhes farei conhecer, sim desta vez lhes farei conhecer o meu
poder e a minha força; e saberão que o meu nome é Jeová.”.
Para
que a própria vida do profeta Jeremias servisse de sinal para Judá que não
valia a pena casar e ter filhos naqueles dias, porque o juízo logo viria sobre
a nação e seriam muitos os mortos da parte do Senhor, então Ele proibiu que o
profeta se casasse e tivesse filhos, para que os judeus soubessem que os filhos
deles estavam destinados à matança tanto quanto eles.
Jeremias
foi proibido também de entrar na casa que estivesse de luto, para que não
lamentasse a morte de nenhum destes que seriam mortos por causa dos juízos do
Senhor, uma vez que Ele havia retirado deles a Sua paz, benignidade e
misericórdia.
Nenhuma
consolação deveria ser dada aos que estivessem de luto por causa dos seus
mortos.
Jeremias
foi proibido também de ir a festas, porque os que se banqueteavam com alegria
teriam todo motivo de comemoração retirados deles, mesmo a alegria de noivos em
casamentos.
E se
alguém perguntasse a Jeremias o porque de tais palavras que pronunciavam um
grande mal, e qual era a iniquidade deles para receberem um tal tratamento, e
qual pecado tinham cometido contra o Senhor, Jeremias deveria lhes responder
que o motivo foi que os seus pais haviam abandonado o Senhor, e adoraram e
serviram a falsos deuses, e não guardaram a lei do Senhor. Além disso, eles
haviam feito pior do que os seus antepassados, com seus pensamentos obstinados
que faziam com que recusassem ouvir ao Senhor.
No
entanto, apesar de serem levados para o cativeiro em Babilônia, eles seriam
trazidos de volta no futuro para a sua própria terra, a terra que lhes fora
dada pelo Senhor desde os seus patriarcas.
Por
isso o Senhor os pescaria e os caçaria, e nenhum deles poderia escapar de Seus
olhos, e retribuiria em dobro a iniquidade e o pecado deles por causa das suas
abomináveis idolatrias.
Então
eles saberiam que o ídolo nada é, e que são falsos deuses os ídolos que os
homens adoram, porque quando desse a conhecer o Seu grande poder, cumprindo
tudo o que havia dito pelos profetas, então todos saberiam que o Seu nome é
Jeová, e que a Ele somente pertencem o poder e a força.
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